
UM organismo regional focado no desenvolvimento econômico surgiu no contexto da América Latina, em 1948. Nomeado Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), essa plataforma continental teve como primeiro secretário-executivo o mexicano Gustavo Martínez Cabañas, autor de estudos acerca das finanças em vários ramos do seu país.
Naquele momento, a Revolução Cubana ainda não era realidade. Tinham que passar 11 anos para isso. Não obstante, após triunfar, os caminhos de Cuba e a Cepal se começaram a juntar.
Foi o argentino Raúl Prebisch quem ocupou o mais alto cargo do organismo, entre maio de 1950 e julho de 1963, período que lhe serviu para influir decisivamente nas ideias e os rumos de desenvolvimento da América Latina e o Caribe e contribuiu na tentativa das Nações Unidas para conseguir uma ordem econômica internacional mais justa, segundo pode ser lido em sua biografia.
Tempo depois, Fidel lembraria na sede da Cepal, em Santiago do Chile, em 29 de novembro de 1971, que tivemos a honra de receber a visita do doutor Prebisch. «Algumas coisas lhe mostramos. Temos certeza de que se ele hoje visitasse novamente nosso país veria muitas mais coisas novas».
Nesse mesmo discurso, o Comandante-em-chefe assinalou que «nós não ocultamos nossas dificuldades nem nossos problemas. Porém, conseguimos criar uma sociedade sólida, unida, com uma alta consciência moral, com uma alta cultura política com a qual enfrentaremos o futuro».
Da Cepal como organização pública opinou que é «uma instituição que foi amistosa conosco, que na época das grandes restrições, na época das grandes proscrições, na época em que foram utilizados todos os mitos e influencias da mais poderosa potência econômica, política e militar do mundo, esta instituição manteve cordiais relações com nosso país e seus dirigentes tiveram inúmeros gestos amistosos».
«Nós admiramos os esforços de vocês, as lutas de vocês. Tiveram um importante papel no ramo das ideias, da divulgação das realidades, dos conceitos que servem para ter consciência destas realidades, que servem também para ter consciência política, para perceber que só sob condições de mudanças políticas, que só sob condições de mudanças revolucionárias foram criados os pré-requisitos indispensáveis para a verdadeira integração de nossos povos», valorizou o líder cubano.
Quando Fidel proferiu este discurso, outro mexicano ocupava o cargo de secretário executivo da Cepal. Era Carlos Quintana, quem o desempenhou até 1972.
Um fato simbólico que se pode destacar foi que, após 36 anos, começado o século XXI, mais uma vez chegou à presidência da Cepal alguém com nacionalidade mexicana. Só que nesta ocasião foi uma mulher, a primeira no cargo desde a fundação do organismo: Alicia Bárcena.
Seus discursos neste 38º período de sessões da Cepal, em Havana, focaram-se na visão humanista do desenvolvimento que tem Cuba.
À nação caribenha agradeceu sua confiança na Cepal para o acompanhamento no processo de implementação das Diretrizes da política econômica e social, bem como alertou acerca do bloqueio injusto que aplicam os Estados Unidos contra Cuba e provoca gastos multimilionários.
As palavras de Fidel descrevem o precoce avanço de integração contra bloqueios econômicos e sociais que projetou Cuba para a Cepal: «Saibam que nossa pátria admite a integração e a união, que nossa pátria admite a cooperação à medida das suas forças e seus recursos: a cooperação material e, sobretudo, a cooperação moral dos homens que estudam, pesquisam e trabalham para solucionar os graves problemas dos nossos povos».