ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
A Devox Caribe S.A, dedicada à produção de tintas, incorpora em seu processo de investimento o uso de painéis solares nos telhados. Foto: José Manuel Correa

HÁ quem diga que o maior telhado solar de Cuba está na Zona de Desenvolvimento Especial Mariel (ZEDM). Sua diretora-geral, Ana Teresa Igarza não confirmou, mas disse que, se não é, estão trabalhando para consegui-lo, porque se algo os investidores devem saber, quando chegam a este espaço de crescimento é que estão sendo utilizadas as tecnologias limpas.

Para o país, o uso das fontes de energia renováveis ​​é uma prioridade, é essencial para reduzir as ineficiências no sistema elétrico, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e contribuir para a sustentabilidade ambiental.

Como toda sociedade em processo de modernização, há políticas em Cuba relacionadas a essa questão. O Decreto-lei 345º «Do desenvolvimento das fontes renováveis ​​e o uso eficiente da energia» fala-se no artigo 7º, onde explica que os novos edifícios que sejam construídos no âmbito dos processos de investimento, devem ter desenhos arquitetônicos que contribuam para a poupança de energia, em linha com o estabelecido na legislação vigente.

De acordo com Igarza, os empreendimentos na Zona devem ter um requisito tecnológico importante: assegura-se que sejam desenvolvidas as tecnologias limpas de forma eficaz e que, por sua vez, os usuários que ali convivem modernizem seus negócios ao longo de sua vida produtiva.

«É uma obrigação para os usuários da ZEDM, por exemplo, ter sistemas de vigilância tecnológica para monitorar como se vai desenvolvendo sua indústria no mundo e manter suas fábricas em conformidade com as normas internacionais», diz Igarza.

ENERGIA SOLAR NAS COBERTURAS

No Plano de Desenvolvimento Econômico e Social até o ano 2030, um dos objetivos assenta no uso da energia renovável. Enquanto o Ocidente do país não é uma área que tenha sido definida com potencial para o uso da energia eólica, «o que temos de forma abundante em Mariel e em Cuba é o Sol», diz Ana Teresa, quando explica o trabalho feito para encorajar a criação de áreas com painéis solares na Zona.

«Há um empreendimento autorizado de geração solar fotovoltaica, com um total de 50 megawatts distribuídos em quatro áreas, com base na capacidade que ocupa aquela geração e o interesse para explorar e aperfeiçoar o uso do solo. Isso ocupa um espaço, por isso tentamos incentivar o uso das coberturas por parte dos usuários para a energia solar fotovoltaica», acrescenta a diretora-geral da ZEDM.

Para isso, precisamos começar com o exemplo. Portanto, expõe a diretora, os telhados dos armazéns da área de Serviços de Logística S.A. Mariel, da TRD Caribe, do Cimex Mariel S.A. e do Terminal de Contêineres e todos os empreendimentos cubanos foram utilizados para esta finalidade.

Projetos arquitetônicos que contribuem para economizar energia são usados ??em processos de investimento. Foto: José Manuel Correa

«Há oito hangares ou galpões que têm instalado painéis solares em seus telhados, os que geram um megawatt, e que em menos de um ano totalizaram 221 mil megawatts de energia», acrescentou.

MOTIVAR PARA ALCANÇAR

Não ocupa espaço, não prejudica ninguém e gera energia. Esses são alguns dos benefícios dos painéis solares nas coberturas. Mas para fazer com que os investidores entendam isso, vejam suas vantagens e apostem nisso, é preciso uma dose de motivação. «Para conseguir isso», explica Igarza, «buscaram incentivos que permitam ao investidor apostar nesse mecanismo. Nestes casos, as estruturas devem ser mais sólidas, o que implica mais investimento em seus edifícios».

«Nesta base, foi conciliada uma política em nível governamental, em parceria com o Ministério da Energia e Mineração, que afirma que todos os que colocarem energia solar fotovoltaica na cobertura de seus empreendimentos poderão fornecer à rede nacional de energia o excesso de energia que gerarem. Essa energia será paga ao usuário durante o período de recuperação do investimento ao mesmo preço que ele pagaria pela aquisição de energia gerada através de combustíveis fósseis».

«Existe um relógio conversor que mede o comportamento do que é gerado e calcula o que entra e sai. Desta forma, pode ser conhecida a despesa e o consumo, o que, às vezes, pode ser equivalente e permite ao usuário não gastar orçamento na energia mais além do investimento exclusivo que gastou ao colocar os painéis», explica Igarza.

Neste item da utilização da energia solar já o estão fazendo, a partir de sua fase de investimento entidades como a Caribbean Devox S.A, dedicada à produção de tintas; Industrial Biotecnológico CIGB-Mariel S.A, um complexo de pesquisa de biotecnologia industrial e a Bouygues Construccion Cuba S.A, todos localizados no Setor A.

OUTROS INTERESSES DA ZONA

A água também é um recurso fundamental para o desenvolvimento de qualquer zona industrial, e é por isso que seu uso e exploração é um fator fundamental na ZEDM.

«Hoje, como parte do planejamento territorial da Zona, existe uma política que exige a obrigação, para todos os usuários, de reter 73% da água da chuva dentro de sua parcela. O resto vai para as redes.

«Das cinco estações de tratamento de resíduos planejadas, três já estão em vigor, que permitem a reutilização de uma parte da água processada. Os investidores também são incentivados a reutilizar o que é consumido dentro de seu próprio investimento», diz Igarza.

Por sua vez, relacionado às telecomunicações, a Zona já possui Internet de banda larga, serviço Wi-Fi e velocidade de conexão 3G. Nesse mesmo sentido, trabalhamos gradativamente nas taxas desses serviços para que seja atraente contratá-los.

PROJEÇÕES PARA A SUSTENTABILIDADE

Entre os planos de desenvolvimento previstos para o crescimento da Zona Especial de Desenvolvimento Mariel são garantidos serviços com um grande interesse em preservar o meio ambiente, incluindo um Sistema de Monitoramento Integral de variáveis ​​atmosféricas e marinhas, que incluem, como suporte técnico, oito estações da Rede Pluviométrica do Instituto Nacional dos Recursos Hidráulicos, que já existem na Zona.

Além disso, haverá uma Estação Meteorológica Integral (medição de variáveis ​​sinópticas: velocidade e direção do vento, precipitação, radiação solar, pressão e higrometria, etc.), e equipamentos para a medição de variáveis oceanográficas e marinho-​​costeiras (boias de superfície e de profundidade, medidores das correntes e das marés), bem como uma estação de monitoramento da qualidade do ar, para acompanhar os indicadores biológicos e a qualidade da água do mar.

Durante a 35ª edição da Feira Internacional de Havana foram apresentados na versão mais recente da Carteira de Oportunidades para o investimento estrangeiro, 22 projetos de negócios no campo das energias renováveis, um deles na Zona Especial de Desenvolvimento Mariel.

Tudo isso, juntamente com a Política para o desenvolvimento gradual das fontes de energia renováveis ​​(FERs) pretende aumentar a quota de participação das FERs na geração de eletricidade até 24%; gerar 7.316 gigawatts/hora (GW/h) por ano a partir dessas fontes; substituir 1.75 milhões de toneladas de combustível por ano e parar a emissão, para a atmosfera, de seis milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), também anualmente.

TEXTO INFOGRÁFICO:

PROJETOS ATÉ O ANO 2030

TIPO DE       QUANTIDADE     POTÊNCIA   CAPACIDADE    COMBUSTIVEL

FONTE                                                                DE GERAÇÃO    SUBSTITUÍDO

Bioelétrica          25                      872 mw 4        300gwh/ano          960 mton/ano

Parques                14                      656 mw            1 968 gwh/ano      540 mton/ano

Eólicos

Energia              191                      700 mw            1 050 gwh/ano      240 mton/ano

Solar

Fotovoltaica

Pequenas

usinas

hidrelétricas       74                      56 mw               650 gwh/ano          72 mton/ano

Usinas de

Biogás               531                    50 mw                  57 gwh/ano            15 mton/ano

industrial

PROJECTOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

- Substituição de luminárias de iluminação pública por

tecnologia led

- Substituição de 13 milhão de luminárias LED no setor

residencial, dos quais 1,8 milhão já foram vendidas

- Bombeamento de água com energia solar na agricultura

- Aquecedores solares e sistemas fotovoltaicos em telhados

- Venda de 2 milhões de fogões por indução, dos quais

540 mil já foram comercializados

- Instalação de 100.000 m2 de aquecedores solares em residências,

que economizam uma média de 12% de eletricidade onde estão instalados

- Instalação de 20.000 módulos solares fotovoltaicos em

moradias, das quais 550 estão instalados.