ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: Yaimí Ravelo

ARES transformadores destinados a converter o setor em uma peça-chave para gerar riqueza e avançar para a sustentabilidade de nosso modelo socioeconômico e a soberania tecnológica da nação despediram a atividade da ciência cubana em 2018.

Obstaculizada pelos graves impactos do período especial, o ressurgimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro, a permanência de políticas não ajustadas às novas realidades do país e outros fatores, o desempenho de tal atividade vital foi prejudicado pela diminuição da massa de cientistas, associado à aposentadoria ou morte por parte dos especialistas formados nos estágios iniciais da Revolução, a emigração e a transferência para áreas de trabalho melhor renumeradas dentro das fronteiras nacionais.

Da mesma forma, houve um envelhecimento da tecnologia instalada em diferentes instituições, a descapitalização dos laboratórios e um retrocesso na formação de doutores. A ligação insuficiente entre a ciência universitária e as empresas produtivas e de serviços também se tornou mais evidente.

Levando em conta o expresso nas Diretrizes da Política Econômica e Social do Partido e da Revolução, aprovadas no 6º Congresso do Partido Comunista, realizado em abril de 2011, o país assumiu o desafio de projetar uma política abrangente de ciência, tecnologia, inovação e meio ambiente, visando responder às necessidades do desenvolvimento da economia e da sociedade em curto, médio e longo prazos, orientada, também, ao aumento da eficiência econômica, à ampliação das exportações de alto valor agregado, à substituição importações e ao tributo do bem-estar da população.

Como destacou há poucos dias no espaço de televisão Mesa Redonda a ministra da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Citma), dra. Elba Rosa Pérez Montoya, atualmente uma das principais prioridades do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação é a preservação, atendimento e desenvolvimento do capital humano disponível.

Também enfatizou a importância de prestar a máxima atenção ao rejuvenescimento do pessoal vinculado a este campo, promovendo a motivação e o interesse dos jovens em questões científicas. Uma parte essencial do trabalho nessa direção é resgatar a reserva científica, o que ajuda a definir quais novos profissionais atendem às condições exigidas para assumir tarefas de suma importância no campo da pesquisa nas diferentes disciplinas do conhecimento.

Vale acrescentar a conveniência de incentivar, desde cedo, a curiosidade natural do ser humano em relação ao conhecimento, estimulando entre os alunos de ensino médio, pré-universitário e tecnológico o método científico como ferramenta indispensável do processo de aprendizagem.

Outros desafios enunciados pela titular do Citma são acelerar a introdução e generalização de resultados, impulsionar a inovação, melhorar o papel transformador da ciência na sociedade cubana, aperfeiçoar a maneira de medir seu impacto real no desenvolvimento econômico da nação e o crescimento do Produto Interno Bruto, e que rapidamente devenha em uma força produtiva próspera que gere novos itens exportáveis e contribua mais para a substituição de importações.

No caminho de transformações que levaram à acentuação do seu papel na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e o progresso da nação nos mais diversos indicadores, o nosso sistema de ciência e tecnologia visa encontrar mecanismos facilitadores para um pagamento de salário justo de profissionais e técnicos, de acordo com os resultados finais do trabalho e a criação de contribuições inovadoras, úteis e economicamente rentáveis.

Um dos passos notórios empreendidos a esse respeito são as novas formas de organização e gestão da colaboração na área de pesquisa, instrumentadas entre o grupo empresarial BioCubaFarma e vários centros de ensino superior. Exemplo disso são os laboratórios conjuntos implementados com a Universidade de Havana na questão da Nanobiotecnologia, para de-senvolver vacinas, drogas inovadoras e aumentar o valor agregado de produtos já conhecidos, e com a Universidade das Ciências Informáticas (UCI), nas áreas de Informática Médica, Bioinformática e Neuroinformática.

Não menos significativa é o que foi delineado na Mesa Redonda de 27 de dezembro, pelo ministro do Ensino Superior, dr. José Ramón Saborido, de criar um sistema nacional de doutorado que, além de incentivar o crescimento do número de profissionais com esse grau acadêmico, possibilite diminuir a idade média de obtenção desse diploma em Cuba (hoje flutua os 40 anos).

Para o doutor em Ciências Luis Alberto Montero Cabrera, professor emérito da Universidade de Havana e presidente do Conselho Científico da casa de ensino superior citadina, um pesquisador que atinja esse grau antes dos 30 anos tem muito mais tempo em sua vida profissional de tributar valiosos conhecimentos e, ao mesmo tempo, promover a educação científica das novas gerações.

Enfatizou, da mesma forma, que um programa sólido de promoção de doutorado em todas as disciplinas científicas e tecnológicas possíveis se torna uma fonte imediata e eficiente de obtenção de resultados com impactos na transformação da sociedade.

De olho nos próximos anos, a ciência cubana está empenhada em tornar realidade o que foi dito pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro, seu máximo promotor, em 10 de fevereiro de 1993, durante a inauguração do Centro de Biofísica Médica em Santiago de Cuba: a ciência e as produções da ciência devem um dia ocupar o primeiro lugar na economia nacional... temos que desenvolver as produções da inteligência e esse é o nosso lugar no mundo, não haverá outro.

CIÊNCIA CUBANA EM NÚMEROS

Mais de 86.400 trabalhadores se desempenham no setor.

53% são mulheres.

Há cerca de 16 mil doutores em Ciências.

Existem 220 unidades de Ciência e Técnica no país.