
A indústria cubana do fumo manteve uma tradição que é transmitida entre gerações e que colocou o charuto como um dos produtos tradicionais exportáveis da Ilha, juntamente com o rum e a cana-de-açúcar.
É um legado herdado do nosso tronco ancestral aborígine dos índios taínos e também plantado e comercializado em todo o planeta. São mais de 500 anos de história que pesam fortemente na cultura e identidade do povo cubano.
A Ilha maior das Antilhas, sem dúvida, é a terra do melhor fumo do mundo, onde homens e mulheres de pele curtida fazem inteiramente à mão os famosos charutos havana, como é conhecido o produto final vendido no mercado internacional.
Mas para conseguir um havana, seja Cohiba, Montecristo, Partagás, Romeo y Julieta, Hoyo de Monterrey ou H. Upmann (as seis marcas globais cubanas mais conhecidas no mundo), são necessários mais de 500 processos manuais, incluindo os agrícolas e de fábrica.
Para mais detalhes sobre a campanha do fumo 2018-2019, em cuja parte puramente agrícola participam mais de 600 modalidades produtivas, delas cerca de 20 empresas estatais e o restante em formas de propriedade cooperativa ou privada, às quais são integradas em cada campanha aproximadamente 200 mil pessoas, o Granma Internacional falou com Miguel Vladimir Rodríguez Gonzalez, vice-presidente primeiro do Grupo Empresarial de Fumo Tabacuba, única entidade no país que aborda totalmente esta atividade em todas as fases da cadeia de produção, desde a agricultura até a comercialização no mercado internacional e em território nacional.
Como se comportou a campanha de plantio de fumo 2018-2019?
«A campanha do fumo 2017-2018 foi muito rentável. Mais de 30 mil toneladas de fumo foram obtidas, pelo segundo ano consecutivo, o que nos coloca em sintonia com o Programa de Desenvolvimento do Fumo de Cuba até 2030 e os objetivos que tínhamos estabelecido».
«Os problemas fundamentais que ainda temos estão relacionados aos rendimentos agrícolas; temos que trabalhar com a intenção de aumentá-los e tornar os resultados e investimentos mais eficientes, bem como alcançar os tipos de fumo de que precisamos para aumentar as exportações».

«Para esta campanha de plantio 2018-2019, iniciada em 10 de outubro, que não concluiu, pretendemos plantar uns 31 mil hectares de fumo em todas as regiões de fumo do país, das quais já temos garantidas cerca de 30 mil. O plano completo eleva-se a 31.167,6 hectares».
«Tivemos alguns atrasos (o plantio devia concluir em 31 de janeiro) por causa das chuvas e do mau tempo de dezembro passado e janeiro deste ano».
Qual foi o impacto do clima nesta campanha e como conseguiram superá-lo?
«A agricultura de fumo não está imune às mudanças climáticas e fomos vítimas dos últimos eventos meteorológicos que atingiram o país. Tivemos fortes chuvas na primavera passada e agora, durante os meses de dezembro e janeiro, fortes ventos e chuvas».
«A decisão é adaptar-se a essas condições e avançar no desenvolvimento do fumo cubano. Não nos resta mais alternativa e devemos aumentar a aplicação de novas tecnologias, que tornam essas campanhas mais seguras».
«Nesse sentido, aumentamos a introdução de galpões para a produção de mudas de maneira controlada (os chamados túneis) para obter mudas mais resistentes e melhor protegidas; tentamos atender os períodos de semeadura e colheita; melhorar o processamento e armazenamento do fumo na fase de beneficiamento e continuamos generalizando a cura do fumo sob condições controladas, para evitar os efeitos do clima, entre outras medidas, que nos permitam adaptar-nos a essas novas condições».
«Por outro lado, as indicações da liderança do Governo e do Partido têm sido estender a produção de fumo em todo o país. Atualmente, a folha aromática é semeada em toda a Ilha e com diferentes finalidades, exceto na província oriental de Guantánamo».
«Continua oferecendo-se especial atenção às superfícies semeadas com Denominação de Origem Protegida (DOP), na região de Vuelta Abajo, em Pinar del Rio, onde se obtém a camada (coberta final do havana) e a tripa com destino aos charutos de exportação, e também a chamada zona do Partido, na província ocidental de Artemisa, que é reconhecida internacionalmente como uma região produtora de camadas para a exportação».
«Esta cultura se espalhou para Matanzas, Villa Clara, Sancti Spíritus e Cienfuegos para a produção de camadas, pois as investigações realizadas pelo nosso Instituto de Pesquisa reconhecem que existem vários tipos de solos que também, com variedades de fumo produtoras de camadas e com a técnica do fechamento, podem dar camadas para exportação. Isso foi cumprido».
«No Programa de Desenvolvimento até 2030 é esperado um crescimento na área plantada de produção, mas primeiro é necessário criar a infraestrutura para beneficiar, processar e armazenar esse fumo, ainda que estejam criadas as bases produtivas».
«Na região oriental da Ilha, de Camaguey até Santiago de Cuba e Holguin, incluindo Granma e Las Tunas, há um crescimento da cultura, mas destinada ao mercado interno».
Quais são os principais resultados e perspectivas da indústria?
«Os resultados são animadores, apesar de não estarmos satisfeitos. Conseguimos produzir cerca de 300 milhões de charutos enrolados à mão no ano passado, quase cem milhões deles destinados à exportação; mais de 130 milhões de charutos enrolados e 14 bilhões de cigarros. Estes números dão a medida da capacidade industrial e humana que temos».
«As vendas por exportação atingiram quase os US$260 milhões e as receitas para o país ultrapassaram os US$250 milhões de dólares».
«Entre os pontos fortes do sistema de fumo cubano, que sempre comentamos, é precisamente o seu ciclo fechado, que inclui desde a produção de sementes até a comercialização no exterior e o mercado cubano de produtos acabados».
«Isso nos permite melhores condições para um encadeamento produtivo eficiente, ainda não alcançado; mas com o programa de desenvolvimento estamos a caminho, especialmente no sistema logístico do fumo e no fornecimento de matérias-primas e insumos».
«Temos que ressaltar que o nosso sistema depende de outras indústrias do país, como embalagens, litografia e produtos químicos, além de fertilizantes e praguicidas, que também devem ser desenvolvidos para se integrar de forma mais eficiente à garantia da produção de fumo cubano e outros ramos».
«Para garantir o desenvolvimento em nosso setor, executamos quase 60 milhões de pesos em investimentos em 2018 e as principais obras visam melhorar precisamente a infraestrutura e expandir nossas capacidades industriais».
«No momento, o investimento mais importante que temos é o projeto de uma nova fábrica de cigarros na Zona de Desenvolvimento Especial de Mariel, uma joint venture com a brasileira Souza Cruz, cujo montante é superior aos US$ 116 milhões e que deve começar suas produções no fim deste ano e estar completamente pronta em abril de 2020».
«Também construímos uma nova fábrica de charuto feito à máquina na província de Granma, que melhorará significativamente a qualidade e a disponibilidade do chamado charuto para consumo nacional».
«A terceira direção de nossos investimentos é direcionada para a fase pré-industrial de nossos processos, com importantes obras em despalhes, escolhidas e armazéns de fumo e a recuperação de outras instalações existentes».
«O grupo tem como objetivo fazer investimentos superiores aos cem milhões de pesos anualmente até 2030, mas devemos melhorar nossos resultados e receitas e, assim, apoiar o Programa de Desenvolvimento de fumo cubano, que nos permita manter a liderança de Cuba e nossos produtos em todo o mundo e, acima de tudo, nos preparamos para atingir metas mais elevadas e poder satisfazer a demanda de novos mercados que possam ser abertos ao reconhecido como o melhor charuto do mundo».







