ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Foto: Osval

EM 23 de julho, um novo estudo foi publicado, da Universidade da Pensilvânia, na revista JAMA, que compara imagens cerebrais de elementos do pessoal diplomático dos EUA que relataram afetações quando estavam em Havana com as de um grupo de pessoas sob controle. O estudo conclui que há uma diferença nas imagens cerebrais dos diplomatas e as das pessoas alvo do controle. Este trabalho é a continuação de um artigo que descreve o quadro clínico desses diplomatas na mesma revista, em março de 2018.

O artigo não permite chegar a conclusões científicas claras. Pode-se dizer que o quadro de resultados médicos é mais confuso e contraditório, mais ainda que as numerosas críticas da comunidade científica internacional, que não foram satisfatoriamente respondidas.

O artigo não provou, ao contrário do que se especulou, e do que foi levantado no artigo anterior, que houve dano cerebral em um grupo de diplomatas durante sua estada em Cuba.

Na opinião de especialistas cubanos, a única maneira de esclarecer o estado de saúde dos afetados é por meio de discussões científicas transparentes e trocas de informações abertas e sem preconceitos.

Embora não seja usual comentar tão rapidamente sobre um artigo científico, dado o impacto que isso teve na mídia e para evitar erros de interpretação, o Granma Internacional publica os critérios preliminares do grupo de especialistas:

1-Os próprios autores do artigo reconhecem que o estudo é inconclusivo e não têm explicação para seus achados.

2-As alterações descritas são pequenas, muito diversas, heterogêneas, difusas e não correspondem a um quadro consistente. Esta não é apenas a opinião do grupo médico cubano, mas de especialistas reconhecidos no campo das imagens neurológicas, que já declararam que esses resultados não têm consistência interna.

3-É comum que em estudos de imagens neurológicas, tal como em outros campos da medicina, pequenos efeitos sejam encontrados em pequenas amostras que não são replicáveis. Eles podem se originar por acaso. Algumas das mudanças foram ligeiramente para o anormal, mas outras ligeiramente para o hipernormal.

4-O grau de superposição dos dados dos dois grupos não é mostrado no trabalho.

5-As diferenças entre os diplomatas e as pessoas alvo do controle, se houver, podem ser devidas à maneira em que o grupo de controle foi selecionado. Qualquer doença preexistente em um grupo de diplomatas ausentes nos controles (e vice-versa) poderia dar origem a uma diferença nas imagens.

6-As medidas de redes de conectividade funcional utilizadas são muito inespecíficas e podem ser alteradas pelo estado psicológico da pessoa, como reconhecido pelo próprio artigo e pela comunidade científica.

7-Não existe relação discernível entre as alterações descritas nas imagens neurológicas e os sintomas referidos dos diplomatas.

8-Não há correspondência entre os resultados deste artigo e o trabalho anterior. Por exemplo, no artigo anterior do mesmo grupo de pesquisa da Universidade da Pensilvânia, foram descritas alterações de funções executivas em testes neurológicos. Neste trabalho não há alterações funcionais de conectividade na sub-rede executiva.

9-As alterações nas imagens neurológicas, se houver, podem ter se originado antes de estar em Cuba ou devido a uma doença não relacionada aos fenômenos «direcionais» de sons estranhos e outras sensações descritas por diplomatas.

10-Embora o título remeta para os chamados «fenômenos direcionais», o trabalho não mostra qualquer relação entre os achados das imagens e esses supostos fenômenos. Isso é importante, dado o descrédito generalizado na comunidade científica de teorias de ataques sônicos ou de microondas.

Como disse o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla: «Não há provas ou explicações científicas que apoiem atos deliberados contra diplomatas em Havana. O que é publicado pela JAMA confirma isso».

Fonte: Em nome da Comissão de Peritos de Cuba, estes argumentos foram apresentados, em 23 de julho, em uma coletiva de imprensa no Minrex, pelo doutor Mitchell Joseph Valdés-Sosa, diretor geral do Centro de Neurociências de Cuba.