ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
O Comandante-em-chefe disse: «Lembremo-nos cada vez mais de nosso Apóstolo, mais a cada ano e não apenas por uma razão de gratidão, mas por ser necessário». Foto: Arquivo do Granma

Nosso pensamento remonta àquele dia, afortunado para o nosso país, a partir do ano de 1853, quando o Apóstolo José Marti nasceu. (...) Toda a vida daquele homem extraordinário que caiu em Dos Ríos depois de dedicar seu pensamento e energia, quase quando criança, à causa da liberdade de sua terra natal; uma vida inteira, não apenas dessa geração, mas de várias gerações; (...) porque a importância dessa data é que de nosso povo surgiu aquele homem que um dia apontaria o caminho a seguir com clareza meridiana. Juntamente com ele, os cubanos de sua geração lutaram e as gerações que vieram depois (...).

 Muitos caíram na luta, outros tiveram que enfrentar, mais de uma vez, o gosto amargo da adversidade. Até que ponto aqueles que talvez se levantaram em armas com a ideia de que, depois da guerra, sempre duros e sempre amargos, um dia eles poderiam ver realizados, na pátria livre, os postulados que deram força aos braços de nosso primeiro mambises! (...)

 Quantos desceram às sepulturas e quantos viram os anos passarem em espera impaciente, e quantos perderam suas ilusões pelo caminho! Quantos perderam suas esperanças, porque precisamos pensar e meditar que um povo que lutou com determinação inigualável teve que viver em cada um de seus bons filhos a amargura de não ver esses sonhos se tornar realidade e adicionar a dor de cada um deles, que foi a dor de milhões de seres humanos por um século! (...) E esta geração, que é a geração do Centenário do Apóstolo, porque foi no ano do centenário que começou a luta, que depois de vários anos concluiria essa oportunidade que ela tem hoje, essa geração centenária pode dizer no final, que tem em suas mãos os destinos da pátria que as gerações anteriores não possuíam, porque forças mais poderosas que a soma de todos os heroísmos e sacrifícios de nosso povo impediram as gerações passadas terem essa oportunidade.

Pela primeira vez, o povo é dono do seu destino, e o que fazemos agora depende de nós; o triunfo final de nós depende, porque em nós está a força para levá-lo adiante ou a fraqueza que o leve a falhar. Em nós deve haver a virtude que nos permita levar felizes o propósito que estabelecemos a nós mesmos ou os vícios que nos fariam falhar; o valor que permite o triunfo definitivo ou a covardia que possibilita a falha definitiva deve estar em nós. Em nós, então, nesta geração que teve a sorte da oportunidade, há também uma tremenda responsabilidade, porque das fileiras do povo nascem os guias, das fileiras do povo saem os heróis, das fileiras do povo saem os bravos, das fileiras do povo surgem as forças que podem permitir o triunfo de um povo, como também surgem das fileiras - infelizmente - os traidores ou desertores, e os de pouca fé surgem, e os covardes surgem. Que hoje podemos dizer imediatamente que nosso destino está em nossas mãos; e dependerá de nosso pessoal, somente dele, que a oportunidade é uma oportunidade para o triunfo final. (...)

 Por que temos fé? Por que temos confiança? Estamos confiantes porque os bons cubanos são esmagadoramente mais que os maus cubanos; porque os corajosos, os corajosos cubanos e os virtuosos cubanos, os generosos cubanos, os entusiastas cubanos constituem uma maioria esmagadora sobre os cubanos egoístas ou covardes, ou os de sete meses, como Marti chamava aqueles homens que não tinham fé em seu povo. É por isso que, por termos um povo assim, no qual existe uma proporção de maioria extraordinariamente majoritária, é por isso que acredito que esta geração aproveitará a oportunidade oferecida pelo destino da nação para culminar na vitória final. E a virtude cresceu em nosso povo, porque se estudássemos o passado, descobriríamos que os homens que acenderam a centelha da liberdade, os homens que acenderam a chama do patriotismo eram então uma pequena minoria; os pioneiros de nosso país eram uma minoria e por um tempo considerável os homens verdadeiramente patrióticos eram uma minoria. E graças ao bom exemplo, e apesar do mau exemplo; graças ao fato de que pensamento e luz são eventualmente impostos; graças à verdade que sempre, mais cedo ou mais tarde, a verdade que está escrita no sangue das pessoas triunfa. (...)

E esses contrastes são aqueles que, em momentos como esse, nos fazem meditar e pensar em tudo o que custou aquele anseio de que um dia nosso povo fosse dono absoluto de nosso destino e tivesse em suas mãos a grande oportunidade; e como essa oportunidade deve ser conhecida, como essa oportunidade deve ser defendida, é por isso que temos que semear dignidade em nosso povo, é por isso que temos que perceber que o apotema martiano que ele queria ser «a primeira lei do República: o culto à plena dignidade do homem». (...)

 E esse deve ser o objetivo fundamental de um ato como este: promover o que um povo pequeno mais precisa, a única coisa que salva os povos pequenos: a dignidade. E assim, o que temos que prometer ao nosso Apóstolo, o que temos que jurar diante da memória e diante da estátua de José Marti, é ser um povo digno. (...)

 Portanto, promovamos a virtude, promovemos a dignidade, reverencemos cada vez mais nossos fundadores, lembremos cada vez mais de nosso Apóstolo, mais a cada ano e não apenas por uma razão de gratidão, mas por ser necessário, porque precisamos deles, porque precisamos deles que eles possam lutar conosco as batalhas que estamos travando; vamos os lembrar e venerar cada vez mais fervorosamente. (...)

 E assim, seguiremos em frente, reafirmando nossa soberania, fazendo leis justas, dando terras a camponeses, escolas a crianças, hospitais a doentes, trabalho a desempregados, prometendo horizontes para nossa juventude e nosso povo. Dessa forma, continuaremos derrubando fortalezas e fazendo escolas, com otimismo e segurança, porque acredito em nosso povo, porque tenho certeza de que tem temperamento e virtudes suficientes para marchar por esse caminho, porque há muitos exemplos para incentivá-lo, osuficiente pregação martiana que o encoraje e inspire.

 Fonte: Discurso do Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, no jantar marciano oferecido pelo Instituto Nacional de Economia e Habitação, realizado na Praça da Revolução, em 27 de janeiro de 1960.