
Para a indústria cubana, qual deveria ser o significado exato de «pensar como país»?: Responder, com soluções nacionais, a todo o possível; ajudar a superar a mentalidade de importação e aproveitar todos os potenciais de fabricação.
A resposta, que afasta a frase do slogan e a enche de significado e responsabilidade, transcendeu das palavras de Miguel Díaz-Canel Bermúdez, presidente da República, ao falar, na quinta-feira, 20 de fevereiro, na reunião anual de exame do trabalho do Ministério das Indústrias (Mindus), da qual também participou o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz.
Os membros do Bureau Político, Comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez, vice-primeiro-ministro, e Ulises Guilarte de Nacimiento, secretário-geral da Central dos Trabalhadores de Cuba; bem como Omar Ruiz Martín, membro do Secretariado do Comitê Central do Partido, marvaram presença.
«Não há nada que prejudique e atrase mais do que a mentalidade de importação, porque gera dependência, acomodação e, portanto, não há desenvolvimento», disse Díaz-Canel, reiterando as quatro frentes prioritárias de Cuba: enfrentar a plataforma neoliberal, defender a país, o exercício legislativo e a batalha econômica.
«Para que tudo isso seja bem-sucedido», disse, «em particular o progresso econômico, é urgente que os quadros tenham uma verdadeira concepção de direção e, por sua vez, é essencial manter as medidas de poupança e garantir que o que foi feito tenha acompanhamento e incentivos».
Em sua opinião, um dos propósitos fundamentais para o desenvolvimento da indústria é resgatar os conceitos fundamentais: exportar, diminuir importações, comprar fora o que garante os processos de produção e não tanto o produto acabado.
Outra chave, segundo o chefe de Estado, está na articulação da poupança e a eficiência, a fim de fazer com que a indústria tenha mais impacto no Produto Interno Bruto do país.
«Tudo o que podemos fazer aqui nos dá soberania e desenvolvimento», disse.
Segundo Díaz-Canel, em termos de reciclagem, uma das tarefas fundamentais pelas quais o Mindus é responsável, muitas potencialidades ainda são desperdiçadas. Cabe aos envolvidos, além de aperfeiçoar seus próprios procedimentos, participar do aconselhamento de todas as empresas e organizações, a fim de evitar a perda ou contaminação de resíduos reutilizáveis.
Identificar programas de desenvolvimento local com a incorporação de máquinas-ferramenta, priorizar a fabricação de peças de reposição, continuar avançando na produção de contêineres e embalagens e monitorar, com rigor, os processos de investimento decisivos para o país, foram outras orientações do presidente cubano.
O presidente também insistiu na necessidade de aproveitar melhor as opções de financiamento da Finatur S.A.; aumentar a presença na Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel; alcançar maior inserção de produtos nacionais nas lojas em divisas, além de atender, de forma prioritária, a produções muito sensíveis destinadas ao mercado interno: produtos de higiene, ventiladores, caixas de decodificação e outros itens de alta demanda.
Da mesma forma, o líder ressaltou a importância de todas as indústrias exportadoras; relacionar-se melhor com o setor não estatal e atender com maior comprometimento ao investimento estrangeiro, a fim de obter o financiamento necessário.
O presidente cubano também dedicou algumas reflexões ao design. Em sua opinião, é necessário saber usar melhor as potencialidades, vincular-se às universidades e assumir o design não apenas a partir da estética, mas como uma solução prática.
«Todas essas ações», considerou, «devem avançar com o apoio de uma robusta gestão de negócios e acompanhadas por processos eficientes de informatização, automação e comunicação».
PENSAR PRIMEIRO EM TUDO O QUE POSSA SER FEITO AQUI
Conforme explicado pelo ministro das Indústrias, Eloy Álvarez Martínez, ao apresentar o relatório sobre os resultados de 2019, o Ministério, sete anos após sua criação, avança na aplicação das políticas aprovadas de sua concorrência, como recipientes e embalagens, reciclagem, máquinas-ferramentas e equipamentos; juntamente com o desenvolvimento de novas diretrizes para orientar o desenvolvimento industrial, manutenção e design.
Quanto à reciclagem, recuperaram-se
- 108 milhões de recipientes de vidro
- 116.943 recipientes de plástico
- 7,8 milhões de frascos de medicamentos.
Enquanto isso, entre as principais barreiras identificadas na implementação da política que rege essa atividade, existe a baixa cultura de reciclagem presente na sociedade, a baixa disponibilidade técnica de meios especializados, a não realização do negócio planejado com capital estrangeiro e o baixo nível de reutilização de recipientes de plástico e vidro.
Jorge Luis Tamayo, presidente do Grupo de Negócios de Reciclagem, destacou o aumento da produção com matérias-primas recuperadas, como mangueiras de plástico, tubos para cabos elétricos e blocos utilizados na construção feitos de vidro e papel.
Ainda é um desafio, em sua opinião, trabalhar em conselhos populares e vincular-se a formas não estatais de expandir a recuperação de resíduos sólidos urbanos. Além disso, a reciclagem de sucata ferrosa foi afetada, principalmente devido a dificuldades de transporte.
Nesse sentido, o Comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez chamou a atenção para as violações de algumas empresas, que têm equipamentos sem utilidade e não os registram, assunto que deve ser rigorosamente verificado.
Em relação à implementação da Política de reordenamento e uso eficiente de máquinas-ferramentas e equipamentos na economia, foi relatado que, até o momento, foram reordenadas 7.954 máquinas-ferramentas, 49% do total planejado e 106 foram modernizadas.
Sobre a Política para o desenvolvimento da indústria de recipientes e embalagens, constatou-se que o plano total desses sortimentos é cumprido em 92%. A produção nacional cobre 65% da demanda, enquanto as importações diminuem em 26 milhões de dólares em comparação a 2018.
No entanto, uma das principais dificuldades mencionadas é a impossibilidade de realizar investimentos relacionados à produção de alumínio, vidro e embalagens flexíveis, devido à não identificação de fontes financeiras e parceiros tecnológicos.
Quanto ao desenvolvimento de equipamentos tributados para substituição de importações e cadeias produtivas, continua o trabalho, conforme o relatório apresentado, sobre os associados ao agronegócio, à indústria açucareira e ao transporte.
Outro aspecto de relevância, abordado por Ricardo González, primeiro vice-presidente do Grupo de Negócios da Indústria Eletrônica, foi a inserção gradual de produtos nacionais na rede de comércio em divisas. As bicicletas motorizadas e elétricas, TV de mais de 42 polegadas, área condicionados e fogões de quatro bocas com forno se destacam nessa direção.
Também se referiu à possibilidade de fabricar os primeiros telefones celulares cubanos, juntamente com o potencial de fabricação de equipamentos para computadores.
E os números, que ilustram quanto resta a ser feito em busca da substituição de importações e do crescimento das exportações, não podiam ser ignorados.
- 80% de cumprimento do plano de exportação.
- 87% de cumprimento das receitas externas.
- 49 linhas foram incorporadas à produção para substituir as importações.
- Mais de 73 milhões de dólares são registrados como economia para esta incorporação.
Diante desse cenário, o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz reconheceu que ainda há desconfiança no mercado cubano sobre a indústria nacional, sobre sua resposta rápida, segura e de qualidade. Portanto, é responsabilidade do setor resgatar essa credibilidade.
Além disso, comentou a necessidade de fazer uma pesquisa, por um lado, de todos os produtos importados para o país e qual é a fonte de financiamento; e, por outro, que possibilidades a indústria tem para produzi-los e qual seria a demanda por recursos.
Ao final do balanço, três entidades foram reconhecidas pelos resultados positivos de seu trabalho com quadros, controle e eficiência nos processos de gestão de negócios: Empresa de Automação Integral (Cedai), de Eletrônica; Empresa de jornais Granma, a Indústria Leve; e Inoxidables Varona, do setor sideromecânico.







