
O ano de 2019 impôs obstáculos notáveis a todos os setores da economia cubana que retardaram seu pleno desenvolvimento. O setor da construção, entre eles, foi fundamentalmente afetado pelo desestímulo ao investimento estrangeiro, escassez de combustível, além da perseguição financeira nos EUA, causada em grande parte pela intensificação do bloqueio e pela implementação do Título III da Lei Helms-Burton.
No entanto, durante a reunião de análise do trabalho anual do ministério da Construção (Micons), com a presença de Miguel Díaz-Canel Bermúdez, presidente da República de Cuba, na quarta-feira, 17, foram discutidas questões internas, como a falta de controle nos processos de construção e a qualidade insuficiente dos edifícios, que também prejudicaram o cumprimento do planejado para aquele ano e se tornaram desafios para este ano 2020.
Na reunião, em que marcou presença Esteban Lazo Hernández, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular e do Conselho de Estado; o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz lembrou as circunstâncias atípicas causadas por fatores externos e aludiu às atuais, principalmente as consequências do Sars-Cov 2.
«A rápida disseminação desse novo coronavírus é um fenômeno que afeta inevitavelmente a economia. O país tomou as medidas necessárias, mas não podemos parar».
«No entanto, a situação mundial já é perceptível, pois certas importações estão deixando de chegar, devido à interrupção de fábricas em outros países. Um exemplo é o turismo, porque, mesmo quando não fechamos nossas fronteiras, outras nações já o fizeram e isso causou uma queda drástica no fluxo de visitantes», alertou.
Além disso, explicou que essas são razões a serem levadas em consideração pelo setor de construção este ano, que também pode ser vulnerável à situação. Por isso, incentivou a trabalhar em aspectos que melhoram a indústria nacional, como a produção de materiais, que apesar de crescer na fabricação de móveis sanitários, aditivos e aço, entre outros itens, ainda na maioria das áreas prefere-se lançar mão da importação, em vez de explorar o potencial interno.
A HABITAÇÃO CUBANA: UM PROGRAMA PRIORITÁRIO
O primeiro-ministro considerou de extrema importância o resultado do Micons e de suas entidades na construção das mais de 44.500 casas em 2019, apesar de reconhecer que os problemas de qualidade e manutenção persistem.
«Devemos sempre ter em mente que uma habitação habitável não é apenas uma que tem água e eletricidade, mas também uma que tem um acabamento correto, sem desleixo, para que aqueles que a habitam se sintam satisfeitos com o que receberam. Nós cuidamos do nosso trabalho dessa maneira, porque uma execução ruim do trabalho envolve problemas de longo prazo, como vazamentos, colapsos parciais, etc.», afirmou.
A verdade é que as instruções do primeiro-ministro a esse respeito coincidem com os desafios que essa área impõe para o ano de 2020, no qual se pretende entregar mais de 41.000 casas.
No entanto, durante uma recente verificação feita pelo presidente da República ao programa Habitação, soube-se que, no final de janeiro, apenas 7% do planejado havia sido entregue, o que confirma as indicações para avançar com um passo acelerado e firme nesse objetivo. .
A troca também apreciou a importância de realizar um número maior de verificações de autor nas casas prontas. Para Eladio González, presidente da entidade de Design e Engenharia, do ministério da Construção, duas visitas por ano não são suficientes para detectar problemas e resolvê-los.
A QUALIDADE DEPENDE TAMBÉM DA EXIGÊNCIA
A questão da qualidade das obras também surgiu como uma chave para a eficácia das obras. A esse respeito, René Mesa Villafaña, ministro do ramo, destacou que tanto os construtores quanto os produtores de materiais devem ter um senso de pertença e a responsabilidade necessária para realizar bem seu trabalho e garantir a excelência máxima do edifício.
«Não podemos permitir os roubos e o controle é necessário nas obras, temos que poder agir com exigência na gerência intermediária e resolver os problemas de acordo com as condições de cada local e com recursos próprios», destacou.
Um exemplo claro foi afirmado por Arelys Pino Rodríguez, diretor da Empresa de Construção e Montagem em Villa Clara, que concordou que o requisito é a chave, embora às vezes a qualidade dos produtos não seja a melhor para desempenhar bem as tarefas de construção.
«Tivemos a experiência em nossa empresa de obras de baixa qualidade e, quando o mesmo grupo de trabalhadores foi controlado com maior sistemática e demanda, as construções saíram como deve ser, como foi o caso do círculo juvenil em Villa Clara e outras obras que são ainda em processo, tal como um projeto da Labiofam, etc.», afirmou.
Por outro lado, Eladio González mencionou a necessidade de um melhor controle dos projetos, especificamente no cálculo de materiais, que, segundo ele, às vezes são superdimensionados.
No entanto, reconheceu o trabalho dos projetistas em questões de poupança, pois em 2019, devido a propostas organizadas e ajustadas às realidades das obras, o país economizou cerca de 5.000 metros cúbicos de concreto, figura notável, especialmente nas atuais circunstâncias econômicas, que merece o planejamento e o uso consciente dos insumos.
Marrero Cruz afirmou que a preparação dos quadros é essencial para garantir que a eficiência no trabalho não seja um desafio, mas uma força.
CIÊNCIA E PESQUISA CONSTRUEM O FUTURO
Com a presença dos vice-primeiros ministros, o Comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez, e Inés María Chapman Waugh, e Ulises Guilarte de Nacimiento, secretário-geral da Central dos trabalhadores; a introdução da ciência e da pesquisa, bem como o vínculo com universidades e outros centros educacionais, tornaram-se arestas essenciais para o intercâmbio.
O titular da Micons garantiu que esse assunto recebeu e continuará recebendo atenção especial do setor. «É extremamente necessário que nossas entidades tenham pessoal qualificado, e o vínculo com a academia, bem como a incorporação de estudantes nas empresas, é um trabalho de troca mçutua».
Por esses motivos, Amaury Median, diretor geral de Desenvolvimento Estratégico, do ministério da Construção, concordou, explicando que, desde 2017, são realizadas reuniões com universidades para tratar dessas questões.
«As linhas fundamentais de trabalho têm como fim melhorar a qualidade das práticas de trabalho dos alunos, em qualquer época do ano», disse, destacando principalmente o trabalho dos institutos politécnicos e a qualidade dos jovens que são treinados nesse ramo.
Segundo o gerente, a categorização dos profissionais também é um assunto analisado, por isso é essencial promover o conhecimento científico em um setor tão prático quanto a Construção, além de aumentar a inovação para contribuir, como afirmou Marrero Cruz, para refletir sobre o assunto, construindo o futuro cubano.
NO CONTEXTO
PROJEÇÃO PARA A RECUPERAÇÃO DO DÉFICIT HABITACIONAL EM CUBA
- O programa de recuperação do déficit habitacional abrange um período de dez anos, no qual está planejado priorizar as afetações pelas condições climáticas e moradias precárias. As 402.120 reabilitações para deter a deterioração e evitar a perda progressiva da capacidade residencial estão planejadas em diferentes etapas, em correspondência com a situação de cada território.
Em sete anos: Artemis, Mayabeque, Cienfuegos, Sancti Spíritus e Isla de la Juventud.
Em oito anos: Pinar del Río, Matanzas e Ciego de Ávila.
Em dez anos: Havana, Santiago de Cuba, Holguín, Camagüey, Guantânamo, Las Tunas, Granma e Villa Clara.
- As 527.575 novas casas para construir demandam um aumento nas urbanizações. Considera-se que 60% é construído pelo próprio esforço da população, exceto em Havana e Santiago de Cuba, que será de 40%. Deve-se dar prioridade à conclusão das casas em execução, seja do setor estatal ou por esforço próprio.