Agradecendo ao nosso povo por sua contribuição, seja por opiniões, sugestões ou mesmo críticas, que foram levadas em consideração na tomada de decisões, Marrero Cruz começou seu comparecimento destacando o entusiasmo e entendimento que tem sido apreciado desde o anúncio na sexta-feira passada, 20 de mrço, de novas medidas para impedir a propagação do Covid-19 no país.
Desde então, disse, «houve progresso na prevenção e controle. No entanto, ainda existe uma baixa percepção de risco em um setor da população e indisciplinas têm sido cometidas, principalmente relacionadas à presença de pessoas nas ruas desnecessariamente e em boates abertas com grandes concentrações, principalmente no setor privado».
Cada uma dessas questões, ressaltou, foi apontada pela população e constituem a base para a adoção das medidas pertinentes.
O chefe de Governo anunciou que, por decisão do primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, general-de-exército Raúl Castro Ruz, e do presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, foi decidida a ativação dos Conselhos de Defesa Provinciais e os de alguns municípios que necessitarem, em composição reduzida, para realizar as ações de prevenção e controle necessárias para impedir a propagação do Covid-19.
Da mesma forma, em nome do Partido, da Presidência do país, da Assembleia Nacional do Poder Popular e de todo o governo, pediu a unidade, diante do avanço do novo coronavírus.
«Se não cumprirmos as medidas, a situação pode ser complicada», afirmou. «Temos um sistema de saúde eficaz e experiente; mas precisamos do apoio do povo e das instituições. O isolamento é o mais eficaz, ficar em casa e sair apenas para aquilo que a vida cotidiana nos impõe. É uma questão de responsabilidade social», ressaltou.
Pediu aos idosos mais vulneráveis que fiquem em casa. Disse que o distanciamento social é essencial; além de manter as medidas já informadas, como lavar as mãos, limpar superfícies e tudo o que tocamos: o telefone, a porta, a chave...
Reconheceu que isso constitui sacrifício e mudança de costumes, entre outras limitações, mas são necessárias para a saúde de todos e para o amanhã.
Também anunciou que medidas econômicas estão sendo adotadas, priorizando as atividades de serviço e atividades produtivas, enquanto indicou que as audiências sobre saúde serão transmitidas na televisão com mensagens atualizadas e que foram dadas instruções para melhorar as conferências diárias sobre o progresso do novo coronavírus.
Em relação à programação televisiva, explicou que a experiência do verão foi levada em consideração, para que nosso pessoal tenha entretenimento adequado em casa.
Junto com tudo isso, enfatizou, as medidas de controle serão mais rígidas e podem até ser drásticas para quem violar as disposições.
Em nome do general-de-exército e do Governo, agradeceu ao pessoal que trabalha na saúde, na fronteira e no turismo, a todas as pessoas que colaboraram em missões complexas, e particularmente ao povo, protagonista desta batalha, por seu apoio e confiança.
«São tempos difíceis», reiterou, «mas nós revolucionários crescemos diante dessas circunstâncias. Está na hora de juntar-nos todos e agir com unidade».
«Este povo», observou Manuel Marrero, «enfrentou o bloqueio e muitas dificuldades. A principal arma foi a resistência, a confiança na Revolução, e sempre vencemos como venceremos desta vez».
E em suas palavras finais, evocou o Comandante-em-chefe, Fidel Castro Ruz, com sua gloriosa frase «Pátria ou morte, venceremos»; Che Guevara, com sua convicção «Até a vitória sempre» e Raúl, que sempre disse que «Sim, pôde-se, sim, podemos e sempre será possível».
O PARECER DAS PESSOAS CONTA
Manuel Marrero Cruz explicou que dentre as opiniões mais frequentes da população sobre o confronto com o novo coronavírus, destacam-se as referentes às escolas, suas condições higiênicas e superlotadas.
Segundo o primeiro-ministro, considerando esses fatores, e apesar de o país não estar em um estágio de doença que exige tal medida, foi decidido suspender as aulas, a partir de hoje (23 de março) e por três semanas.
A semana após esse período, lembrou, «coincide com a etapa do intervalo escolar, portanto, dentro de um mês ou mais, não haverá aulas e, se a situação epidemiológica se estabilizar, o ano letivo será retomado a partir de segunda-feira, 20 de abril».
No entanto, anunciou que serão implementadas facilidades para os pais que têm problemas em ter os filhos em casa. De fato, o trabalho das creches se mantém, sob condições flexíveis, para que os pais possam cumprir suas responsabilidades profissionais, uma vez que a economia não para, principalmente as atividades básicas e priorizadas.
Segundo Marrero Cruz, havia outras abordagens relacionadas a questões salariais, portanto, outras medidas foram adotadas para diminuir as preocupações dos cubanos.
Também comentou que algumas preocupações aludiam à situação atual da água na capital, portanto, um grupo de medidas e soluções concretas foi adotado, o que será explicado no decorrer da semana pelo presidente do Instituto Nacional dos Recursos Hidráulicos.
Da mesma forma, explicou, a distribuição do hipoclorito, principalmente na capital, gerou ansiedade. Isso foi analisado pelas autoridades correspondentes e será anunciada a abertura de novos pontos de venda e os formatos a serem comercializados, uma vez que existe uma garantia do produto.
Segundo o líder, a concentração de pessoas em instalações comerciais, principalmente nas filas, causou desconforto, pelo que várias decisões foram tomadas para solucionar esses problemas.
OS RESIDENTES CUBANOS QUE CHEGAREM NO PAÍS SERÃO ISOLADOS
Manuel Marrero Cruz destacou que, a partir de 23 de março, os residentes cubanos que chegarem ao país serão transferidos para centros de isolamento, conforme anunciado anteriormente.
Tais instalações, do setor educacional e de saúde, bem como uma seleção dos melhores parques de campismo, foram submetidas a inspeções rigorosas para garantir que atendam a todos os requisitos.
Na opinião do primeiro-ministro, é um isolamento controlado, onde as pessoas terão garantia de acomodação, alimentação normal e completa e outros serviços adicionais, pois é um processo necessário até que se descartar que eles são portadoras da doença. Além disso, lembrou que a partir desta terça-feira, 24, nenhum visitante estrangeiro chegará ao país.
ATÉ ESTE MOMENTO ESTAVAM EM CUBA:
42.873 cidadãos que vivem no exterior
32.574 turistas estrangeiros
10.299 emigrantes cubanos
Para ter uma ideia da situação, apresentou outros números sobre a chegada dos viajantes.
ESTE DOMINGO CHEGARAM AO PAÍS:
783 turistas estrangeiros
460 cidadãos cubanos que residem no exterior.
3.460 cubanos residentes em Cuba.
Levando em conta esses números, apontou, há evidências de uma diminuição na chegada de turistas estrangeiros e um crescimento nos cubanos. No entanto, as saídas não mostram a mesma tendência.
ESTE DOMINGO DEIXARAM O PAÍS:
Mais de 7.000 turistas estrangeiros.
1.500 emigrantes cubanos.
1.720 cubanos residentes no país.
Devido a esta situação, e com base no comportamento da doença em todo o mundo, Manuel Marrero informou que foi decidido regular a saída de cubanos do país, a fim de cuidar de sua saúde e a de suas famílias. No entanto, perante causas humanitárias ou outras causas justificadas, as autorizações correspondentes serão emitidas.
«Seríamos irresponsáveis», afirmou, «se estimularmos a saída de nossos compatriotas do país».
E há também outros números que, na opinião do primeiro-ministro, ilustram essa situação. Hoje, cerca de meio milhão de cubanos, que vivem em Cuba, estão fora da Ilha; 450.000 deles para assuntos particulares e o restante devido a assuntos oficiais, missões ou outros motivos.
Essa situação, acrescentou, «torna os viajantes mais vulneráveis. De fato, as estatísticas confirmam a tendência crescente dos cubanos, que chegaram ao país infectados, apesar de não apresentarem sintomas».
«Continuaremos recebendo todos os cubanos que estão no exterior», reiterou, «e todos que chegarem serão isolados e, se estiverem doentes, serão tratados; mas viajar para o exterior não pode ser incentivado nas condições atuais».
Segundo Marrero Cruz, apesar do avanço do Covid-19, alguns cubanos deixaram o país para retornar em uma semana, apenas com a intenção de fazer compras em virtude de alguns negócios, e assim arriscam sua família e os companheiros.
«Essas medidas», enfatizou, devem ser rigorosamente cumpridas, porque estão relacionadas à vida das pessoas, e devemos ser cada vez mais severos».
Da mesma forma, os passageiros de um voo para Cuba só poderão levar uma bagagem de mão e uma mala, uma vez que o excesso de bagagem complica as operações nos aeroportos e centros de isolamento.
Também não será permitido, por razões de segurança, a concentração de membros da família nos aeroportos para receber os que chegarem. Todas as pessoas serão transferidas para suas províncias, em ônibus selecionados e controlados pela Polícia, já que existem centros de isolamento em todos os territórios.
OUTRAS MEDIDAS DE TRANSPORTE INTERPROVINCIAL
Nas palavras de Manuel Marrero Cruz, foi tomada a decisão de suspender o transporte entre províncias, porque, apesar dos apelos para ficar em casa, o número de viagens não diminuiu.
No momento, alertou, «cerca de 22.000 pessoas viajam diariamente entre províncias, uma situação insuportável e acentuando vulnerabilidades».
«O Ministério dos Transportes (Mitrans)», acrescentou, «divulgará os regulamentos, a fim de proteger as pessoas, que incluem transporte de ônibus, trens e aviões. Além disso, as medidas também abrangem o transporte privado».
«Da mesma forma», disse, «para a transferência de pessoas que precisam por razões humanitárias, de saúde ou outras, o Mitrans, juntamente com os governadores dos territórios, tomarão as decisões correspondentes».
Por outro lado, mencionou que uma análise aprofundada do transporte urbano de passageiros foi orientada, devido às concentrações que gera, uma vez que em ônibus atrelados, por exemplo, até 150 pessoas viajam em uma rota.
«Atualmente», observou, «nas áreas urbanas de todo o país, cerca de dois milhões de pessoas são transportadas diariamente, o que é um risco. Portanto, continuamos recomendando o auto-isolamento e a conscientização de quem sai sem fortes razões».
COM OS TURISTAS QUE PERMANECEM NO PAÍS
Manuel Marrero Cruz observou que os turistas que ainda permanecem nos hotéis estão em condições isoladas e, até hoje, ninguém poderá deixar essas instalações, medida que fortalece o controle.
«Para facilitar essa decisão», explicou, «decidiu-se suspender excursões a cidades, locais históricos, culturais e naturais, bem como o aluguel de carros turísticos».
Também enfatizou que o mesmo tratamento será aplicado a todos os turistas que ficam em casas particulares. «Nesta situação», disse, «existem 9.413 turistas e, destes, 6.000 estão em Havana, distribuídos principalmente em Havana Velha, Plaza e Playa».
«Associado a isso e diante dos riscos que a acomodação nessas casas contempla, foi indicado», segundo Marrero Cruz, «a transferência gradual de turistas para hotéis. A medida», enfatizou, «não responde a nenhum interesse econômico, mas responde à segurança da vida de turistas e famílias cubanas».
Devido às características dos territórios de Trinidad, Viñales e Baracoa, foi providenciada a transferência de turistas para hotéis que estão fora desses territórios.
Da mesma forma, o fechamento de discotecas, piscinas e academias foi determinado em hotéis, bem como a limitação de atividades recreativas. Essas medidas internas nas instalações turísticas também se aplicam ao setor não estatal, por exemplo, ao fechamento de piscinas e academias privadas que comercializam esses serviços.
TAMBÉM CUIDAR DO TURISMO NACIONAL
O primeiro-ministro Manuel Marrero garantiu que o turismo nacional teve acompanhamento. Até o momento, cerca de 3 mil cubanos estão hospedados em hotéis, apesar da situação epidemiológica tensa.
«Por enquanto», alertou, «essas opções permanecem, mas se houver um aumento na demanda por esses serviços, serão tomadas as medidas necessárias».
«Quanto à concentração de pessoas nas lojas», disse, «várias estratégias serão implementadas, que são obrigatórias, como a separação de um metro entre as pessoas, o que inclui as filas».
Nesse sentido, o ministério do Comércio Interno anunciará as medidas, juntamente com outras relacionadas à regulamentação da venda de produtos, começando com as divulgadas, para evitar multidões e acumulação.
«Os estabelecimentos não serão fechados», esclareceu, mas as decisões são direcionadas a uma distribuição equitativa dos produtos e a vendas ainda mais próximas às casas. Além disso, é esperado um aumento na venda de produtos alimentícios em casa».
Também foi pedido às instituições religiosas que levassem em conta as medidas aprovadas para evitar a concentração das pessoas na saúde de seus fiéis e de suas famílias.
«Da mesma forma, decidiu-se», segundo Manuel Marrero, «reforçar gradualmente o controle policial nas ruas e em outros centros, conforme necessário, para contribuir para o cumprimento das medidas, o que não exonera as administrações de sua responsabilidade e aos cidadãos em geral, a fim de preservar a vida das pessoas».
«E do Partido e do Governo», resumiu, «foi feito um apelo às organizações de massa para fortalecer o trabalho com seus afiliados, como parte do pedido de disciplina».
