ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Reabilitar a produção tradicional de café nas montanhas cubanas é um dos propósitos do Plano Turquino. Foto: Jorge Luis Merencio

Em 2 de junho de 1987 foi criado o Programa de Atenção ao Desenvolvimento Integral das Regiões Montanhosas, conhecido como Plano Turquino, em alusão à montanha mais elevada da Ilha. Esta iniciativa da Revolução esteve encaminhada, desde então, a dar prioridade aos esforços que, nesse sentido, vinham sendo realizados a partir do triunfo rebelde, em janeiro de 1959, em prol do desenvolvimento econômico e social dos territórios montanhosos cubanos, bem como para reforçar a defesa do país e contribuir para a conservação do meio ambiente.

Antes do triunfo da Revolução, muitos daqueles que moravam nas montanhas de Cuba viviam em condições de isolamento e precariedade quase absolutas. O abandono dos governos de turno e as condições naturais impediam a muitos populares descer das montanhas, atender às suas doenças em algum ponto médico que não ficasse a dezenas de quilômetros, frequentar a escola ou o cinema.

Os guerrilheiros, liderados pelo jovem Fidel Castro, conviveram com muitos destes povoadores durante a luta insurrecional, no fim da década de 50 do século passado. Nesses anos adotaram a firme determinação de mudar as condições de vida na montanha, a zona do campo mais pobre do paìís todo, tal como reconheceu o chefe da Revolução, em um discurso proferido na Serra Maestra, em 17 de maio de 1959, quando foi proclamada a Lei de Reforma Agrária.

Com o Plano Turquino começaram a ser sistemáticos os esforços para dar impulso ao desenvolvimento econômico, político e do meio ambiente nesses territórios.

De acordo com Sergio Páez Díaz, especialista superior do departamento de atenção ao Plano Turquino, do ministério da Agricultura, este compreende 11 províncias, 54 municípios, mais de 300 conselhos populares e abrange uma extensão territorial de 22.877 quilômetros quadrados. Nas montanhas cubanas reside aproximadamente 12% de nossa população e o índice de florestas das zonas compreendidas no Plano é de 51,1%, pelo qual o desenvolvimento sustentável das montanhas é a chave para melhorar as condições de vida dos seus moradores.

Geograficamente, compreende quatro maciços montanhosos: Guaniguanico, na província de Pinar del Río; Guamuhaya, nas províncias de Las Villas, Cienfuegos e Sancti Spiritus (antiga região Escambray); a Serra Maestra, que inclui territórios das províncias de Granma, Santiago de Cuba e Guantánamo; o de Nipe-Sagua-Baracoa, no norte das províncias de Holguín (Serra Cristal) e Guantánamo.

Também a Ciénaga de Zapata, na província de Matanzas, é reconhecida como parque nacional e atualmente respaldada juridicamente pelo Decreto 197/96 do Plano Turquino, que declarou essa área como Região Especial de Desenvolvimento Sustentável.

CONDIÇOES DE «ALTURA»

«Nestes territórios» — comenta o especialista — «desenvolvem-se atividades agropecuárias, florestais e de logística, das quais participam todos os organismos da Administração Central do Estado, contando com um programa prioritário para o desenvolvimento do Plano Turquino».

«Para o programa cafeeiro, por exemplo, foram instaladas mais de cem usinas de processamento ecológicas, porque um dos problemas principais as montanhas era o alto nível de poluição, em consequência do uso das despolpadoras tradicionais, que empregavam muita água e despejavam os resíduos em rios e riachos», expressou.

Relativamente a este produto, o diretivo expressou que, após a etapa de depressão que sofreu a produção de café em Cuba, durante o chamado “período especial”, em 2019 foi aprovado um programa de desenvolvimento integral deste ramo até o ano 2030, que inclui a utilização de tecnologia vietnamita para revitalizar os cafezais nas montanhas e nas planícies, de maneira que o país possa atingir a auto-suficiência no café.

Ainda — disse — implementaram-se programas para outros produtos de interesse econômico, como é o caso do cacau e do coco. Além do mais, referiu que o índice de florestas que mostra atualmente as áreas de montanha do país, demonstram a certeza da estratégia de reflorestamento consequente.

Sergio Díaz Páez afirmou que a apicultura mantém um ritmo alto de produção, com produções de mel totalmente ecológicas, o que lhe adiciona valor a este produto no mercado internacional.

Outro ponto de destaque nas ações cometidas dentro do Plano Turquino é a eletrificação das zonas mais inacessíveis.

De acordo com o especialista, 99,6% das moradias que compreende este esforço, foram favorecidas pelo Sistema Elétrico Nacional, grupos de geradores interligados ou células fotovoltaicas, com um desenvolvimento incipiente de pequenas hidrelétricas. Da mesma forma, o ministério de Energia e Mineração garante 100% do combustível para as cozinhas e a refrigeração.

«Todos os anos, são realizadas mais de cem ações de reabilitação de redes hidráulicas, fontes de fornecimento de água e já se está instalando um número considerável de aparelhos para clorar a água», acrescentou.

Anda mais, a empresa RadioCuba vem trabalhando na eliminação das chamadas zonas de silêncio, para viabilizar a captação dos sinais da rádio e da televisão. Da mesma forma, vem se incrementando o acesso às comunicações em suas diferentes formas, desde telefones fixos, até a melhoria da cobertura para o uso de celulares e o incremento das zonas wifi.

No âmbito dos transportes também houve avanços para o bem da comunidade adstrita ao Plano. Segundo Páez Díaz, recentemente foi feita uma compra significativa de caminhões para seu uso em transporte de carga geral, de passageiros e escolares, os quais oferecem seus serviços em rotas inacessíveis e difíceis, aonde não chegava esse serviço há mais de 15 anos.

Também, relativamente ao âmbito social, foram reabertas mais de cem escolas e se mantêm ativos todos os consultórios, policlínicas e hospitais da montanha. Da mesma forma, a rede de farmácias dá prioridade à venda de medicamentos aos populares compreendidos no Plano Turquino.

Todas estas facilidades, unidas ao incremento dos preços dos produtos contratados aos produtores do lugar e o número de terras em usufruto concedidas pelo Estado, permitiram a desaceleração das emigrações dos moradores das montanhas para zonas mais urbanizadas.

Contudo, o especialista sublinhou que ainda se trabalha para resolver as dificuldades que ainda persistem nas regiões íngremes.

AS CULTURAS E AS TRADIÇÕES DAS NOSSAS MONTANHAS

A Revolução não somente concentrou seus esforços no desenvolvimento econômico das zonas do Plano Turquino, também fomentou a cultura, o esporte e a recreação e, além disso, conservou as tradições.

Junto com o impulso a grupos e companhias de teatro, dança, música e das artes, tanto visuais como as artes plásticas e cênicas, teve em conta o resgate e estudo das suas raízes.

Estas paragens são reservas excepcionais de tradições culturais, como as que produziu a chegada a Cuba da emigração de milhares de colonos franceses e franco-haitianos, com seus escravos africanos e crioulos, nos começos do século 19, durante a Revolução do Haiti.

Estas migrações contribuíram com novas manifestações culturais, cuja transcendência chega até os nossos dias. As ruínas dos Cafezais Franceses, localizadas nas encostas da Serra Maestra, a leste e oeste de Santiago de Cuba, e na região de Guantánamo, são exemplos de valor histórico, arquitetônico e arqueológico dessa zona, pertencente ao Plano Turquino.

As montanhas foram os espaços naturais onde se teceu boa parte da nossa história, palco principal da última etapa da guerra de libertação de Cuba e atual retaguarda de um país que resolveu preservar a natureza, em irmandade com os homens e as mulheres que moram nelas.

PRECISÕES

A Comissão Nacional do Plano Turquino tem com funções principais:

→ Controlar as políticas aprovadas pelos organismos da Administração Central do Estado para a atividade do Plano Turquino;

→ Coordenar os esforços de todos os organismos da Administração Central do Estado, órgãos do Poder Popular, organizações sociais, de massa, entidades econômicas, cientificas e educativas nesse esforço;

→ Promover o desenvolvimento sustentável e a proteção dos ecossistemas, bem como as atividades de reflorestamento;

→ Propiciar o desenvolvimento e introdução das atividades científicas e técnicas, bem como de inovação e racionalização, a fim de garantir o desenvolvimento integral destes territórios;

→ Promover a produção cafeeira, de cacau, apícola, florestal, de frutas, plantas medicinais e flores, bem como a reprodução de eqüídeos e outros ramos agropecuários e serviços associados à economia dos territórios da montanha;

→ Contribuir para a melhoria e manutenção sistemáticas das condições sociais e de vida;

→ Oferecer apoio às tarefas da defesa e da ordem interior;

→ Controlar o cumprimento das ações para a prevenção e confronto aos crimes, ações ilegais e indisciplinas sociais.