
Se são quase imperceptíveis nos atlas geográficos, não há maneira de elas se tornarem manchetes na mídia maior. Em primeiro lugar, por causa do tamanho das ilhas Turks e Caicos. Segundo, porque é novamente esse obstinado gesto de solidariedade que incomoda tanto os enormes poderes, o governo do dinheiro, aqueles que entendem a saúde através das contas contábeis dos serviços privados, aqueles que cotam se alguém deve sobreviver ou não, de acordo com o mercado de ações. E terceiro, porque Cuba é, novamente, a nação que se oferece.
Neste arquipélago mínimo também vivem pessoas que não escapam ao perigo de um vírus que não entende nem de ilhas nem de mares. Simplesmente lá moram pessoas que precisam da ajuda, que a pediram e Cuba a ofereceu novamente, sem calcular essas contas em moedas que outros circulam hiperbolizando; jogando o jogo daqueles que plantam matrizes por conveniência e chamam os médicos de escravos; enquanto em sua casa morrem às centenas, sob o chicote da mesma doença à qual esses «escravos cubanos» são capazes de enfrentar com o peito.
Desta vez, há 20 médicos e enfermeiros que estão indo para um ponto no meio do mar, exatamente como teriam ido para as nações famosas. Se houver memória, lembrarão que, quando a incerteza era maior, os primeiros foram para o Caribe.
É isso que torna desconfortável o país poderoso tão próximo, aquele que arrasta mais mortes, o que lidera a campanha absurda contra os que salvamos; enquanto o mundo, que não é cego, se delimita, promovendo a proposta de um Prêmio Nobel da Paz.
Nesta terça-feira, 16 de junho, há novidades. Organizações civis nos Estados Unidos decidiram elevar o tom da nomeação para transformá-la em uma campanha internacional pelo Prêmio para os Médicos Cubanos, apoiada por intelectuais, artistas, políticos e cidadãos comuns de prestígio de todo o mundo.
Nas primeiras horas já havia notáveis adeptos: o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel; Rafael Correa, ex-presidente do Equador; os atores Danny Glover e Mark Ruffalo; os escritores Alice Walker, Noam Chomsky e Nancy Morejón; os cineastas Oliver Stone e Petra Costa; o músico Tom Morello e o trovador Silvio Rodríguez, que se juntam a outros 10 mil signatários anteriores.
Alicia Jrapko, coordenadora nos Estados Unidos do Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade para com os Povos, co-presidenta da Rede Nacional de Solidariedade com Cuba e promotora da iniciativa, assegurou: «Somos infinitamente gratos a Cuba pela maravilhosa solidariedade e trabalho humanístico que faz ao redor do mundo para ajudar nesta pandemia. Temos muita vergonha da atitude do governo dos EUA, não apenas pelo tratamento desumano que está dando a esta crise no país, mas pela atitude irresponsável de continuar bloqueando os países que estão lutando para salvar vidas, especialmente Cuba e a Venezuela».
A solidariedade tem essas coisas. Apoiado em um princípio que se tornou uma identidade nacional, Cuba oferece o que tem para compartilhar. Ela não prega, faz, e em seus atos valida as razões que mobilizam os bons corações no mundo. Os médicos que partiram a outras ilhas, na segunda-feira, 15, são exatamente isso, mais um motivo.