ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Foto: José M. Correa.

Neste minuto estou me lembrando de um artigo memorável de José Martí, intitulado Professores ambulantes: «Há um cúmulo de verdades essenciais que cabem na asa de um beija-flor. E são, contudo, a chave da paz pública, a elevação espiritual e a grandeza da Pátria».

Hoje, quando olhamos ao nosso redor e assistimos a tragédia sanitária que vive o mundo, compreendemos que nossas verdades essenciais são como esse mágico tornassol, leve e fugaz, que, após ser visto, nos cativa para sempre. Verdades para a inspiração e o orgulho e essa harmonia que apenas é possível na espiritualidade.

Acabo de assistir na televisão a chegada dos nossos médicos que cumpriram a missão em Andorra. Antes chegaram outros: da Itália, de Antígua e Barbuda e neles vi olhos encharcados. São mulheres e homens curtidos na luta diária contra a morte: mas já sabemos que a grandeza pátria é esse bater de asas de um beija-flor que aperta o peto, alargando-o.

Continua dizendo José Martí: «Os homens precisam de alguém que lhes mexa com mais frequência a compaixão no peito, e as lágrimas nos olhos, e lhes faça o supremo bem de se sentirem generosos».

Somos um país generoso. Durante estes meses de enfrentamento à pandemia, 38 brigadas, conformadas por mais de 3.400 profissionais, partiram para 31 países. Juntaram-se aos mais de 28 mil colaboradores que, anteriormente, já estavam em 59 nações. Nesse tempo, os nossos internacionalistas atenderam a mais de 162 mil pacientes e preservara mais de 5 mil vidas.

Agora estou me lembrando dos agoureiros que no mês e marco nos anunciaram as piores calamidades. Profetizaram centenas de milhares de afetados, milhares de mortos; mas, quase quatro meses mais tarde, nosso país amanhece com todas as suas províncias na fase de recuperação. A luz está diante de nós, um resplendor que hoje ilumina os rostos.

Lembro-me, também, daqueles que abocanharam a mão estendida, e os que aproveitaram o momento para reforçar um bloqueio que priva de recursos vitais; mas este país está imunizado contra o vírus do ódio e continua estendendo a mão. Uma e outra vez temos aqui Martí, para nos lembrar as verdades essenciais: «Ser bom é o único modo de ser ditoso».

De certeza nem tudo é júbilo. Apesar do esforço titânico dos nossos médicos, e da criatividade dos nossos cientistas – que ao longo destes anos desenvolveram fármacos de excelência – tivemos que lamentar a morte de compatriotas. Essa dor não se consegue superar.

Também temos pela nossa frente a dura batalha da economia. Mas, como sempre tem sido, nesse desafio novamente vai estar no iluminando o gênio de José Martí: «A cruzada há de ser empreendida agora para revelar aos homens sua própria natureza, e para lhes dar, com o conhecimento da ciência plana e prática, a independência pessoal que fortalece a bondade e fomenta o decoro, e o orgulho de ser criatura meiga e coisa vivente no magno universo».

Hoje contudo, podemos tomar um minuto de respiro para o reconto que fertiliza e encoraja. Temos crescido, temos feito o bem. Com orgulho sadio vemos como nossa Pátria anda hoje pelo mundo de professora; ensinando que o mais importante é a vida: outra verdade essencial que muitas vezes se pretende ignorar. E o faz sem falso orgulho nem estridência; apenas com o afago nos olhos, tal como corresponde a uma asa de beija-flor.