ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA

Com garantia de medicamentos para cobrir os protocolos estabelecidos pelo ministério da Saúde Pública (Minsap), vários produtos que foram sendo utilizados com sucesso em grupos de risco e que contribuíram para diminuir a mortalidade e o número de pacientes graves e críticos, a indústria biofarmacêutica foi chave na estratégia cubana para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Assim refere o artigo «A indústria biofarmacêutica cubana no combate contra a pandemia da Covid-19», publicado na revista Anales, da Academia das Ciências de Cuba, da autoria de cinco prestigiosos cientistas de nosso país: Eduardo Martínez Díaz, presidente da BioCubaFarma; Rolando Pérez Rodríguez, diretor da Ciência e Inovação da BioCubaFarma; os assessores do presidente da BioCubaFarma, Luis Herrera Martínez e Agustín Lage Dávila; e a acadêmica Lila Castellanos Serra. O texto lembra que o setor biofarmacêutico acumula uma vasta experiência no enfrentamento a situações epidemiológicas complexas, em escala nacional.

No caso da Covid-19, os autores assinalam que a atuação precoce, a integração de diferentes organismos e setores da sociedade, o vínculo direto entre os cientistas e o Governo, e a participação da imensa maioria do povo, foram determinantes para evitar a saturação dos serviços de Saúde cubanos e que as taxas de incidência e de mortalidade, no cheguem, nem sequer, à sexta parte da taxa mundial.

Desde o aparecimento, na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro de 2019, do novo tipo de coronavírus denominado Sars-cov-2, e a doença Covid-19, derivada dele, em Cuba se começou a acompanhar de perto essa situação.

Antes que fossem registrados os três primeiros casos na Ilha, no passado mês de março, já estava em andamento uma estratégia aprovada pelas máximas autoridades do Partido, o Estado e o Governo, para fazer face à pandemia.

«O ministério da Saúde criou um Grupo Técnico Nacional de enfrentamento à Covid-19, que aprovou o Plano de Prevenção e Controle Nacional, em janeiro de 2020», reflete o artigo.

«BioCubaFarma, através dos seus representantes na China, obteve bem cedo informação sobre o surto em Wuhan, e sobre as medidas que vinham sendo implementadas nesse país. Esta valiosa informação, junto com os registros e recomendações da OMS, ativou um intenso processo de debate científico e elaboração de propostas de projetos de pesquisa-desenvolvimento em suas empresas e grupos de peritos do seu conselho científico-técnico», acrescenta o texto.

O fato de dispor de uma indústria nacional nas mãos do Estado, com capacidades de produção e de pesquisa, foi uma fortaleza para obter resultados em curto tempo, e dar uma resposta efetiva à demanda do sistema de Saúde.

«A primeira tarefa foi garantir a produção de medicamentos incluídos no Protocolo de Atuação Nacional em Pesquisa, aprovado para a Covid-19», lembram os autores, e mencionam entre eles o Interferon alfa-2b-recombinante e outros fármacos de uso nos hospitais, para o tratamento da doença e suas complicações.

Além do mais, iniciou-se a confecção de máscaras de proteção e produtos de higiene, empreendeu-se a reparação de equipamentos das unidades de cuidados intensivos e a fabricação de meios individuais de proteção, tais como as máscaras respiradoras com filtros, viseiras, óculos e trajes.

A capacidade científica das empresas da BioCubaFarma, expressou-se também na introdução de uma série de produtos novos que se inserem em todos os espaços de controle da doença.

O programa conjunto de pesquisas entre o Minsap e a BioCubaFarma, alcança na atualidade dezenas de projetos para a prevenção da doença em grupos de risco e vulneráveis, o tratamento de pacientes confirmados, graves e críticos, além da recuperação dos convalescentes, com o propósito de reduzir as sequelas que podem resultar desta afecção.

Sem dúvida, uma importante ferramenta, que diferentemente de outros países, não responde às distorções da propriedade privada e o mercado, e que foi baluarte na luta de todo um povo pela vida. ●

A INDÚSTRIA BIOFARMACÊUTICA CUBANA

● Tem mais de 35 anos de ter sido criada pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro, quem também encorajou seu crescimento e desenvolvimento.

● Desde o início da biotecnologia moderna, Cuba se inseriu nesse setor emergente e estabeleceu um modelo próprio de ciência e inovação, com resultados reconhecidos no mundo.

● O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNIC) surgiu em 1965 e se converteria em fonte de cientistas, com a responsabilidade de fundar outras instituições.

● O primeiro grande sucesso da nascente biotecnologia cubana foi a vacina contra a meningite meningocócica do tipo B, que parou uma epidemia desta doença, na década de 1980.

● Esta década marcou o descolamento da biotecnologia cubana: criação da Frente Biológica e a inauguração do Centro de Pesquisas Biológicas, em 1982; o Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), em 1986; o Centro de Imunoensaio (CIE), em 1987; e outras instituições que conformaram, em 1992, o Polo Científico de Havana.

● Em 2012 estas instituições se fundiram com as empresas da indústria farmacêutica, o que deu origem à organização superior de negócios BioCubaFarma.

EM NÚMEROS

 

BIOCUBAFARMA ATUALMENTE

-- 32 empresas

-- mais de 800 produtos fornecidos ao Sistema de Saúde, incluindo 349 medicamentos do Quadro Básico.

-- 182 alvos de patentes.

-- mais de 100 testes clínicos simultâneos realizados com seus produtos em mais de 200 locais clínicos.

-- mais de 50 países que recebem a exportação dos seus produtos.

 

CENTRO DE IMUNOENSAIO (CIE)

- 1.562 laboratórios instalados em Cuba

- 546 laboratórios no estrangeiro

POLO CIENTÍFICO DE HAVANA:

- mais de 10 mil trabalhadores

ALGUMAS EXPERIÊNCIAS CUBANAS NO COMBATE DE EPIDEMIAS:

Dengue

Meningite de origem bacteriana

Controle da Aids

A participação da biotecnologia e a indústria farmacêutica em emergências nacionais de Saúde, conduzida pelo Comandante-em-chefe, constituiu uma experiência de integração com outros atores sociais, de mobilização da ciência e das capacidades produtivas, com sentido de urgência e abordagem estratégica, que neste ano de 2020 serviu de base perante a Covid-19.

ALGUNS RESULTADOS NO COMBATE CONTRA A COVID-19

BioCubaFarma trabalhou em 16 projetos de novos tratamentos e tecnologias médicas para prevenir e combater a doença.

Onze desses produtos se encontram em estudos clínicos ou testes de intervenção em pacientes e grupos de risco.

Com fins preventivos foram avaliados cinco produtos para estimular a imunidade, tanto inata como adaptativa, para diferentes grupos de risco (incluído o pessoal médico).

ALGUNS PRODUTOS

Biomodulina-t, imunomodulador de origem natural

Hebertrans (Fator de Transferência)

Nasalferon (Fórmula nasal de ifn alfa-2b humano recombinante)

Heberon® (Interferon alfa-2b humano recombinante)

Heberferon® (ifn alfa-2b + ifn gamma)

Jusvinza, peptídeo imunomodulador

Itolizumab, anticorpo monoclonal anti-cd6

OUTROS MEDICAMENTOS EM AVALIAÇÃO

Peptídeo Cigb300, inibidor da enzima caseína quinase.

Vacina antimeningocócica Vamengo-bc, e vacina cigb2020.

Vacinas específicas contra a Sarscov-2: O esquema de imunização cubano inclui 13 vacinas, e oito delas são produzidas em Cuba.

FONTE: ARTIGO «A INDÚSTRIA BIOFARMACÊUTICA CUBANA NO COMBATE CONTRA A PANDEMIA DA COVID-19», PUBLICADO NA REVISTA ANALES, DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE CUBA