
Se alguma coisa Cuba tentou fazer muito bem, na trilha dos princípios que nortearam durante 60 anos a sua Revolução, é que todos seus atos fossem coerentes com o sentido humano, espírito da nação.
Nada, a não ser a vocação de humanidade – que é a Pátria verdadeira entendida por José Martí – argumenta da forma mais sólida a solidariedade constante desta Ilha para com o mundo, hoje com expressões contundentes na crise de uma pandemia, geradora de tais emergências, que anulam elas próprias o contubérnio pago que procura desacreditá-la, chamando-a de oportunista.
Cuba oferece, compartilhando o que tem. E oferece mais, naturalmente, daquilo de mais dispõe: conhecimento, profissionalismo, domínio técnico, todas essas inteligências cultivadas que, na combinação dos valores humanos de seus filhos, eleva a cooperação à altura admirável do altruísta e nobre. Contudo, aquilo que é material, isso que lhe resulta escasso, também pode compartilhá-lo. Ou acaso partem os médicos, com o perigo de arriscar a vida própria, a combater a Covid, sem a carga acompanhante de alguns insumos, medicamentos, da logística básica para dar, aonde vão, uma ajuda mais completa?
Como entende bem, porque o pratica, o conceito do humano, também aceita com naturalidade quanto ato similar venha a ela, de ajuda, de assistência, de benefício coletivo ou singular; porque a cooperação, se for franca e desprovida de fachadas manipuladoras e subversivas, propende à irmandade entre os povos, que é, enfim, uma aspiração per se do socialismo.
Tal como Cuba oferece, tão disposta, igualmente recebe e agradece os gestos solidários mais diversos que, em matéria de recursos, chegam a ela de distintas partes do mundo, e não coloca entraves, mas facilita a gestão para que as doações encontrem via expedita a caminho dos seus destinos.
Tão alto é valorizada a cooperação internacional entre as bases da política exterior cubana, que faz parte da projeção do desenvolvimento econômico do país, e independentemente do seu alcance, é reconhecida como uma fonte de recursos e uma chance para obter fundos externos que complementam os esforços nacionais.
Dados oferecidos por Magalys Estrada, diretora geral de Cooperação, do ministério do Comércio Exterior e o Investimento Estrangeiro (Mincex), permitem precisar que desde 2012 até à data, relativamente à cooperação, entregou-se o equivalente a 1,3 bilhão (1.362.000.000) de pesos em moedas livremente convertíveis, e nos últimos quatro anos mantém um ritmo anual de 200 milhões.
«A ajuda ao setor público e privado cubano, que empregou legalmente as formas que propicia o Mincex, foi gerada a partir dos mais variados entes de fora: governos, instituições, organizações não governamentais, setores sociais, organismos bilaterais, multilaterais, privados», explica.
«Além do mais, a fim de propender à sua melhor gestão, em meio do açoite da Covid-19, foi aprovado um procedimento específico que articula quanto chegue por esta via», apontou.
«Neste contexto – agravado pelas portas que deliberadamente o Governo dos Estados Unidos fecha a Cuba, mediante um bloqueio econômico, comercial e financeiro real, com o qual pretende asfixiá-la – a Ilha se junta ao grupo dos gratos que, ao mesmo tempo que oferece, recebe com beneplácito os benefícios de uma cooperação internacional que já soma 274 oferecimentos, no valor de 28 milhões de pesos», detalhou Magalys Estrada.
TRANSPARENTE E FACILITADOR
A experiência do arquipélago guarda fartos exemplos da transparência com que foram acompanhados tradicionalmente estes processos, sem distinções que privilegiem um envio respeito ao outro, tendo em conta os montantes ou os benefícios que possam significar.
Nacyra Gómez Cruz, líder ecumênica da Igreja Presbiteriana de Varadero, confirmou ao Granma Internacional o funcionamento expedito e limpo que intervém no trânsito das doações aos seus destinos.
Com vários anos na coordenação do comitê de distribuição das doações enviadas por Pastores pela Paz, Gómez Cruz reafirmou as garantias e a alta segurança que sempre acompanharam a gestão nacional dos recursos que chegam dos Estados Unidos, em total consonância com os fins de assistência e ajuda que significam: «e que se conseguiu distribuir, sem nenhum tipo de obstáculos, entre pessoas vulneráveis como deficientes físicos, crianças sem amparo familiar, com afecções de câncer, lares de idosos, enfim, pessoas que contam com a conhecida atenção do Estado, que agradecem o lado humano do benefício logístico que resulta a ajuda material».
«Nenhuma instituição estatal mediou interesseiramente na distribuição de tais recursos, nem nunca foi cobrado um único centavo de impostos ou tarifas por tais cargas, como naturalmente acontece com as mercadorias comerciais».
«De fato, os únicos interesses estatais que participaram destes processos são os que facilitam as gestões de distribuição, ou nos respondem quando elaboramos as listas de solicitações de necessidades, que podem receber depois uma doação».
«Também jamais foi desrespeitado o direito à elegibilidade que tem o doador de determinar o destino dos seus envios, e inclusive, sempre se facilitou qualquer tipo de controle comprobatório sobre a rota ou a entrega final aos beneficiados».
«É dessa forma que, quando informaram nos Estados Unidos da imposição de uma multa grande aos Pastores pela Paz, muitas cartas foram enviadas, assinadas pelos beneficiados, dando conta da total transparência, gratuidade, segurança e garantias de que o envio tinha chegado exatamente às pessoas as quais ia encaminhado, e não “aos cofres do regime”, como sempre argumentam».
A TURMA GRITANTE
Tal como o capítulo novo de uma telenovela longa, na qual os roteiros de um péssimo enredo são reciclados constantemente, os mesmos personagens tarifados da gritaria mercenária contra Cuba transferiram o palco do seu show midiático ao âmbito das doações, depois de fabricar, com retalhos de «boa vontade», um suposto significativo carregamento, cuja fachada lhes serve para amplificar a já antiga conversa furada, com a qual acusam nosso Governo de quanto impropério seletivo lhes tenham ditado repetir.
Essa reles campanha, como sempre, arrastra alguns ingênuos que, transbordados pela infame repetição, nem sequer advertem a armadilha que significam os «espontâneos gestos solidários» daqueles que se alinham na hora de dar força, uma após a outra, às medidas de asfixia contra as mesmas pessoas que simulam querer ajudar.
Seus empenhos ilusórios nada têm a ver com os envios que legalmente foram diligenciados e recebidos dos próprios Estados Unidos, de múltiplas entidades, encaminhadas a contrapartes cubanas; leia-se igrejas de distintas denominações, organizações, centros culturais, de saúde, esportivos, ambientalistas, lares de idosos…
No marco do racional e lógico, escusado seria dizer que Cuba não depende do que recebe por boa vontade, de acordo com a sua altura ética, agradece o que foi doado e facilita, gerando vários canais legais que permitem concretizar quanto gesto de ajuda internacional seja promovido.
O próprio ano 2020 foi eloquente, com envios provenientes, fundamentalmente, de organismos do sistema das Nações Unidas, China, a União Europeia, Vietnã, França, Japão e a Espanha; embora desde inícios do ano o Mincex contabilizasse mais de 400 oferecimentos remetidos desde 27 países e oito agências de cooperação, além das ajudas a pessoas individuais que se materializam tanto em produtos como em dinheiro efetivo.
Que exista essa outra turma que, embarcando no show diversionista, testa agora com o tema, não deve surpreender-nos. «Quem em verdade queira enviar ajuda ao povo de Cuba sempre pode fazê-lo», sublinhou Johana Tablada, vice-diretora geral para os Estados Unidos da chancelaria cubana; quem, ao mesmo tempo, faz questão de lembrar as forças reais que atiçam tais campanhas grosseiras contra Cuba: «O Governo dos Estados Unidos promove a ajuda como instrumento de coerção, grosseiramente a utiliza com móveis muito distantes dos humanitários e das necessidades verdadeiras de cada país».
Nada é novo. Sua política sempre foi a da conveniência: financia, empresta ou vende, a golpe de condições políticas, ao ponto de absurdos detestáveis, como o de trocar vistos por ventiladores artificiais para coadjuvar ao tratamento da Covid, enquanto milhares de pessoas morrem, em seu quintal, aos que não têm nada que oferecer.
Como acreditar então em tão só um dos desabafos histriônicos de personagens conhecidos, sem moral para questionar um mínimo das essências humanas que sustentam a Cuba que salva; essa que entre a escassez do cerco e a crise sanitária, se reinventa a diário para resguardar a vida dos seus, e de milhares no mundo que foi lá para salvar?