
(Versões estenográficas – Presidência da República)
Queridos chefes de Estado e de Governo, chefes de delegações que nos acompanham:
Agradecemos à irmã República Bolivariana da Venezuela pela oportunidade de nos reunirmos para celebrar esta 18ª Cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Acordo Comercial com os Povos (ALBA-TCP) e pelo 16º aniversário de sua fundação pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz e o presidente Hugo Chávez Frías. Fazemo-lo no formato virtual que nos impõe a nova pandemia do coronavírus e as medidas de biossegurança sanitária aplicadas em cada um dos nossos países.
Permita-me transmitir minhas mais profundas condolências aos povos e governos das nações irmãs da América Central, recentemente afetadas por devastadores furacões. Lamentamos profundamente os danos causados e reiteramos nossa solidariedade para com eles.
Ratifico hoje o firme apoio ao irmão povo nicaraguense que, sob a liderança da Frente Sandinista de Libertação Nacional e do Comandante Daniel Ortega Saavedra, tem defendido com dignidade as notáveis conquistas alcançadas nos últimos anos, apesar das ameaças, sanções e ações intervencionistas do Governo dos Estados Unidos. A pátria de Sandino poderá contar, em qualquer circunstância, com a amizade e o empenho incondicional do povo cubano e sua Revolução.
Compartilhamos a alegria da reincorporação a esta Aliança do Estado Plurinacional da Bolívia, representada por seu presidente, o camarada Luis Arce, a quem reitero nossas felicitações pela impressionante vitória do Movimento pelo Socialismo-Instrumento Político pela Soberania dos Povos, bem como ao camarada David Choquehuanca, até recentemente secretário executivo da ALBA.
Na Cúpula anterior, realizada em 14 de dezembro de 2019, a Aliança expressou com absoluta clareza e contundência sua condenação ao golpe contra o governo constitucional do camarada Evo Morales Ayma, uma expressão inequívoca da estratégia dos Estados Unidos voltada para a violação da autodeterminação de nossos povos a partir de suas reivindicações hegemônicas.
Mais uma vez, o heróico povo boliviano fez história retomando o caminho da construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e humanística. Esse mesmo povo abraçou com alegria o retorno à sua terra natal de Evo Morales, que nos encheu de alegria e esperança.
Da mesma forma, a indiscutível vitória do Grande Pólo Patriótico nas eleições legislativas, realizadas em 6 de dezembro na Venezuela, reflete o apoio popular ao processo revolucionário bolivariano e chavista, liderado pelo companheiro Nicolás Maduro Moros, e desfere um forte golpe à estratégia desestabilizadora do imperialismo e da direita regional e internacional contra nossa nação irmã.
Ratificamos neste foro o apoio e solidariedade à Revolução Bolivariana e à união cívico-militar que o valente povo venezuelano defende, bem como a vontade de continuar oferecendo nossa cooperação.
Parabenizamos também os primeiros-ministros de São Vicente e as Granadinas e de São Cristóvão e Nevis, Ralph Gonsalves e Timothy Harris, por seus triunfos nas eleições gerais e suas reeleições como chefes de governo.
Queridos irmãos:
Vivemos um ano muito complexo e desafiador. A pandemia da Covid-19 obrigou-nos a desenvolver mecanismos de adaptação a uma nova realidade que impõe desafios imensos aos nossos sistemas de saúde e economias, que requerem soluções e abordagens criativas que favoreçam a cooperação e a solidariedade, tanto internamente nos países, bem como regional e internacionalmente.
Em um momento de profunda crise multidimensional, em que é necessária mais cooperação global do que nunca, observamos como as nações mais ricas do Ocidente têm procurado concentrar para si os meios necessários para combater a doença.
Hoje, quando a troca de informações e conhecimentos científicos, bem como o apoio à Organização Mundial da Saúde, é fundamental, os Estados Unidos desacreditam e confrontam aquela organização, ao manipularem a escassa ajuda que a ela oferecem, com base em critérios políticos egoístas, quando a vida de milhões de seres humanos no mundo está em jogo.
As consequências econômicas e sociais da pandemia são ainda mais graves para os países em desenvolvimento, pois possuem capacidades e recursos limitados para fazer frente à situação atual, ao mesmo tempo que arrastam deformações estruturais e de dependência econômica derivadas da injusta ordem mundial vigente.
Quando a solidariedade é mais peremptória, os conflitos reaparecem e o egoísmo é exacerbado, em um contexto em que modelos que priorizam o mercado e não o homem demonstram sua incapacidade de lidar com eficácia em um cenário de crise global de saúde e socioeconômica.
Em meio à complexa situação internacional provocada pela Covid-19, apesar das campanhas do atual governo dos Estados Unidos contra a cooperação médica que Cuba oferece e o extremo endurecimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro, demonstramos, mais uma vez, que o internacionalismo e a colaboração são o remédio mais eficaz para enfrentar a pandemia.
Cuba compartilhou sua experiência no tratamento de epidemias e enviou 53 brigadas médicas a 39 países para colaborar nos esforços de combate e prevenção da Covid-19, com mais de três mil profissionais e técnicos de saúde, que salvaram milhares de vidas e eles endossam a máxima de José Marti de que a pátria é a humanidade.
O altruísmo e desinteresse dos médicos e técnicos de saúde cubanos perante a pandemia, tornou-os dignos do respeito e da admiração de cada um destes povos, aos quais agradecemos profundamente a calorosa acolhida que deu ao nosso exército de batas brancas.
Cuba reitera sua plena disposição de continuar ampliando a colaboração na área de saúde pública com os membros da ALBA-TCP, que poderia se concentrar na assessoria epidemiológica e na troca de experiências adquiridas no enfrentamento à Covid-19.
Em nossa nação, temos conseguido resultados favoráveis com nossa própria abordagem médica, que inclui o uso de medicamentos biotecnológicos inovadores que estamos dispostos a compartilhar com os países da Aliança.
Cuba está desenvolvendo rapidamente quatro projetos de vacinas contra esta doença. Cientistas cubanos envidam todos os esforços para disponibilizá-los no próximo ano.
Irmãos:
Esta Cúpula está sendo realizada em meio às tentativas dos Estados Unidos de reimpor a Doutrina Monroe, em oposição à Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz.
Reunimo-nos perante a acumulação e reforço de medidas coercivas unilaterais aplicadas pelo governo dos Estados Unidos contra alguns dos países da Aliança.
Os irmãos venezuelanos e nicaraguenses têm sofrido as crueldades de múltiplas e ilegais medidas, aplicadas com o propósito de asfixiar economicamente essas nações e gerar um clima de instabilidade interna que justifica ingerências e eventuais golpes.
Cuba e sua revolução socialista também têm sido um objetivo prioritário desta política hostil dos Estados Unidos aos processos revolucionários e progressistas na região. Essa estratégia tem se manifestado com força por meio de medidas de assédio econômico e financeiro com impacto extraterritorial. Ao mesmo tempo, o imperialismo e os setores anticubanos protegidos pelo atual governo, em retrocesso, buscam desesperadamente promover a instabilidade social e política em Cuba, organizando, financiando e realizando campanhas mentirosas, programas na mídia e atos subversivos e ilegais em nosso território.
Não é novidade que o atual governo dos Estados Unidos protege e tolera a organização e o incentivo a atos terroristas, sabotagem e violação da lei em seu território. Não nos surpreendemos com a insolência e inescrupulosidade com que seus diplomatas tentam interferir em nossos assuntos internos, violando francamente as disposições da Convenção de Viena, instrumento que rege as relações diplomáticas entre os Estados desde 1961.
O povo cubano rejeitou de forma clara e contundente as tentativas mais recentes de fabricar, com a ajuda das redes digitais e da grande imprensa a serviço do imperialismo, ações de guerra não convencionais para precipitar a chamada mudança de regime e a destruição da Revolução.
Mostramos inúmeras vezes ao longo da história que não cedemos à pressão ou chantagem e que estas fórmulas não são e não serão eficazes contra um povo unido, com convicções profundas, orgulhoso da sua tradição de luta e consciente da sua responsabilidade na defesa da soberania e independência da pátria.
Queridos companheiros:
A ALBA-TCP realizou no dia 10 de junho a Conferência de Alto Nível sobre Economia, Finanças e Comércio no âmbito da Covid-19, que resultou em um plano de trabalho na fase pandêmica e na proposta de uma Agenda Econômica e Comercial e Financeira deste mecanismo integrador. Devemos avançar em sua implementação para alcançar resultados superiores.
Em 29 de junho de 2020, realizamos o 20º Conselho Político e o 10º Conselho Econômico, o que nos permitiu revisar nossos projetos estratégicos e traçar novos rumos de ação para alcançar mais e melhores resultados em menos tempo.
Por isso, através do diálogo fraterno e aberto, coordenaremos ideias e ações que traçam um guia que nos permita seguir avançando no propósito de fortalecer a cooperação, a solidariedade, a unidade, a integração e a defesa da paz na região.
As palavras expressas pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz no ato de constituição da Brigada internacionalista de médicos cubanos Henry Reeve hoje bem poderiam refletir o sentido da ALBA e nosso direcionamento estratégico, e passo a citar: «Vamos mostrar que há uma resposta para muitas das tragédias do planeta. Mostramos que o ser humano pode e deve ser melhor. Demonstramos o valor da consciência e da ética.
Muito obrigado (Aplausos).







