
Ciego de Ávila.— Reforçar as estruturas para que os municípios «caminhem por si próprios e sejam mais poderosos, pois são pilares fundamentais para a implementação dos programas de desenvolvimento do país», convocou o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz, em reunião com os principais autoridades políticas e governamentais desta província, lideradas por Miguel Díaz-Canel Bermúdez, presidente da República de Cuba.
«Temos que fortalecer o território, com um plano de desenvolvimento local bem definido que conduza à autonomia alimentar, com unidade entre todos para resolver as incompreensões», sublinhou o primeiro-ministro, que conduziu o encontro.
Na procura do desenvolvimento pretendido, a grande maioria dos processos desenvolve-se na comunidade, de forma participativa, inovadora e harmoniosa, daí a importância de aproveitar os recursos e potencialidades dos territórios.
Participaram do intercâmbio os primeiros vice-ministros Roberto Morales Ojeda, Alejandro Gil Fernández e Jorge Luis Tapia Fonseca; Marino Murillo Jorge, chefe da Comissão de Implementação e Desenvolvimento das Diretrizes, e uma representação de chefes de diversos ministérios, para avaliar o andamento da situação higiênico-epidemiológica, a verificação da Tarefa de Ordenação, as ações para garantir a demanda de alimentos da população e a operação de enfrentamento a especuladores e revendedores.
A COVID-19 AVANÇA DEVIDO ÀS NEGLIGÊNCIAS
O presidente cubano e a delegação que o acompanha chegaram a este território em um momento de grande complexidade epidemiológica, temperado por um dia em que foram registrados apenas seis infectados pelo SARS-COV-2, cifra que não é um verdadeiro reflexo da involução experimentada pela província, que encerrou o mês de janeiro com 460 casos autóctones confirmados e 175 importados, e uma taxa de incidência acumulada nos últimos 15 dias de 57,7 por 100.000 habitantes.
Depois que Tomás Alexis Martín Venegas, vice-presidente do Conselho de Defesa da província, expôs em relatório os aspectos fundamentais para o intercâmbio com a visita do Governo, o membro do Bureau Político do Partido, Roberto Morales Ojeda, explicou os motivos pelos quais a Covid-19 está ganhando terreno, e isso significa que qualquer revés seria uma derrota para o território.
Apesar de a província ter implementado um pacote de medidas para enfrentar a pandemia, acumula em seus diferentes estágios 1.133 casos positivos, distribuídos nos dez municípios, com 19 óbitos sendo Ciego de Ávila, Morón e Majagua as de maior incidência.
O dr. Ángel Enrique Batista Díaz, diretor de Saúde de Ciego de Ávila, explicou que, em outubro passado, a província passou à fase de nova normalidade, condição que perdeu em janeiro deste ano devido ao descumprimento das medidas contidas no Plano de Enfrentamento.
O primeiro vice-ministro destacou que o território tem apresentado uma média de 20 casos por dia desde o início do surto atual, e municípios como Morón, Majagua e Ciego de Ávila apresentam taxas de incidência muito elevadas que, em geral, revelam ineficiências no Controle Epidemiológico que «se repete nos três surtos pelos que passou o território», especificou Morales Ojeda.
Deficiências no uso dos meios de proteção (máscaras) e no cumprimento das normas de biossegurança, ausência de controles, falhas de pesquisa, trabalhadores com sintomas respiratórios, demora na coleta de amostras para PCR, baixa percepção de risco na população e nos quadros de saúde e nas instituições, violação de protocolos estabelecidos, atrasos na admissão e dificuldades na atenção básica à saúde, entre outros, são causas fundamentais do retrocesso.
«Existem os mesmos problemas das etapas anteriores, o que indica que a lição não foi aprendida», disse ele; razão pela qual Ciego de Ávila, como província, «regride à fase epidémica e à fase de transmissão autóctone limitada».
A TAREFA DE ORDENAÇÃO NÃO É MEDIANTE ORDENS RÍGIDAS
A Tarefa de Ordenação não é mediante ordens rígidas: é para rever tudo o que deve ser revisto e que ninguém fica desamparado, disse Marino Murillo Jorge, também membro do Bureau Político, ao especificar que em Ciego de Ávila já houve tendência de ir aos preços máximos dos produtos e não ter feito todo o trabalho de conciliação com os produtores, principalmente em ramos como manga e goiaba, o que impactou no aumento dos preços.
«Isso tem que ser revisto. Você não pode transferir ineficiências para a população na forma de preços. Atualmente, estão sendo realizados trabalhos de reajuste dos preços que permanecem pendentes. A Tarefa de Ordenação deve ter outra magnitude em fevereiro», disse.
A proteção das pessoas vulneráveis também fez parte do debate no encontro. Susivey Márquez Toledo, coordenadora dos programas de Economia do Governo Provincial, informou que, no início do ano, o Sistema de Atenção à Família (SAF) atendia cerca de 1.475 pessoas, das quais 42% deixaram de frequentar os estabelecimentos, caso a caso é visitado para saber a real situação, enquanto o preço do serviço baixou e hoje ronda os 13,00 pesos.
Muitas vertentes ainda precisam ser ajustadas na ordenação dos preços para evitar contradições. Alba Elizabet González Rodríguez, diretora da Empresa Agroindustrial Ceballos, deu o exemplo da polpa de manga produzida por sua entidade. Explicou que «o preço médio de exportação da polpa de manga é de 550 dólares. Seu equivalente em CUP, quando aplicada a taxa de câmbio estabelecida, é de 13.200 CUP; Porém, levando-se em consideração o preço de compra centralizado dessa fruta do produtor para a indústria, é de 9.418,50 CUP por tonelada. Se for considerado que são necessários 2,3 toneladas de frutas frescas para produzir uma tonelada de polpa de manga, o custo dessa fruta sobe para 21.662,55 pesos».
«Ou seja, o custo da dita fruta supera o preço de exportação em 8.462,55 pesos, o que torna mais viável para a indústria nacional importar polpa de manga do que consumir polpa de produção nacional. Ou o mesmo: a exportação de polpa de manga no contexto atual gera perdas consideráveis. Isso também acontece com outros produtos que oferecemos à indústria nacional, como polpa de goiaba, banana e sucos concentrados de frutas».
Alejandro Gil Fernández, ministro da Economia e do Planejamento, defendeu que há vários aspectos nos quais é fundamental aprofundar, inclusive os custos indiretos e o componente importado da produção, portanto «devemos buscar alternativas às importações, com produções nacionais e cadeias produtivas. Dessa forma, os custos são reduzidos».
Por outro lado, o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz apelou ao reforço da batalha e do enfrentamento à corrupção, às ilegalidades e a tudo o que se fez de errado. «Às vezes os mesmos problemas administrativos se repetem», disse, insistindo na importância da unidade de ação no confronto.
NO CONTEXTO
Outras questões analisadas em Ciego de Ávila
- Alejandro Gil Fernández, ministro da Economia e do Planejamento, disse que a urgência é aumentar o emprego no setor produtivo e, especificamente, nos direcionados à produção.
- Os contratempos, tanto na usina de Ciro Redondo quanto na bioelétrica, atrasam em cerca de 30 mil toneladas a produção de petróleo da safra atual.
- Neste ano, 3.214 pessoas foram às diretorias de Trabalho e Previdência Social de Ciego de Ávila em busca de ofertas de emprego, das quais 1.649 aceitaram, sendo mais de 50% jovens.
- O laboratório de Biologia Molecular do hospital Roberto Rodríguez, em Morón, supera as 100.000 amostras de PCR realizadas, de grande ajuda para a província e vários territórios do país.