
«A Ordenação é tarefa de todos, porque toca a todos. Até para as pessoas que não trabalharam, porque agora terão de o fazer».
Assim o afirmou o segundo secretário do Comitê Central do Partido, José Ramón Machado Ventura, durante uma reunião em Pinar del Río, para avaliar o impacto que o processo teve no setor agrícola.
Em uma troca com as principais autoridades do Partido e do Governo no território, funcionários do sistema agrícola, produtores destacados, presidentes de cooperativas e dirigentes de empresas, o dirigente afirmou que a Tarefa tem como objetivo organizar uma série de problemas que nossa economia arrastou por anos. «Por isso, temos que garantir que, em nível de país, tenha resultados», disse.
Machado Ventura destacou que este encontro faz parte de uma série de reuniões que acontecem em todas as províncias cubanas, com o objetivo de avaliar o que está acontecendo com um setor tão estratégico e detectar as questões que geram preocupação.
Nesse sentido, Lourdes Rodríguez Ruiz, vice-ministra das Finanças e Preços, referiu-se a um conjunto de correções recentemente aprovado, a partir do contato permanente com a base.
Entre elas, a decisão de manter os subsídios em quatro linhas (arroz, milho para ração animal, tomate industrial e café robusto) para que o preço final não ultrapasse o que havia sido fixado no varejo.
A funcionária explicou que também foram reajustados os preços do serviço de aviação para rega e da água utilizada na cultura do arroz.
Além disso, foi estabelecida uma tarifa específica de energia elétrica para os equipamentos de bombeamento usados na irrigação, o preço da ração produzida nacionalmente foi reduzido em 60% e foi reconhecido o pagamento pelo transporte do leite na pecuária.
Outras questões em que foram identificadas inconsistências, como os preços do fumo, estão atualmente em estudo, segundo foi informado no encontro.
Durante as discussões, vários produtores expressaram novas preocupações, relacionadas com o custo de vários insumos e de algumas culturas.
Apesar dos ajustes feitos pelo ministério das Finanças e Preços, agricultores com larga experiência, como Isidro Ligoña, da cooperativa Abel Santamaría, e Rogelio Ortúzar, da 26 de Julio, afirmaram que a produção de arroz ainda não é rentável.
Ariel García, diretor da Companhia Agroindustrial de Grãos Los Palacios, também apoiou este critério e considerou que os custos da aviação ainda são muito elevados.
Ao intervir no debate, Machado Ventura alertou que não se pode pedir aos produtores que plantem e percam.
«O produtor tem que ganhar, mas isso tem que ser conquistado com racionalidade», disse, alertando que as coisas devem ser analisadas de forma abrangente.
O segundo secretário do Comité Central do Partido destacou que é necessário aumentar a produção, por questões estratégicas para a nação.
No caso do arroz, por exemplo, Cuba hoje cobre apenas 22% do que consome. O resto deve ser importado.
Sobre a implementação da Tarefa Ordenação, em meio a circunstâncias muito complexas, originadas pela intensificação do bloqueio dos Estados Unidos e da pandemia da Covid-19, afirmou que «estamos tentando não afetar ninguém, dentro de um quadro que seja sustentável».
Machado reiterou a vontade da alta liderança da Revolução de abordar as preocupações dos homens e mulheres rurais. «Tenham certeza de que resolveremos tudo o que for possível, dentro das condições do país», concluiu.
Por sua vez, Julio César Rodríguez Pimentel, primeiro secretário do Partido em Pinar del Río, expressou o compromisso dos camponeses de Pinar del Río com este importante processo, e assegurou que uma amostra disso foi a vontade de realizar a atual campanha de frio, e ultrapassar as plantações de fumo em cerca de mil hectares, apesar dos danos causados pelos fenômenos meteorológicos que atingem repetidamente o território.
GESTÃO AGRÍCOLA: OPORTUNA E ESSENCIAL TAMBÉM EM ARTEMISA
Ajustar o sistema monetário às demandas da produção agrícola foi um dos desafios analisados durante o intercâmbio entre José Ramón Machado Ventura, segundo secretário do Comitê Central do Partido, ministros, primeiros vice-ministros e funcionários da Agricultura, com camponeses de Artemisa, depois das medidas implementadas no setor.
Lourdes Rodríguez Ruiz, vice-ministra das Finanças e Preços, apresentou a atualização sobre taxas, preços e impostos, que reconhece o efeito da desvalorização da moeda nacional sobre os custos, e calcula o pagamento da força de trabalho por dia de trabalho a 117 pesos, bem como o avanço da descentralização dos preços de recopilação.
De acordo com a diretiva, apenas os mais relevantes serão decididos ao mais alto nível, como arroz em casca úmido, feijão preto, porcos vivos, batata e ovos de galinha; o restante dos preços será definido pelos governos locais, a empresa de recolha e outras empresas, em conjunto com produtores e comerciantes.
As novidades incluem a redução dos impostos sobre a renda pessoal para cooperativas e agricultores, com isenção mínima de até 39.120 pesos anuais, além do aumento dos preços da carne suína, arroz, leite e batata doce, entre outros ajustes, que têm como fim um maior fortalecimento da indústria nacional.
Da mesma forma, limitou-se o aumento para 15 vezes da tarifa de energia elétrica para bombeamento de água na rede de Recursos Hidráulicos; até cinco, os do abastecimento de água às formas produtivas e até 13 vezes os preços da eletricidade para irrigação agrícola, disse Rodríguez Ruiz.
Sobre o assunto, José Miguel González, presidente da cooperativa Primero de Mayo, em Güira de Melena, destacou o uso de equipamentos obsoletos e de alto consumo; enquanto Fernando Ravelo Jaime, presidente da cooperativa Cuba-México, em Alquízar, referiu-se à deterioração dos rendimentos em ramos como a batata-doce, questões que depois afetam os bolsos dos produtores.
No caso de Abelardo Álvarez Silva, presidente da cooperativa Antero Regalado, explicou que não será possível assumir despesas superiores a um milhão de pesos por mês com combustível e eletricidade, embora mantenham todas as áreas plantadas, apesar do sistema de irrigação por sulcos através do qual o precioso líquido é desperdiçado o suficiente. «Buscamos alternativas diante da falta de fertilizantes, porém, estamos muito preocupados com as perdas estimadas em diversos produtos».
«O valor da eletricidade também deve ser analisado nas mini-indústrias», acrescentou Orlando Pérez Guzmán, chefe da cooperativa Frank País, que tem dois contêineres refrigerados onde conserva a polpa de fruta e pelos quais tem que pagar grandes somas.
Rever o preço de 0,15 cêntimos por litro de leite refrigerado foi outro dos pontos, tendo em conta o tempo que demora e o pagamento aos trabalhadores ligados aos pontos de recolha e refrigeração. Da mesma forma, é necessário ajustar o custo dos serviços de fumigação nas áreas de cultivo de arroz e examinar a eficácia dos benefícios que as empresas e cooperativas proporcionam aos agricultores, exortou o vice-primeiro-ministro Jorge Luis Tapia Fonseca.
Insatisfação com os impostos cobrados pela Gelma na venda de ração, o aumento do custo dos insumos, a análise da taxa de pagamento do corte mecanizado da cana, as inadimplências reiteradas no caso da Companhia Agropecuária Ocidental e da Companhia de Mercados La Habana, estavam entre as maiores preocupações.
Machado Ventura defendeu uma solução para o problema do abastecimento de água à população a partir de fontes de abastecimento agrícola, sem apoio para o pagamento do serviço, a cargo de todos os organismos envolvidos na tarefa.
Maury Echevarría Bermúdez, vice-ministro da Agricultura, apelou ao cumprimento de várias decisões, incluindo o pagamento de 30 cêntimos pelo transporte do leite, mas é fundamental avaliar o valor do arroz, cumprir a entrega ao consumo social a partir da descentralização dos preços de carnes e frutas, e expor aos produtores as vantagens da redução da carga tributária.
Pouco mais de um mês após o início da Tarefa de Ordenação, avaliar sistematicamente o quanto afeta a produção de alimentos nos permitirá estar mais perto das expectativas da população, em matéria de alta segurança nacional.