
Estimado general-de-exército Raúl Castro Ruz, líder da Revolução Cubana;
Caros colegas da geração histórica do processo revolucionário e fundadores do Partido Comunista de Cuba;
Membros do Bureau Político e do secretariado do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba;
Membros do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba;
Delegadas e delegados;
Companheiras e companheiros:
O 8o Congresso está concluído e não hesito em classificá-lo como histórico. É um fato.
À parte de nossas emoções e sentimentos devido à história vivente e à liderança invicta daqueles que hoje transferem responsabilidades e trabalho para nossa geração, há uma transcendência impossível de ignorar:
A Geração do Centenário do Apóstolo, guiada por Fidel e Raúl ao longo de mais de seis intensas décadas, pode declarar hoje, com dignidade e orgulho, que a Revolução Socialista que realizaram a apenas 90 milhas do poderoso império, está viva, ativa e firme, em meio ao vendaval que abala um mundo mais desigual e injusto, após o colapso do sistema socialista mundial.
E essa geração pode dizer muito mais. Pode se afirmar que a Revolução não acaba com ela, porque conseguiu formar novas gerações igualmente comprometidas com os ideais de justiça social que tanto sangue custaram, dos melhores filhos da nação cubana.
O que recebemos hoje não são responsabilidades e tarefas. Não é apenas a liderança de um país. O que temos pela frente, desafiando-nos continuamente, é um trabalho enorme e heróico.
É o ousado levante de Carlos Manuel de Céspedes, é a vergonha imbatível de Ignacio Agramonte, é a digna intransigência de Antonio Maceo, é a astúcia impressionante de Máximo Gómez, é o ímpeto libertário dos quilombolas, é a paixão dos poetas da guerra, é o caráter feroz de Mariana Grajales no mato e é a luz inspiradora de José Martí.
É a juventude fundadora de Julio Antonio Mella, os versos tremendos de Rubén Martínez Villena, o antiimperialismo radical de Antonio Guiteras, a dedicação absoluta da Geração do Centenário, Haydée Santamaría e Melba Hernández atrás das grades, Vilma Espín desafiando os repressores, Celia Sánchez organizando o Comando da Serra Maestra, as mães cubanas enfrentando a ditadura que assassinou seus filhos; o pelotão de mulheres da Serra, a fidelidade ilimitada de Camilo Cienfuegos, o legado universal de Che Guevara, a liderança profunda e criativa de Fidel Castro, a continuidade sustentada por Raúl Castro.
É a Grande Rebelião, a luta clandestina, os fronts guerrilheiros, a contraofensiva estratégica, a invasão ao Ocidente, as batalhas decisivas, a entrada triunfal em Havana, a Reforma Agrária, a Alfabetização, a luta contra os bandidos, as milícias, a vitória em Playa Girón, a Crise de Outubro, a colaboração internacionalista na África, Ásia e América Latina; a guerrilha de Che Guevara, até o sangue entregue pelo Vietnã, por Angola, pela Etiópia, pela Nicarágua, as brigadas médicas, Elián González, Os Cinco Heróis, a ELAM, a Operação Milagre, a ALBA, o contingente Henry Reeve, a ciência, a medicina, a cultura, os esportes de alto rendimento, as universidades e a solidariedade humana refundadas nesta terra.

O que nos une é tanto que a lista estará sempre incompleta, mas pode dar uma ideia do grande monumento que o povo cubano ergueu em mais de 150 anos de luta.
Essa história pode ser resumida em duas palavras: Povo e Unidade, ou seja, Partido. Porque o Partido Comunista de Cuba, que nunca foi um partido eleitoral, não nasceu da fratura. Nasceu da Unidade de todas as forças políticas com ideais profundamente humanistas que lutaram para mudar um país desigual e injusto, dependente de uma potência estrangeira e sob o jugo de uma sangrenta tirania militar.
Hoje dizemos Nós somos Cuba, Cuba Viva e parece simples e fácil, mas foi bem difícil alcançar e manter a soberania e a independência, em meio ao cerco mais feroz.
A geração histórica, consciente do seu papel nessa heróica criação que é cada dia da Revolução Cubana face à guerra multidimensional permanente que trava seu vizinho mais próximo, sempre trabalhou na formação das novas gerações e tem facilitado a progressiva transferência de principais responsabilidades de gestão.
Graças a esse paciente trabalho de anos, hoje se verifica aqui um marco na nossa história política, que define o 8o Congresso como o Congresso da Continuidade. E o principal porta-estandarte desse processo foi o companheiro general-de-exército Raúl Castro Ruz (Aplausos).
Quando eu assumi a presidência dos Conselhos de Estado e de Ministros em 2018, quis expressar na minha intervenção os sentimentos de muitos de nós e reconhecer o trabalho de Raúl à frente da Revolução e do Partido.
Com sua proverbial modéstia, ele me pediu para deletar algumas palavras sobre ele que eu queria expor na época. Hoje, abusando da responsabilidade que assumo à frente do Partido e com mais conhecimento dos fatos, pela nossa compreensão íntima na abordagem das questões e tarefas estratégicas do país, por experimentar em primeira mão a forma como ele conduziu nossa preparação, quero dizer agora, para fazer justiça histórica, o que escrevi naquela época e que por disciplina eu mantive calado.
O companheiro Raúl, que preparou, dirigiu e conduziu este processo de continuidade geracional com tenacidade, sem apego a cargos e responsabilidades, com elevado sentido do dever e do momento histórico, com serenidade, maturidade, confiança, firmeza revolucionária, com altruísmo e modéstia, por seu próprio mérito, por legitimidade e porque Cuba o necessita, será consultado sobre as decisões estratégicas de maior peso para o destino da nação (Aplausos). Ele estará sempre presente, atento a tudo, lutando com energia, contribuindo com ideias e propósitos para a causa revolucionária, através de seus conselhos, sua orientação e seu alerta para qualquer erro ou deficiência, pronto para enfrentar o imperialismo como o primeiro com seu fuzil na vanguarda do combate.
O General do Exército continuará presente porque é uma referência para qualquer comunista e revolucionário cubano. Raúl, como nosso povo o chama afetuosamente, é o melhor discípulo de Fidel, mas também contribuiu com inúmeros valores para a ética revolucionária, para o trabalho partidário e para o aprimoramento do governo.
O trabalho realizado sob sua liderança à frente do país, na última década, é colossal. Seu legado de resistência a ameaças e ataques e na busca pelo aprimoramento de nossa sociedade é paradigmático.
Ele assumiu a liderança do país em uma difícil situação econômica e social. Em sua dimensão de estadista, lançando mão da formação de consensos, impulsionou, promoveu e estimulou profundas e necessárias mudanças estruturais e conceituais no processo de refinamento e atualização do modelo econômico e social cubano.
Raúl conseguiu a renegociação de uma enorme dívida defendendo com honestidade e respeito a palavra que havia prometido e o princípio de que a nação honraria seus compromissos com os credores, o que fortaleceu a confiança em Cuba.
Com sabedoria conduziu o debate que culminou em uma importante atualização da Lei das Migrações, promoveu transformações no setor agrícola, promoveu sem prejuízo a ampliação das formas de gestão do setor não estatal da economia, a aprovação de uma nova Lei do Investimento Estrangeiro, a criação da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel, a eliminação dos obstáculos ao fortalecimento da empresa estatal cubana, os investimentos no setor do turismo, o programa de informatização da sociedade e a manutenção e melhoria, na medida do possível, das nossas conquistas sociais.
Com paciência e inteligência, Raúl conseguiu libertar nossos Cinco Heróis, cumprindo assim a promessa de Fidel de que eles voltariam.
Seu estilo tem marcado uma atuação ampla e dinâmica nas relações exteriores do país. Com firmeza, dignidade e coragem dirigiu pessoalmente o processo de conversações e negociações que tiveram como objetivo o restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos.
As indiscutíveis qualidades de Raúl como estadista, como defensor da integração latino-americana, marcaram de maneira especial o período de Cuba na presidência pro tempore da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). Seu legado mais importante, a defesa da unidade na diversidade, levou à declaração da região como Zona de Paz e contribuiu de forma decisiva para as negociações de paz na Colômbia.

Raúl tem defendido como ninguém os direitos dos países caribenhos e principalmente do Haiti em fóruns internacionais. Com profundo orgulho, nós, cubanos, ouvimos sua voz emocionada e seu preciso discurso na Cúpula das Américas do Panamá, onde lembrou a verdadeira história de Nossa América.
Ele liderou essas conquistas enfrentando a doença e a morte de sua querida companheira de vida e de lutas, nossa extraordinária Vilma Espín (Aplausos), com quem compartilhou sua paixão pela Revolução e fundou uma bela família. Nesse período, também sofreu a doença e a morte de sua principal referência na vida revolucionária, além de seu chefe e irmão, o companheiro Fidel, a quem foi leal até as últimas consequências (Aplausos).
Ele colocou a coragem revolucionária e o senso de dever antes da dor humana. Beijou a urna que continha as cinzas de Vilma e fez continência militar diante da pedra com o nome de Fidel e conduziu o país de forma implacável, com sucesso, com ímpeto, com devoção. Suas contribuições para a Revolução são transcendentes.
Aquele Raúl que conhecemos, admiramos, respeitamos e amamos, estreou na política como porta-estandarte de um grupo de jovens universitários que em abril de 1952 enterrou simbolicamente a Constituição de 1940, humilhada pelo golpe de Estado de 10 de março. Em janeiro de 1953 foi um dos fundadores da Marcha dos Archotes e em março do mesmo ano participou da Conferência Internacional sobre os Direitos da Juventude e da preparação do 4o Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. Ao regressar, tornou-se um dos que atacou o quartel Moncada, onde se tornou chefe durante o combate; posteriormente, cumpriu pena em Isla de Pinos, participou da preparação da luta contra a tirania de Batista durante o exílio no México, desembarcou no iate Granma, voltou a reunir-se com Fidel em Cinco Palmas, iniciou a guerra na Serra Maestra; por seus méritos e coragem foi promovido a Comandante e de forma exemplar fundou o 2o Front Oriental Frank País.
É também o líder político que tem promovido o debate para o aprimoramento do trabalho partidário, exigindo sempre um vínculo forte com o povo, de ouvido colado ao chão. A ele devemos frases e decisões decisivas em momentos cruciais para o país, como a advertência de que «o feijão é tão importante quanto os canhões» e o emblemático «Sim, nós podemos», que encorajou o ânimo nacional no momento mais sombrio do "período especial".
O dirigente militar do 2o Front Oriental, que, em meio à guerra de libertação, desenvolveu experiências organizacionais e de governo para o bem da população, que posteriormente se multiplicariam por todo o país ao triunfo revolucionário; dirigiu o ministério da Forças Armadas Revolucionárias quase meio século, cuja contribuição para a independência de Angola, Namíbia e o fim do apartheid foram decisivas. Ao mesmo tempo, levou à obtenção de resultados relevantes na preparação do país para a defesa e no desenvolvimento da concepção estratégica da Guerra de Todo o Povo. Sob seu comando, as Forças Armadas Revolucionárias se tornaram o órgão mais disciplinado e eficiente da administração do Estado, desenvolveram-se experiências que posteriormente serviram ao país, como o Aperfeiçoamento Empresarial com valiosos conceitos de administração, sustentabilidade, eficiência e controle, a partir do qual nasceu o Sistema Empresarial das FARs, que alcançou resultados notáveis que contribuem para a economia do país.
O guerrilheiro Raúl, em permanente contato e aliança com a natureza, adquiriu uma sensibilidade especial nas questões ambientais, o que mais tarde marcaria a sua determinação em promover o programa de transferência hidráulica e a Tarefa Vida.
O Comandante-em-chefe da Revolução Cubana, que colocou as mais altas condecorações no peito do general-de-exército, dedicou com as palavras exatas sua atuação como dirigente no encerramento do 5o Congresso do Partido. Falando de seu irmão pelo sangue e pelas ideias, Fidel disse: «A vida nos trouxe muitas satisfações e muitas emoções, muita sorte, e eu realmente digo que foi uma sorte para nosso Partido, para nossa Revolução e para mim termos sido capazes de ter um companheiro como Raúl, de cujos méritos não preciso falar, de cuja experiência, capacidade e contribuições para a Revolução não é preciso mencionar. É conhecido por sua atividade incansável, por seu trabalho constante e metódico nas Forças Armadas, no Partido. É uma sorte termos isso» (Aplausos). Essa sorte, descrita por Fidel, chama-se Raúl Modesto Castro Ruz (Aplausos).
Companheiras e companheiros:
Este Congresso, com seu amplo e crítico debate, defendendo a visão integral da continuidade, contribuiu com ideias, conceitos e diretrizes que traçam o guia para seguir em frente e resistindo. Mas é essencial enfrentar este desafio com o maior conhecimento possível do complexo contexto nacional e internacional, ciente de que o mundo mudou drasticamente e existem muitas portas fechadas para nações com menos recursos e muito mais para aquelas como nós, que se esforçam por ser soberanas.
A alta concentração, diversidade e complexidade dos atuais meios de comunicação, das ferramentas tecnológicas que sustentam as redes digitais e dos recursos utilizados na geração de conteúdos, permitem que grupos poderosos — principalmente de países altamente desenvolvidos — convertam em padrões ideias universais, gostos, emoções e correntes ideológicas, muitas vezes completamente alheias ao contexto que impactam. Para esses magos da comunicação, a verdade não é apenas negociável, mas ainda pior: dispensável. Através da disseminação de matrizes mentirosas, manipulações e infâmias de todos os tipos, eles contribuem para promover a instabilidade política na tentativa de derrubar governos, lá onde não conseguiram quebrar a vontade de uma nação livre e independente.
Nenhum povo está a salvo de mentiras e calúnias na era «pós-verdade». É uma realidade que Cuba enfrenta todos os dias, enquanto persiste em sua vontade de construir uma sociedade mais justa, soberana e socialista, em paz com o resto do mundo e sem interferências ou tutelas estrangeiras.
No Relatório Central foram expostos com franqueza vários dos desafios específicos que nosso país enfrenta, em particular aqueles associados às tentativas de dominação e hegemonia do imperialismo estadunidense e do bloqueio brutal, cujo impacto extraterritorial nos atinge em quase todos os fronts e em todos os países. Nos últimos quatro anos, escalou para níveis qualitativamente mais agressivos.
Ninguém com um mínimo de honestidade e com dados econômicos que são do domínio público pode ignorar que este cerco constitui o principal obstáculo ao desenvolvimento do nosso país e para avançar na busca pela prosperidade e bem-estar. Ao ratificar esta verdade, não pretendemos ocultar as insuficiências da nossa própria realidade, sobre a qual muito temos trabalhado. Trata-se de responder a quem difunde cinicamente a ideia de que o bloqueio não existe.
O bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba, há mais de 60 anos, oportunista e cruelmente exacerbado nos períodos de maior crise das últimas três décadas, de modo que a fome e a miséria provoquem um surto social que mine a legitimidade da Revolução é a mais longa afronta sustentada contra os direitos humanos de um povo e constitui, por seus efeitos, um crime contra a humanidade.
Esta transgressão histórica permanecerá indelével na consciência e no coração das mulheres e dos homens cubanos que sentiram em primeira mão a crueldade desproporcional de um inimigo muitas vezes superior, que não aceita a construção em seus rostos de uma alternativa de uma sociedade mais justa e igualitária, fundada em princípios e ideais sólidos de justiça social e solidariedade humana, tendo a independência e a soberania como bússola e suporte fundamental para as nossas decisões.
Que ninguém se atreva a tirar um grama de culpa ao bloqueio, como a causa de nossos principais problemas. Fazer isso seria negar os poderes imerecidos do império: seu domínio quase absoluto dos mercados globais e das finanças e a influência determinante na política de outros governos, alguns dos quais, acreditando-se parceiros, atuam como capangas.

Isto deve ser dito repetidamente, sem medo de nos repetir. Eles devem primeiro se cansar de um crime tão longo e inútil. Nossa exigência de acabar com o bloqueio está e será sem trégua, em luta incessante enquanto essa política implacável e genocida continuar em vigor. Sabemos que contamos com o apoio da comunidade internacional, ratificada em inúmeras ocasiões, e de grande parte dos cubanos no exterior.
Até hoje, continuam em vigor as 242 medidas de agressão promovidas pelo governo de Donald Trump, às quais se somam as ações decorrentes da reinclusão de Cuba na lista espúria e arbitrária do Departamento de Estado sobre países que supostamente patrocinam o terrorismo. Nenhum funcionário dos Estados Unidos e nenhum político desse país ou de outro pode afirmar honestamente que Cuba patrocina o terrorismo. Somos vítimas do terrorismo, organizado, financiado e executado, na maioria dos casos, a partir dos Estados Unidos.
Continuam as campanhas de subversão e embriaguez ideológica promovidas por órgãos e entidades dos Estados Unidos, com o objetivo de desacreditar Cuba, caluniar a Revolução, tentar confundir o povo, fomentar o desânimo, a preguiça, o desacordo, atiçando as contradições internas. Destinam-se a tirar partido da inquestionável carência de materiais, das dificuldades que a nossa população enfrenta, em consequência do efeito combinado da crise econômica global, da pandemia da Covid-19 e do reforço do bloqueio econômico.
Diz-se que Cuba não é uma prioridade para os Estados Unidos e, como nação soberana, não deveria ser. Vale a pena questionar: Por que então existem leis específicas, como a Lei Torricelli ou a Lei Helms-Burton — para citar apenas dois exemplos — cujo objetivo é atacar e tentar controlar o destino de Cuba, lançando mão da coerção a terceiros países que estabeleçam ou pretendam estabelecer vínculos comerciais ou cooperativos? Por que os Estados Unidos estão gastando centenas de milhões de dólares tentando subverter a ordem constitucional cubana? Por que gastam tanto tempo e recursos tentando minar a consciência nacional das mulheres e dos homens cubanos? O que justifica uma guerra econômica cruel e incessante por mais de 60 anos? Por que pagam o preço do isolamento internacional, evidenciado nas Nações Unidas e em outros fóruns internacionais, ao manter uma política moral e juridicamente insustentável?
Nossa aspiração é viver em paz e interagir com nosso vizinho do Norte, tal como fazemos com o resto da comunidade internacional, com base na igualdade e no respeito mútuo, sem interferência de qualquer tipo. É a posição do Partido e do Estado. É a vontade do nosso povo.
É surpreendente que o governo dos Estados Unidos declare a luta contra as mudanças climáticas como uma das prioridades de sua política externa; enfrentando ameaças à saúde, como a pandemia da Covid-19; a promoção dos direitos humanos e as questões de migração. É algo que contrasta com a conduta real daquele país e sua trajetória histórica, tanto na política interna quanto externa. Os exemplos são conhecidos.
Paradoxalmente, esses quatro temas constituem áreas em que o interesse de ambos os povos e o benefício mútuo justificariam explorar as possibilidades da cooperação bilateral, se a solução para problemas tão complexos for verdadeiramente buscada, com honestidade e espírito de obtenção de resultados.
Nestes tempos de incerteza global, de enorme desafio ambiental, sob o ataque de uma pandemia que reconfigurou o comportamento do mundo e que agrava a crise global que se abateu sobre nós, o trabalho partidário estará focado na defesa da Revolução. O Partido conduz a política externa da Revolução Cubana, que se baseia na noção de que um mundo melhor é possível e que lutar por ele requer a participação de muitos e a mobilização dos povos.
Esse tem sido um guia constante para nossa atuação internacional e o confirmamos neste Congresso.
Expressamos a vontade de desenvolver relações de amizade e cooperação com qualquer país do mundo, estamos satisfeitos em praticar a solidariedade internacionalista, mesmo em países cuja ideologia governamental não compartilhamos. Ratificamos a determinação de expor as verdades com clareza, por mais que incomodem, de defender princípios, de apoiar causas justas, de enfrentar os abusos, como enfrentamos a agressão estrangeira, o colonialismo, o racismo e o apartheid.
É a base de nossa aspiração à plena independência de Nossa América e de nosso compromisso de contribuir para uma região econômica e socialmente integrada, capaz de defender o compromisso da América Latina e do Caribe como Zona de Paz.
É a política externa descrita no Relatório Central do Congresso e que hoje ratificamos.
Companheiros e companheiros:
Tem sido muito difícil resistir e enfrentar a situação atual, que desacelera nossos passos em direção à desejada prosperidade. Não deixamos de atender às demandas e necessidades do povo, defendendo cada decisão, convocando e realizando processos, com ações e medidas complexas, mas a verdade é que nem sempre o entendimento e o sucesso foram alcançados.

Eu digo isso sem reclamar. Em uma autêntica Revolução, a vitória é um aprendizado. Não estamos marchando por uma rota comprovada. Temos o desafio de inovar constantemente, mudando tudo o que precisa ser mudado, sem abrir mão de nossos princípios mais fortes. Sem nunca nos afastarmos do conceito da Revolução, que nos deixou o líder invicto dessa façanha, mas livre de laços rígidos e ciente dos possíveis erros que acarreta percorrer o caminho que nos traçamos.
O general-de-exército citou no Relatório Central as experiências contribuintes da China e do Vietnã, com inegáveis avanços na economia e no padrão de vida de suas populações. Ambos os processos, que confirmam o alto potencial do planejamento socialista, sofreram mais de uma correção ao longo do caminho, embora o bloqueio de suas economias tenha durado menos e tenha sido menos agressivo.
O trabalho do Partido nas atuais circunstâncias foi e continuará sendo fundamental. Não é possível imaginar este momento sem o trabalho da vanguarda política, mas a nossa organização precisa urgentemente de fazer mudanças em seu estilo de trabalho, mais de acordo com este tempo e seus desafios.
O Partido Comunista de Cuba continuará no reconhecimento e na defesa de nossas essências: a independência, a soberania, a democracia socialista, a paz, a eficiência econômica, a segurança e as conquistas da justiça social: o socialismo! A estas acrescentamos a luta pela prosperidade que vai da comida à recreação, que inclui o desenvolvimento científico, a riqueza espiritual superior, o bem-estar e que venha fortalecer o design do funcional e do belo.
Vale a pena defender o socialismo porque é a resposta à necessidade de um mundo mais justo, equitativo, equilibrado e inclusivo; é a possibilidade real de projetar com inteligência e sensibilidade um espaço onde todos se encaixem e não só quem tenha os recursos. Seu objetivo é como nenhum outro sistema realizar o desejo de José Martí de conquistar toda a justiça.
A principal força para alcançar este propósito é a unidade, tudo o que nos une: sonhos, preocupações, mas também angústia diante dos perigos comuns. Defenderemos essa unidade, sem discriminação, sem dar lugar a preconceitos, dogmas ou esquemas que dividem injustamente as pessoas.
Elemento essencial para sustentar essa unidade que se forja a partir do Partido, é o caráter exemplar da militância, que exige de cada militante uma atitude pública que, a partir da capacidade, da dedicação, dos resultados, desperte admiração e respeito em um povo com percepção aguçada, capaz de reconhecer à distância um falso compromisso e padrões duplos.
A continuidade geracional é uma parte fundamental dessa unidade. É preciso falar e compartilhar conquistas com nossos jovens, como as pessoas mais importantes que são; distingui-los como gestores de transformações em curso. Neles está a força, a disposição e a decisão, a sinceridade para qualquer empreendimento ou contribuição revolucionária que a situação exigir. No clímax da pandemia, eles mostraram isso com coragem e responsabilidade.
Hoje cabe ao Partido consolidar a autoridade conquistada pelos méritos da geração histórica e preservar a liderança e a autoridade moral de nossa organização.
Para atingir estes objetivos, é imprescindível o reforço da dinâmica de funcionamento do Partido e a proatividade dos seus membros face aos problemas mais prementes da sociedade, partindo do pressuposto de que pela própria natureza do Partido único, o nosso terá sempre o desafio de ser cada vez mais democrático, mais atraente, mais próximo do povo como um todo e não apenas em seu entorno imediato.
Embora o assunto tenha sido muito debatido antes e durante o Congresso, gostaria de apontar alguns critérios sobre a necessidade de fortalecer a vida interna do Partido para ter uma vida mais externa, ou seja, para funcionar verdadeiramente como uma vanguarda com liderança, capaz de se projetar em uma área com preocupações genuínas em torno do funcionamento da sociedade, e com um poder convocador e mobilizador que derrote qualquer plano dos inimigos da nação cubana que tente provocar uma revolta social.
Hoje precisamos de meios mais consensuais e de documentação mais bem elaborada para fomentar debates honestos e colaborativos em nossas células de base, e para estimular o debate popular, promovendo encontros regulares com estudantes e jovens de diferentes profissões e ofícios.
Não são tempos de boletins impressos ou de longos processos de coordenação e análise para promover debates em nossas células de base. A dinâmica desta época obriga-nos a procurar formas mais ágeis, breves e inovadoras de comunicar orientações. Na era da Internet, que já permite que milhões de cubanos carreguem uma certa percepção do mundo no celular, nossas mensagens à militância não podem seguir o lento percurso da velha imprensa.
A premissa principal, também legado do Comandante-em-chefe, é nunca mentir ou violar princípios éticos. A sólida autoridade do Partido repousa sobre esses valores, cujos membros serão sempre chamados a dizer e avaliar a verdade, por mais dura que seja ou pareça. Neste princípio, educamos os líderes da Revolução. E todos os militantes são convocados permanentemente para lançar mão da verdade como a primeira arma de combate. É a missão da vanguarda que integramos.
A verdade, expressa de forma clara e oportuna, é indissociável do dever permanente de ser e dar o exemplo. Nossa capacidade de guiar depende de como o assumimos. Um povo como o nosso, que sempre liderou as tropas mais valentes, só aceitará e reconhecerá na vanguarda aqueles de nós que forem capazes de agir como aqueles que nos formaram.
O que há de mais revolucionário na Revolução é e deve ser sempre o Partido, assim como o Partido deve ser a força que revoluciona a Revolução (Aplausos).
Vemos e sentimos nossos intelectuais e artistas, educadores, médicos, jornalistas, cientistas, criadores, atletas, também profissionais e técnicos, estudantes, operários, trabalhadores e camponeses, os combatentes das FARs e do Minint, militantes do Partido e em sua juventude, como o motor que revoluciona constantemente a Revolução.

E é nosso dever como líderes do Partido compreender que esta força política não é monocromática, nem idêntica entre si, e muito menos unânime em sua expressão. Devemos saber apreciar a força da floresta, de suas árvores enfileiradas e quadradas quando a Revolução precisar. A unidade deve prevalecer sem nunca esquecer que é preciso ver a floresta e também as árvores. O coletivo e as individualidades não são iguais, embora sejam percebidos como tal em conjunto. Preservar a legitimidade necessária para que o projeto continue avançando parte do conhecimento profundo de suas singularidades.
Não podemos deixar-nos vencer pelo peso das dificuldades. É preciso dar nova vitalidade à mobilização popular, cujas iniciativas nos fortalecem.
A rotina tem minado muitos dos nossos processos e hoje é urgente sacudir a inércia para promover a discussão honesta e contributiva dos temas prioritários, definindo ações em cada local e com a participação dos líderes e diretivos na vida das células de base.
Fazer do crescimento das fileiras do Partido um processo que desperte genuíno interesse, com repercussões sociais, gere métodos de trabalho mais atraentes, desde a responsabilização dos militantes à dinâmica cotidiana do trabalho político nos municípios e províncias.
Na medida em que lidemos com as lutas para elevar a qualidade de vida dos cubanos com clareza e transparência e envolvamos os jovens a participarem com seu entusiasmo natural em todas as tarefas cruciais para o país, estaremos reativando a essência do Partido.
É nossa obrigação sermos campeões na luta contra a corrupção, formas desonestas de agir, abusos de poder, favoritismo e duplicidade de critérios.
Que nosso comportamento no trabalho, perante a sociedade, a família e o círculo de amigos seja consistente com os valores que defendemos.
A disciplina partidária, a direção coletiva, os estudos teóricos e a promoção de eventos sobre a viabilidade do socialismo, as ideias do marxismo-leninismo, as tradições do pensamento cubano, particularmente as de José Martí e Fidel Casto, são disciplinas que não podem ser adiadas em nossas escolas. o Partido, aliado à necessária formação teórica e administrativa, com modernas técnicas de liderança e uma ampla base cultural e histórica.
Tenho a convicção de que devemos incorporar como pilares do nosso trabalho a informatização de todos os processos da organização, o apoio na ciência e na inovação para a abordagem e solução das questões mais complexas, bem como o desenvolvimento criativo da comunicação social.
O trabalho partidário na busca constante por alternativas emancipatórias também é impulsionado por um banho de ciência e tecnologia, que deve fazer parte desse processo.
O marxismo nos deixou um legado inestimável: a certeza de que ciência e tecnologia são parte indissolúvel dos processos sociais e que a relação ciência-tecnologia-sociedade contém as chaves para a perspectiva e o desenvolvimento prospectivo de qualquer projeto. É o caminho para a construção de uma economia socialista baseada no conhecimento, uma sociedade cada vez mais baseada no conhecimento. Um horizonte promissor para as novas gerações.
São muitas as tarefas pela frente que requerem a participação ativa e pró-ativa da militância para mobilizar as energias do país para os objetivos de desenvolvimento, em particular a segurança e soberania alimentar, o desenvolvimento industrial e o problema energético. Mas também, e em primeiro lugar, a preparação para a Defesa, o fortalecimento da ordem institucional e o Estado Socialista de Direito.
Continuaremos trabalhando nas leis derivadas da nova Constituição e no fortalecimento da democracia socialista, vinculada à justiça e à equidade social; o pleno exercício dos direitos humanos; a efetiva representação e participação da sociedade nos processos econômicos e sociais em curso, rumo a um socialismo próspero, democrático e sustentável. Tudo isso em um ambiente cada vez mais livre dos fardos da burocracia, do excessivo centralismo e da ineficiência.
O sucesso destes objetivos depende da nossa capacidade de dialogar com a população, entusiasmar e envolver todos os cidadãos e reconstruir valores que deem maior sentido e significado ao compromisso social. Cientes de que a democracia é mais socialista na medida em que é mais participativa, cabe a nós estimular a participação popular, criando espaços e procedimentos para atender, avaliar e aplicar as demandas e propostas que a tornem efetiva.
Esta ligação essencial com as exigências e necessidades das pessoas através da participação está ligada a uma das tarefas fundamentais do trabalho partidário nestes tempos: a comunicação social, ainda insuficientemente compreendida, sob o critério errado de que é secundária, perante as emergências econômicas e políticas. Como se essas emergências não fossem, em alguns casos, o resultado de subestimar o peso específico da comunicação social.
O espaço da organização de base e das demais estruturas partidárias, internamente e em sua relação com as estruturas do Estado, do Governo, das organizações de massa e da sociedade civil, deve ser um ente de convocatória, facilitador do intercâmbio e do debate revolucionário, despojado de formalidades, imposições e orientações supérfluas. Revolucionário, porque nasce da preocupação dos comprometidos em que o processo seja aperfeiçoado, fortalecido, não interrompido ou estagnado.
Devemos alcançar, entre militantes e não militantes comprometidos com o bem-estar de Cuba, a busca de soluções eficazes, que na prática cotidiana proporcionem, desde a base, um conhecimento profundo de nossa realidade. Cada pessoa, cada grupo, cada organização de massa conta. A batalha é nossa, pertence a todos nós e devemos concentrar nossos esforços nela. Trata-se de sobrevivência, de dignidade, decoro e preservação das conquistas conquistadas.
Compatriotas:
A Revolução deu sentido a termos que não devemos abandonar em nossa vontade de enfrentar e transformar o contexto: defendamos a presença, o prestígio, a felicidade, a decência, os direitos, a eficiência, a qualidade, a cultura do detalhe, a beleza, a virtude, a honra, dignidade e verdade em tudo aquilo que nos propomos e fazemos.
A partir dessa prática partidária, devemos propor avançar na ordenação, recuperação, ponderação e fortalecimento dos valores éticos e morais que nos trouxeram até aqui, indubitavelmente atingidos nas últimas décadas por adversidades e circunstâncias sucessivas e difíceis.
Diante da injusta ordem econômica internacional imposta pelo falido e desacreditado neoliberalismo, Cuba mantém uma linha de ação que inspira admiração, espanto e todo tipo de sentimento favorável entre aqueles que anseiam por uma realidade global melhor. Esse comportamento também aumenta a frustração, o desespero e a impotência do vizinho do Norte e de seus acólitos, dos conterrâneos e anexacionistas, dos submissos e indignos que se curvam aos desígnios do império, todos eles inimigos jurados que estão determinados a construir os planos mais perversos para atacar a Revolução, criar desconfiança e quebrar a unidade.
Apertando as cordas do cerco econômico, os inimigos querem construir a matriz de uma Revolução rígida, detida, lenta, que não tem soluções ou nada de novo a oferecer, incapaz de fomentar diálogos e defender a participação, de dar felicidade. Eles tentam roubar temas, palavras e frases de nós para paralisar vontades e destruir sentimentos e paradigmas. O dinheiro circula amplamente com o fim de enterrar a Revolução.
Não somos uma sociedade fechada, nem este é um processo revolucionário fraco, desatualizado ou estagnado. Ao longo de 60 anos, estabelecemos um projeto político absolutamente novo e desafiador, em meio a pressões inimagináveis. E nós crescemos, avançamos e corrigimos muitas vezes com o objetivo de aperfeiçoá-lo.
Na batalha ideológica devemos recorrer a Fidel, que nos ensinou não só que a cultura é a primeira coisa a salvar, mas que para salvá-la temos que ser interlocutores constantes com nossos intelectuais e artistas.
Fidel também nos ensinou que esse não seria um diálogo confortável para as partes envolvidas, mas que teve e deve ser um processo permanente, onde o respeito e a vontade de trabalhar juntos sejam genuinamente comprovados.
A Revolução não só não teme o pensamento criativo, mas o encoraja, o cultiva, abre campos para seu crescimento e desenvolvimento, reconhece-o e se apoia em suas contribuições. Por isso criou um sistema de ensino e promoção que durante todos esses anos, mesmo nos mais difíceis, serviu para proteger e salvaguardar o mais valioso patrimônio material e imaterial da obra dos criadores cubanos.
A aprendizagem no campo da política e da ideologia diz respeito a todas as forças envolvidas em um processo. O imperdoável é não ter cometido erros nos anos anteriores ou agora, o imperdoável seria não corrigi-los.
Nesse sentido temos sido consistentes, fizemos correções e há vontade de continuar a fazê-lo, porque é inerente ao desenvolvimento no campo das ideias como a economia e outras.
Uma bela canção, cantada em dueto por Silvio Rodríguez e Santiago Feliú avisa: «Quanta dúvida cada vez que a mentira vence!» A grande mídia e as redes sociais digitais funcionam como plataformas eficazes para manipulação e mentiras ilimitadas. Atrás de cada ser que duvida ou compartilha notícias falsas, eles conquistam uma pequena e maligna vitória.
Seria ingênuo fingir que os expoentes de certos atos artísticos, políticos ou outros são ignorantes ou não estão interessados em considerar os contextos. De oportunista a oportunista, de liberal a caótico, de independentistas a neo-anexacionistas, de transcendental a irresponsável, existe uma distância tênue e frágil.
Que nem mesmo admitam que conspiram perversamente a partir da direita mais radical para eliminar nossa experiência sem consideração e que se perecermos como projeto nunca mais teremos a autodeterminação como opção, acaba sendo uma irresponsabilidade criminosa com seu país e com seu tempo.
Já não falamos mais nem da colonização da cultura, falamos de guerra a partir da extrema direita mais conservadora, hoje desesperada e sem quartel, que apela a todos que desejam antecipar qualquer cenário de progresso, obcecados em destruir todos os projetos de esquerda.
São sociopatas com a tecnologia digital sempre disponível, sempre prontos, em uma guerra aberta com a razão e os sentimentos. Eles atacam, não apenas um sistema político, mas as verdadeiras urgências do homem, o que nos conecta como espécie. Essa é a guerra mais perigosa, mas também a mais covarde.
Não podemos ignorar que os inimigos da Revolução aplicam os conceitos da Guerra Não Convencional contra Cuba, uma guerra na qual tudo o que é banal, vulgar, indecente e falso é válido, e, no entanto, tenta esgueirar-se no flanco da sensibilidade, de cultura e pensamento.
Os campeões da liberdade que traficam valores que nem conhecem, procuram desmantelar uma Revolução que emancipou milhões.
Incitam descaradamente à profanação de símbolos e dos eventos e espaços mais sagrados da história do país, apelam à desobediência, ao desprezo, à desordem e à indisciplina pública, acompanhando estes apelos com a construção caluniosa de pseudo-realidades, determinados a confundir, desencorajar e promover sentimentos negativos.
A Revolução Cubana não será traída ou entregue a quem pretende viver brincando com a sorte da Pátria (Aplausos). Não vamos permitir que os ativistas — como eles próprios dizem, entre aspas — do caos, da vulgaridade, do desprezo, manchem a bandeira e insultem as autoridades. Não desconhecemos que procuram desesperadamente ser presos para cumprir o mandato de quem lhes paga, que não acabam de encontrar vítimas credíveis para seus infames relatórios sobre Cuba.
É bom avisar o lumpem mercenário que tira proveito da sorte de todos, os que pedem «invasão agora», os que ofendem continuamente com palavras e de fato os que não descansam, que a paciência deste povo tem limites! (Aplausos prolongados).
A virtude estará em saber cerrar fileiras na defesa da pátria que nos foi confiada por aqueles que nos precederam e nos trouxeram até o presente.
Nem na pior das hipóteses um militante pode ser um espectador passivo de uma provocação ou deixar um colega ou parceiro na fila enfrentar os provocadores sozinho. Os revolucionários defendem a Revolução! (Aplausos). E entre os revolucionários, os comunistas vamos na frente (Aplausos). Nunca como uma elite, mas como uma força consciente e comprometida. Isso significa ser e agir como vanguarda política (Aplausos).
Devemos nos orgulhar de ingressar nas fileiras do Partido e entender a filiação como um ato de consagração aos ideais que a organização defende com paixão, alegria e responsabilidade.
É hora de entender e usar todos os recursos da comunicação social, em particular o trabalho nas redes, para abordar as questões que agitam a sociedade, para trocar e dar uma resposta oportuna de qualquer instituição à que os cidadãos vão, para incentivar a participação, transparência e responsabilidade, para mostrar o espíritos que movem o país.
Devemos aproveitar todos os espaços de comunicação para travar nossa batalha de revolucionários, fazendo sentir o peso da história, os motivos e as convicções patrióticas, as chaves da liderança coletiva. Temos o desafio de ter voz própria sobre todo o bem que foi feito, bem como sobre o que pode e deve continuar a ser feito, mostrando nossas luzes e compromissos.
Vivemos em um país estruturado e organizado, onde muito trabalho está sendo feito para resistir ao ataque de uma realidade hostil e sufocante, mas que está decidida a caminhar em direção a um maior bem-estar social. Essa verdade deve ser sentida todos os dias através de um gotejamento informativo, educativo, ilustrativo sobre cada projeto, sobre cada cenário de resistência e construção para superar as adversidades.
Façamos isso sem arrogância e sem vanglória, oferecendo conteúdos a partir da verdade e a virtude, da firmeza e coerência, da elegância e a medida, sem discursos que causem opressão e rejeição, com argumentos e sentimentos, de sensibilidade e empatia. Com a linguagem daqueles que resistem cotidianamente a partir daquela dimensão mais íntima da Pátria que é o bairro, o pequeno terreno, a comunidade, a usina, a escola, o trabalho, a família e encurtando o fosso entre os discursos institucionais e as demandas públicas.
A Revolução é um verdadeiro diálogo que coloca a verdade e a ética antes da indecência e da perversidade, que não negocia sua existência, não legitima mercenários e age com segurança e firmeza.
Abordemos objetivamente os avanços na luta pela emancipação da mulher, contra a violência de gênero, o racismo e a discriminação, em prol do cuidado e da proteção do meio ambiente e dos animais. E reconheçamos que ainda precisamos avançar, para dar cada vez mais uma resposta mais justa às preocupações populares.
Exerçamos uma militância partidária e revolucionária, atuante no enfrentamento das condutas racistas e discriminatórias e na defesa dos direitos das mulheres cubanas.
Companheiros e companheiros:
Permitam-me agora dizer algumas palavras sobre a batalha econômica crucial, sem a qual todas as outras podem ser inúteis.
O quinquênio que este Congresso está avaliando não mostra bons resultados econômicos. Isso também é influenciado pela ineficiência e a falta de eficácia no desempenho de parte significativa do sistema de negócios e do setor orçado, há problemas estruturais que afetam seu desenvolvimento, e esse excesso de gastos que não são essenciais e não foram resolvidos no período; a falta de controle dos recursos materiais e financeiros, bem como os entraves desnecessários e a burocracia, entre outros males que pesam sobre o nosso desenvolvimento econômico, cuja solução depende de nós.
Apesar de ter passado por dificuldades de vários tipos neste período, a economia tem demonstrado capacidade de resistência, possibilitando a preservação dos ganhos sociais, sem renunciar aos objetivos de desenvolvimento planejados, bem como do apoio solidário a outros povos.
Cuba deu uma magnífica lição de como a vontade política, a vocação humanista da Revolução, a gestão do Governo, as políticas públicas voltadas para o ser humano, os diálogos entre os principais entes de decisão e cientistas, e a participação do povo podem, com relativo sucesso, enfrentar um problema complexo como a pandemia.
Um país pequeno, sem recursos, sitiado e cruelmente bloqueado, alcançou indicadores que apresentam desempenho melhor do que muitos países do mundo e da região. Este trabalho é sustentado por aquela economia que criticamos para melhorá-la e torná-la mais eficiente, mas que contribui com conquistas sociais inclusivas francamente relevantes.
O Partido confirma que não estamos satisfeitos em manter as forças potenciais que o país possui ao nível da sobrevivência. Pelo contrário, aspiramos resistir criativamente, sem abrir mão dos nossos projetos de desenvolvimento, aperfeiçoando-os, atualizando seus conceitos, modernizando as formas de fazer e de participar.
Devemos no mais curto espaço de tempo, com nosso próprio esforço, reconhecendo que o caminho está em nós, no interior da Ilha, com a menor dependência externa possível, resolver o desafio de produzir os alimentos de que necessitamos, da melhor utilização e aproveitamento das fontes renováveis de. energia, uso sustentável e com qualidade do potencial turístico, eficiência no processo de investimentos, orientação da produção nacional para atender às demandas do mercado interno, elevando a qualidade de todos os serviços prestados à população.
Existem conceitos básicos em qualquer tipo de economia, que devemos definitivamente entronizar, como a poupança e a economia circular. Também é necessário banir a mentalidade importadora.
Para superar a crise, é necessário agilizar o processo de atualização do modelo econômico e social e de implementação da Estratégia e do Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social até 2030, combinando de forma flexível a relação entre o planejamento necessário, a descentralização e a autonomia essencial ao desenvolvimento territorial, com a participação de todos os atores econômicos, incluindo a estatal, as micro, pequenas e médias empresas e as cooperativas.
Ou seja, iremos resistir, de forma criativa, através de uma análise profunda e real de cada situação, convocando conhecimentos especializados, promovendo a participação popular e a inovação. Claro, sem renunciar aos nossos princípios internacionalistas de solidariedade e cooperação com a humanidade.
A Tarefa Ordenação, nem sempre bem compreendida, mesmo por aqueles que têm a responsabilidade de executá-la, exigirá de imediato muito trabalho político, visto que o processo é de grande complexidade.
Tem sido amplamente questionado se era o momento de colocá-lo em prática, em meio aos desafios inesperados colocados pela pandemia e o ressurgimento oportunista do bloqueio. A resposta é uma só: não poderíamos continuar adiando essa transformação que tem como fim estimular o desenvolvimento e a participação articulada de todos os atores econômicos.
É honesto reconhecer que o Regulamento apresentava problemas de instrumentação, devido à preparação insuficiente de alguns gestores e interpretação inadequada do regulamento, mas existem equívocos derivados do erro de o associar a problemas que existiam antes da sua implementação. Somam-se a isso as insatisfações geradas por uma argumentação nem sempre oportuna e precisa e algumas reivindicações inadmissíveis, que estão longe dos princípios da Tarefa.
Nossa primeira resposta tem sido o acompanhamento e solução imediata — sempre que possível — das abordagens críticas da população, promovendo um importante exercício de participação cidadã, que não pode ser ignorado, nos ajustamentos, correções e mudanças implementadas. As tarifas, os preços e as medidas mais recentes para favorecer e estimular a produção e comercialização de alimentos respondem a esta estratégia.
Mais uma vez apelamos à necessária mudança de mentalidade que facilite esses propósitos. É hora de passar da chamada para a transformação.
Venceremos na medida em que o horizonte do que fazemos seja sempre a maior felicidade possível para as mulheres e os homens cubanos, defendida desde a essência do nosso socialismo.
A situação atual e os objetivos derivados de nossos debates definem um desafio muito alto para os líderes cubanos. A sociedade e suas instituições precisam de diretivos com uma preparação ética e profissional profunda, caracterizada por qualidades como a preocupação revolucionária, a sensibilidade para os problemas do povo, a disponibilidade para trabalhar sem limites e a capacidade de enfrentar as adversidades com criatividade que inspire e motive a inovação.
Em qualquer circunstância, mas essencialmente nas mais difíceis e desafiadoras, nossos diretivos devem se destacar por sua dedicação à tarefa, seu desejo de superação, sua modéstia e a sensibilidade suficiente para se colocar no lugar dos outros, sobrepondo o nós ao eu. Eles têm a responsabilidade de dialogar com sinceridade, de coração, e ser ágeis incorporando essas percepções na tomada de decisões.
O Congresso aprovou uma estratégia de preparação de líderes que incluirá a abordagem científica à sua seleção, formação e promoção, que terá em conta as etapas de trânsito por diferentes responsabilidades.
Compatriotas:
O bloqueio e a pandemia se uniram no ano passado para colocar nossas projeções e sonhos em espera. Temos lutado muito contra as dificuldades do dia a dia e, embora às vezes possa parecer que não conseguiremos sair à tona, no meio da incerteza, somos repentinamente assaltados e deslumbrados por nossa própria capacidade de resistência e criação.
Que um país bloqueado a limites perversos tenha conseguido sustentar a vitalidade de seus principais serviços, atender a toda sua população infectada e suspeita, habilitar em tempo recorde mais de vinte laboratórios de biologia molecular, projetar e desenvolver protótipos nacionais de ventiladores pulmonares e kits de diagnóstico, e desenvolver cinco vacinas candidatas, considerando produzir doses suficientes para imunizar toda a população e contribuir com outras nações, além de proporcionar uma colaboração médica meritória e reconhecida a vários povos do mundo, é muito mais do que uma luz no final da o túnel. É a prova de que estamos do lado certo da história e que a obra revolucionária e socialista tem tanto potencial e amplitude que nem o maior império de todos os tempos foi capaz de derrubá-la.
Nosso povo deu um nome a este feito indiscutível: Fidel Castro Ruz! (Aplausos).
O Comandante-em-chefe, sob o preceito de José Martí de que governar é prever, em dias muito incertos para Cuba, promoveu o desenvolvimento da biotecnologia, a produção de medicamentos e vacinas e a formação de médicos para a nação e para o mundo. Fidel, que viu antes e viu além, até que ponto a humanidade pode promover seus sonhos, é uma referência contínua, quando diante dos olhos atônitos de muitos Cuba surge salvando-se e ajudando a salvar o mundo de sua pior pandemia em séculos.
Quando mulheres e homens em jalecos brancos, membros de uma brigada de Henry Reeve descem os degraus de um avião, carregando a bandeira da estrela solitária, e partem para salvar vidas sem colocar um preço em seu trabalho, as mentiras e as infâmias contra Cuba começam a se dissolver como gelo em água quente e nossa verdade se multiplica com a ação salvadora.
Compatriotas de toda Cuba, militantes cotidianos da Revolução:
Os membros do Bureau Político, do Secretariado e do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba hoje eleitos assumem o extraordinário compromisso de dar continuidade à Revolução Cubana (Aplausos).
Após vários anos de trabalho e dedicação às tarefas do Partido, despedimo-nos de vários colegas que nas respectivas funções fazem parte de tudo o que o país promoveu e conquistou em condições desafiadoras nos últimos anos. Todos estão levando o melhor dos reconhecimentos: ter trabalhado nos escalões mais altos do Partido fundado e dirigido por Fidel, Raúl e outros colegas da histórica Geração do Centenário, como os comandantes da Revolução Ramiro Valdés e Guillermo García, que continuam dando-nos todos os dias lições de consagração e dedicação ao trabalho comum (Aplausos).
Ao comandante do Exército Rebelde, José Ramón Machado Ventura (Aplausos), que durante décadas carregou sobre seus ombros as difíceis tarefas da organização, seu funcionamento e vida interna, o controle de recursos e administração, nosso permanente agradecimento por sua consagração e seu exemplo, por sua disciplina e lealdade. Pelos ensinamentos, apoio e confiança que percorremos, passo a passo, das organizações estudantis e juvenis de base às tarefas de liderança. Sua simplicidade, sua modéstia e seu compromisso sempre nos acompanharão como lições de vida (Aplausos).
Quanto ao general-de-exército, o Congresso da Continuidade quer registrar nossa enorme dívida para com um homem que jamais poderá se separar do Partido do qual é fundador.
Resumir suas contribuições para a Revolução, como fiz no início, não é apenas um dever de companheiros. É uma forma de nos mostrarmos quais são as principais qualidades de um líder, de um verdadeiro revolucionário, sempre insatisfeito com o trabalho que dirige e atento aos anseios sociais, sensível a quanto serve ou prejudica o povo.
Intransigente e firme no enfrentamento do adversário e na defesa do trabalho. Sincero e afetuoso ao estimular, reconhecer, recompensar, até mesmo ao sancionar um companheiro na batalha
A Continuidade se afirma no exemplo e entre os ensinamentos dos autênticos líderes que nos precederam, destaca sempre o reconhecimento oportuno e significativo de quem dá tudo pelo destino coletivo.
Companheiro general-de-exército, ministro ou simplesmente Raúl, como é popularmente chamado, em nome dos meus colegas e do povo cubano: OBRIGADO pelo exemplo, pelo ímpeto, pela força e pela confiança! (Aplausos). Obrigado por estar lá e nos ajudar a acreditar em nós mesmos.
Foi importante, muito importante, seu apoio e incentivo durante estes anos de aprendizagem e formação que nos permitem assumir responsabilidades hoje nas quais você e Fidel fizeram história. O desafio é enorme, mas fica a tranquilidade de que a escola está perto, de que vocês estão ao nosso lado (Aplausos).
Companheiras e companheiros:
O que acontece hoje nos coloca novamente diante do fio da história. É 19 de abril, dia da vitória de Girón, aquela primeira luta contra os mercenários do império que queriam surpreender a Revolução e foram surpreendidos por ela. A declaração do caráter socialista da Revolução às vésperas desses combates, a coragem e o gênio de Fidel brilhando na organização da batalha para que durasse menos de 72 horas e não pudessem levantar uma cabeça de praia e a imagem do líder no tanque em movimento, sempre à frente de suas tropas, voltaram, por ocasião da data, para nos lembrar quem somos, de onde viemos e para onde vamos (Aplausos).
O Partido Comunista de Cuba está indissociavelmente ligado a esse símbolo de resistência e à vitória que espera àqueles que lutam lealmente pelos direitos de seus povos e não reivindicam mais do que uma posição de vanguarda.
Nossa geração compreende a responsabilidade que assume ao aceitar este desafio e declara perante a geração histórica a sua honra e orgulho em continuar a Revolução (Aplausos). Fazemo-lo sob o princípio imortalizado por Maceo: «..Quem tente dominar Cuba recolherá o pó de seu solo encharcado de sangue, se não morrer na luta».
Parafraseando Camilo Cienfuegos, em suas conhecidas palavras a Fidel ao receber a patente de comandante do Exército Rebelde, na Serra Maestra, queremos dizer à geração histórica, aos nossos companheiros da militância partidária e a nosso querido povo: Obrigado por nos dar a oportunidade de servir a esta causa tão digna pela qual estaremos sempre dispostos a dar a vida (...) Será mais fácil parar de respirar do que deixar de ser fiéis à sua confiança! (Aplausos).
Somos Cuba!
Cuba Viva!
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(Ovação)







