A certeza de que a vacina candidata Abdala é muito segura, foi ratificada nesta terça-feira, 11 de maio, à tarde pela doutora Marta Ayala Ávila, diretora-geral do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), em uma nova reunião de trabalho convocada pela direção máxima do país com especialistas e cientistas que ao longo de todos esses meses contribuíram diretamente para o confronto com a Covid-19.
Durante o intercâmbio encabeçado, como de costume, pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, a diretora-geral do CIGB destacou que, no âmbito da avaliação que tem sido realizada a partir dos resultados obtidos nas fases I e II do teste clínico, foi possível concluir que os eventos adversos são classificados entre leves (95%) e moderados (5%), nos quais foi realizada uma busca ativa durante as primeiras 72 horas de aplicação das doses.
Embora tenha sido necessário trabalhar de forma acelerada no desenvolvimento deste tipo de projetos no país, que normalmente requerem vários anos para a sua realização, Ayala Ávila garantiu que cada passo que foi dado tem sido muito rigoroso, e também a estratégia da avaliação clínica.
Ainda que uma das características que tem distinguido o desenvolvimento de vacinas específicas contra o novo coronavírus tenha sido a sobreposição das fases em um determinado ponto, «não houve falta de rigor ou cumprimento das normas e regulamentos ditados pelos órgãos reguladores», disse.
Ayala Ávila lembrou que os testes clínicos com esse candidato, de aplicação intramuscular, iniciaram a fase I no dia 7 de dezembro, com 132 voluntários, número que posteriormente foi ampliado para 660 na fase II. No caso da fase III, iniciada no dia 22 de março, a amostra do estudo teve um tamanho maior, pois foram incluídas 48.290 pessoas que foram vacinadas em seis semanas, nos períodos de 0, 14 e 28 dias, o que exigiu intenso trabalho dos participantes.
«No dia 1º de maio» — disse — «concluímos a administração da terceira dose ao último voluntário e, a partir do dia 3 daquele mês, iniciou-se uma etapa fundamental da fase III, pois passaram a ser contados os 14 dias após a última dose, e com isso estará pronta a avaliação da eficácia do candidato de vacina. «Este é um momento muito importante em todo o desenvolvimento que alcançamos até agora. Nele, os detalhes são ajustados, os dados são acumulados e é feita uma análise rigorosa dos aspectos vitais», precisou.
Descreveu como essencial o apoio que as diferentes fases tiveram, tanto para a implementação das ações logísticas como para o acompanhamento e avaliação das atividades científicas. E destacou a participação de estudantes de medicina na busca de campo por pessoas que possam manifestar eventos adversos, bem como no processo de entrada de dados que está sendo realizado.
Quanto a Mambisa, o outro candidato de vacina desenvolvido pelo CIGB, especificou que, tendo em conta a segurança e imunogenicidade verificadas, tem se posicionado no nicho de aplicação para convalescentes, ou como dose de reforço. «Com base nos resultados» — disse — «está sendo preparado um estudo clínico que deve ser aprovado em breve para iniciar as fases I e II».
Em uma atualização das ações realizadas em Cuba no âmbito da intervenção sanitária aprovada pelo ministério da Saúde Pública, a diretora-geral desse prestigiado centro de pesquisas, informou que entre os dias 7 e 9 de maio, foram distribuídas 889.830 doses da vacina Abdala em todo o país.
«Essas doses» — detalhou — «serão aplicadas fundamentalmente a grupos de risco do pessoal de saúde, bem como na população de Isla de la Juventud e Havana, onde nesta quarta-feira, 12 de maio, começará a intervenção sanitária nos municípios de Guanabacoa, Regla, San Miguel del Padrón e La Habana del Este.
O ministro da Saúde Pública, José Ángel Portal Miranda, precisou que desde o início, esta segunda-feira, 10 de maio, da intervenção sanitária nos trabalhadores da saúde que não tinham feito parte de outros estudos, na altura da reunião um número preliminar de mais de 21 mil doses tinham sido aplicadas em vários territórios. «Aos poucos, todas as províncias serão incorporadas», disse o ministro.
A este respeito, o presidente da República sublinhou a importância de que este processo seja realizado de forma ordenada, com atenção a cada detalhe. «O controle tem que ser rigoroso, pois essa é uma questão vital para a nação», avaliou.
No âmbito da reunião, que também foi presidida pelo primeiro-ministro e membro do Bureau Político, Manuel Marrero Cruz, e pela primeira vice-ministra Inés María Chapman Waugh, foi explicado que se está trabalhando na atualização do protocolo médico de combate à Covid-19 a partir do cenário epidemiológico e do comportamento do vírus, para que possamos alcançar um enfrentamento cada vez mais oportuno.
Por outro lado, de acordo com os modelos de previsão da epidemia no país, que são regularmente apresentados nesses intercâmbios pelo doutor em Ciências Raúl Guinovart Díaz, reitor da Faculdade de Matemática e Computação da Universidade de Havana, nos próximos dias a incidência de casos confirmados deve se manter elevada.
Quanto à capital cubana, província onde continua o cenário mais complicado, disse que a tendência é que o número de pacientes diagnosticados continue ultrapassando os 500 por dia, mantendo os municípios de Boyeros, Arroyo Naranjo e San Miguel del Padrón como aqueles de maior complexidade.
Precisamente acerca de Havana, durante a reunião do Grupo de Trabalho Temporário para a Prevenção e Controle do Coronavírus, ocorrida logo após o intercâmbio com o grupo de especialistas, o ministro da Saúde Pública destacou que, com a confirmação de 9.470 casos autóctones nos últimos 15 dias, é a província com a maior taxa de incidência.
Da mesma forma, mostra 13 dos 34 eventos de transmissão ativos no país. A respeito dos números registrados na terça-feira, 11 de maio, onde a capital notificou 559 novas infecções, disse que é o território onde persiste a maior propagação do vírus em todos seus municípios.
Também prestaram contas as autoridades governamentais de outras sete províncias: Pinar del Río, Artemisa, Mayabeque, Matanzas, Camagüey, Granma, Holguín e Santiago de Cuba. Além da atualização sobre os elementos que caracterizam a situação epidemiológica, aprendeu-se sobre a organização e implementação da intervenção em saúde que se realiza no território nacional, um processo complexo e necessário que requer o apoio de todos.
