ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
No encontro, foi expressa a preocupação com o aumento exponencial do número de pessoas afetadas na população pediátrica e a necessidade de proteger ainda mais este segmento. Foto: Estúdios Revolución

O mito de que nossa população mais jovem parecia blindada contra a Covid-19 foi gradualmente se desintegrando, conforme o tempo avança nessa luta pela vida: estatísticas rigorosas, coletadas desde o início da pandemia até 22 de maio, mostram que houve um aumento sustentado de crianças e adolescentes infectados pelo coronavírus.

A afirmação foi feita pela doutora Lissette López González, chefa do Grupo Nacional de Pediatria do Ministério da Saúde Pública (Minsap), durante a reunião do Grupo de cientistas e especialistas no confronto com a Covid-19, e que foi chefiada pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, bem como pelo primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz.

«É evidente», disse a doutora, «que o aumento do número de afetados na população pediátrica tem sido exponencial. Na primeira onda do surto foram cerca de 200, na segunda mais de 600, e «até o dia 22 de maio ultrapassamos 17 mil pacientes – 17.318 confirmados – o que representa 13% do total confirmado em nosso país».

A especialista descreveu a situação como alarmante e muito preocupante. Refletiu que no momento de suas palavras o número de 17.318 havia aumentado para 17.718, ou seja, em poucas horas outras 400 crianças adoeceram, e 20 delas eram bebês.

Ela fez um percurso até o último dia 30 de abril e chamou a atenção para o número de bebês que adoeceram até aquele dia de encerramento: 728. Durante o mês de maio, os bebês afetados aumentaram em mais de 200.

«Na pediatria» — detalhou — «informações no mundo relatam que a população pediátrica é quem traz a infecção para as casas. Em nosso país, o maior percentual da população pediátrica confirmada com infecção por coronavírus tem sido pelo contato com casos confirmados».

A doutora afirmou que, neste minuto, os pacientes sintomáticos do universo pediátrico são muito mais frequentes. A outra coisa é que a radiologia mostrou alterações durante esta pandemia: inicialmente, a maioria dos pacientes não apresentava lesões radiológicas; Com o passar do tempo e até abril último, o número de pacientes com pneumonias e outras manifestações clínicas predominou e aumentou.

A doutora Milagro Santa Cruz Domínguez compartilhou os resultados preliminares do estudo piloto sobre o uso de tecnologias para o atendimento integral à pediatria no esquema de Atendimento Primário à Saúde durante a Covid-19 em Cuba. A especialista fez uma abordagem interessante quanto às questões alusivas ao que está acontecendo com as crianças confinadas em suas casas; quais os comportamentos e emoções que caracterizam este grupo populacional na atualidade e como é valorizado pelos pais, realidade que é desafiadora para todos.

A VERDADE DOS NÚMEROS

Em Cuba, em longo prazo, prevê-se um crescimento dos casos da Covid-19. Esse comportamento pode ter um pico em junho. Em curto prazo, as projeções continuam muito desfavoráveis, uma vez que persiste uma situação semelhante à que vivemos nas semanas anteriores, ou seja, um patamar muito elevado de casos confirmados diariamente, pacientes hospitalizados e casos ativos, o que continua complicando o sistema hospitalar.

O doutor em Ciências Raúl Guinovart Díaz, reitor da Faculdade de Matemática e Computação da Universidade de Havana, ofereceu uma explicação, com base em gráficos, sobre a situação epidemiológica. Em Havana, os números indicam que é o território onde ocorre a maior transmissão da doença. «Nesse cenário», disse, «todos os municípios apresentam alta transmissão, e os números alertam que os casos podem continuar atingindo números elevados. Os municípios de Centro Habana, Marianao, La Lisa, San Miguel del Padrón e Boyeros apresentam previsões desfavoráveis».

As outras províncias, embora apresentem uma incidência da doença muito inferior à da capital, «devem estar atentas e continuar aprofundando o trabalho epidemiológico». Da região oriental, o território de maior complexidade é a província de Santiago de Cuba (especialmente o município principal).

«As mortes em Cuba continuaram aumentando», lamentou, lembrando que «em média, ocorreram dez ou mais mortes neste mês», o que nos leva a pensar que em breve chegaremos ao número de mil casos acumulados em toda a pandemia».

«Devemos continuar fortalecendo», sugeriu, «as medidas epidemiológicas em cada região, e intensificar ao máximo a intervenção em saúde (com vacinas candidatas), para conseguir, no mais curto prazo possível, a contenção da epidemia em nosso país».

Guinovart Díaz não esqueceu que «atrás dos gráficos há muitos recursos e há pessoas trabalhando». E fez referência às altas hospitalares no país, que apresentam um «número bastante elevado, 94%, e que reflete o esforço, dedicação e toda a tecnologia que faz sucesso».

Seguiu-se a reunião do Grupo Temporário, chefiado pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista e pelo primeiro-ministro. Como de costume, a videoconferência foi usada para o intercâmbio com várias províncias. Ali, o ministro da Saúde, José Angel Portal Miranda, informou que em Cuba, nos últimos 15 dias, foram diagnosticados 17.392 casos positivos da Covid-19, para uma taxa de incidência de transmissão de 155,5 para cada 100 mil habitantes. O indicador mais alto é mantido por Havana, Mayabeque, Pinar del Río, Cienfuegos, Santiago de Cuba, Artemisa e Sancti Spíritus. «O país», disse o titular da Saúde, «acumula um total de 901 mortes em decorrência da doença, para uma letalidade de 0,66%».