ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
«Aqui temos que resolver uma parte dos problemas todos os dias. O pior é parar», disse o primeiro secretário do Partido e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez. Photo: Estudios Revolución

Em Cuba, neste momento, o imperdoável seria parar, ficar imóvel, não ganhar tempo para os melhores momentos. Tais conceitos foram compartilhados e explicados esta segunda-feira, 7 de junho, no Palácio da Revolução, pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.

«Aqui temos que resolver uma parte dos problemas todos os dias. O pior é parar», disse o chefe de Estado, acrescentando a ideia de que «sempre se pode fazer algo mais».

Sua reflexão teve lugar durante a videoconferência mensal com os governadores de todas as províncias e o presidente do governo do município especial de Isla de la Juventud, que também foi presidida pelo primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz; o vice-presidente da República, Salvador Valdés Mesa, bem como o membro do Bureau Político e secretário de Organização e Política de Quadros do Comitê Central do Partido Comunista, Roberto Morales Ojeda.

O primeiro item da ordem do dia tratou da apuração do Programa Habitacional, com estatísticas cujo encerramento corresponde ao mês de maio. No que se refere à recuperação dos danos decorrentes de eventos climáticos, foi informado que até o referido mês foram solucionados 2.867 danos. As províncias de Camaguey, Holguín e Villa Clara foram as que apresentaram mais soluções.

Outras questões como o comportamento das entregas de cimento foram analisadas na reunião, na qual foi especificado que os maiores atrasos se acumulam na parte oriental do país.

Em relação à produção local de materiais, foi feita uma atualização dos recursos entregues, quanto está faltando, bem como as estratégias de solução. A ênfase foi colocada na premissa de que esta atividade constitui a espinha dorsal que sustenta os programas habitacionais em cada território.

Foi notificada a entrega de cimento, blocos e tijolos de barro; referiu-se que continuam por explorar as potencialidades das jazidas existentes na maior parte dos municípios da Ilha, sendo que os territórios que mais precisam de abordar esta questão são as províncias de Cienfuegos, Ciego de Ávila, Havana e o município especial de Isla de la Juventud.

As quantidades de vigas de aço, derivados do arame, móveis sanitários, acessórios elétricos, carpintarias e outros elementos básicos para fazer uma casa, fizeram parte das análises.

Relativamente a este programa cardinal, o primeiro-ministro sublinhou que se combinaram fatores objetivos, mas também de caráter subjetivo, e que é necessário medir o progresso de uma forma diferente, a partir de visões mais precisas das reais potencialidades de cada território.

O primeiro vice-ministro e comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez lembrou que existe uma política habitacional que deve ser rigorosamente cumprida e que as análises de como o que já está definido devem ser feitas município a município, bem como propostas para buscar sempre alternativas.

A VIDA É DEFENDIDA CASO A CASO

O andamento do Programa de Puericultura e Maternidade no país, com números até o dia 4 de junho, foi outra questão. A este respeito, o ministro da Saúde Pública, José Ángel Portal Miranda, explicou detalhadamente uma situação em que as estatísticas indicam que os números referentes à mortalidade infantil e materna não são animadores, especialmente quando comparados com as fases anteriores.

O primeiro secretário do Partido Comunista disse que sobre «o andamento do programa de assistência materno-infantil, e principalmente no problema que temos com a mortalidade infantil e materna, a questão aqui é o acompanhamento caso a caso».

«Quais são as causas de uma criança com baixo peso ao nascer?», perguntou o presidente, para então raciocinar que não houve um atendimento adequado, diferenciado à gestante. E lembrou que Cuba tem uma estrutura de lares maternos, do médico de família e atendimento primário, com condições para cuidar das futuras mães, as mais vulneráveis.

Portal Miranda também apresentou dados no encontro sobre como o país está enfrentando a epidemia da Covid-19. No final de maio, disse, a Ilha acumulava 143.323 casos confirmados. A média de casos por dia, ao final do mês mencionado, era de 1.151,6, número que aumentou 10,3% em relação ao final de abril.

Sobre a intervenção sanitária que Cuba vive com os candidatos de vacinas Soberana 02 e Abdala, o ministro afirmou que «em menos de um mês se cumpriu o objetivo pretendido. Já foram beneficiadas 1,7 milhão (1.745.588) de pessoas com pelo menos uma primeira dose, o que representa 15,5% da população.

É necessário, disse Portal Miranda, «que o país não continue se complicando à medida que avançamos na intervenção sanitária». Por isso, no final do encontro, o presidente Díaz-Canel Bermúdez sublinhou que, perante a epidemia, «estamos agora em dois momentos importantes: por um lado, avançamos na intervenção de saúde, e por outro lado, temos de continuar abordando de forma eficaz as medidas que implementamos para lidar com a Covid-19. Nenhuma das duas coisas separadamente fornecem a solução. É a combinação de ambos os aspectos».

Falou então das províncias que continuam apresentando situações epidemiológicas instáveis, que quando parecem avançar apresentam retrocessos associados a acontecimentos institucionais ou comunitários. São, frisou, «imperfeições que devemos erradicar, bem como os maus tratos, imprecisões e atrasos, ineficiências de que reclama a população».

Por outro lado, destacou, «é preciso reduzir o número de casos confirmados e óbitos, e tudo isso envolve o atendimento diferenciado e oportuno aos doentes críticos e graves, e a forma como as pessoas mais vulneráveis são atendidas rapidamente​, passa por uma boa organização, controle e uso de ferramentas de informática que em outros momentos permitiram pesquisas eficazes e não estão sendo utilizadas agora».

«Apesar de todo o esforço que tem sido feito», disse o presidente, «temos de evitar o cansaço em todas as estruturas da Saúde, e também nas direções de outras organizações que se encontram enfrentando a situação atual».

SEM ESMORECER

A situação de cumprimento do Programa de Soberania Alimentar e Autossuficiência Municipal foi outro assunto do dia. A comercialização dos produtos agrícolas e o andamento da implementação das 63 medidas destinadas à agricultura foram pontos de partida para mais de uma reflexão sobre esta questão da segurança nacional.

O primeiro secretário do Partido Comunista destacou a importância de plantar mais, mesmo que as condições não sejam ótimas, pois isso é a garantia de safras futuras. E quanto à autossuficiência municipal, destacou o valor de «desbloquear a comercialização dos produtos; que o comércio seja mais fácil e que estimule a produção».

Como estão andando as ações contidas no Programa de Aperfeiçoamento do Comércio, outro tema da pauta da videoconferência, deu lugar a que o chefe de Estado destacasse a relevância da aplicação de técnicas comerciais que melhorem todas as diligências possíveis, inclusive aumentando facilidades de pagamento e otimizando o comércio eletrônico. É, enfatizou, «um comércio mais orientado para atender às demandas da população e, sobretudo, voltado para a demanda interna; e nisso devemos trabalhar com rapidez».

Não menos importante foi a intervenção da primeira vice-ministra, Inés María Chapman Waugh, sobre os próximos desafios que a natureza vai impor em plena temporada ciclônica que vai de junho a novembro: já as autoridades responsáveis, e os especialistas comentou, estão analisando as altas probabilidades de chuva para os próximos dias, devido ao deslocamento de um centro de baixas pressões para o sul de Cuba. É um contexto que requer a ativação de sistemas de alerta precoce e local, com o objetivo de evitar a perda de vidas humanas e outras.

No final da reunião, e em relação aos tempos difíceis que atravessa Cuba, o presidente Díaz-Canel compartilhou sua certeza de que nós, cubanos, teremos sucesso e poderemos «fazê-lo com nossos próprios esforços, com nosso próprio talento. Portanto, não podemos nos permitir ser esmagados pela adversidade, não podemos ficar desalentados ou desanimados».

Lembrou que «situações novas e complexas exigem fazer diferente», e que neste minuto estamos «resistindo criativamente, para continuar avançando, para não nos determos no tempo. Com todos estes elementos é que temos que nos impregnar de energia, empenho e coragem, para enfrentar estas situações complexas, ganhando tempo em todos os processos».