ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
O presidente Díaz-Canel Bermúdez, ao abordar a situação complicada em algumas províncias, referiu-se à relevância de compatibilizar os processos de intervenção em saúde com os locais que apresentam maior complexidade epidemiológica. Foto: Estúdios Revolución.

«É preciso dizer que as maiores alegrias que este país teve nos últimos dias foram as duas notícias de Soberana e de Abdala; e as pessoas o celebraram bem. Tem sido um orgulho nacional», disse na terça-feira, 22 de junho, do Palácio da Revolução, o primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.

Essa mesma alegria, e orgulho pelos recentes anúncios de eficácia de nossas duas vacinas candidatas, deram o tom para as reuniões do Grupo de cientistas e especialistas, que lideram as atividades de ciência e inovação tecnológica no combate à Covid-19, e do Grupo de Trabalho Temporário.

No primeiro encontro, o chefe de Estado compartilhou sua expressão, porque as emoções em relação ao trabalho de nossa ciência foram muitas, porque no interior da Ilha a esperança recebeu um impulso e, nas redes virtuais ou no plano da realidade, os cubanos mostraram confiança e gratidão pelo que Soberana e Abdala significam, embora os números da Covid-19 apresentem ao país um campo de batalha no qual ainda há muito por fazer.

O primeiro item da agenda, na reunião das lideranças do país com cientistas e especialistas, foi conduzido pelo doutor em Ciências Raúl Guinovart Díaz, reitor da Faculdade de Matemática e Computação da Universidade de Havana, quem, sobre a atualização dos modelos de previsão, destacou que a capital tem mantido uma situação sustentada de queda na incidência de transmissão da doença.

«O que está previsto para a capital», disse, «é que essa queda continue. É algo que deve ser mantido ao longo do tempo, especialmente potenciado pela intervenção sanitária com os candidatos de vacinas», afirmou o professor na palestra, que também foi presidida pelo membro do Bureau Político do Partido e primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz, e pela deputada e primeira vice-ministra, Inés María Chapman Waugh.

Quanto às demais províncias, o cenário «tornou-se tremendamente complicado», afirmou o perito, que exemplificou que em Pinar del Río o número de casos confirmados tem crescido diariamente (e assim continuará no futuro imediato); em Matanzas e Camagüey, as circunstâncias continuam desfavoráveis; e em Granma, embora «a situação seja de estabilidade», os números ainda não diminuem como desejado e necessário.

«Na província de Santiago de Cuba», afirmou, «o panorama epidemiológico continua adverso e os números de contágio aumentam; enquanto Guantánamo, território em que algum controle havia sido registrado meses atrás, regrediu novamente».

As previsões para Cuba, em curto prazo e segundo o reitor da Faculdade de Matemática e Computação da Universidade de Havana, são desfavoráveis. «É importante», frisou, «compreender que as medidas sanitárias e de restrição devem continuar sendo mantidas, que não nos podemos desmobilizar».

A cargo do doutor em Ciências Pedro Mas Bermejo esteve a análise relacionada com a intervenção em saúde e o impacto que esta teve nas estatísticas. Durante a sessão, o especialista partilhou um trabalho em que participaram vários especialistas.

Sobre os resultados da intervenção sanitária vivida por Havana, o expositor destacou que na primeira quinzena de junho houve uma lenta tendência de diminuição dos casos. «Existe uma boa forma de administração das doses, e isso leva a uma tendência sustentada de diminuição dos casos, e o mesmo ocorre com o número de mortes nos últimos dias».

O exposto, acrescentou, «não significa que a intervenção em saúde seja o único fator que condiciona o panorama atual, mas há evidências epidemiológicas e estatísticas de que está funcionando nos números que expressei anteriormente».

Em relação a outras províncias, onde existem grupos populacionais que já receberam doses das vacinas candidatas, mas em que não são apreciados resultados suficientemente satisfatórios (como Matanzas ou Santiago de Cuba), o presidente falou sobre a relevância, com acompanhamentos detalhados de cada campo, para que os processos de intervenção sanitária coincidam com os locais que apresentam maior complexidade epidemiológica.

HAVERÁ MAIS BOAS NOTÍCIAS

O encontro também foi a oportunidade de dar uma olhada em como estão progredindo os estudos com nossas vacinas candidatas. A doutora em Ciências Marta Ayala Ávila, integrante do Bureau Político do Partido e diretora geral do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), fez referência às novas portas científicas que se abrem com a eficácia recentemente anunciada da vacina Abdala (de que as pessoas já vacinadas reduzem em 92,28% a probabilidade de que, caso se infectem com o vírus, possam sofrer da doença ou passar a fases mais graves ou críticas).

Vicente Vérez Bencomo, diretor do Instituto Finlay de Vacinas, disse que o centro continua progredindo na avaliação da eficácia da terceira dose de Soberana e que ainda estão dando passos no estudo de intervenção em convalescentes.

A doutora Ileana Morales Suárez, diretora de Ciência e Inovação Tecnológica do ministério da Saúde Pública (Minsap), fez referência à forma como foi construído o arcabouço legal da intervenção e também seu suporte ético.

A máster Olga Lidia Jacobo Casanueva, diretora do Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (Cecmed), explicou os requisitos para a autorização do uso emergencial das duas vacinas candidatas. «Estamos acompanhando todo esse processo desde o início», afirmou. E falou de rigor, de que a entidade reguladora não perdeu «um minuto». Quando o uso emergencial for autorizado, disse, «essa será uma notícia muito importante».

Em consonância com a análise da primeira reunião, seguiu-se a reunião do Grupo de Trabalho Temporário para a Prevenção e Controle da Covid-19, chefiada pelo presidente Díaz-Canel Bermúdez, pelo primeiro-ministro e pelo membro do Bureau Político do Partido e vice-presidente da República, Salvador Valdés Mesa.

O titular do ministério da Saúde Pública (Minsap), José Angel Portal Miranda, apresentou números mundiais e cubanos que ilustram a complexidade da pandemia. Já existem 190 nações afetadas pela Covid-19 e mais de 3,8 milhões de mortes.

«Na Ilha maior das Antilhas» — detalhou — «foram diagnosticados 20.115 casos positivos nos últimos 15 dias, para uma taxa de incidência de transmissão de 179,8 por 100.000 habitantes, e o país acumula um total de 1.180 óbitos em decorrência do novo coronavírus, para uma letalidade de 0,69 %».