
«Este governo está vivo, não se cansa, não tem medo, estamos cheios de energia e entusiasmo, embora o que se passa nos magoe», comentou o membro do Bureau Político e primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz, durante seu discurso no comparecimento especial da segunda-feira, 12 de julho, que foi transmitido do Palácio da Revolução.
Desde as primeiras palavras, frisou que — em sua opinião — nenhum governo do mundo estava preparado para enfrentar esta pandemia, «uma pandemia da qual não se conhecia, de transmissão inviável e traiçoeira, e que tem impactado as agendas dos governos do mundo e, claro, não estamos isentos».
A este respeito, lembrou que assim que se soube o que se passava na China desde dezembro de 2019, decidiu-se fazer um alerta precoce ao sistema de vigilância sanitária do país.
Como pano de fundo, fez referência também ao fato de que em 30 de janeiro a Organização Mundial da Saúde declarou a Covid-19 como emergência internacional de saúde pública. Embora nada tenha acontecido em Cuba em janeiro, foram estudadas as diferenças dos países e ativados nossos cientistas, e em 3 de março foi aprovado pelo Bureau Político um Plano para enfrentar, prevenir e controlar o novo coronavírus, com 497 medidas.
«A aplicação deste Plano e de suas atualizações», disse, «junto com a participação popular e de especialistas, permitiu-nos avançar com sucesso no combate à pandemia e viemos evitando os surtos».
Em 6 de outubro de 2020, continuou, «foi feita outra atualização desse plano de medidas e foi aprovada a fase de uma nova norma, assente no controle efetivo de vários territórios e também na necessidade de dinamizar a nossa economia».
Explicou que depois da regeneração em dezembro, um momento muito complexo passou. Durante 2020, destacou, o país teve em média cerca de 1.200 casos positivos por mês e fechamos o ano com 146 óbitos. «Porém, neste ano, no final do primeiro semestre, a média mensal tem sido de 30 mil casos positivos e acumulamos 1.156 mortes nesse fechamento».
«Hoje, com a nova fase de transmissão comunitária, todas as disposições foram ajustadas e foram definidos requisitos sanitários de estrito cumprimento», comunicou.
«É assim que se define, por exemplo, a internação domiciliar, o que significa que uma pessoa internada esteja em casa e o médico de família a trata e a visita como se ela estivesse em um hospital», especificou o primeiro-ministro.
«Da mesma forma, o plano detalha os chamados centros ligados aos hospitais. Não é o mesmo que um centro de isolamento, são locais próximos a um hospital com certas condições, aos quais se estendem praticamente os mesmos serviços de um hospital»l.
Também destacou que este plano define uma atualização dos protocolos diagnósticos, modifica o protocolo nacional de manejo clínico e toma medidas associadas à mobilidade extrema. Relativamente à referida mobilidade, Marrero Cruz afirmou que «nem sempre temos obtido conhecimentos suficientes sobre o assunto e que é necessária uma conjugação de vários fatores».
Em primeiro lugar, argumentou, «do próprio Governo decretamos que as atividades econômicas e sociais sejam mínimas e autorizamos que deixem de funcionar fisicamente todos os centros que não são essenciais».
«Já falamos de trabalho remoto, teletrabalho, temos procurado medidas para interrupções, mas em relação à situação trabalhista apelamos a aprofundar esta questão e nos locais mais complexos só temos as pessoas essenciais pessoalmente», insistiu.
«Hoje 68% trabalham fisicamente em seu posto de trabalho e consideramos isso elevado. Não estamos dizendo que elas não venham para o trabalho, mas que realmente mantenham aquelas atividades que requerem presença física».
Da mesma forma, mencionou que o Governo tem adotado medidas concretas para não deixar ninguém desamparado, mesmo em grandes setores da economia que foram fortemente impactados, têm sido buscadas soluções para realocá-los ou pagar 60% do seu salário.
A isso, expressou, «soma-se a mobilidade das pessoas para adquirir serviços básicos, em meio à escassez de ofertas. Temos insistido com os governos na busca por medidas que aproximem o abastecimento das comunidades e bairros, o que permitirá uma melhor organização», afirmou.
Paralelamente, ratificou, foram tomadas medidas associadas à mobilidade nos transportes, começando pelo transporte estatal com reduções significativas; e formas estão sendo buscadas para organizar o transporte privado.
EM FACE DO NOVO SURTO, A COOPERAÇÃO NECESSÁRIA DE TODOS
Em relação à vacinação, o primeiro-ministro insistiu que não resolverá sozinha os problemas. «Certas medidas que temos tomado ajudam, mas não basta se não conseguirmos essa compreensão do povo», defendeu. «Sabemos que é difícil reduzir a mobilidade e não sair às ruas, mas se realmente queremos parar esse novo crescimento, precisamos da cooperação de todos».
Durante seu discurso, Marrero Cruz insistiu que cada território tem que ter seu plano de medidas, que se assemelhe ao território, já que essa batalha é travada no município. «O plano não é imóvel, deve ser enriquecido, mas a improvisação é fatal», reconheceu.
Quanto à organização dos trabalhos do Governo, comentou que desde o início foi aprovado o grupo de trabalho temporário para o confronto e controle da Covid, chefiado pelo presidente Díaz-Canel, dirigido pelo primeiro-ministro, e do qual participam muitos colegas.
«Este grupo não é um grupo burocrático. Essas reuniões», disse, «são quentes e as questões são discutidas minuciosamente; governadores são responsáveis e fortes críticas são feitas; não é improvisado; soluções e propostas são apresentadas; decisões são tomadas e orientações às demais instâncias».
Este grupo, acrescentou, «também não ficou imóvel e mudou seus métodos de ação».
Da mesma forma, disse, «foram criados grupos de trabalho temporários nos territórios, em nível provincial e municipal, e também foi criado um Grupo de Ciência para enfrentar a Covid-19, e desde então têm-se realizado reuniões semanais com especialistas e cientistas».
«Não se repete o tema e o nível de contribuição tem sido insubstituível para a tomada de decisões do país. Este grupo salvou muitas vidas, desde a concepção de protocolos e ações».
Além disso, relatou, um Observatório de Saúde foi criado e os diferentes protocolos de gestão clínica foram aprovados. Da mesma forma, acrescentou o primeiro-ministro, «foram apresentados 254 projetos de pesquisa, inovação, testes clínicos, que incluem vacinas candidatas».
Por outro lado, comentou a criação de um grupo formado por colegas e funcionários do Partido e do Governo, que incluiu sete ministérios para fiscalizar os territórios.
Segundo Marrero Cruz, essa nova estrutura detectou problemas, planos que não se assemelhavam aos territórios e reuniões que conferiam assuntos não necessariamente relacionados à Covid-19. «Com base neste trabalho, o presidente dirigiu a criação de sete comissões de trabalho temporárias dirigidas por um membro do Secretariado do Comité Central do Partido e um primeiro vice-ministro, dirigidas às províncias de maior complexidade», disse.
Durante sua palestra, também fez referência às visitas feitas por todos os territórios. Em 2020, disse, «foram realizadas mais de 40 visitas, verificando as principais prioridades».
Também mencionou que o Plano Nacional de Desenvolvimento até 2030 foi implementado nesta fase e a estratégia socioeconômica do país foi atualizada.
«Não trabalhamos apenas para resistir, mas não renunciamos ao desenvolvimento», disse. «A tudo isso»— acrescentou — se junta a implementação de todos os acordos do 8º Congresso do PCC, incluindo as 201 Diretrizes.
«Até agora, neste mês de julho», disse, já estivemos três vezes em Matanzas e, embora tenhamos tido que reorientar os principais esforços para salvar vidas, não deixamos de exercer as funções que nos correspondem como governo».
«Esta pandemia», explicou, «atingiu até as nações mais desenvolvidas e Cuba, um país com economia debilitada e 243 medidas dos Estados Unidos para atacá-la, sofreu um grande impacto: a colisão de dois trens como a pandemia e o bloqueio reforçado».
«Mas isso não nos assustou», disse Marrero. «Continuamos buscando soluções e alternativas para ver como com recursos próprios podemos satisfazer as necessidades básicas da população».
«Sabemos qual é a nossa responsabilidade e ficamos o tempo todo pensando e procurando soluções, e nossa mão não treme quando exigimos», garantiu. «Temos plena confiança no povo e no futuro. É difícil o que estamos passando, mas vamos enfrentá-lo e superá-lo».
SOBRE TURISMO E CONTROLE DE FRONTEIRAS
Perante a preocupação de que, se a atual situação epidemiológica na província de Matanzas se deve à abertura do turismo, o primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz, referiu que não seria correto responsabilizar os viajantes pela situação concreta que tem criado neste território.
«É lógico que haja dúvidas quando se trata de uma província que abriga o principal polo turístico do país, mas é uma combinação de vários fatores e deficiências», frisou.
«Não estamos deixando de reconhecer os riscos que a fronteira representa, mas para isso, foi tomado um conjunto de medidas relacionadas ao controle e protocolos de saúde foram. Não abrimos o turismo e viramos as costas para que funcionasse empiricamente. Não foi assim».
Por outro lado, frisou, «não é possível deixar de reconhecer a presença da cepa Delta neste território, e que as medidas e precauções não foram tomadas no mesmo nível da transmissão e da sua incidência. Para isso, disse, há problemas organizacionais e uma perda de percepção de risco por parte da população».
«Em ocasiões anteriores, chegamos a reconhecer o trabalho realizado pelo Grupo de Trabalho Temporário em Matanzas diante dos surtos da Covid-19 e do enfrentamento à pandemia», comentou. «Tanto assim que, até fevereiro, Matanzas estava em situação favorável, então, a presença da cepa identificada na África do Sul começou a ser notada e já em abril foi apreciada a entrada da variante Delta».
Também destacou que, desde o início da pandemia e a detecção dos primeiros casos da Covid-19, em 11 de março do ano passado, o país vem tomando um importante conjunto de decisões relacionadas ao controle das fronteiras e o turismo.
«Nesse mesmo mês de março», lembrou, «foram encerrados os voos e só foi permitida a entrada no país os cidadãos residentes em Cuba, além dos voos que vieram buscar os mais de 80 mil turistas que, na época, se encontravam na Ilha Também foi decidido interromper por um período o fluxo de saídas ao exterior, permanecendo apenas voos humanitários, de carga e de colaboração cubana», disse.
«Em julho de 2020, diante de uma situação mais favorável, passamos a receber alguns voos turísticos, principalmente do Canadá, e que se concentravam nas ilhas, evitando assim o contato direto com a população».
«Essas medidas também estiveram associadas a um conjunto de restrições e protocolos de saúde, como a obrigatoriedade de os viajantes portarem PCR negativo, realizado no mínimo 72 horas antes da chegada ao país, e realizar outro teste PCR à chegada a Cuba, bem como a decisão de limitar as excursões e o aluguel de veículos a essa zona turística».
«Ao mesmo tempo», disse Marrero Cruz, «também foram permitidos alguns voos para Havana, não mais turísticos, mas sim comerciais, de negócios e de assistência técnica».
«Essas limitadas operações turísticas estão sujeitas ao sistema de controle sanitário de nossos aeroportos e que são protocolos de estrito cumprimento».
Além disso, afirmou, «desde o início defendemos o critério de que se devia evitar a mobilidade dos turistas no território nacional. Isso está garantido, embora não possamos deixar de reconhecer que, em alguns territórios, inclusive Matanzas, os turistas estiveram nas ruas da cidade e, em alguns casos, até sem máscara de proteção», comentou.
Questões que, segundo o primeiro-ministro, nos levaram a tomar medidas mais fortes, não só pela limitação da saída dos polos turísticos, mas também no controlo que deveria existir em Varadero, mesmo na entrada da península.
Também mencionou que em dezembro do ano passado foram aplicadas medidas mais restritivas e voos de vários países foram suspensos. Hoje, disse, «a maior operação turística remanescente no país é a dos russos e, sobre isso, as opiniões divergem».
A primeira coisa, comentou, «seria reafirmar que o contágio de turistas não chega a 1%. Porém, começamos a perceber que esta operação, que envolve 14 voos diários, facilitou a mudança de muitos cubanos para a Rússia, e um número significativo dessas pessoas o fez para adquirir mercadorias que, posteriormente, comercializam ilegalmente».
«Levando em consideração o nível de contágio que estava atingindo o país por meio dessa última rota, tomamos a decisão de isolar esses viajantes nacionais no polo turístico por sete dias», disse.
Lembrou que, anteriormente, a maior parte destas pessoas chegava com uma infinidade de bagagens e o Governo garantia seu transporte para sua província e o centro de isolamento gratuitamente, ocupando por vezes um transporte de 50 passageiros, para apenas dez pessoas por dia. Carga adicional que eles traziam».
«Por outro lado, também notamos que havia pessoas que passaram na quarentena de sete dias, com PCR negativo, e depois testaram positivo para a Covid-19 quando voltaram para suas províncias. Por isso, o isolamento passou de sete para 14 dias, com os quais estamos minimizando os riscos de contágio».
O QUE ACONTECE COM A INDÚSTRIA DO TURISMO EM CUBA?
«A operação turística que existe no país neste momento é incipiente», reconheceu o primeiro-ministro durante sua intervenção.
«Um dos setores mais afetados no mundo pela Covid-19 foi justamente esse, o das viagens, e que teve um grande impacto em nosso país, tendo em vista que a receita do turismo tem uma participação importante na economia nacional», especificou.
«Atualmente, em nível internacional», disse, começa a se notar uma ligeira recuperação do turismo e Cuba autorizou operações específicas com a Rússia, Canadá, Reino Unido e Alemanha, por exemplo».
«Não podemos dar as costas ao mundo. A situação do país exige essas receitas do turismo, que, embora ainda sejam escassas, gerou mais de 200 milhões de receitas em moeda estrangeira e que são utilizadas, fundamentalmente, para a aquisição de produtos para a população».
Assinalou que, em 2019, com o reforço das medidas impostas pelo governo Donald Trump, recebemos 4,2 milhões de turistas em Cuba. «No ano passado, com um cenário da Covid-19, chegaram ao país 1.08 milhão e nos primeiros meses de 2021, recebemos apenas 122.000 turistas».
«Por outro lado», destacou, «o turismo tem sido um dos setores que tem mais trabalhadores disponíveis devido ao encerramento de hotéis e serviços associados. No entanto, muitos deles foram incorporados a outras tarefas relacionadas com o enfrentamento da pandemia, seja a partir de centros de isolamento, hospitais, zonas vermelhas, realizando tarefas de limpeza, servindo comida, prestando socorro. E isso é admirável», reconheceu.
Da mesma forma, quase todos os parques de campismo e cerca de 30 hotéis trabalham em função da Covid-19 e outros centros estão habilitados para prestar atenção às pessoas», relatou.
Salientou ainda que, desde há alguns anos, está sendo promovido o acesso do turismo nacional, e para este verão foi desenhado um plano que contempla a venda de pacotes turísticos.
«No entanto, a complexa situação epidemiológica em que nos encontramos obrigou-nos a adiar tais ofertas. Não renunciamos a essa opção e nossas instalações estão prontas para quando chegar a hora de podermos prestar esses serviços à nossa população», garantiu.
Ao concluir, afirmou que, «no dia em que o Governo vir que o risco destas operações turísticas é maior do que a capacidade que temos para controlar tal situação, não pouparemos em suspender temporariamente o turismo ou fechar as fronteiras».