
O membro do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, denunciou na quinta-feira, 22 de julho, a falsidade dos argumentos do Governo dos Estados Unidos para sancionar o povo e as instituições cubanas e desmascarou as reivindicações de manipular a opinião pública contra a Revolução Cubana.
Em entrevista coletiva, o chanceler se referiu à declaração do presidente Joseph Biden, na qual informa sobre as sanções de seu Governo ao ministro das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba, general-de-corpo-de-exército Álvaro López Miera, e à Brigada Nacional Especial do ministério do Interior, medidas unilaterais que qualificou de irrelevantes no sentido prático, mas relevantes no caráter político e de ingerência.
«O presidente dos EUA anuncia que continuarão as sanções contra os responsáveis por aquilo que chama de repressão ao povo cubano, o que rejeito categórica e absolutamente. Aqui não houve um ato de repressão contra o povo cubano, da mesma forma que não houve uma eclosão social, como já denunciei, apesar da persistente falsidade de alguns meios de comunicação internacionais bem estabelecidos», afirmou.
Questionou a mudança de opinião do presidente dos Estados Unidos, que passou a declarar que Cuba é uma prioridade absoluta para seu governo, ao contrário do que foi dito anteriormente, mas que lhe fornece argumentos para manter o bloqueio injusto e justifica ações práticas para impor mais sanções.
Rodríguez Parrilla declarou: «O presidente dos Estados Unidos e seu Governo poderia lidar melhor com o padrão racial diferenciado, os erros judiciais, o racismo sistêmico, a repressão brutal do protesto social em seu território, aqueles que foram legitimamente produzidos como resultado do assassinato frio de cidadãos afrodescendentes. Também poderia lidar com a situação de seus mais de 400 jornalistas que sofreram ferimentos ou violência durante a cobertura das manifestações raciais.
Afirmou que o governo da Casa Branca carece de autoridade moral para pedir a libertação de pessoas detidas em Cuba, o que é considerado um ato de ingerência e intervenção: «Mentem quando se referem a manifestantes pacíficos, evitam reconhecer que houve atos violentos, evitam as denúncias que vêm sendo feitas por nosso Governo, primeiramente da persistente instigação do terrorismo, organizado a partir do território norte-americano» e acrescentou que ainda há que refutar as acusações que ele fez pessoalmente dias antes.

Defendeu que as autoridades cubanas e, em particular, as da ordem interna, atuam em estrita conformidade com a lei, com absoluto respeito às normas que regem sua conduta, com o mínimo de força diante do vandalismo e dos atos violentos que causaram ferimentos a policiais, civis e cidadãos cubanos que proclamaram seu apoio à Revolução e ao Governo cubano.
«Atualmente o país está em absoluta calma, os serviços estão funcionando normalmente e convoco a imprensa a percorrer as ruas do país e testemunhar, objetivamente, as condições de tranquilidade, apesar das condições adversas provocadas pelo flagelo da pandemia», disse.
«Apelo a qualquer autoridade do Governo dos Estados Unidos, que supostamente se preocupa com os chamados manifestantes, ou entidades de qualquer país, a apresentar o caso de uma única pessoa desaparecida. Prometo, em poucas horas, negar isso com provas suficientes», enfatizou o ministro, referindo-se às falsas listas de supostos desaparecimentos que circulam na imprensa e nas redes sociais.
Aludiu ao fato de que em países da América do Sul ocorreram milhares de assassinatos de defensores dos direitos humanos, ativistas sociais, líderes comunitários, pessoas que aderiram a processos de paz ou casos terríveis, dos quais Washington tem sido muito tímido em se referir a eles, tal como os chamados de falsos positivos, ou assassinatos de civis, para apresentá-los como beligerantes.
«Não é em Cuba que se utilizam sofisticados meios de repressão, equipamentos mecânicos, substâncias químicas, explosivos paralisantes, lançadores automáticos de bombas tóxicas». E ressaltou que isso acontece na Europa e nos Estados Unidos, sem que a imprensa fale muito sobre o assunto.
«Convoco o Governo dos Estados Unidos ou qualquer outra pessoa que mencione o nome de um menor que esteja detido neste momento. Rejeito a insustentável calúnia de que houve perda de vidas de menores e jovens em relação a estes acontecimentos», convocou, reafirmando que em Cuba se procedem com estrita observância da Constituição e das leis processuais substantivas, com todas as garantias de devido processo legal, o tratamento judicial dos casos dos detidos, muitos deles já em liberdade, após serem multados ou submetidos a medidas cautelares domiciliares.
«Rejeito veementemente que tenha havido um caso de tortura e exorto as pessoas que o referiram a apresentarem nomes, lugares e provas», afirmou, e argumentou que o principal obstáculo à conectividade dos cidadãos cubanos à Internet, às redes digitais e outros serviços de telecomunicações, é o bloqueio de Cuba.
Destacou a preocupação com a manipulação de informações e imagens, com finalidades claramente políticas. E deu exemplos de relatórios da CNN e da FOX em espanhol, que realizam manipulações sistemáticas e mentirosas, violando suas próprias regras e padrões de informação elementares, aplicando tecnologias sofisticadas para adulterar conteúdos específicos.
Referindo-se aos atentados contra as lideranças da Ilha maior das Antilhas, declarou ser testemunha e participante «da consagração do Governo na atenção às dificuldades e carências, às privações e angústias geradas pelos problemas da população devidos à escassez de insumos, o déficit de remédios e as difíceis condições que vivemos hoje». E elogiou, porém, os indicadores nacionais de gestão da pandemia, melhor do que muitos países, como no caso da fatalidade.
Negou que o mecanismo Covax possa ser viável para Cuba, pela limitada cobertura de vacinas que pode garantir e por serem caras. «Este mecanismo falhou miseravelmente no abastecimento das vacinas pagas e contratadas, como aconteceu com as transnacionais que se enriqueceram de forma vil à custa da pandemia e que não cumprem os seus compromissos no dia-a-dia».
Fez alusão ao discurso do presidente Biden sobre a revisão do envio de remessas para a Ilha caribenha e culpou as medidas tomadas por Donald Trump, que impossibilitaram o bom funcionamento desse mecanismo.
«Os porta-vozes dos EUA mentem descaradamente quando dizem que o Governo cubano se apropria de parte das remessas», sentenciou, e lhes pediu que apresentassem provas, já que Cuba não taxa esse dinheiro com impostos ou tarifas.
Em outra parte de sua intervenção denunciou a pressão exercida sobre governos soberanos para condenar Cuba pelos fatos ocorridos em 11 de julho, e convidou a procurar a Declaração publicada nas redes sociais, para reproduzi-la na imprensa.
Deu mostras de tentativas de criar instabilidade e danos à ordem constitucional, a partir de uma campanha midiática e política que começou em 15 de junho e se estende até este minuto, pela qual responsabilizou Washington. «É sua responsabilidade prevenir a continuação do incitamento à violência e ao terrorismo da mídia baseada na Flórida contra nosso país».

O chanceler fez referência aos supostos danos à saúde dos diplomatas norte-americanos, algo investigado por eminentes especialistas há quatro anos, argumento que só serviu para restringir os procedimentos consulares dos cubanos que desejam visitar ou emigrar para os Estados Unidos, algo vergonhoso e cuja culpa recai na extrema direita da Flórida.
«Denunciei, desde 23 de junho, que é o Governo dos Estados Unidos age de forma irresponsável em relação às questões migratórias, por motivação política, e será sua responsabilidade se continuar custando vidas ou se originar fluxos irregulares e desordenados de Cuba para os Estados Unidos», frisou, antes de alertar sobre a pretensão de realizar uma provocação, utilizando uma flotilha de barcos que pretende viajar até os limites das águas territoriais cubanas.
«Reitero que o Governo dos Estados Unidos persiste, até este minuto, com uma enxurrada de declarações e acusações, num ato de grosseira ingerência nos assuntos internos da República de Cuba, com o objetivo de alterar a ordem constitucional e violar o direito internacional e nossos próprios direitos», concluiu.







