ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Foto: tirada da Internet

Nenhuma mulher grávida morreu em Cuba como resultado da Covid-19 em 2020; apenas uma atingiu o estado grave; e houve 110 infecções no total. Infelizmente, neste ano já houve 4.536 gestantes e puérperas com diagnóstico do vírus; 320 foram admitidas em unidades de cuidados intensivos; e 35 morreram.

Os números não só preocupam, mas também ocupam os responsáveis ​​no país pela saúde e pela vida das gestantes, puérperas e seus bebês.

Assim, na terça-feira, 10 de agosto, durante uma nova reunião de trabalho do primeiro secretário do Comitê Central do Partido e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, com cientistas e especialistas que participam do confronto com o SARS-CoV-2, foi analisado detalhadamente como tem sido o comportamento da doença nesse grupo populacional no país. No encontro, como habitualmente, participou também o membro do Bureau Político e primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz.

Segundo Noemí Cauza Palma, chefa nacional do Programa Materno-Infantil (PAMI), estudos realizados em todos esses meses mostram que os maiores fatores de risco são a idade materna acima de 30 anos, uma idade gestacional maior que 26 semanas, a obesidade, a hipertensão e a diabetes.

Estar grávida, explicou, «aumenta os riscos de complicações da Covid-19, uma vez que existem condições que as mulheres grávidas apresentam que as tornam mais vulneráveis». Entre elas, referiu-se, em primeiro lugar, à sua imunologia, que está muito comprometida de uma forma geral. Além disso, disse, «o sistema respiratório passa por transformações, principalmente no final da gravidez, quando o crescimento do útero desloca o diafragma para cima».

A partir de uma rápida comparação do comportamento da doença entre 2020 e 2021, a chefa nacional do PAMI chamou a atenção para o fato de, em relação à morbilidade, durante o ano de 2020 existirem províncias que não notificaram o contágio de nenhuma grávida, como os casos de Mayabeque, Cienfuegos e Granma.

No entanto, neste ano foram diagnosticadas pacientes em todo o território nacional, sendo Havana (1.425), Matanzas (719), Santiago de Cuba (468) e Guantánamo (221), as que apresentam os maiores números.

As 320 grávidas que deram entrada nos serviços de cuidados graves, especificou, representam 7,1% de todas as que adoeceram. Os maiores incidentes foram registrados em Ciego de Ávila (13,4%), Guantánamo (10,1%) e Camagüey (9,4%).

Associado a isso, comentou que, de acordo com os estudos realizados, a sobrevida de mães gravemente enfermas e em estado crítico nas unidades de cuidados intensivos em geral no país é de 89,1%. Particularmente as províncias de Pinar del Río, Sancti Spíritus, Las Tunas, Holguín e Granma alcançam 100% de sobrevivência.

Também lembrou que a primeira gestante faleceu em abril passado, o que coincidiu com a detecção da cepa Delta no território nacional. Em julho, infelizmente, o número subiu para 23, e em agosto já ocorreram 6 mortes.

De acordo com a informação prestada por Cauza Palma, as taxas de mortalidade mais elevadas manifestam-se em Matanzas, Ciego de Ávila, Guantánamo e Mayabeque, o que está intimamente relacionado com a circulação da cepa Delta naqueles territórios.

Ao apresentar uma caracterização clínica das gestantes e puérperas que faleceram, especificou que 97% das estudadas tinham mais de 26 semanas de gestação; a idade variou entre 20 e 38 anos; 34% sofriam de comorbidades associadas, como asma brônquica, epilepsia, falcemia e lúpus eritematoso; e 37% morreram com embolia pulmonar.

No âmbito das ações que estão sendo implementadas para proteger este grupo populacional de alto risco, a chefa nacional do PAMI explicou que «a vacinação das grávidas está correndo bem e o processo tem sido acolhido com satisfação, tanto pelas grávidas como pelos seus familiares, e 89,1% do universo a ser vacinado já recebeu a primeira dose», garantiu.

Também destacou o fortalecimento de outras medidas, tendo em conta, acima de tudo, sempre defender que a prevenção é o mais importante.

Como parte do reforço da assistência pré-natal, optou-se por admitir em lares maternos todas as gestantes que, às 26 semanas de gestação, apresentem fatores de risco; não permitir que qualquer paciente suspeita ou positiva de baixo risco esteja em casa se estiver grávida ou no pós-parto; e usar o Nasalferon em mulheres grávidas ou puérperas, uma vez que os contatos de casos positivos tenham sido declarados.

Justamente sobre as vulnerabilidades e suas consequências, tanto para a mãe quanto para o bebê, o doutor Danilo Napoles Méndez, assessor do Programa de Puericultura e Maternidade, comentou amplamente. Os elementos oferecidos, embora talvez possam ser muito técnicos para alguns, são essenciais para entender por que esse grupo populacional está sob alto risco.

Com a Covid-19, disse, «todos nós tivemos que aprender, e uma das tarefas mais difíceis tem sido com as mulheres grávidas. É um trabalho extremamente complexo, e mesmo com os resultados obtidos e os esforços que têm sido feitos, não estamos satisfeitos», afirmou.

A seguir, lembrou como 37% da mortalidade nesse grupo populacional está relacionada ao tromboembolismo pulmonar, que está associado de forma fundamental ao aumento gradual, por volta do terceiro trimestre da gestação, de todos os fatores de coagulação.

Ao longo da gravidez, esclareceu, «a mulher continua dando oxigênio e nutrientes ao feto, o que significa que o feto está constantemente extraindo o oxigênio da mãe, independentemente das condições em que ela se encontre».

Portanto, se a gestante tem insuficiência respiratória, ela está piorando permanentemente e desconhece esse conceito. Pela biologia, seu corpo está preparado para continuar fornecendo a essa criança o oxigênio de que ela necessita, mesmo em condições muito difíceis. O agravamento, de certa forma, poderia então ser permanente, daí não só o aumento de pacientes gravemente enfermos, mas também de partos prematuros em mães infectadas.

É um cenário que certamente exige reflexão, responsabilidade acrescida, cumprimento de cada uma das medidas epidemiológicas que tentam minimizar as infecções, principalmente no domicílio, onde tanto podemos fazer para proteger os mais vulneráveis.

Sobre alertas e previsões também comentou durante a reunião Raúl Guinovart Díaz, reitor da Faculdade de Matemática e Computação da Universidade de Havana, que explicou que nas províncias de Pinar del Río Cienfuegos, Mayabeque, Ciego de Ávila e Santiago de Cuba houve uma aceleração do crescimento dos casos, enquanto em Matanzas, Havana e Guantánamo o aparecimento de novos casos está abrandando.

«Se fosse interrompido o processo de vacinação iniciado no país» — considerou — «a aceleração aumentaria, indicando um crescimento mais rápido dos casos confirmados».

Por outro lado, adiantou que, em curto prazo, as infecções diárias deverão continuar elevadas, com valores superiores a 7.500 casos. «De acordo com as previsões», disse, «a expectativa é que no final de setembro o número de novos pacientes e de casos ativos comece a diminuir».

E para tomar decisões oportunas e proteger nossa população, na reunião do Grupo de Trabalho Temporário de Prevenção e Controle do novo coronavírus, nesta terça-feira, 10, à tarde também foi avaliado criteriosamente o cenário epidemiológico do país, que continua muito complexo.

Liderado pelo presidente da República e dirigido pelo primeiro-ministro, durante o intercâmbio com as mais altas autoridades de todas as províncias e do município especial de Isla de la Juventud, foi feito um comentário particular sobre a transmissão sustentada fora de casa que se observa na maioria dos territórios; a diminuição das infecções alcançada na província de Matanzas; bem como outras questões essenciais para o sucesso nesta batalha permanente que Cuba vem travando pela vida toda.