
O desenvolvimento do processo de vacinação em massa contra a Covid-19 no país tem coincidido com o aumento de casos positivos, graves, críticos e óbitos pela pandemia, o que tem gerado preocupação na população quanto à eficácia das vacinas.
Para esclarecer sobre esta questão e outras questões da imunização em massa que se espalhou por várias províncias do território, o Granma Internacional conversou com o dr. Eduardo Martínez Díaz, presidente do grupo empresarial BioCubaFarma.
«Nos últimos meses, houve um aumento significativo na incidência da doença Covid-19 em nosso país, o que por sua vez levou a um aumento no número de pessoas com doenças graves e mortes. A causa fundamental deste fenômeno é dada pela chegada a Cuba da variante Delta do vírus SARS-COV-2 e sua rápida expansão. Esta nova cepa tem como características uma maior transmissibilidade, a mais alta de todas as variantes que surgiram até agora. Também foi relatado que tem um período de incubação curto e atinge uma carga viral elevada, equivalente a mais de mil vezes a de outras variantes».
«Essa nova cepa, que foi detectada pela primeira vez na Índia, se espalhou rapidamente pelo mundo, causando uma nova onda de infecções, mesmo entre as pessoas vacinadas. Os países com alta cobertura de vacinação também estão relatando níveis significativos de transmissão da variante Delta».
«Embora essa nova variante do vírus não escape da proteção das vacinas atuais, há evidências de uma diminuição em sua eficácia. Em um estudo recente, publicado no The New England Journal of Medicine, a eficácia das vacinas Pfizer e Astrazeneca contra a variante Delta está diminuída, em comparação com a que encontraram com a Alpha».
«À medida que essa cepa se espalha pelo planeta, surgem mais casos de pessoas, totalmente vacinadas, que se infectam e até morrem. Isso não significa que as vacinas tenham parado de funcionar, elas ainda são eficazes, principalmente para proteger contra a gravidade e a morte, mas com essa variante Delta há uma diminuição na proteção».
As vacinas cubanas são eficazes contra a variante Delta?
«A evidência que existe até agora sobre a eficácia das vacinas cubanas, mesmo no cenário de circulação da cepa Delta, é muito boa e animadora, embora o impacto na redução da gravidade e morte deva continuar a ser medido, na medida em que a imunização da população progredir».
Que resultados mostram os dados preliminares sobre a eficácia das vacinas cubanas?
«Em Cuba, a vacinação da população começou em maio, e até 14 de agosto 2,6 milhões de pessoas haviam recebido as três doses e tinham, pelo menos, 14 dias após a última, que é o tempo a partir do qual se mede a eficácia».
«Segundo os dados do Ministério da Saúde, apenas 0,96% dessas pessoas totalmente vacinadas foram infectadas com o vírus e a sobrevivência foi de 99,9956%, ou seja, apenas 0,0044% morreram».
«Por outro lado, em Havana, onde se registrou o maior progresso na vacinação, constatou-se que a mortalidade por 100.000 habitantes entre as pessoas totalmente vacinadas no final de 14 de agosto era de 2,7, enquanto entre as não vacinadas era de 117, ou seja, uma redução de 43 vezes na mortalidade».
«Também se constatou, após a aplicação de mais de dez milhões de doses, um baixo índice de efeitos colaterais, o que confirma o alto nível de segurança das nossas vacinas».
«A chave para sair dessa situação é continuar completando a vacinação e manter o cumprimento das medidas de proteção individual e coletiva».
Quando deve ser concluído o processo de vacinação da nossa população? Quando as idades pediátricas, convalescentes e alérgicas ao timerosal serão vacinadas?
«Desde que começamos a relatar o desenvolvimento de nossas vacinas, explicamos que em 2021 toda a nossa população estaria imunizada. É um compromisso que temos e vamos cumprir».
«O prognóstico é que entre agosto e setembro teremos praticamente todas as doses de vacinas para imunizar a nossa população».
«Em setembro a taxa de aplicação de vacinas deve ser maior. O objetivo é acelerar a vacinação de idosos e pessoas com doenças crônicas, tornando-os mais suscetíveis a complicações e morte. Nesse mesmo mês, esperamos ter autorização para iniciar a vacinação em massa da população pediátrica a partir dos três anos de idade».
«Entre setembro e outubro, também será fornecida uma vacina sem timerosal para as pessoas alérgicas a esse composto usado como conservante, e as convalescentes da Covid-19 em nosso país serão vacinadas com uma dose. Estimamos que em novembro praticamente toda a população cubana estará vacinada».
«Tivemos que superar grandes desafios, fortes obstáculos impostos pelo bloqueio econômico para produzir vacinas em larga escala, mas estamos conseguindo».