
«Fazemos parte de um mesmo povo, fazemos parte do mesmo projeto que defendemos e com o qual nos sentimos comprometidos, e também fazemos parte da convicção de que podemos ter um país melhor». Esta certeza foi partilhada na terça-feira, 24 de agosto, desde o Palácio da Revolução, pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.
Fê-lo perante representantes de instituições religiosas e associações fraternas da Ilha, num encontro que faz parte de outros que têm vindo a acontecer com vários setores, para pensar juntos, como disse o chefe de Estado, sobre como continuar fazendo uma Cuba na qual todos seus filhos se encaixem em unidade, respeito mútuo e no apego a uma vida mais edificante.
«Eu acredito que com encontros como este, com o que vocês fazem no dia a dia, com o que vocês contribuem, estamos fortalecendo o respeito com que sempre nos tratamos: estamos fortalecendo valores compartilhados», disse o presidente, em uma troca que foi também presidida pelo membro do Bureau Político e secretário de Organização e Política de Quadros, Roberto Morales Ojeda; pelo membro do secretariado e chefe do Departamento Ideológico do Comitê Central, Rogelio Polanco Fuentes; e pela chefa do Gabinete de Atenção aos Assuntos Religiosos do Comitê Central, Caridad Diego Bello, quem afirmou: «Esta reunião é a continuação das realizadas pelo chefe histórico da Revolução, Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, com representantes de vários setores religiosos durante os anos 70, 80 do século passado». Também lembrou o encontro de 2 de abril de 1990, «que abriu um caminho nas relações Igreja-Estado».
Nesse momento importante, frisou, participaram representantes de igrejas protestantes e evangélicas, e também da comunidade hebraica: «Eu diria que depois se acelerou todo o processo de relações, de vínculos, de trocas com todas as instituições. Estas ligações estiveram presentes, em todos estes anos, a partir dos municípios. Vários participaram nos níveis municipal, provincial ou superior, junto com líderes do Partido ou do Governo».
Foi Caridad Diego quem explicou que estiveram presentes representantes de várias religiões: judeus, islamitas, budistas, cristãos, espíritas, de religiões de origem africana e orientalistas, bem como associações fraternas. Tal como ela indicou, membros da Plataforma Interreligiosa Cubana participaram, a título pessoal ou institucional, que nasceu em 2011 e encontraram cenários como em Matanzas e Granma.
Depois de reconhecer que alguns não puderam chegar devido à Covid-19, e expressar condolências pelo falecimento de vários dirigentes das entidades reunidas, Caridad Diego convidou os presentes a compartilharem suas opiniões e sentimentos ali.
SENTIMENTO DE IRMÃOS
O dr. Enrique Alemán Gutiérrez, coordenador da Plataforma Interreligiosa de Cuba, foi o primeiro a falar. O também presidente da Federação dos Espíritas de Havana e da Sociedade Espírita Quisicuaba, agradeceu o espaço cedido pelo chefe de Estado para a troca de ideias.
Alemán Gutiérrez disse a Díaz-Canel que há mesmo «mulheres e homens dedicados aos caminhos da fé, às associações fraternas que fazem por Cuba todos os dias e colocam seu coração por Cuba, cada um, a partir de sua perspectiva, de sua visão de mundo».
«A Plataforma Interreligiosa Cubana», precisou, «já tem uma história que vem das relações ecumênicas dos religiosos cubanos». E evocou que as primeiras ações foram em busca do retorno dos Cinco; e como depois foi a vez dos esforços pela paz, pela unidade das pessoas e famílias da Ilha.
Os religiosos, disse Alemán Gutiérrez, «estão unidos na nação para realizar a obra da vida, que é a prática do bem e do amor ao próximo. As religiões em Cuba vivem em paz», afirmou, «não temos nenhum tipo de diferença, somos capazes de assimilar uma cosmovisão muito ampla deste mundo. Não temos guerras religiosas, e isso também emana dos componentes étnicos da nação cubana e desta Pátria». E depois foi retumbante: «Conte com os religiosos cubanos, presidente, em todos os sentidos da palavra, e diga-nos o que mais devemos fazer».
Gisela Lucrecia Braña Fernández, diretora da associação espírita Quisicuaba, que vem realizando importante trabalho comunitário no conselho popular Los Sitios, do município de Centro Habana, especificou que existem 29 projetos que se comunicam pessoa a pessoa e que também chegaram a hospitais, lares para crianças sem proteção familiar, escolas, creches e vacinas.
Ela convidou o presidente a visitar «nosso refeitório, que até segunda-feira dava comida de graça para 2.157 pessoas». E, em nome dos irmãos Quisicuaba, disse: «Estamos prontos para cumprir qualquer tarefa que a Pátria e a Revolução necessitem».
Norberto Quesada Rodríguez, presidente da Convenção Evangélica de Cuba Los Pinos Nuevos, contou como existe o projeto grão de areia da ONU, que possibilita, na Havana Velha, alimentar e ajudar idosos.
Paúl Prieto González, diretor da Soka Gakkai de Cuba, falou sobre o cultivo da alma por meio da educação. Joannet Delgado de la Guardia, diretora-geral da mesma entidade, falou sobre a importância da criação de valores espirituais. E Roberto Padrón Silva, presidente da Associação Cultural Iorubá de Cuba, destacou que a instituição a que pertence promove o valor da justiça social, ao mesmo tempo que proíbe as más intenções entre os seres humanos e as críticas que não sejam civilizadas.
David Prinstein, vice-presidente do Coordenador da Comunidade Hebraica de Cuba, falou sobre paz e respeito. E José Knights Rodríguez, presidente do Cabildo Arará e praticante de Palo Monte e Santeria, disse que devemos «nos unir como um povo».
Assim, vários explicaram a rebelião e a coragem do cubano, compararam a pandemia com um inverno terrível que um dia o sol nascerá, disseram não à interferência imperial, porque, como ilustrado por um líder religioso, ninguém vai sentar-se nos cômodo de uma casa alheia, sem pelo menos pedir licença, e ainda menos dizer como colocar os móveis.
O presidente, a quem os interlocutores pediram autorização para o chamar de «irmão Miguel», agradeceu o encontro, que a seu ver muito contribuiu, «e isso é algo que nos tem repetido em todos os encontros que temos vindo a realizar nos últimos semanas com representantes dos diferentes setores da nossa sociedade».
O presidente falou do aprendizado que vem desses debates que estão «nos colocando em condições de ir em busca de ações, medidas, redesenho de políticas públicas, programas sociais, estilos de trabalho, do Partido, do Governo, do Poder Popular». E destacou a importância de colher valores.
A respeito deste último, raciocinou que não podemos esperar para superar a dureza econômica, a dureza da agressão do inimigo histórico, para depois crescer espiritualmente: «Até para crescer em meio a tantas adversidades é preciso nos encher de força, energia, espírito, e isso tem a ver com emoções, com sentimentos, que também nos dão uma compreensão dos problemas que temos que enfrentar; e aquela vocação sentimental, espiritual, de paz e de compromisso com o aperfeiçoamento humano, a estamos levando conosco de uma forma muito íntima, porque vocês a expressam de uma forma muito transparente, e se percebe que estamos falando com pessoas de tremenda integridade humana».
Em um encerramento coroado de orações para abençoar o povo, seu presidente e seus dirigentes, Díaz-Canel afirmou que «sairemos de tudo o que é mau», mas «temos de enfrenta-lo com coragem e sem pessimismo, porque, se não, o pensamento está bloqueado, a capacidade de fazer está bloqueada, e eu sempre digo que nossa resistência tem que ser uma resistência criativa, não uma resistência que nos subordina apenas para resistir, mas no meio dessa resistência, e no meio dessa adversidade podemos avançar, podemos criar, podemos superar as dificuldades».
Rosa Maday García García, vice-presidenta da Igreja de Deus em Cristo e da Confraria dos pastores e ministros evangélicos de Cuba, rezou por nosso povo e pela saúde de cada um de nós. Os religiosos abençoaram esta bela Ilha, pediram a união dos cubanos e a cura em meio a um inverno que, para quem conhece o significado da palavra esperança, não pode ser eterno.







