
A tarde do dia 5 de outubro no jornal Granma foi algo nunca visto. Todo o pessoal do Granma sabia que as cinzas de Marta Rojas voltariam para o que foi sua maior casa, aquele lugar onde, com sua caneta, ela cresceu de si mesma; aquele templo que sempre defendeu com a sua assinatura, porque muito antes se declarou fiel a Fidel, o homem que atacou o Moncada para fazer de Cuba um país com decoro.
Impacta o silêncio do salão, apenas interrompido pelo passo estranho, ou pela emoção que desperta ao vê-la tão bonita em seu retrato, sorrindo para todos nós, como ela costumava fazer.
Amigos vêm de muitas partes, colegas que fazem parte de outros grupos, alguns até aposentados, personalidades distintas, rostos de instituições que sabem seu valor, e seus companheiros do iate, de cujos lábios puderam sair milhares de anedotas, histórias apaixonantes, das quais Marta é protagonista jovial, intrépida, espirituosa e imprevisível.
E aí está a caixa, acompanhada pelas oferendas de flores do general-de-exército Raúl Castro Ruz e do presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez, primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba; o presidente da República Socialista do Vietnã, Nguyen Xuan Phuc, e o ministério das Relações Exteriores daquele país irmão; a Associação de Combatentes da Revolução Cubana; de muitas partes. E aí estão suas medalhas, seu Prêmio Nacional de Jornalismo José Martí, seus infinitos livros e sábios. Sua bandeira.
Depois da guarda de honra, as palavras de Yailin Orta, diretora do Granma, falam de Marta em uma linguagem de chegada. Sem adeus. «Ela nos chama para celebrar a vida», diz, e a retrata com seu «otimismo contagiante”, e garante: «Marta não nos preparou para este momento». O público escuta e, ao mesmo tempo, guarda aquelas imagens de Marta Rojas que conheceu, dinâmicas e audaciosas, incompatíveis com a morte.
Não há dúvidas. Marta foi para outra dimensão, mas nunca deixará de nos acompanhar «no traçado de novos caminhos» para defender aquela que foi sua maior paixão: a Revolução.







