ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA

«A situação epidemiológica em Cuba se transforma para melhor a cada dia, graças», disse o presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, «ao compromisso e atuação do sistema de saúde cubano e pela contribuição da ciência e da inovação».

«Os nossos cientistas com suas vacinas — sem exageros — contribuíram para salvar o país», disse o presidente, na quarta-feira, 19 de outubro, ao presidir à última reunião do Conselho de Ministros, chefiada pelo primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz.

«Ficam evidentes os resultados que a campanha de imunização está tendo e a eficácia das vacinas, que começaram a ser aplicadas em condições muito difíceis, com alta circulação da cepa Delta», avaliou o primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista.

«Nas últimas semanas», lembrou, «mantivemos uma queda estável no número de casos diários, os falecidos, os pacientes internados e os casos ativos, em números que se distanciavam no tempo».

Fazendo um balanço do que a nação viveu durante este ano, o chefe do Estado afirmou que durante vários meses «tivemos mais de 8.000 casos por dia e hoje estamos em menos de 2.000. Os modelos de previsão mostram que nos próximos dias vamos ficar abaixo de 1 000 positivos diários».

«Passamos por momentos de ter mais de 96.000 pessoas internadas em todo o sistema de Saúde, hoje contamos com cerca de 16.000, temos mais de 30.000 casos ativos e até o momento esse número caiu para cerca de 6.000».

Photo: Estudios Revolución

«As vacinas mostraram uma das potencialidades da Revolução, honraram o pensamento visionário do Comandante-em-chefe e o acompanhamento que o general-de-exército posteriormente lhe deu, quando propôs converter todo aquele polo científico em um robusto sistema de negócios».

«Com sua comprovada alta eficácia, as vacinas tornaram-se um sentimento de orgulho nacional», refletiu Díaz-Canel perante o órgão máximo do Governo cubano. «Elas nos ajudaram a chegar a uma nova normalidade, que agora nos permite reativar nossa atividade econômica, tanto estatal como privada».

«Estamos falando», especificou, «de abrir o turismo, de normalizar as viagens cubanas; e as possibilidades de exportação de vacinas e serviços, elevando assim os níveis de renda do país, depois de ter tido quase todas as fontes de financiamento cortadas por mais de um ano».

Referindo-se aos duros impactos da crise econômica que atravessa o país, em função da pandemia, do forte bloqueio dos Estados Unidos e das insuficiências internas, Díaz-Canel citou opiniões desfavoráveis ​​da população motivadas pela inflação, falta de produtos nas lojas, o mercado ilegal de câmbio de divisas, a persistência das desigualdades, a difícil situação dos aposentados, a relação salário-preço, bem como a ocorrência de alguns atos de corrupção. Tudo isso, disse, «é acompanhado por expressões de desconfiança e pessimismo».

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«Temos que reverter isso», disse. «Aqui a gente não trabalha para que a vida das pessoas fique mais difícil a cada dia, aqui nos sangramos para buscar que a população esteja melhor, mas a forma como o Estado e o Governo estão agindo é limitada por todas as restrições que a pandemia e a política agressiva dos Estados Unidos nos impuseram».

«O bloqueio vai se manter», refletiu o presidente cubano, «portanto, o apelo é para que possamos, com inteligência e aproveitando nosso próprio potencial, fazer melhor as coisas para superar esta situação».

Díaz-Canel mencionou o que está sendo feito nos bairros, além das deficiências e do cerco econômico. «Não podemos deixar-nos vencer», destacou, «pelo contrário, esta situação está nos dando a oportunidade de fazer as coisas com outra disposição, com outro compromisso».

«A vida nos mostra», afirmou, «que temos experiências em grupos de trabalho, onde o esforço, o empreendedorismo, coragem e o comprometimento vão além dos limites».

«É uma nova oportunidade de vencer e desmontar os planos do inimigo; para demonstrar a capacidade da nossa Revolução e para isso», disse o presidente, «devemos continuar construindo consensos, fortalecer a unidade e reconhecer a capacidade de resistência e dignidade deste povo».

UMA ECONOMIA ÀS PORTAS DE SUA ABERTURA

A economia cubana começa a despertar, depois de mais de um ano e meio, com todos os seus processos desacelerados ou, no pior dos casos, completamente paralisados. A análise do que se fez durante os primeiros nove meses do ano ocupou boa parte da sessão deste Conselho de Ministros.

O primeiro vice-ministro, Alejandro Gil Fernández, esclareceu que, no final de setembro, as exportações de mercadorias seguem o plano traçado e crescem em relação ao mesmo período de 2020, principalmente em ramos como o níquel, lagosta, mel e fármacos.

As importações também aumentaram, embora o ministro tenha alertado que parte importante está associada aos preços. Combustíveis, alimentos e fertilizantes estão sendo comprados a um custo muito mais alto, ao qual se somam fretes quase dobrados.

O também titular de Economia e Planejamento referiu-se às formas de gestão não estatal que concretizaram cerca de 200 contratos de exportação, através de entidades estatais; e fizeram cerca de 5.000 pedidos de importação. Esses números, com a criação de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e cooperativas não agrícolas, vão aumentar.

Em relação aos principais saldos alimentares, foi relatado que os planos foram quase totalmente descumpridos em itens como o arroz, milho, feijão, leite, carne e ovos. Por outro lado, o plano de arrecadação de produtos agrícolas está sendo cumprido, embora em níveis ainda longe de atender a demanda.

Gil Fernández também se referiu ao processo de investimentos no país, também impactado pela crise econômica. Por um lado, investimentos como as usinas de cimento e o plano habitacional estão atrasados; mas, por outro lado, a Unidade 1 da Usina Termelétrica Lidio Ramón Pérez com 260 MW, e a Unidade 6 da Usina Termelétrica Máximo Gómez com 100 MW foram recentemente incorporadas ao Sistema Elétrico Nacional; além disso, as obras civis e a montagem tecnológica foram concluídas e quatro subestações elétricas das cinco previstas na usina Antillana de Acero estão em fase de andmento.

No período avaliado, o emprego continuou com comportamento favorável: mais de 200 mil pessoas começaram a trabalhar em janeiro.

O ministro lembrou que no dia 20 de setembro teve início o processo de aperfeiçoamento dos atores econômicos, com o início da constituição das primeiras micro, pequenas e médias empresas, além das cooperativas não agrícolas. Até o momento, foram aprovadas 234 MPMEs e sete cooperativas, que geraram mais de 2.300 empregos.

O primeiro vice-ministro resumiu que, como aspecto positivo nestes nove meses, se considera o cumprimento das exportações de mercadorias; a abertura gradual da economia; a redução do contas a receber no exterior; maior presença de produtos agrícolas; a estabilidade dos produtos de limpeza regulada pela caderneta de abastecimento; crescimento do emprego; e o início do processo de aperfeiçoamento dos novos atores econômicos.

Entre os aspectos a serem resolvidos citou, em primeira ordem, a inflação, hoje com a maior atenção do Governo; problemas na geração de energia elétrica, que afetam a população e também a economia; a escassez de ofertas nos mercados de varejo em pesos cubanos; e empresas com perdas e baixa produtividade.

TORNAR O TURISMO A LOCOMOTIVA DE NOVO

«A abertura do turismo na Ilha é uma notícia que percorre o mundo», disse o primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz, ao falar no encontro. «Somos otimistas com o que vai acontecer a partir do dia 15 de novembro, são muitos executivos motivados e isso implica um alto comprometimento de todos».

Marrero, também membro do Bureau Político do Partido — que dirigiu este importante setor por mais de 15 anos — refletiu sobre a importância para Cuba da chamada indústria do lazer. «É preciso entender», disse, «o que o turismo é para a economia do país, seu impacto na economia, que vai direto para as pessoas e muitas vezes não é interpretado dessa forma».

«Quando o turismo começa e avança», afirmou, «está arrastando os demais setores, fortalece a agricultura, cada uma das indústrias; gera empregos muito além de seus 120.000 trabalhadores. Os dados teriam que ser atualizados», comentou, «mas até algum tempo atrás havia mais de 400 mil trabalhadores indiretos, que produziam ou prestavam serviços para o turismo».

«Boa parte da renda de que precisamos para sustentar as conquistas sociais da Revolução, comprar alimentos, combustível, remédios, é gerada pelo turismo».

Marrero Cruz considerou que Cuba é um destino turístico que não tem nada a invejar à concorrência da região, temos uma natureza com todos os atributos, temos instalações de alta qualidade e pessoal altamente qualificado.

«Temos a responsabilidade», precisou, «de oferecer este turismo com qualidade, mas com estrito cumprimento dos protocolos de saúde. Não podemos dar um passo atrás em relação ao que avançamos».

«A abertura do dia 15 de novembro é uma grande oportunidade, mas é preciso oferecer coisas diferentes. Temos que alcançar um momento de grande dinamismo na economia e que tudo isto contribua para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, num aumento da oferta que temos para oferecer ao nosso povo», reiterou o primeiro-ministro.

UM ORÇAMENTO QUE SEJA PARECIDO COM O MUNICÍPIO

A controladora-geral da República, Gladys Bejerano Portela, apresentou ao Conselho de Ministros um resumo das ações de controle levadas a cabo no processo de execução do Orçamento do Estado, o que gerou várias indicações do primeiro-ministro.

Segundo Marrero Cruz, no orçamento do ano 2022 — com tantas experiências acumuladas, e com todas as transformações econômicas e sociais em curso — é preciso colocar mais ordem, mais controle e mais rigor.

O Orçamento do Estado para 2022, esclareceu, «tem de incluir os recursos que vão ser atribuídos ao trabalho nos bairros, porque isso não pode ser um improviso. Também deve ter identificado, melhor do que nunca, tudo o que vamos continuar fazendo pelas pessoas mais vulneráveis».

«Esse documento orientador», especificou, «deve conter os primeiros passos dos poderes municipais, a começar pelos que ainda estão centralizados na província. O orçamento do município», disse, «não pode ser feito pela província. Tem que nascer e ser aprovado nas assembleias municipais. É preciso fazer com que elas realmente assumam o controle».

A AGENDA DE OUTUBRO

O Conselho de Ministros valorizou também nesta ocasião um relatório sobre os efeitos econômicos causados ​​ao país por problemas nas operações de comércio exterior, tema de constante acompanhamento nestas reuniões.

Além disso, foi aprovada uma proposta de solução de abastecimento de água para o município de Sandino e o desenvolvimento do polo produtivo de Pinar del Río, na bacia de Cuyaguateje.

E o Gabinete Nacional de Estatística e Informação apresentou as bases para a proposição de informações de interesse em nível de país e o inventário nacional de indicadores.

Como de costume, marcaram presença na reunião o presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular, Esteban Lazo Hernández; o vice-presidente da República, Salvador Valdés Mesa; e o secretário de Organização e Política de Pessoal, Roberto Morales Ojeda; todos eles membros do Bureau Político do Partido Comunista.

Photo: Estudios Revolución
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