
(Versões estenográficas - Presidência da República)
Estimado general-de-exército Raúl Castro Ruz, líder da Revolução Cubana;
Companheiras e companheiros, membros do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba;
Convidados:
Durante quase dois dias esteve em funcionamento a 2ª Reunião Plenária do Comitê Central do PCC, que é a primeira após o Congresso, pois devem lembrar que a 1ª Reunião Plenária foi realizada durante o Congresso, e que foi adiada devido à incidência do surto de pandemia, que exigiu enfocar os aspectos relativos ao funcionamento do Partido como continuidade do Congresso, mas também abordar as questões atuais do trabalho partidário.
Foram tratados temas tais como a implementação dos acordos do 8º Congresso, a modificação dos estatutos, as normas para o funcionamento das comissões permanentes, a estratégia de implementação da política de líderes e funcionários, o programa de transformação do trabalho político-ideológico, o processo de balanço dos comitês do PCC e o programa de transformação digital da organização.
Além disso, foi discutida a garantia política de importantes processos que serão desenvolvidos e o necessário debate sobre o aprimoramento do Poder Popular.
A complexidade do momento atual indica a necessidade de nos reunirmos com mais frequência para debater e decidir sobre os problemas mais urgentes e estratégicos da situação atual do país, principalmente se pudermos discutir os temas em profundidade, objetividade, integralidade. E criticamente para encontrar soluções para os problemas complexos que nos preocupam. Esse espírito se manifestou, conforme afirma o general-de-exército, nesta 2ª Reunião Plenária.
Uma análise da situação do país e da situação global sugere que o mundo em meio da Covid-19 não é nem sequer o mundo injusto que nós, revolucionários, sonhamos mudar. É esse mesmo mundo, agora sob os efeitos de muitas crises simultâneas: econômica, trabalhista, produtiva, ambiental, sanitária e também moral.

Cuba não escapa da conjunção crítica do planeta. Sem dúvida, não somos os mais afetados, mas somos os mais castigados. Nenhuma nação subdesenvolvida carrega, tal como nós fazemos, com as crises citadas e com as condições impostas pelo bloqueio econômico reforçado e intensificado com as 243 medidas aplicadas por Donald Trump e mantidas por Joe Biden, além de enfrentar uma guerra de comunicação intensa, dura e perversa. Somos únicos no mundo pela duração e crueldade desse castigo.
Cabe a nós dar uma resposta digna a esta condenação imerecida e imoral. Nossa originalidade está fadada a ser tão grande quanto o mal do adversário. Temos o desafio de ser excepcionais na capacidade de perseverar e criar. Tem sido assim desde as origens da nação cubana; é assim que a Revolução Cubana resiste invicta há 62 anos.
O inimigo não cessa em seu esforço para nos destruir. Não nos perdoa a audácia de que as novas gerações continuem a vontade e o compromisso de manter a independência, a soberania e a construção do socialismo.
O objetivo declarado do Governo norte-americano é derrubar a Revolução Cubana.
A esperança do inimigo é que as nossas grandes dificuldades materiais amolecem as pessoas e as ponham de joelhos, por isso alimentam a preguiça com a ideia de que o país não resista.
O governo dos Estados Unidos está preso ao desejo de conquistar o voto da Flórida e essas metas eleitorais condicionam sua política em relação a Cuba, que passa a ser dominada pela máfia cubano-norte-americana de Miami. Esses eventos não são acidentais, há uma intenção, uma premeditação e um interesse político.
A estratégia imperialista é criar o máximo de descontentamento em nosso país. Incentivar a instabilidade por meio da piora das condições de vida da população, dificultando cada vez mais a nossa sobrevivência, levando à eclosão de um conflito violento. Eles pretendem nos encher de ódio e tirar nossa felicidade.
A campanha é vil: as conquistas são desacreditadas, são utilizadas imagens grosseiramente distorcidas da nossa realidade, trata-se de asfixiar-nos economicamente, enfraquecer a solidariedade com Cuba, valer-se da mentira e da calúnia. Vários representantes do governo norte-americano insistem em seus pronunciamentos nas redes sociais para manter em destaque as denúncias contra Cuba em matéria de direitos humanos.

Como reflexo do atual cenário bilateral nas relações com os Estados Unidos, a embaixada desse país em Cuba tem desempenhado um papel ativo nos esforços para subverter a ordem interna de nosso país. Esse comportamento não é novo, sempre esteve presente de uma forma ou de outra desde que as repartições de interesses foram criadas em 1977.
Em contrapartida, embora nossa missão em Washington desenvolva um intenso trabalho político e diplomático em prol das relações bilaterais, exigindo o levantamento do bloqueio econômico, com o objetivo de mostrar a verdade de nossa realidade e de contrariar as calúnias contra Cuba, pode-se afirmar categoricamente que nunca houve qualquer atividade ilegal com o objetivo de minar os fundamentos políticos, jurídicos ou constitucionais daquele país.
A trajetória de nossa embaixada e, anteriormente, de nossa Repartição de Interesses, sempre foi absolutamente limpa.
São frequentes as reuniões de funcionários diplomáticos dos EUA com líderes da contrarrevolução, aos quais fornecem orientação, encorajamento e apoio logístico e financeiro. Nas suas plataformas de comunicação, incluindo as redes digitais, emitem diariamente pronunciamentos ofensivos que constituem uma interferência aberta nos assuntos internos do nosso país. É um comportamento provocativo, alheio ao que deveria ser a conduta de uma missão diplomática e em total violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que tem entre seus pilares o respeito dos diplomatas pelas leis do país onde se encontram, abstendo-se de fazer julgamentos sobre seus assuntos internos.
A embaixada dos Estados Unidos busca informações para difamar Cuba em temas como direitos humanos, democracia e contradições sociais em nosso país. Eles tencionam identificar e promover líderes, especialmente jovens, para treiná-los no exterior, a fim de usá-los para promover suas ideias antissocialistas, pró-capitalistas e neoliberais.
Diante desses comportamentos, não ficaremos de braços cruzados. Estamos determinados a enfrentar o trabalho subversivo e agressivo dessa representação diplomática, que inclui a denúncia pública. Temos a experiência de muitos anos de trabalho diplomático e operacional com os Estados Unidos sob a orientação da liderança histórica da Revolução, e também contamos com o apoio de instituições do Estado e organizações políticas e de massa que, sob a orientação do Partido, desempenham um papel importante nesta batalha.
Temos como ferramentas poderosas a unidade, a disciplina, a organização, e as estratégias de trabalho aprovadas, os procedimentos necessários e a clareza ideológica.

Em um momento como este podemos também fazer algumas considerações sobre os chamados eventos de 11 de julho, que nada mais foram do que provocações e vandalismo, como parte de toda essa estratégia da Guerra Não Convencional e do «golpe brando» contra nossa Revolução.
Trata-se de manter uma narrativa que tem como objetivo apresentar o dia 11 de julho como um referente de ruptura e rejeição popular à Revolução, e as tentativas de aproveitar as desavenças existentes para provocar desestabilização. Mas o dia 11 de julho não é uma referência para a ruptura, é, em todo caso, uma referência para a unidade, e o dia 11 de julho foi mais uma vitória da Revolução Cubana. Os revolucionários saíram para defender a Revolução com moral elevada, com vontade de lutar e vencer.
Eles acreditavam que a Revolução entraria em colapso em poucas horas, tal como acreditaram quando da queda do bloco socialista, porém mais uma vez estavam errados.
A partir desses eventos e dos eventos que vivemos neste último ano e meio de pandemia, também aprendemos algumas lições. Uma dessas lições é que temos que defender e assumir como força a heterogeneidade da sociedade cubana, e isso implica, como discutimos aqui, um trabalho político-ideológico diferenciado; que temos que fortalecer e desenvolver os mecanismos de participação popular e de trabalho com a população, que não podem ser desmontados em nenhuma das situações adversas que possamos viver, e que a guarda revolucionária, a vigilância revolucionária nunca podem ser descuradas.
O referente, na realidade, é o 8º Congresso do Partido. Nesse grande evento da nossa organização, foram analisadas as causas de todos os problemas que o país vive, abordadas as estratégias e também as propostas de trabalho para enfrentá-los, essa é a verdadeira referência!
O país viveu outros momentos difíceis na Revolução, este não é o mais complexo daqueles tempos.
Trata-se de semear a matriz de que nada funciona, de que tudo funciona mal, e de negar o trabalho de justiça social realizado, por isso temos que promover uma análise crítica da realidade, da autocrítica e afastar-se da complacência, promovendo a necessidade de comunicar mais oportunamente e melhor e que todas as nossas estruturas de trabalho ouçam, dialoguem, deem respostas e também soluções.
É importante priorizar o trabalho no cuidado e o diálogo com os jovens, que deve ser uma prioridade, e a necessidade de propor e implementar medidas que resolvam cada um dos problemas aprimorando também os métodos de atendimento à população.
Tal como estamos fazendo, é importante renovar o trabalho social nas comunidades, onde está a base social de sustentação da nossa Revolução, tecendo e desenvolvendo um processo genuíno, inclusivo, democrático e participativo que defenda aquela concepção de poder popular que estávamos discutindo aqui, para que possamos chegar a um consenso sobre como podemos exercê-lo. Esses temas distinguem nossa unidade, nossa resiliência e nossa dignidade.
Em meio a essas dificuldades o país está marchando, temos a coragem de enfrentá-las e a capacidade de encontrar soluções. Não podemos nos desanimar, porque os povos desanimados, tal como disse Fidel, não vão longe, são vítimas da confusão e vão ao fracasso, e esse não será o caso da Revolução Cubana. Vencemos esta batalha defendendo e desenvolvendo as ideias do socialismo, temos uma tremenda força de inteligência, criatividade, inovação, empreendedorismo, tenacidade, firmeza, consciência, patriotismo e espírito revolucionário em nosso povo, temos a obrigação de seguir em frente, e eles, os imperialistas aprenderão uma nova lição ao subestimar-nos.
Devemos relembrar o que dizia o Comandante-em-chefe quando vivíamos os tempos do “Período Especial”: «Suportamos nossas dificuldades e nossas carências com dignidade, com a dignidade de quem não se entrega, com a dignidade de quem nunca vai ficar de joelhos». É por isso que vamos sair vitoriosos nesta batalha em condições difíceis diante de um império cheio de soberba e de frustrações.
Lutando é como se superam obstáculos e problemas, não se rendendo aos desígnios daquele que cínica e descaradamente é a principal causa deles, sem ceder aos nossos princípios, sem faltar a nossa independência e a nossa soberania. São tempos difíceis, mas também com perspectivas de novas oportunidades de crescimento e melhoria. Temos uma grande responsabilidade como gerações, que é o desafio de salvar a Revolução e salvar a nação cubana.
Existem graves problemas objetivos, existem carências, circunstâncias como esta, Fidel também nos advertiu, são propícias ao oportunismo, à covardia, às incoerências, às deserções, às traições, à preguiça, à covardia, o que exige mais do trabalho partidário. Não podemos ficar satisfeitos com o que foi feito, mas a Revolução não pode ser acusada de falta de jeito ou de incapacidade, porque os problemas que todos enfrentamos são realmente grandes.
Em meio a esta situação nosso orgulho nacional se eleva, quando temos vitórias como as que nossos cientistas nos deram com as vacinas; quando em meio a uma situação complexa somos capazes de desenvolver um intenso exercício legislativo; quando temos uma proposta de um Código da Família verdadeiramente inclusivo e moderno; quando damos lugar a novos atores econômicos; quando estamos plenamente mergulhados nos programas nos bairros e nas trocas e nos encontros com setores sociais de nosso país. Podemos definir de forma irrefutável que a maioria do nosso povo acompanha e apoia a Revolução (Aplausos).
Em meio a essas circunstâncias e diante do fracasso de seus planos, novas ações continuam a ser tecidas. Agora eles aparecem com uma suposta marcha pacífica. Nada mais é do que uma escalada na forma de agir contra a Revolução e um desafio às autoridades e ao Estado de Direito socialista endossado em nossa Constituição. É um plano orquestrado do exterior, em que estão envolvidos grupos de reflexão e porta-vozes do Governo dos Estados Unidos, na concepção e preparação dessas ações.
Recentemente, ameaçaram de aplicar mais sanções ao nosso país se a legislação atual for usada para processar aqueles que desobedecem ao mandato das autoridades. Essa ação é bem-vinda nos círculos da extrema direita anticubana sediada nos Estados Unidos e faz parte de um modo de ação conforme o manual da Guerra Não Convencional. Seus objetivos violentos podem ser vistos na lembrança que fazem das «guarimbas» na Venezuela, os crimes contra lutadores chavistas, os acontecimentos na Nicarágua, a exaltação do vandalismo, as ameaças de morte a revolucionários e o apoio de personagens e organizações com uma história violenta e terrorista com base nos Estados Unidos.
O direito de manifestação é reconhecido e regulado no artigo 56º da Constituição, devendo ser exercido para fins lícitos e pacíficos, respeitando a ordem pública e observando as normas estabelecidas por lei. Outro artigo de nossa Constituição, o 45º, afirma que: «O exercício dos direitos das pessoas só se limita aos direitos dos outros, segurança coletiva, bem-estar geral, respeito à ordem pública, à Constituição e às leis».
Por outro lado, o artigo 4º do referido órgão legal levanta, entre outras questões, que o sistema socialista endossado pela Constituição é irrevogável, e que os cidadãos têm o direito de lutar por todos os meios, contra quem tenta derrubar a ordem política, social e econômica estabelecida pela Constituição. Portanto, a convocação da marcha não é lícita, trata-se de um edital de protesto em que seus promotores, suas projeções públicas e vínculos com organizações ou agências subversivas financiadas pelo Governo dos Estados Unidos têm a intenção manifesta de promover uma mudança de sistema político em nosso país, é uma provocação como parte de uma estratégia de «golpe suave». Seus objetivos coincidem com as principais linhas de ataque, calúnia, mentira e ameaças usadas por aqueles financiados pelo Governo dos Estados Unidos que se opõem ao sistema político cubano e tentam desestabilizá-lo e restaurar o capitalismo.
Não vamos legitimar as ações imperialistas na política interna nem ceder ao desejo de restauração neocolonial que alguns acumularam e que se reforçam em situações de crise. Não é um ato de civilidade, é um ato de subordinação à hegemonia ianque. Tais ações têm como objetivo devolver o país a um tempo histórico de subjugação, ao qual jamais voltaremos.
Em meio a essas circunstâncias, muitos também se perguntam para onde vamos, e acho importante responder a essa pergunta: não há nada de novo a dizer, estamos simplesmente indo em direção ao que nossos documentos programáticos refletem, em direção ao desenvolvimento dessas ideias nos últimos três congressos do Partido e que estão contidas na Conceituação do nosso Modelo Econômico-Social e em nosso Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social até 2030, em nossas Diretrizes e, sobretudo, em nossa Constituição, e em todos estes documentos, temos elementos que fornecem respostas: «Cuba é um estado socialista de direito e justiça social, democrático, independente e soberano, organizado com todos e para o bem de todos como uma república unitária e indivisível, fundada no trabalho, na dignidade, no humanismo e na ética do seus cidadãos para o gozo da liberdade, equidade, igualdade, solidariedade, bem-estar e prosperidade individual e coletiva».
Nossa Visão de Nação nos define como nação soberana, independente, socialista, democrática, próspera e sustentável, por meio do Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social em longo prazo e demais ações para consolidá-lo.
Garantir a irreversibilidade e continuidade do nosso socialismo através do fortalecimento dos princípios que o sustentam, o desenvolvimento econômico e a elevação do nível e da qualidade de vida de nosso povo se aliam à necessária formação de valores éticos e políticos, e faz parte das questões que aqui foram abordaram.
Uma sociedade socialista democrática, próspera e sustentável pode ser alcançada a partir de uma profunda consciência revolucionária e senso de dever, a recuperação do valor do trabalho com eficiência e eficácia, a participação e iniciativa criativa dos trabalhadores, alta motivação, uso racional e economia de recursos, o progresso e a aplicação e generalização dos resultados da ciência, tecnologia e inovação; considerando também o aumento sustentável da produção como premissa material imprescindível para elevar gradativamente o nível e a qualidade de vida da população, e homenageando a plena realização do ser humano e de seus projetos individuais, familiares e coletivos por meio de uma distribuição justa e equitativa da riqueza, avançando na erradicação das desigualdades ilegítimas. Esse é o caminho que percorremos, é o caminho que estamos percorrendo e que chegaremos mais cedo ou mais tarde.
Se alguém nos perguntasse em uma pequena frase, em uma pequena frase para definir nosso socialismo, diríamos que é para alcançar a maior justiça social possível (Aplausos).
Em uma reunião como esta não podemos ignorar a situação econômica que atravessa o país; a inflação que enfrenta a economia está atualmente em níveis superiores aos previstos na Tarefa Ordenação, afetando o poder de compra em pesos cubanos que recebem aposentados, pensionistas, trabalhadores e a população.
O aperto do bloqueio, somado aos efeitos da Covid-19, reduziram ao mínimo as receitas cambiais do país, o que não permitiu financiar a produção industrial, nem importar matérias-primas e bens de consumo para manter a estabilidade da oferta de varejo do Estado em pesos cubanos, situação que aproveita gente sem escrúpulos para lucrar em detrimento das necessidades do povo, revendendo produtos, inclusive alimentos e remédios a preços muito superiores aos oficiais.
Por outro lado, a partir da crescente demanda por moeda estrangeira por parte da população e do setor não estatal para compras no mercado ou importação, aliada à impossibilidade de termos de vender moeda estrangeira ao câmbio oficial, tem-se gerado um mercado informal de comércio de moedas, com variações muito maiores também do que as oficiais, que se expressam nos preços com que se depara a população. Por isso, temos que continuar trabalhando prioritariamente na implementação de medidas antiinflacionárias que requeiram uma maior participação dos produtores nacionais, estatais e não estatais, para atender à demanda da população. São necessárias ações que permitam melhor controle da liquidez em mãos da população e que seu aumento seja acompanhado de aumento da oferta.
Além disso, medidas compensatórias têm sido adotadas para cuidar dos mais vulneráveis, que ainda são insuficientes.
A abertura do turismo e da atividade econômica, como parte do sucesso com que enfrentamos a epidemia, nos colocará em melhores condições para enfrentar este cenário complexo; portanto, temos luzes na estrada, existem soluções para cada um dos problemas. É preciso continuar estimulando o debate coletivo para promover soluções para os problemas, discuti-los, socializá-los, convencer, assegurar, mobilizar, participar e melhorar.
Diante da ofensiva para desacreditar a Revolução cubana e as campanhas nas redes sociais, as provocações nos palcos internacionais, o apelo a constantes protestos e ações de desestabilização, temos a articulação revolucionária nessas redes sociais, o enfrentamento efetivo com a contrarrevolução do revolucionário e a vigilância administrativa que foi reorganizada nestes tempos.
Diante do ressurgimento do bloqueio, temos apoio internacional, com a denúncia constante que fazemos dele e também promovendo a participação e o apoio da comunidade cubana no exterior que não rompeu com a Revolução nem rompeu com seu país.
Dada a limitada receita em moeda estrangeira, temos que continuar avançando na retomada da economia nas condições atuais, promovendo o turismo, a exportação de vacinas, a exportação de moeda estrangeira, promovendo a produção nacional de alimentos e também contribuindo para a economia e a eficiência energética.
Dada a escassez que vivemos há muito tempo, temos que colocar as produções nacionais no mercado, fazer todo o possível para melhor abastecer as lojas em moeda nacional, aumentar a comercialização dos produtos agrícolas e também buscar uma maior incidência e impacto com as medidas que temos tomado nos últimos momentos de abertura da economia, o desenvolvimento e a contribuição dos novos atores econômicos a par do desenvolvimento da empresa estatal.
Para eliminar as filas, será necessário melhorar o comércio interno, buscar uma melhor oferta de bens e serviços, melhores horários, melhor gestão, e que a abertura de novas atividades econômicas também contribua para isso.
Na instabilidade que temos vivido no Sistema Eletroenergético Nacional, avançamos nas reparações, na manutenção, na poupança, e também na atenção aos trabalhadores deste sistema, o que nos permitirá estar em melhor situação no final do este ano.
Estamos vencendo a pandemia com as medidas sanitárias adotadas e com aquela enorme campanha de vacinação a que agora vamos somar as doses de reforço, que sem dúvida já causaram um resultado vacinal em nossa população, assim continuaremos avançando no corte, transmissão e retorno, no mais curto espaço de tempo possível, ao novo normal, o que nos permitirá também desenvolver nossa atividade econômica e a nossa atividade social com mais intensidade.
E diante da insatisfação de nossa população, muita sensibilidade e trabalho com as pessoas, atendendo adequadamente a população, trabalhando em bairros e reativando os mecanismos de participação popular. Devemos ter tudo isso em mente no debate que iremos desenvolver nos processos importantes que devemos assegurar politicamente em meio a esta situação e que também foram aqui discutidos. Isso requer um amplo desdobramento das políticas revolucionárias do Partido.
Devemos dar argumentos convincentes, levantar debates e sustentá-los com coerência, comunicar-nos com precisão e clareza, colocar-nos no lugar do outro para tentar compreender sua realidade, opor ideias e posições que conduzam a conclusões objetivas e que permitem construir uma percepção sólida das circunstâncias circundantes de um fenômeno; trata-se de nos tornarmos pedagogos ao interagir com a sociedade, não só na forma como transferimos nosso conteúdo, mas também na forma como aprendemos com essa interação.
A maior virtude é ser útil e fazer pelos outros.
Armando Hart analisou toda esta prática revolucionária e a classificou como «a cultura de fazer política», e temos que fazer política, colocando José Martí e Fidel Castro como os seus expoentes mais destacados e relevantes, e apontando-os como representantes «daquele fruto mais puro e útil da história das ideias cubanas».
A definição de política de José Martí, como «a arte de inventar um recurso para cada novo recurso dos opostos, de transformar contratempos em fortuna; adaptar-se ao momento presente, sem que a adaptação custe o sacrifício, ou a redução (...) do ideal que se persegue; de recuar para dar um empurrão; cair sobre o inimigo, antes que ele tenha seus exércitos alinhados e sua batalha preparada», devemos todos assumir isso como uma constante de vida.
Como Hart nos reiterou em mais de uma ocasião, é preciso saber diferenciar e, ao mesmo tempo, relacionar a ideologia, entendida como produção de ideias, com a ciência, a ética e a política.
É, nos tempos atuais, um humanismo que relacione cultura, desenvolvimento, justiça social e permita assumir com a ciência e a ética o confuso mundo globalizado no real e no virtual para o presente e para o futuro.
Esse legado, como um todo, constitui a cultura de fazer política, concebida como uma categoria de prática que, fundamentalmente, consiste em derrotar o «dividir para conquistar» usado pelo inimigo, e estabelecer a ideia revolucionária de «unir para vencer», sobre fundamentos éticos que incorporem a grande maioria da população.
Fazer política é, então, determinar as contradições que temos na sociedade, estudá-las, avaliar suas causas, avaliar e propor soluções; compartilhar com a população, levar em consideração seus critérios; enriquecer, convencer, convocar, mobilizar, participar e resolver, e participar efetivamente também por meio do trabalho em rede para cada uma das questões que abordamos, avaliando os resultados e depois fornecendo retroalimentação sobre todos nossos sistemas para melhorá-los. Significa, entre outras coisas, um trabalho especial com a população e em particular com a nossa juventude.
Tomando a máxima consciência do papel a ser desempenhado por cada instituição revolucionária, trabalhando particularmente com cada cidadão, um a um e convincente; para se tornarem pregadores ou pastores da Revolução e do socialismo; preparar-se bem e estudar profundamente para decidir; aprofundar o conhecimento e as ideias do que está acontecendo em nosso país e no mundo; sejamos honestos, corajosos, eficazes e autocríticos, com mentalidade dialética e flexível, não dogmática, sem admitir o oportunismo e com apego aos princípios revolucionários, munindo-nos de ideias e argumentos sólidos para que os nossos líderes e funcionários possam desenvolver seu trabalho; sair para visitar e conversar com cada pessoa em cada lugar; discutir, explicar, ensinar, educar e aprender com cada processo.
Ganhar o tempo perdido com a rotina, os esquemas e a falta de conexão com a base em um conjunto de cenários, e elogiar constantemente a dignidade e a resistência de nosso povo, seus talentos e suas potencialidades. Isso requer uma predominância da abordagem antiimperialista e anticapitalista contra a injustiça e a opressão que existe em nível global. Por isso temos que manter sistematicamente os encontros com os setores de nossa sociedade que tanto têm contribuído para nós e que, de fato, já estão aplicando muitas de suas propostas no que estamos implementando.
Continuar trabalhando de forma adequada na implementação dos acordos do 8º Congresso e continuar defendendo, como vimos aqui, o conceito de poder popular, buscando com o trabalho nos bairros a democracia e a participação, o que faz com que haja espaços de debate e propor, que depois de debatido e proposto haja espaços para implementá-los, e depois de debatidos e propostos, sejam implementadas ações, então haverá também transparência para controlar, para exercer o controle popular, para prestar contas e para avançar. E tudo isso podemos consegui-lo com o vínculo com o povo, com a mobilização popular e o fortalecimento e atualização do trabalho das nossas organizações de massas, como exige o debate do 8º Congresso do Partido.
Devemos seguir observando e enfrentando obstáculos e burocracias, aprofundando a essência da Revolução, promovendo debates, fortalecendo o exercício do poder popular, e assim estaremos fortalecendo o Estado; propor leis que aprofundem a democracia socialista; desenvolver a prática dos parlamentos operários; fortalecer o papel dos sindicatos, tendo como convicção o que Che Guevara nos punha à nossa frente: ao imperialismo nem um pouco assim. Não podemos ceder ao imperialismo e seus lacaios, e não podemos dar um passo atrás nas conquistas da Revolução (Aplausos).
A resposta em Cuba foi desenhada pelo chefe máximo da Revolução Cubana, o Comandante-em-chefe, e é um poder popular, um poder popular intransferível, que se baseia na soberania popular e que se articula na estrutura do Estado através de órgãos com funções diferentes.
Defender este conceito de poder popular é defender a sustentabilidade e a viabilidade do socialismo em Cuba porque gera um sistema verdadeiramente democrático, muito superior ao capitalismo.
Tudo aquilo que estimula, promove e realiza a participação popular tem uma importância defensiva e construtiva para o socialismo e contribui para a emancipação social e nacional. Por isso devemos garantir a dimensão do princípio da soberania popular, o poder vem da soberania que reside intransferível em quem? Em nosso povo.
Mecanismos de participação popular devem ser constantemente promovidos. Não é uma concessão, é o elemento essencial de legitimação do nosso Governo.
É necessário articular e promover formas participativas nos espaços municipais e comunitários para a satisfação das necessidades dos cidadãos. E a gestão municipal deve basear-se em evitar e prevenir problemas na comunidade, deixando para trás a tolerância e as justificativas, e traçando um verdadeiro e efetivo controle popular; exercer o controle sobre o cumprimento das políticas públicas aprovadas e sua efetiva implementação.
É hora de estudar e propor o aprimoramento das políticas públicas existentes ou a aprovação de novas políticas para enfrentar as manifestações de pobreza, marginalidade, vulnerabilidade nas pessoas, famílias e comunidades e na atenção aos jovens e idosos. Esses aspectos também foram aqui discutidos como continuação do encontro que tivemos com os presidentes das assembleias municipais do Poder Popular nos últimos dias.
Companheiros e companheiros:
O país está organizado, temos um Partido forte, um governo em evolução, umas Forças Armadas Revolucionárias e um Ministério do Interior que fazem parte do povo, com histórias gloriosas e muito leais, e organizações de massas que renovam seu trabalho.
O país e a Revolução sofreram com a situação que vivemos, mas o patriotismo e o heroísmo também foram semeados, o compromisso foi semeado e colhido.
Temos que nos inspirar nas pessoas, é uma oportunidade para nos conscientizarmos de superar as dificuldades, de lutar e lutar pela vitória sem desânimo.
A decisão é de luta e vitória!
Cerrar fileiras, lutar pelos nossos problemas, lutar criativamente, faz parte da luta!
Há revolucionários suficientes aqui para enfrentar com inteligência, com respeito e em defesa de nossa Constituição, mas também com energia e coragem, qualquer tipo de manifestação que busque destruir a Revolução.
Que os imperialistas saibam que vão ter de lutar contra um povo que não se deixa enganar, um povo suficientemente grande, valente e heroico para lutar que não se assusta com as ameaças!
Cada problema é uma oportunidade de tomar consciência da nossa responsabilidade, um desafio à nossa capacidade de ultrapassar as dificuldades, uma prova da nossa vontade de lutar, até à vitória sempre!
Prontos e dispostos a tudo para defender o que há de mais sagrado, o que nos une; ser coerente com a decisão invariável de Pátria ou Morte, Socialismo ou Morte e a mais profunda convicção de que venceremos!
(Ovação).







