
«Cuba não permitirá de forma alguma que a persistente agressão do Governo dos Estados Unidos contra o país altere a tranquilidade, a segurança cidadã e prejudique a paz social característica de nosso povo e, como dizemos coloquialmente, venha estragar a festa», disse, na quarta-feira, 10 de ovembro, o membro do Bureau Político do Partido e chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, em apresentação perante o corpo diplomático acreditado na Ilha.
No início de sua intervenção, o chefe da diplomacia cubana apreciou profundamente a presença do corpo diplomático e disse que felizmente «nos encontramos pela primeira vez, após esses dois anos de flagelo pandêmico e restrições, nas reuniões sociais de diplomatas».
Explicou que nos próximos dias haverá uma ampla abertura do país e a reativação de áreas de sua economia que foram limitadas neste longo e difícil período.
«O reinício do ano letivo e da atividade docente, em todos os níveis de ensino, enche-nos de alegria; as crianças uniformizadas voltam às ruas, voltando felizes para as escolas, acompanhadas dos pais».
«Este é também o momento em que todo o país presta homenagem ao pessoal da Saúde, aos nossos médicos, paramédicos, aos nossos cientistas e, sobretudo, aos nossos jovens, estudantes, que ocuparam posições de vanguarda no enfrentamento da pandemia, no exercício das políticas sociais para proteger os doentes, as suas famílias, para prevenir os contágios, para proteger as pessoas mais vulneráveis, os idosos que moram sozinhos, as famílias que têm requerido o apoio generoso e afetuoso dos seus vizinhos», afirmou.

Expressou, também, que nos próximos dias haverá um reinício em massa dos voos internacionais e teremos a oportunidade de dar as boas-vindas aos nossos compatriotas, que permaneceram por longos períodos fora de Cuba sem ter podido retornar, devido a dificuldades de conectividade aérea ou devido às dificuldades que a pandemia causou em escala global.
«Receberemos também», acrescentou, «em maior medida o turismo internacional, visitantes de todas as latitudes, inclusive norte-americanos, que costumam vir ao nosso país apesar das dificuldades e restrições».
«É um momento de festa para o nosso povo. Celebração prudente, abertura progressiva, que alguns chamam de uma nova normalidade. É um momento que nosso povo celebra. Vocês assistiram a momentos de alegria para a nossa população, os nossos jovens e as nossas crianças que frequentam o Malecón em Havana, outras praças em todas as cidades do país, a praia e os locais de lazer».
E a seguir destacou que «não vamos permitir, de forma alguma, que a persistente agressão do Governo dos Estados Unidos, as suas intensas e constantes tentativas, exacerbadas nos últimos seis a oito meses, de gerar condições de desestabilização interna, venham alterar a tranquilidade e a segurança dos cidadãos, prejudiquem a paz social característica do povo cubano, de nossa nação».
“Não vamos permitir, de forma alguma, aquela agressão organizada a partir do exterior, com a utilização de agentes internos, recrutados, formados, financiados, organizados e até às vezes transportados diretamente em veículos diplomáticos da embaixada dos Estados Unidos credenciada em Havana, venham estragar este momento de alegria para nosso povo. Claro, nosso povo com estrita adesão à nossa Constituição, nossas leis, com o espírito e ânimo de amplo consenso que o caracteriza, certamente defenderá a ordem constitucional pela qual recentemente votou de forma massiva e entusiástica, e permitiu promulgar uma nova Constituição».
A AGRESSÃO CONTRA CUBA É ORGANIZADA A PARTIR DA CASA BRANCA
Rodríguez Parrilla denunciou que o eixo central dessa operação contra o país está organizado a partir de centros de poder nos Estados Unidos, em exercício da política oficial do Governo dos Estados Unidos e com a intervenção de altos funcionários da Casa Branca, do Departamento do Estado e outras agências; com a intervenção permanente de senadores e parlamentares anticubanos; com a participação de entidades que respondem à política do Governo dos Estados Unidos para financiar os chamados golpes suaves de diferentes maneiras.
Bruno Rodriguez disse que essas tentativas de desestabilização levam, naturalmente, a consequências, que em outros países geraram conflitos, até mesmo guerras, seguidos de intervenções e ocupações militares dos Estados Unidos.
Afirmou que o roteiro seguido pelo governo dos EUA é tentar mostrar a Cuba, numa tentativa desesperada, malsucedida e tola, como um Estado falido, usando justamente essa abordagem como pretexto para a intensificação do bloqueio, a aplicação das 243 novas sanções, que o governo do presidente Trump implementou, e que o governo do presidente Biden tem aplicado estrita e intensamente desde sua eleição.
Disse que inclui mais de 60 sanções aplicadas durante a pandemia, tendo o vírus como aliado, o que tornou o bloqueio mais genocida e extraterritorial.
Acrescentou que este é o conteúdo essencial de uma campanha do governo dos Estados Unidos que já dura mais de 60 anos. «Eu estive relendo», apontou, «há poucos dias, sobre a organização de revoltas em Cuba nos primeiros anos dos anos 60, do século passado, e que tenta, justamente, criar situações internas que favoreçam seus objetivos de dominação, hegemonia e intervenção nos assuntos internos de nosso povo, para violar nossa independência e nossa soberania, ou mesmo para juntar outros países do planeta a essa política».
O governo dos Estados Unidos sabe muito bem que com as campanhas, que se intensificaram nos últimos meses, está tentando provocar situações de sofrimento em nosso povo e a esperança de que gerem condições que provoquem o chamado surto social.
«O Governo dos Estados Unidos sabe que com suas ações tenta e provoca ações de instabilidade e violência. Pretende alterar a paz do nosso país. Utiliza para isso uma maquinaria comunicacional muito poderosa, principalmente digital. Tenta construir um cenário virtual inexistente a partir da mentira e da irrealidade na esperança de transformá-lo em um cenário de realidade, o que não existe em Cuba».
«Lança mão de recursos financeiros substanciais, materiais fornecidos diretamente pelo Governo dos Estados Unidos e suas agências. Seus operadores e agentes internos residem tanto nos Estados Unidos, como em casos muito específicos em nosso país, ou mesmo em outras capitais, principalmente europeias».
«É uma operação que se organiza, do ponto de vista material e prático, fundamentalmente, a partir do território dos Estados Unidos, que conecta grupos violentos com um passado, mesmo um presente, de ações terroristas contra nosso povo e contra embaixadas de Cuba em vários países».
«Utiliza práticas, modalidades comunicacionais próprias do cenário de extrema polarização de máxima toxicidade, que infelizmente caracterizam as práticas políticas da sociedade norte-americana, em particular as práticas eleitorais, que já olham para novembro do próximo ano».
«O Facebook, por exemplo, uma grande plataforma privada, é bem conhecido a que objetivos os seus proprietários respondem e que se caracteriza por uma prática de violação dos direitos dos cidadãos à informação verdadeira, à privacidade, de não traficar com seus dados pessoais, que não apenas incentiva mensagens de ódio, divisão, discriminação, ódio racial e outras formas de discriminação, mas que é gerador de violência.
«Documentos recentes publicados, testemunhos internos, mostram que assim é».
«Hoje devo informar que os grupos privados que se estabeleceram na plataforma do Facebook, não só realizam atividades ilegais do ponto de vista do Direito Internacional, do direito nacional nos próprios Estados Unidos e em outras nações, desde onde operam em violação das leis cubanas, mesmo em violação das chamadas políticas comunitárias, nas próprias regras da plataforma do Facebook, alterando algoritmos, alterando o mecanismo de geolocalização para simular a presença em massa em Cuba de pessoas e contas que sabem que residem fora de nosso país, principalmente na Flórida e nos Estados Unidos».
«Tal como já aconteceu, o Facebook poderia ser, perfeitamente, com estrito cumprimento da lei, processado por essas práticas contra Cuba».
«Para mim, o mais importante é o que se resolve nestes acontecimentos: o direito de um Estado soberano, de um povo livre, no exercício da autodeterminação, face à tentativa de uma superpotência de intervir nos seus assuntos internos e forçar uma mudança de regime, destruir a ordem constitucional, por razões estritamente políticas, que só atendem aos interesses de grupos de poder que lucram com a política externa e que procuram manipular os cidadãos norte-americanos».
O chanceler cubano assinalou que, portanto, o que está se resolvendo é o direito do povo cubano à paz e à estabilidade, à tranquilidade e segurança cidadã frente ao exercício ilegal de um poder que busca alterá-los.
OS ESTADOS UNIDOS AMEAÇARAM CUBA COM NOVAS SANÇÕES
O ministro das Relações Exteriores da Ilha lembrou que no dia 26 de outubro jornalistas perguntaram ao porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos «qual era a relação do governo dos Estados Unidos com os chamados protestos em Cuba». Por duas vezes o porta-voz evitou responder a esta pergunta, mas ela foi generosamente respondida por numerosos funcionários, altos funcionários do Governo dos Estados Unidos e políticos desse país, que fizeram ameaças abertas de aplicação de novas sanções contra Cuba e de retaliações contra nossa nação.
«Provavelmente esteja errado», acrescentou, «pois há apenas uma hora minha compilação foi alterada, já não são 28, são 29 as declarações do governo dos Estados Unidos, de personalidades influentes no Congresso daquela nação contra Cuba, somente a partir de 22 de setembro, quase uma vez por dia, todas voltadas para incentivar, orientar e instigar ações de desestabilização em nosso país».
O chanceler denunciou que «instigam o desafio à ordem constitucional, às leis cubanas, as autoridades apresentam demandas para permitir ações que Cuba nunca permitiu nem permitirá, ações de um governo estrangeiro em nosso território, tentando desestabilizar o país; solicitam e pressionam diversos governos, alguns dos quais os senhores representam, para que se unam a essas ações contra Cuba».
«Eles até convocaram uma parte de vocês (o corpo diplomático), às vezes pessoalmente, para participar de ações ilegais dessa natureza».
«Apresentam supostos pacifistas ou manifestantes de forma mentirosa, quando se sabe que são agentes estrangeiros, que incentivam atos violentos de vandalismo e que inevitavelmente criariam situações que alterariam a paz interna».
«Falam de lutadores pelos direitos civis, com verdadeira falta de vergonha. Ameaçam, até mesmo, com implementar ações a partir do Congresso dos EUA».
Rodríguez Parrilla explicou que, durante o mês de outubro, a embaixada dos Estados Unidos em Havana publicou, somente na rede Twitter, 59 mensagens, 36 delas relacionadas a esses temas e com uma forte tentativa de alterar a ordem constitucional e a estabilidade interna.
«De forma descarada, três desses tweets referem-se à suposta ajuda do governo dos Estados Unidos ao povo cubano, nestas circunstâncias, incluindo garantias (e passo a citar) de maior acesso a alimentos, remédios e suprimentos médicos».
«Explicam as formas de facilitar a entrega de ajuda a Cuba e as opções para acelerar o fornecimento de bens humanitários. Mentem descaradamente. Não houve oferta de ajuda do governo dos Estados Unidos a Cuba, humanitária ou de qualquer tipo durante toda a pandemia. Nem mesmo quando a usina produtora de oxigênio quebrou foi oferecida e concedidas licenças específicas para enviar oxigênio a Cuba; e ficou claramente demonstrado que para enviar oxigênio dos Estados Unidos a Cuba era necessária uma licença específica do Governo dos Estados Unidos».
O GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS IMPEDE A REUNIFICAÇÃO FAMILIAR
O chanceler cubano denunciou que o governo dos Estados Unidos continua aplicando medidas que impedem a reunificação familiar, que impedem as viagens familiares, impedem a concessão de vistos, tanto para os vistos de imigrantes, em flagrante violação dos acordos de imigração assinados e vigentes entre os dois países, como restringem os prazos de visto para os cidadãos cubanos e impedem aos cidadãos cubanos, residentes em terceiros países e com dupla nacionalidade, de acessar ao território dos Estados Unidos com esses passaportes.
Além do encerramento dos serviços consulares em nosso país e da forma como se tornou mais cara a possibilidade de ir para a obtenção de um visto de imigrante ou de deslocações temporárias a terceiros países, «agora colocam uma nova barreira que é a exigência de vacinação a cidadãos cubanos que desejam viajar aos Estados Unidos com vacinas reconhecidas pela autoridade reguladora dos Estados Unidos ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
«As vacinas cubanas foram reconhecidas pela Autoridade Reguladora cubana e por outros de vários países. Espero que a Organização Mundial da Saúde aja de acordo com as suas próprias regras, que aja tendo em conta as circunstâncias de emergência que existem hoje no planeta, em nações irmãs, em particular na África, que não têm tido acesso às vacinas e agilize os procedimentos de pré-certificação das vacinas cubanas, que estão em andamento».
«É surpreendente, porém, que o Governo dos Estados Unidos, ao mesmo tempo com essas práticas, incentiva a emigração irregular, o que restringe o direito dos cubanos de viajar e emigrar, o que os coloca em condições indefesas contra o tráfico de direitos humanos, que fere o interesse do Governo dos Estados Unidos, do ponto de vista da aplicação da lei, de medidas contra o tráfico de pessoas, cria situações críticas para os países irmãos onde os cubanos, que saem de Cuba com regularidade, com seus vistos, concedidos por seus consulados, em companhias aéreas e voos comerciais regulares, mais tarde se tornam fluxos irregulares, causando perda de vidas e criando situações dramáticas, às vezes trágicas, não apenas no Estreito da Flórida, mas na selva de Darien e outras rotas de migração irregular».
Rodríguez Parrilla disse que surpreende o cinismo com que o governo dos Estados Unidos tem garantido, apesar de seus apelos dissuasivos, a entrada pela fronteira sul dos Estados Unidos para os cidadãos cubanos que não só chegaram lá em estado irregular, mas obviamente não estiveram vacinados, nem possuem certificado.
OFERTA VERGONHOSA
Só agora, na sexta-feira da semana passada, disse o chanceler cubano, o Departamento de Estado abordou nossa embaixada em Washington para oferecer a Cuba a suposta doação de um milhão de doses de uma de suas vacinas, com muitas condições, com muitos requisitos, sem as circunstâncias sendo claras, com referências a mecanismos internacionais até agora totalmente ineficazes e exclusivos, em violação dos próprios contratos que assinou com a Covax.
Afirmou que é preciso levar em conta que um milhão de doses apenas é suficiente para vacinar algumas centenas de milhares de pessoas em um país de 11 milhões de habitantes.
«Devo declarar», afirmou, «ao Governo dos Estados Unidos, que se essa oferta for séria, sincera e responsável, nosso país a reconhece e a apreciaria como um ato na direção certa».
«Respondemos ao Governo dos Estados Unidos com uma explicação respeitosa e estritamente fiel à verdade das razões pelas quais esta doação não contribuiria para a melhoria da saúde dos cubanos, nem teria qualquer impacto epidemiológico».
Significou que propusemos então ao Governo dos Estados Unidos para usar esta doação de vacinas, junto com uma doação de vacinas cubanas, para a imunização da população de um país com grande necessidade delas, que poderia ser no Caribe, mesmo com a participação de pessoal de saúde dos Estados Unidos e de Cuba na aplicação do programa de vacinação.
«Reitero hoje a oferta que fizemos antes, de forma privada, ao governo dos Estados Unidos de uma operação triangular conjunta e estamos em contato com alguns governos de países que atendem a essas condições, em absoluto respeito à sua soberania, caso seus governos decidam mostrar interesse neste projeto», disse.
O CINISMO DOS GOVERNANTES NORTE-AMERICANOS
Rodríguez Parrilla expressou que o financiamento federal dos Estados Unidos para a guerra contra Cuba, uma guerra econômica, uma guerra política, comercial e financeira, comunicacional, não convencional, com ações típicas de desestabilização, precursoras de ações de maior beligerância, aumentou e flui permanentemente. «Só em setembro de 2021, um pacote de subsídios de 6 milhões de dólares da Usaid foi alocado a 12 organizações, operando na Flórida, Washington e Madri, no lucrativo negócio da indústria anticubana, e operando esses atos de tentativas de desestabilização».
«Provas públicas, irrefutáveis e conclusivas foram apresentadas por nosso Governo, sobre essas ações de recrutamento, treinamento, financiamento, organização, apoio logístico de agentes internos em Cuba, que a lei dos Estados Unidos classificaria como agentes estrangeiros e ameaçariam com penas extremas de privação da liberdade», enfatizou.
Reafirmou que o Governo de Cuba, junto com nosso povo, em resposta ao amplo consenso majoritário que existe em nosso país, impedirá todo teste de ações inconstitucionais ou não constitucionais ou inconstitucionais a que se referem as diferentes escolas de direito com vistas à mudança de regime em Cuba.
«Não vamos permitir isso. Usaremos nossas leis, nossa Constituição, em estrita observância aos princípios de nosso estado socialista de direito e justiça social. Obviamente, não permitiremos que a Constituição seja invocada para violá-la, ignorá-la ou destruí-la».
O chefe da diplomacia cubana pediu a solidariedade da comunidade internacional, da comunidade das nações, da Assembleia Geral das Nações Unidas, o órgão mais universal, democrático e representativo desta organização. Agradeceu também a solidariedade dos amigos de Cuba em todo o mundo, dos grupos solidários, de muitas forças políticas, das organizações da sociedade civil em todas as áreas e áreas do planeta, dos cubanos residentes em diferentes países, em particular nos Estados Unidos.