ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Sobre o projeto de lei sobre planejamento territorial e urbano e gestão de terras, os deputados debateram longamente sobre a responsabilidade de quem assumirá a alocação de terras urbanizadas. Photo: Ismael Batista

Como parte dos trabalhos anteriores ao 8º período ordinário de sessões da Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP), no sábado, 18 de dezembro, os deputados realizaram um frutífero intercâmbio com os relatores dos quatro projetos de lei, que posteriormente serão submetidos ao Parlamento para aprovação, a fim de enriquecer o corpo jurídico dos textos, esclarecer preocupações comuns e contribuir para uma melhor compreensão do conteúdo que abordam.

Estas são a Lei dos Tribunais Militares, a Lei de Processo Penal Militar, a Lei de Planejamento Territorial e Urbano e de Gestão de Terras, e o Código de Família.

A este respeito, o presidente do Supremo Tribunal Popular (TSP), Rubén Remigio Ferro, salientou que estes projetos de lei estão totalmente de acordo com as leis aprovadas na sessão anterior da Assembleia; portanto, todo o processo de elaboração, critérios e recomendações — emitidos com respeito às normas acima mencionadas — foi e é válido para os presentes projetos.

«Como parte das consultas», disse, «foram recebidas propostas tanto dos deputados como das estruturas do ministério das Forças Armadas Revolucionárias, do ministério do Interior e dos departamentos e escritórios do Conselho de Estado, da Procuradoria Geral da República, do ministério da Justiça, bem como das universidades, entre outros setores.

«No total, foram recebidos 162 novos critérios, e 65% das recomendações foram aceitas», ressaltou.

PROJETO DE LEI SOBRE TRIBUNAIS MILITARES

Remigio Ferro informou que 28 critérios foram recebidos dos parlamentares sobre esta proposta de regulamento que, se aprovada, substituiria a Lei nº 97 sobre tribunais militares, que data de 21 de dezembro de 2002, e 89% foram incluídos a fim de melhorar o conteúdo e o corpo jurídico do projeto de lei. «Da mesma forma, foram recebidas 29 propostas das organizações e universidades e 76% delas foram aceitas», mencionou.

«Com base nas consultas», apontou, «quatro artigos foram acrescentados, e entre as principais mudanças no documento estão a modificação de 23 artigos, alguns com transformações substanciais, e outros com o objetivo de melhorar sua redação». Por exemplo, disse, «a expressão "instituições armadas" foi substituída por "ministérios das Forças Armadas Revolucionárias e do Interior", de acordo com as disposições de nossa Carta Magna».

PROJETO DE LEI SOBRE PROCESSOS CRIMINAIS MILITARES

Remigio Ferro assinalou que 31 propostas foram recebidas dos deputados sobre esta proposta de lei, que, se aprovada, substituiria a atual Lei nº 6 de 6 de agosto de 1977, e 28 delas foram aceitas.

Da mesma forma, 72 novos critérios foram recebidos na consulta com outros órgãos, dos quais 40% foram aceitos.

«Com base nas considerações», apontou, «algumas mudanças e modificações foram feitas, entre as quais a modificação da parte expositiva do Projeto de Lei, a fim de otimizar a qualidade de sua redação. Da mesma forma, 207 artigos da Lei foram modificados, e em quatro deles foram introduzidas mudanças substanciais».

Também foram acrescentadas as seguintes causas de incapacidade de agir como especialistas: ser um subordinado do acusado, o acusado, um terceiro civil responsável, a vítima ou a pessoa ferida; ou estar relacionado a qualquer uma das autoridades atuantes.

Idaliena Díaz Casamayor, deputada do município de Guantánamo, reconheceu que esta proposta protege os direitos do setor e, embora esteja um pouco mais distante do funcionamento da sociedade civil, responde ao que está estabelecido na Constituição.

Por outro lado, expressou sua preocupação com os casos em que um sujeito não concorde com o processo, como proceder ao assinar o ato correspondente e se a intervenção de uma terceira pessoa seria necessária.

Sobre esta questão, o presidente do TSP explicou que a prática até agora é que, se a pessoa que é objeto desta intervenção não concordar com o ato de registro, ela deve registrá-lo e, se possível, refletir suas razões, e estas devem ser avaliadas em tempo hábil pelos tribunais.

Yamila Peña Ojeda, procuradora-geral da República, acrescentou que, com base nesta falta de consentimento, o promotor responsável asseguraria que este teste fosse realizado com a legalidade exigida.

Miguel Charbonet, deputado de Artemisa, levantou suas considerações sobre alguns dos termos utilizados em vários artigos, e fez várias propostas de adições, incluindo a de considerar o crime de revelar segredos militares como uma causa única.

PROJETO DE LEI SOBRE PLANEJAMENTO TERRITORIAL E URBANO E ORDENAMENTO TERRITORIAL

O projeto de lei sobre planejamento territorial e urbano e gestão de terras também foi discutido.

Diana Rosa Suárez Matías, diretora jurídica do Instituto Nacional de Planejamento Territorial e Urbano, explicou que esta é uma lei que não tem precedente no país, pois até agora a atividade era regida por um Decreto-lei datado de 1978.

O projeto, que foi debatido abertamente e foi alimentado pelos critérios dos deputados, da população e das universidades, passou — como resultado deste intercâmbio — por importantes modificações, com as questões de redação tendo precedido as questões de redação.

Com relação às mudanças, as questões de identidade, disciplina territorial e preservação do patrimônio foram incorporadas.

Em seu discurso, Suárez Matías focalizou o artigo 18º, que havia sido objeto de muito debate entre os deputados, particularmente no que diz respeito à responsabilidade daqueles que alocam terras urbanizadas.

Explicou, neste sentido, que existem municípios que, devido a restrições de desenvolvimento urbano, não têm terras disponíveis para dar à população, e que foram emitidas resoluções complementares para proteger os residentes em municípios onde não há tal disponibilidade.

Em resumo, como parte do ajuste à estrutura do projeto, 55 artigos foram modificados, sete dos quais com mudanças substanciais.

A deputada Lourdes Caballero Garzón destacou a relevância ou não de ajustar a redação do artigo 18º, no que diz respeito ao termo "aprovar" os instrumentos do plano de uso do solo, dependendo da extensão das funções correspondentes.

Em resposta, o Diretor Jurídico do Instituto Nacional de Planejamento Territorial e Urbano apontou que os territórios, ao necessitarem de um plano parcial para a construção de moradias, sempre aprovariam o instrumento, que pode estar sujeito a mudanças a fim de melhorá-lo.

Também ressaltou que cabe às autoridades provinciais alocar terrenos urbanizados, nos casos que são de sua competência e de acordo com as disposições da legislação vigente e os fundamentos específicos estabelecidos na Lei nº 65ª, a Lei Geral de Habitação.

Sobre este assunto, o deputado Reinaldo García Zapata, governador de Havana, mencionou a necessidade desta interrelação com os municípios e suas autoridades, a fim de conhecer as áreas de desenvolvimento em cada território.

Da mesma forma, o deputado José Cantero solicitou uma revisão desta questão, a fim de harmonizá-la com as disposições da Constituição da República e a autonomia concedida aos municípios para a gestão de seus recursos, o que inclui o uso da terra.

Enquanto isso, Jennifer Bello Martínez, deputada de Cárdenas, Matanzas, refletiu sobre como a participação popular é garantida na formulação de instrumentos de planejamento, e a necessidade de incluir, além do conhecimento e da colaboração, a tomada de decisões por cada um dos atores envolvidos nesses processos.

Sobre o tema das construções autoconstrutivas e intervenções arquitetônicas de interiores, a congressista Mariela Castro Espín destacou a possibilidade de determinar uma figura, sem burocracia, que assuma a função de assegurar que os arranjos internos ou edifícios empreendidos não afetem a carga ou estrutura da habitação, a fim de evitar colapsos ou outras afetações do gênero.

Em conclusão, o primeiro-ministro, Manuel Marrero, sugeriu que, como resultado das modificações e mudanças que foram feitas no regulamento proposto, o grupo de redação se reunisse e realizasse uma sessão de trabalho para tratar de todas as preocupações levantadas acima.

A primeira vice-ministra, Inés María Chapman, destacou a importância da lei, no interesse do planejamento urbano e territorial, já que ela responde a muitas das preocupações da população.