«A previsão para as próximas semanas em Cuba é que o número de casos confirmados da Covid-19 continuará a aumentar, diariamente. Espera-se que a incidência da doença aumente, mas não a letalidade».
A declaração foi compartilhada na terça-feira, 4 de janeiro, pelo dr. Raul Guinovart Diaz, reitor da Faculdade de Matemática e Informática da Universidade de Havana, que abriu — a partir da análise habitual dos modelos matemáticos de previsões — o encontro de especialistas e cientistas que estão imersos em atividades científicas e de inovação tecnológica para enfrentar o coronavírus.
A reunião foi realizada a partir do Palácio da Revolução e foi presidida pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, bem como pelo primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz, e pela primeira vice-ministra, Inés María Chapman Waugh.
Os números, como o professor enfatizou, falam de uma situação epidemiológica que tende a se tornar mais complexa. A população cubana, entretanto, tem «maior fortaleza» como resultado da campanha de vacinação, «mas esta vantagem deve ser acompanhada», disse Guinovart, «pelo cumprimento de medidas sanitárias, para que a doença não atinja níveis alarmantes de propagação».
«Estamos no início de uma nova onda de contágio», advertiu o matemático, que reiterou que, «em longo prazo, o número de casos ativos aumentará se as medidas correspondentes não forem seguidas».
«Há uma vantagem indubitável de que», tal como refletiu o especialista, «mais de 90% da população está imunizada e estão sendo feitos progressos na dose de reforço, portanto, deve ser que esta nova onda de casos não seja tão alta e possa ser controlada nos primeiros meses do ano».
O presidente Díaz-Canel disse que «a vacina salva mas não pode fazer o indizível. Em outras palavras, é necessário ajudar com uma atitude que não negligencie as medidas implementadas nestes tempos difíceis de contágio. Creio que devido à situação em que nos encontramos e à forma como a doença se manifesta», disse o presidente, referindo-se aos modelos matemáticos de prognóstico, «não temos necessariamente que agir da mesma forma que antes: agora temos que dar importância à admissão domiciliar, mas (tem que ser) uma admissão domiciliar adequada, precisa, completa e eficiente». Disse isto porque este caminho, a fim de inspirar confiança e não levar as pessoas a buscar qualquer tipo de resposta nos hospitais, deve funcionar, na realidade, como foi projetado.
UMA CAMPANHA BEM PENSADA
«Ter administrado quase 31 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 na Ilha maior das Antilhas em sete meses tem sido uma tarefa árdua». Foi o que a drª Ileana Morales Suárez, diretora de Ciência e Inovação Tecnológica do Ministério da Saúde Pública (Minsap), refletiu na terça-feira, 4, olhando para o percurso já percorrido, que esteve encarregada — durante a reunião de especialistas e cientistas com a liderança do país — de atualizar como a estratégia de vacinação está progredindo na Ilha.
«A primeira grande premissa para o sucesso da campanha», analisou Ileana Morales, «foi ter tido uma estratégia clara, que nos permitiu saber como avançar em uma estrutura muito complexa».
Em Cuba, o processo de vacinação não parou: de acordo com números compartilhados pela especialista, no final de 2021, 2,1 milhões (2.190.530) de doses de reforço já haviam sido administradas à população; de 25 de dezembro a 1 de janeiro, 869.734 doses haviam sido administradas, e no universo pediátrico, mais de cinco milhões de vacinas contra a Covid-19 já haviam sido aplicadas.
O presidente aludiu à importância de observar o grupo onde os convalescentes estão ou estarão. A este respeito, a drª Morales disse que o país está se preparando para atender aos que compõem este grupo.
Sobre a campanha de vacinação e a situação atual no país, a drª Marta Ayala Ávila, membro do Bureau Político e diretora-geral do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), mencionou repetidamente uma palavra: «reforçar, reforçar e reforçar», ao que o titular do Minsap, José Angel Portal Miranda, acrescentou: «Essa é a palavra de ordem».
INTELIGÊNCIA NA BUSCA DA SOBERANIA
A luta contra a Covid-19 significou para Cuba a busca de respostas múltiplas. Há muitas histórias que confirmam isto, como a do ventilador pulmonar cubano para cuidados intensivos e pacientes adultos (Combiovent), sobre o qual foi feita uma atualização na terça-feira, 4, durante a reunião de especialistas e cientistas.
Embora vozes autoritárias descrevessem as qualidades e o potencial de um dispositivo que salva vidas, foi animador saber que engenheiros muito jovens — como Alejandro César González e Juan Carlos Hernández, de cinco e dois anos de carreira, respectivamente — estiveram envolvidos na tarefa e compartilharam suas experiências.
O ventilador de alto desempenho, que busca a máxima soberania tecnológica, é um projeto da empresa Combiomed, cujo objetivo é a pesquisa, produção e comercialização de equipamentos médicos. Depois de ver do que se trata o ventilador Combiovent, o presidente Díaz-Canel lhes disse que eles haviam conseguido um feito tecnológico que terá que ser falado no futuro.
O presidente aproveitou a reunião para lhes perguntar: «De todo o equipamento que vocês têm nas unidades de cuidados intensivos, o mais complicado é o ventilador? O que nos falta para fazer todo o equipamento que um espaço como esse precisa?».
Proponho, disse, «que comecemos a desenvolver um programa que nos permita fazer todo o equipamento para uma unidade de tratamento intensivo: buscar todo o desenvolvimento e ter soberania», enfatizou. E mais tarde se referiu ao esforço que foi feito com a vacina; «mas há todo um grupo de coisas em termos de kits de diagnóstico médico, componentes, suprimentos que estão sendo feitos, que foram desenvolvidos em meio a esta crise, e eu acho que vale a pena que sejam conhecidos».
Com a mesma ênfase na defesa da saúde e da vida, também foi realizada a reunião do grupo de trabalho temporário para a prevenção e controle da Covid-19, liderado pelo presidente e o primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz.
Por videoconferência, as autoridades de cada província trocaram com os líderes do país sobre a situação epidemiológica em cada território, bem como sobre a situação eletroenergética e outras questões de interesse.
O primeiro-ministro enfatizou a necessidade do «cumprimento rigoroso das medidas aprovadas, a necessidade de tomar todas essas medidas e de agir com responsabilidade».
Alertou sobre a confiança lógica que a vacinação gera, «mas a vacina não faz milagres, e aí reside o componente que cada pessoa deve colocar em prática, agindo com maior responsabilidade». O chefe de Governo destacou que enquanto o país reativa sua economia, «temos que reforçar o sistema de renda familiar, porque não podemos contar com escolas, universidades, instalações turísticas que em outros momentos utilizávamos para o isolamento; em outras palavras, temos que apelar para o isolamento responsável em casa».
«Podemos vencer esta batalha», disse, «mas todos nós devemos nos unir e respeitar os protocolos estabelecidos».
