
Os matemáticos e epidemiologistas cubanos estimam que o país poderia estar entrando no auge da atual onda de infecções da Covid-19, de acordo com modelos de previsão apresentados na terça-feira, 18 de janeiro, durante a reunião semanal do primeiro secretário e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, com especialistas do ministério da Saúde Pública (Minsap) que vêm guiando a ciência e a inovação tecnológica na luta contra o coronavírus, durante quase dois anos.
O reitor da Faculdade de Matemática e Informática da Universidade de Havana, Raúl Guinovart Díaz, considerou que as previsões são mais animadoras do que nas semanas anteriores, embora ainda seja uma situação complexa.
Embora tenha reconhecido que a questão dos modelos pode ser controversa, apontou que estão indicando que estamos entrando no auge da atual onda de contágio, e que ela vai diminuir depois.
Díaz-Canel comentou que, comparado ao que está acontecendo no mundo após a disseminação da variante Omicron, o crescimento dos casos em Cuba tem sido mais lento, a inclinação tem sido mais branda. Durante vários dias, lembrou, «mantivemos entre 3.000 e 3.500 casos por dia, quando em outras previsões deveríamos ter mais de 6.000 pessoas doentes por dia».
«O relatório de casos diários está se aproximando das altas médicas que são concedidas», disse Guinovart Díaz, «o que parece indicar que a epidemia estará sob controle, de acordo com os dados. Além disso, o crescimento desacelerou nos últimos dias. Precisamos estar atentos à situação», disse, «mas as tendências mostram algum controle da epidemia nas próximas semanas».
Essa opinião foi compartilhada pelo professor Pedro Mas Bermejo, vice-presidente da Sociedade Cubana de Higiene e Epidemiologia, que salientou que a previsão logística, elaborada pela Universidade de Sancti Spiritus e apresentada por Guinovart Díaz, foi seguida durante os últimos 20 dias, «e o acordo tem sido muito próximo».
Enquanto continuarmos aplicando a dose de reforço e aumentarmos a porcentagem de pessoas vacinadas, «o controle que está sendo proposto será possível. Ouso dizer que estamos em uma fase de controle de doenças, todos os dados e comparações com o mundo nos levam a essa ideia», disse.
O dr. José Raúl de Armas Fernández, chefe do Departamento de Doenças Transmissíveis do Minsap, disse que territórios como Granma e Santiago de Cuba ainda não atingiram o número de casos confirmados que deveriam ter, estão abaixo dos níveis de transmissão que temos hoje no país.
«Mas isto nunca levaria a um grande pico ou a ir além das previsões apresentadas. Concordo», disse, «que estamos entrando em um momento de planalto para iniciar o declínio, o que garantirá que continuaremos avançando no reforço».
A VACINAÇÃO NÃO PODE PARAR
Ileana Morales Suárez, diretora de Ciência e Inovação Tecnológica do Minsap, informou que 92,5% da população cubana elegível para vacinação — não incluindo, por exemplo, crianças menores de dois anos, as que vivem fora da Ilha, ou as que sofrem de doenças terminais — já têm seu calendário completo de vacinação, quando ela atualizou a estratégia de vacinação.
Enquanto isso, as vacinas de reforço estão em 45,5%, com os números mais altos em Havana (1.150.763 pessoas), Santiago de Cuba (406.412) e Holguín (330.694). As vacinas Soberana Plus e Soberana 02, bem como a Abdala, estão sendo administradas em todo o país. Além disso, embora ainda em testes clínicos, Soberana 01 e Mambisa estão sendo reforçadas em menor número.
Disse que mais de quatro milhões de doses de reforço já foram administradas, e a entrega de vacinas às províncias continua a ser concluída a fim de completar a campanha este mês.
MAMBISA TAMBÉM ESTÁ CHEGANDO
Nesta reunião no Palácio da Revolução, foram dadas informações sobre o progresso dos estudos clínicos com a candidata a vacina Mambisa, que é administrada por via nasal.
O dr. Gerardo Guillén Nieto, diretor de Pesquisa Biomédica do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), explicou que a Mambisa está em dois estudos clínicos de Fase 2: um como reforço para 2.220 indivíduos que receberam três doses de Abdala; e outro, também como reforço, mas em convalescentes, que ainda está recebendo voluntários no hospital Hermanos Ameijeiras em Havana, na policlínica Raúl Díaz em Pinar del Río, e no hospital Manuel Ascunce em Camaguey.
O pesquisador explicou que no estudo da Fase 1 do candidato a vacina Mambisa, com 120 indivíduos, «foram testados três dispositivos de administração nasal, todos com muito bons resultados, e um foi selecionado que temos a capacidade de produzir; portanto, garantimos a sustentabilidade na vacina».
Nessa fase, disse, «o critério de sucesso do candidato a vacina foi que devia aumentar os teores de anticorpos específicos de IgG em quatro ou mais vezes, mas os aumentou em 15 vezes. Mais uma vez», disse, «a via nasal de administração demonstrou a capacidade de induzir uma resposta imunológica em nível sistêmico, com anticorpos no sangue e na mucosa, que é onde o vírus sars-cov-2 entra no corpo. Uma vez concluídos os dois estudos da Fase 2, a Mambisa será submetida à Cecmed para autorização de uso emergencial. Esta é uma das 11 vacinas administradas nasalmente que estão sendo estudadas em todo o mundo para combater a Covid-19».












