ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Capa da mais recente edição da revista em homenagem aos 40 anos de «Tablas». Design: Dieiker Bernal Fraga. Foto: Capa da revista

Tablas completou 40 anos. Assim, com esse rótulo tão seu, chamamos a revista Tablas, a publicação cubana das artes cênicas. Idade redonda, equilíbrio imbatível entre juventude e experiência, como se costuma dizer.

Quando surgiu em 1982, por iniciativa da Diretoria de Teatro do Ministério de Cultura e das mãos de Rosa Ileana Boudet, reivindicou o papel do teatro diante dos preconceitos e das feridas herdadas dos erros culturais dos anos 1970.

Pouco tempo depois, Vivian Martínez Tabares promoveu fora de suas páginas fóruns de reflexão coletiva sobre o percurso da criação na ilha ou no mundo através de vários encontros.

Yana Elsa Brugal fez a revista sobreviver na difícil década de 1990. Seguindo a política do Conselho Nacional de Artes Cênicas, desde então instituição responsável pela publicação, ganhou espaço o teatro infantil e de fantoches, assim como de outros segmentos que resistiu às duras condições da época.

Embora seja desconfortável mencioná-lo, eu mesmo fiz parte da direção de Tablas a partir do ano 2000 por duas décadas, mas na realidade minha relação mais fervorosa com ela tinha começado como um simples leitor adolescente desde seu primeiro número, não sei se aquele em que Sergio Corrieri autografou um destino desejado: «que os leitores de Tablas cresçam».

Para o aniversário, completado sem coincidência no Dia do Teatro Cubano, as últimas diretoras da revista, a diretora teatral Ámbar Carralero e a gestora cultural Doris Ramos, juntamente com sua equipe editorial, convocaram diálogos onde relembraram conceitos, estratégias, alcances, fatos, anedotas, limitações e realizações. A paixão em defender a publicação contra deficiências de um tipo ou de outro foi destacada.

Foi inevitável evocar o sempre lembrado Amado del Pino, desaparecido há cinco anos, também em 22 de janeiro, tão intimamente ligado a Tablas como editor, crítico, cronista e dramaturgo. Entre seus contínuos destaques como grande defensor da publicação, ponderou os hoje 123 libretos, obras completas publicadas desde a inicial Morir del cuento, de Abelardo Estorino, que são um vade-mécum de nossa dramaturgia.

Os desafios atuais são, especificamente, recuperar a interação múltipla com o panorama cênico uma vez terminada a pandemia. E buscar um equilíbrio fiel entre divulgação nas redes e tiragem, ainda que mínima, que, como aponta o prêmio nacional da Edição 2021, e detentor nato da revista, Norberto Codina, garante sua circulação físicae o ato do grêmio de se reunir em torno do surgimento de cada número.

Mesmo com a sua função axial no quadro das manifestações que reflete, a revista, juntamente com o seu editorial, desempenha um papel essencial como nó entre a criação e o pensamento. Reviver a história e seus fatos, técnicas e testemunhos de qualquer época estimula ideias; mentes e sensibilidades abertas a outros conhecimentos.

Hierarquizar, reconhecer, estimular, avançar e incitar a crítica dessa cartografia do passado e do presente, será sempre tarefa da Tablas.