
O primeiro-secretário do Comitê Central do Partido e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, e o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz realizaram um intercâmbio com diretores de entidades com o poder de prestar serviços de comércio exterior à administração não estatal, com base em uma investigação solicitada pela liderança do país.
Nas conclusões da reunião, o presidente explicou que a reunião foi baseada nas preocupações dos próprios empresários (MPMEs e trabalhadores autônomos), que estavam insatisfeitos com a forma como alguns desses serviços são prestados.
«Embora tenhamos conversado aqui com empresários estatais que têm uma compreensão clara do que o país quer exatamente, e em suas intervenções eles ofereceram uma abordagem abrangente, objetiva e comprometida, este não é o caso em todos os lugares, e é por isso que o objetivo desta reunião é melhorar os mecanismos criados e estar consciente de sua importancia», disse o presidente.
Acrescentou que este é um tema que fez parte do 8º Congresso do Partido, com vista a melhorar o comércio exterior através da defesa da eficiência, qualidade e profissionalismo que deveria caracterizar estas empresas estatais socialistas.
«Todos nossos atores econômicos, estatais e não estatais, são importantes; todos, de acordo com sua escala, têm uma tarefa a cumprir, e todos estão contemplados na Estratégia Sócioeconômica», salientou o presidente.
«As entidades de importação-exportação» — disse — «devem levar em conta a heterogeneidade dos diferentes agentes econômicos, e quando vão prestar um serviço, devem colocar-se no lugar da pessoa que o solicita, pensar em que tratamento ele quer receber, que deve ser o melhor».
Quando um ator econômico não estatal vem até você, ele o faz com a certeza de que está indo para uma entidade onde receberá um serviço profissional, adequado e ágil.... Mas é isso que predomina», perguntou Díaz-Canel, que explicou que esta atividade requer uma visão abrangente; não apenas econômica, mas também ideológica e política.
«Quando aqueles que trabalham no setor não estatal têm confiança nas instituições estatais, eles também estão expressando sua confiança na Revolução», enfatizou.
O primeiro-secretário havia explicado anteriormente que, embora, devido à sua natureza estratégica, o controle do Estado sobre o comércio exterior seja defendido, também é necessário que essas entidades funcionem eficientemente, caso contrário, argumentou, «o que fazemos é perder credibilidade».
HÁ INSATISFAÇÕES, E NÃO SÃO POUCAS
Liderado pelo membro do Bureau Político e primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz, na reunião o titular do Comércio Exterior e o Investimento, Rodrigo Malmierca Díaz, lembrou que esta medida começou a ser implementada em agosto de 2020.
Na época, um grupo de resoluções foi publicado na Gaceta Oficial que deu a possibilidade aos formulários de gestão não estatal de realizar atividades de comércio exterior através de empresas estatais.
«Desde o início da implementação da medida, a necessidade de prestar um serviço eficiente foi deixada clara pela liderança do país», reconheceu Malmierca Díaz.
O titular do Ministério do Comércio Exterior e o Investimento (Mincex) também se referiu a duas medidas que foram aprovadas posteriormente, mas que não progrediram como deveriam.
Uma delas é «destinada a fortalecer o mercado atacadista com fornecedores estrangeiros; em outras palavras, colocar mercadorias no país em consignação ou em armazéns alfandegários ou em associação com capital estrangeiro».
A outra tinha como fim criar MPMEs estatais especializadas na prestação de serviços a formas de gestão não estatais, mas isto também não está indo bem; «apenas três foram criadas e ainda não estão totalmente operacionais devido a uma série de dificuldades para colocá-las em funcionamento». Outro elemento para melhorar, frisou ele, é a comunicação social, «devemos ser muito mais ativos na divulgação das possibilidades que estão sendo oferecidas».
Hoje, 58 empresas foram aprovadas pelo Comitê Executivo do Conselho de Ministros para realizar comércio exterior para gestão não estatal, mas 21 ainda não o fizeram; 16 porque ainda não completaram os procedimentos, e cinco têm tudo pronto, mas não realizaram nenhuma atividade de comércio exterior.
Ao analisar a questão das formalidades a serem cumpridas pelas entidades estatais, explicou que o processo de licenciamento é muito pesado. «Há mais de 70 regulamentos que os regem e temos que continuar revisando-os e torná-los mais flexíveis; muitos datam dos anos 90 e não estão em sintonia com as novas condições em que nossa economia opera».
Também apontou que a principal insatisfação com formas de gestão não estatais está relacionada a atrasos de vários tipos, alguns objetivos, mas outros subjetivos, como as certificações que um grande grupo de organizações cubanas deve fornecer para os produtos ou serviços que oferecem.
No ano e meio desde a implementação da medida de exportação e importação através de formas não estatais de gestão, segundo o chefe do Mincex, mais de 9.000 contratos foram assinados, por um valor de cerca de 139 milhões de dólares (apenas 170 contratos foram negociados para exportação, por um valor de 12 milhões de dólares).
«De quase 9.000 contratos de importação», acrescentou, «mais de 6.000 foram compras em consignação ou em armazéns alfandegários; em outras palavras, dois terços dos contratos foram satisfeitos com os produtos que estão no mercado, portanto, se formos capazes de melhorar a situação do mercado atacadista, muitas das insatisfações serão resolvidas desta forma».
CASO SOB ESTUDO
Uma recente investigação realizada por uma equipe de assistência ao Conselho de Ministros revelou conquistas e insatisfações na implementação desta atividade, tanto para empresas estatais quanto para empresários.
Para a avaliação, 26 entidades estatais autorizadas a realizar comércio exterior para formas de gestão não estatais e vários desses clientes foram contatados, além de intercâmbios com a estrutura administrativa da atividade no Mincex.
Os resultados da análise indicam que a medida provou sua validade e que há um interesse crescente de formas de gestão não estatais em participar dessas atividades; no entanto, o sistema é limitado por práticas burocráticas, lentidão, falta de iniciativa e preparação insuficiente dos recursos humanos; além da coexistência de regulamentos atualizados com outros que precisam ser revisados.
A necessidade de aproveitar ao máximo as reservas existentes, não apenas nas empresas, mas em todas as entidades associadas ao mecanismo para minimizar a incidência de fatores subjetivos e fazer com que ele funcione de forma eficiente, sustentável e dinâmica, também foi evidente.
EM DIREÇÃO A UM ESTÁGIO SUPERIOR
Vários empresários apresentaram tanto as experiências bem-sucedidas de suas entidades quanto os obstáculos que ainda enfrentam, os quais já haviam sido identificados no relatório apresentado ao encontro.
Ariadne Plasencia, presidenta do Grupo Empresarial da Informática e as Comunicações (GEIC), sob cuja tutela operam as empresas Desoft, Softel e Solintel, destacou que a medida tem sido positiva para formas de gestão não estatais e para suas empresas.
A interação comercial com duas MPMEs e quatro trabalhadores autônomos facilitou operações de mais de 180.000 dólares. Em junho, o grupo empresarial incorporou uma loja de ferragens eletrônicas com produtos em consignação fornecidos por homólogos estrangeiros, o que lhe permitiu manter a demanda e fechar o ciclo de fornecimento, incluindo o transporte.
Iván Barreto, diretor da Empresa de Informática e Meios Audiovisuais-Cinesoft, salientou que neste processo, as entidades importadoras e exportadoras não podem esperar para ter todas as condições criadas, mas sim gerá-las à medida que vão avançando, como fizeram em sua entidade.
Loretta Blanco, diretora adjunta do Grupo Empresarial de Comércio Exterior (Gecomex), comentou que apesar de estarem acostumadas a importar grandes volumes, elas vêm ganhando experiência nas relações com formas de gestão não estatais e encurtando os tempos de aquisição.
Para finalizar, o presidente da República reiterou o preceito de que as empresas que receberam autorização para fazer acordos de importação e exportação para o setor não estatal devem ter estruturas ágeis e pequenas que forneçam um serviço rápido e adequado.
Não se trata, disse, de cumprir «uma tarefa, mas da necessidade do país, e aqui o progresso não foi feito como deveria ter sido, e algumas entidades são reprimidas pela inercia», disse.
«Ainda assim», refletiu mais tarde, «os níveis de importação e exportação para formas não estatais são baixos. Precisamos ir para um estágio mais alto nesses esforços», disse Díaz-Canel, comentando que a reunião tinha contribuído para dar esse salto. Participaram da reunião o membro do Bureau Político e vice-presidente da República, Salvador Valdés Mesa, e Joel Queipo Ruiz, membro do secretariado do Comitê Central do Partido; bem como os primeiros vice-ministros Comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez, Inés María Chapman Waugh, Ricardo Cabrisas Ruiz, Alejandro Gil Fernández e Jorge Luis Perdomo Di-Lella, além de ministros e outras autoridades.