
«No final de 2021, a preços constantes, foi registrado um crescimento do PIB de 1,3%. Não é o 2% que esperávamos, mas após dois anos consecutivos de contração econômica iniciamos um processo de recuperação», disse Alejandro Gil Fernández, vice-primeiro ministro e titular da Economia e Planejamento, aos deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular.
Gil Fernández também relatou que no primeiro trimestre de 2022, a economia registrou um crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período de 2021, outro sinal de recuperação gradual, em um cenário ainda difícil: com um bloqueio, pandemia, inflação e crise internacional.
«Entretanto, estes passos de progresso nos permitem afirmar que existem condições para atingir a meta projetada no plano para este ano, que é de cerca de 4%», disse.
Lembrou que, em 2017, a economia fechou com um crescimento de 1,8%, enquanto em 2018 foi de 2,2%, o que é o «maior resultado que o país já teve. No momento, há uma lacuna de mais de 10% para alcançar os números de 2018, mas o desempenho em 2021 é encorajador».
«As atividades que reportaram maior crescimento no final de junho foram educação, hotéis e restaurantes, construção, transporte, armazenamento e comunicações», disse.
Quanto às exportações de mercadorias, o ministro disse que no primeiro semestre do ano elas totalizaram 1,2 bilhão (1.262.000.000) de dólares, concentradas principalmente em níquel, açúcar bruto (embora bem abaixo da produção planejada), mel, charutos, rum, produtos biofarmacêuticos e telecomunicações.
Acerca do turismo — uma atividade chave para a recuperação da economia nacional — disse que 682.297 visitantes tinham chegado ao país e a meta de receber 2,5 milhões de visitantes durante o ano ainda se mantém.
Insistiu, por outro lado, na necessidade de aumentar os ganhos em divisas porque, embora as taxas atuais sejam mais altas do que as que receberemos em 2021, ainda é insuficiente, e isto se reflete na escassez, no déficit de oferta na rede varejista, e no financiamento da estrutura produtiva, entre outros problemas.
«Em 18 meses perdemos 3 bilhões de dólares em receitas, e este ano começamos a nos recuperar, mas devemos acelerar o ritmo e buscar todas as formas possíveis de administrar estes recursos», enfatizou.
Também apontou que alguns produtos agrícolas ainda estão bem abaixo da demanda, com preços altos, especulação e revenda, mas houve uma ligeira recuperação em algumas áreas como alimentos, vegetais e leite, embora isto ainda não tenha tido o impacto na vida da população ou nos preços que gostaríamos de ver.
O vice-primeiro ministro também explicou que a situação da eletricidade no país é muito complexa e que, dadas as constantes avarias das usinas termoelétricas, a produção de eletricidade teve que ser aumentada através do diesel, «hoje a preços quase insustentáveis». Além disso, «o fornecimento insuficiente de combustível impede o desenvolvimento da economia e retarda a recuperação, já que várias atividades são interrompidas por este déficit», disse.
Com relação ao comércio varejista, indicou que este cresceu 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado, e que 75,7% das vendas (que inclui serviços) são feitas em CUP, e 24,3% em MLC.
A este respeito, disse que há escassez tanto na rede de vendas em pesos cubanos, quanto em alguns produtos vendidos em lojas MLC, e que isto tem a ver com problemas de reabastecimento, o déficit em moeda estrangeira, o aumento dos custos de frete, atrasos de navios e outros problemas logísticos.
Durante sua intervenção, Alejandro Gil referiu-se ao fato de que 437 empresas estatais estão sofrendo perdas (23% do total), que o salário médio no país é de 4.150 pesos e que os níveis de produtividade do trabalho estão em 71.944 pesos. Entretanto, advertiu, «temos deficiências de produtividade e excesso de força de trabalho que não correspondem ao nível de atividade comercial».
Com relação a outros atores econômicos, assinalou que, no final de 30 de junho, havia 3.991 pequenas e médias empresas (MPMEs) privadas e 51 estatais, assim como 55 cooperativas não-agrícolas (CNAs), que geraram mais de 70.514 novos empregos.
O ministro da Economia e Planejamento também comentou sobre as distorções nos preços e a necessidade de coordená-los em nível territorial, bem como de analisar por que os produtos estão sendo vendidos até seis vezes acima do custo.
«Podemos ter muitas explicações técnicas para a questão da inflação: déficit de oferta, inflação de custos, desvalorização da moeda, perda do poder aquisitivo da renda; e também muitas respostas técnicas para resolver este cenário: mais oferta, estabilidade do mercado, maior produção, etc».
«Mas temos que colocar nossos pés no chão, e nosso modelo econômico é diferente do do mundo e não podemos aplicar tudo o que os livros de economia de mercado dizem», advertiu. Entretanto, continuou, «temos o dever e o direito de não permitir preços abusivos, mesmo que baseados na escassez, e de buscar maneiras de controlá-los em nível territorial e com maior controle popular».
Também confirmou que 20 de setembro é o prazo final para o processo de transição dos trabalhadores autônomos, com mais de três empregados, para uma forma legal, seja MPMEs ou CNAs.
REFLETINDO A ECONOMIA NA ESFERA SOCIAL
Como parte da recuperação da economia e da atividade social, Gil Fernández destacou o reinício do ano letivo, com uma matrícula de 1,7 milhão (1.726.520) de alunos, enquanto o ensino superior aumentou para 221.000 alunos.
Com relação às atividades esportivas e culturais, o vice-primeiro ministro referiu-se à realização dos eventos previstos: festivais, concertos, feiras de artesanato e ações nas comunidades.
Com relação à saúde pública, disse que consultas ambulatoriais em diferentes especialidades foram abertas em hospitais, bem como um aumento das atividades cirúrgicas e odontológicas.
Entretanto, disse que a situação dos medicamentos é complexa e, no final de junho, havia 236 faltando (70 importados e 166 produzidos nacionalmente), e para julho, estão previstos 244 faltando.
«A previdência social, por outro lado, protege 1,6 milhão (1.660.236) de pessoas, e a pensão média subiu de 1.607 pesos para 1.680 pesos, o que sabemos ainda ser insuficiente», reconheceu o titular do MPE.
Como exemplo, como parte da atenção às pessoas em situações vulneráveis, 3.805 mães de crianças com deficiência grave estão sendo beneficiadas, 13.529 pessoas estão recebendo assistência social em casa, e 2.579 beneficiários estão sendo pagos pelos serviços dos lares de idosos, e 1.815 pelos lares dos avós.
«Da mesma forma, os recursos entregues a 42.737 famílias somam 302 milhões (302.500.000) de pesos, e ações de transformação estão sendo desenvolvidas em 1.077 comunidades, explicou.
«Sabemos que deve ser dada prioridade a estas pessoas e comunidades, mas não com foco na assistência, mas ajudando-as a sair desta situação temporária de vulnerabilidade através de seus próprios esforços».
TRABALHAR SOBRE PREÇOS E MEDIDAS MAIS EFICAZES PARA COMBATER A INFLAÇÃO
Ao abordar esta questão, o ministro da Economia e Planejamento, Alejandro Gil Fernández, comentou que as medidas aplicadas até agora para conter a inflação no país tiveram um escopo limitado, sendo necessárias ações mais eficazes, ajustadas ao nosso contexto.
Informou que, até dezembro de 2021, a inflação era de 77,3%, ou 17 pontos percentuais superior ao que foi projetado na época, o que afetou diretamente o poder de compra dos salários.
O que aconteceu este ano?, refletiu. Até o final de junho, a inflação acumulada foi de 13,4%, o que é menor se compararmos com os primeiros seis meses de 2021, que registraram uma inflação acumulada de 56,17%.
No entanto, isto não significa que estamos melhor hoje, pois este índice é influenciado pela mudança nos preços relativos da economia e pelo aumento dos salários que foram implementados durante a medida.
Também ressaltou que há preconceitos nos dados de inflação, porque estamos tomando preços oficiais, mas sabemos que há alguns produtos que a população não compra a esses preços, porque, por exemplo, há o especulador que atrapalha e revende a um preço mais alto o frango, que está a 24 pesos o quilo na loja. Neste contexto, continuou, «a inflação do preço do frango é zero, oficialmente; mas há pessoas que o adquirem através de um revendedor, e então a medida da inflação é mais complexa».
Afirmou, por outro lado, que foram mantidas as tarifas de eletricidade, gás, água e a cesta familiar regulada, apesar da elevação dos preços no mercado internacional, e ratificou a necessidade de trabalhar nos preços que são desordenados no país.
«As medidas para combater a inflação devem ser objetivas, coerentes e ajustadas às nossas possibilidades», disse o vice-primeiro ministro, detalhando que a inflação cresceu 28,8% em comparação com o mesmo período em 2021.
Entre as causas do fenômeno, mencionou o efeito da escassez, a falta de moeda estrangeira, problemas de produtividade e inflação importada dos custos internacionais.