ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Enquanto outros países se informatizaram em 20 anos, em Cuba o processo ocorreu de 2015 a 2022 sob sérias dificuldades econômicas. Photo: Ricardo López Hevia

Em Cuba, o termo transformação digital — em um contexto associado à indústria de software e ao uso inteligente, crítico e responsável da tecnologia — está se tornando cada vez mais comum. Mas é o mesmo que a informatização da sociedade, ou são conceitos antagônicos?

Em uma entrevista exclusiva com o Granma Internacional, Mayra Arevich, ministra das Comunicações (Mincom), comentou que a transformação digital não é um processo novo, mas uma continuação da informatização.

É, disse, «um estágio superior que, usando os pilares da ciência e da inovação, nos levará à Agenda Digital Cubana 2030, o roteiro que nos permitirá projetar uma visão do país e dar grandes saltos no uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs)».

Agora, com base no que foi alcançado em termos de infraestrutura das telecomunicações, a ênfase está sendo colocada nos processos que ocorrem em nível do cidadão e que contribuem para uma melhor qualidade de vida, com a participação de todos os fatores da ordem econômica, política e social do país.

Destacou que, como parte desta estratégia, foram elaboradas ideias preliminares para liderar a transformação digital, e entre os princípios orientadores estão estimular a produção de conteúdo próprio e aplicações e serviços de informática, pensamento inovador, pesquisa científica e a criação de entidades de base tecnológica com participação estatal, entre outros.

«A consolidação desta política torna o passo para a Agenda Digital mais harmonioso, que, devido à amplitude de seu escopo e em correspondência com os setores estratégicos do Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social até 2030, tem sido estruturado em eixos estratégicos», disse a ministra.

A este respeito, disse, «foram definidos projetos de condução que permitirão concentrar neles os recursos necessários e disponíveis; trabalhar em um ciclo completo; atrair capital humano talentoso, assegurando a multiplicação de resultados, e identificar atores-chave e alianças internacionais e integração regional».

Por exemplo, explicou que em Cuba já foram dados vários passos na informatização de alguns processos médicos e de saúde. O projeto de saúde digital promoverá esta transformação das instituições de saúde e a realização de um serviço integrado, centrado nas necessidades do paciente e da comunidade.

Acrescentou que todos esses projetos permitirão um progresso mais rápido nas questões fundamentais da economia e da sociedade.

Entretanto, advertiu, «a transformação digital requer uma profunda mudança cultural, que parte da própria visão de como e para que usamos as TICs, e o que fazer para integrar seus usos em cada um dos setores da sociedade, de tal forma que isso resulte em maior qualidade e segurança dos serviços. Este é um dos principais desafios à nossa frente», insistiu a ministra.

«A infraestrutura das TICs é o suporte para garantir a transformação digital da sociedade cubana. Seu desenvolvimento é vital, não apenas para impulsionar a atividade econômica, mas também para facilitar o governo eletrônico e o comércio eletrônico, o acesso ao conhecimento e aumentar os benefícios para o bem-estar da sociedade», disse a ministra.

«Nos últimos anos, a dinâmica no desenvolvimento da informatização tem sido alta. Este processo, que outros países promoveram em 20 anos, foi desenvolvido em Cuba de 2015 a 2022 em condições econômicas difíceis, mas com uma prioridade governamental», acrescentou.

É por isso que neste caminho a implantação da infraestrutura foi vital para garantir o desenvolvimento do resto dos programas e, neste sentido, destacou o trabalho realizado pela agência no monitoramento de alguns projetos que, mesmo em tempos de pandemia, continuaram seu desenvolvimento.

COM A COVID, O TRÁFEGO NA REDE QUASE QUADRUPLICOU

Com a Covid-19, o tráfego na rede quase quadruplicou, uma tendência que se caracterizou por um movimento para diferentes partes das cidades à medida que as pessoas se deslocavam do trabalho para o teletrabalho e para estudar em casa. «Neste contexto, a Empresa Cubana das Telecomunicações (Etecsa) fez uma projeção para garantir o acesso à Internet de acordo com as demandas da economia e da população», acrescentou a ministra.

Nos anos da pandemia — 2020 e 2021 — a maioria das bases de rádio 4G foram instaladas em Cuba, um processo que permitiu a representação em todas as capitais municipais e provinciais. Ao mesmo tempo, continua sendo implantada como a rede preferida, embora continuem sendo feitos progressos na tecnologia 3G para garantir o serviço de voz.

O desenvolvimento da infraestrutura do país também permitiu a consolidação de outros programas, como o serviço Nauta Hogar, que está disponível para 6,82% das famílias, um número que a ministra descreve como «discreto», enquanto se trabalha para ampliar o acesso a mais famílias.

Por outro lado, acrescentou que o uso de zonas wifi no país continua, não com um crescimento do tráfego em relação a outros períodos, mas com um comportamento semelhante; portanto, a fim de conseguir um maior impacto sobre a população, são realocadas onde são mais procuradas.

Desde o início do programa de informatização, a importância da conectividade nas instituições também foi levada em consideração, com prioridade para setores de alto impacto, como o Ministério da Educação.

A demanda pelos serviços solicitados pelos novos atores econômicos também está garantida.

PROJEÇÕES PARA A SEGUNDA METADE DO ANO

  • Incorporar novas bases de rádio com tecnologia 4G para garantir o crescimento dos usuários.
  • Expandir o serviço de telefonia móvel na faixa de 700 MHz, o que permitirá ampliar a cobertura de 4G, principalmente nas áreas rurais.
  • Aumentar a infraestrutura e as capacidades dos centros de dados para responder ao desenvolvimento e implementação de novos serviços, o processo de informatização de agências, entidades e novas formas de gestão não estatal.
  • Digitalização do conteúdo nacional.
  • Melhoria das transações eletrônicas que apoiam o comércio eletrônico.

EM NÚMEROS

7,5 milhões de pessoas acessam à Internet de alguma forma

7,2 milhões de clientes da telefonia móvel

6 milhões dos clientes da telefonia móvel acessam à Internet

264.803 lares com a rede Nauta Hogar

49,27% de cobertura na população da rede 4G

657 locais para navegação na web

1.670 espaços públicos de redes wifi