ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: Ricardo López Hevia

A Ilha parece sumida no passo de sempre, as pessoas que vão ou voltam do trabalho, os parques ocupados por um infância ávida de férias, os pontos de ônibus, as lojas, os comércios, o sol de agosto... a vida. Porém essa aparente normalidade é apenas isso, aparência. Basta dirigir o olhar, reparar nas bandeiras a meio haste, e sentir outra vez essas emoções que transbordam o peito a partir das notícias ao amanhecer de sábado 6 de agosto – admiração e tristeza, desapontamento e orgulho – para entender que o luto é individual e coletivo, que em seu caráter oficial pertence fundamente ao povo. Ainda não se fala de outro tema que do saldo mais duro que deixou o fogo no depósito de combustível de Matanzas: a perda de 16 pessoas. E todas doem. Doem-nos Fabián, Michel, Pablo Ángel, Raciel Alonso, Osmani, Leo Alejandro, Rolando, Luis Ángel, Diosdel, Andy Mitchel, Luis Raúl, Areskys, Adriano, Osley, Elier, Juan Carlos. Doem-nos em sua juventude e em sua experiência. Doem-nos na coragem enfrentando as chamas. Doem-nos na dor de seus parentes. Há algo muito sublime e impágavel quando, por trás de um nome e seus sobrenomes se acrescenta «morto no cumprimento do dever»; porque esse dever marca a sorte dos outros, a nossa; é o preço da sobrevida, do salto perante a adversidade. Os restos de 14 desses mortos não puderam ser identificados, seus entes queridos não terão tal consolo, e não há quem não sinta na própria carne o vazio dos parentes, dos amigos; e também a dívida que temos contraído com suas memórias.

Hoje Cuba honra. O tributo não somente é justo e imprescindível, é sentido, é verdadeiro, sai da raiz da alma popular. Cuba abraça os que morreram, abraça as famílias, e se abraça a si mesma, ferida em sua perda. E ainda depois das honras fúnebres, inclusive depois da recuperação, ou quando se acumulem os aniversários, Cuba honrará. Vai fazê-lo sempre. Não esqueceremos seus olhares nem seu sacrifício.