
Com a convicção de que em termos de trabalho social as transformações não terminarão, e que é necessário trabalhar com a espiritualidade do povo, o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, liderou, na quinta-feira, 15 de setembro,o dia conclusivo da visita do secretariado e da estrutura auxiliar do Comitê Central ao município especial de Isla de la Juventud.
No início da manhã, o líder cubano chegou ao bairro La Caoba — localizado no Conselho Popular Juan Delio Chacón — um pequeno assentamento no território dessa ilha, onde as transformações começaram a ocorrer no final de janeiro de 2022.
De acordo com o site da Presidência, ali o shefe de Estado expressou que, no trabalho social, toda vez que uma etapa for atingida, será necessário passar para uma etapa superior.
Acompanhado pelo membro do Bureau Político e secretário de Organização do Comitê Central do Partido, Roberto Morales Ojeda, o presidente, enquanto trocava com as autoridades locais e o povo, lembrou o valor do trabalho de um assistente social na comunidade.
«Venham aqui os assistentes sociais», Díaz-Canel chamou um grupo de jovens em La Caoba, ao mesmo tempo em que enfatizava que são eles que vêm investigando há anos, realizando trabalho profissional diante de cada problema social. «Presume-se que foi feito um diagnóstico, com um enfoque sociológico e antropológico, sobre a essência do bairro, da cultura e da identidade. É nisso que temos que nos basear», disse.
«Este trabalho, definiu o chefe de Estado, «tem que ser a base, porque aqui a primeira coisa é trabalhar com a espiritualidade do povo, com seus sentimentos, na educação, na cultura».
Depois de saber que em La Caoba as mudanças favoráveis foram marcadas por investimentos para a água, a criação de um espaço para o esporte, a construção de um ponto de venda de alimentos e outros projetos em benefício do bairro, o presidente enfatizou a possibilidade de a comunidade crescer enquanto resolve seus principais problemas.
Antes de se despedir, o chefe de Estado quis saber sobre o estado de espírito e opiniões a respeito do Código de Família, e depois de ouvir as intervenções dos vizinhos, afirmou que a nova proposta normativa é um Código para o presente e o futuro próximos.
CIÊNCIA, PRODUTIVIDADE E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Como parte de sua visita, o presidente também visitou a fábrica de cerâmica III Congreso, um lugar que antes do duro golpe dos anos 90, era uma marca registrada da Isla de la Juventud, e até mesmo além das águas do território.
Depois de percorrer os grandes hangares que já foram vórtices de intensa produção — mas que foram afetados pela obsolescência, escassez de algumas matérias-primas ou combustível -— Díaz-Canel perguntou sobre questões como salários, condições atuais de trabalho e possíveis investimentos. Neste cenário, o chefe de Estado afirmou que «se temos que fazer alguma experiência quanto ao desenvolvimento local em qualquer lugar, deve ser aqui na Ilha».
Sob uma forte chuva, o próximo ponto do percurso do presidente foi a fazenda Máquina Número Um, onde falou com o agricultor Neuclides Beirute Gonzalez, que se destaca pela colheita de várias culturas, especialmente de banana.
A comercialização da produção, o cumprimento dos prazos de pagamento, a estabilidade da força de trabalho e a possível incursão nas vendas em moeda estrangeira, entre outras questões, caracterizaram o diálogo entre o presidente e o renomado produtor.
Mais tarde, o chefe de Estado visitou a Universidade Jesús Montané Oropesa, onde Rafael Ernesto Licea, reitor da instituição, disse que no centro são estudadas 22 carreiras, e dentro do corpo docente há 26 doutores em Ciências e 157 mestres.
Sobre esta conquista, o dignitário enfatizou que, «se não formarmos doutores, não há roldanas para mover o desenvolvimento científico».
Durante o intercâmbio, o presidente também aludiu ao valor de um sistema de projeto produtivo que seja robusto e local, e no qual estudantes e professores possam ajudar.
Enfatizou a necessidade de transformar a dimensão espiritual das pessoas, e fazê-lo para melhor; estimular a gestão governamental baseada na ciência e na inovação, planejar estratégias de desenvolvimento local que deixem para trás os impactos do “período especial”, bem como fazer todo o esforço para garantir que a Isla de la Juventud recupere suas frentes produtivas tradicionais.
No final da reunião, foi ratificada a certeza de que, somente com inteligência e forças próprias, Cuba poderá experimentar a sorte do crescimento.
A ILHA PODE SER UM MUNICÍPIO MODELO
«O Partido não pode permitir, em suas fileiras e em outras esferas, acomodações, insuficiências, indisciplina; é um dever melhorar constantemente o trabalho, gerar debates nos quais as críticas e ideias dos membros e da população sejam então convertidas em propostas de transformação», disse o presidente Díaz-Canel, ao fazer as conclusões da visita à Isla de la Juventud.
Na reunião, o presidente pediu uma melhoria na organização do trabalho partidário no território, com ênfase em suas ligações com a base, a economia e os serviços à população.
Também insistiu que a militância deve ser mais ativa, aumentando sua participação nos processos e debates para gerar um consenso revolucionário para transformar a realidade em direção a melhores formas de funcionamento.
«Cuba vive hoje um cenário complexo, não apenas do ponto de vista econômico — agravado e acirrado pela escassez gerada pelo bloqueio norte-americano ao país — mas também pelos constantes ataques da mídia às plataformas virtuais; portanto, é urgente desenvolver uma resistência criativa, como temos feito até agora, explorando ao máximo todo o potencial humano que temos para crescer e desenvolver, e aí a organização desempenha um papel fundamental», disse.
O líder cubano reiterou que a Isla de la Juventud é um território que tem a capacidade instalada em termos de estrutura, recursos humanos e instituições para projetar um sistema de trabalho que lhe permita tornar-se o município modelo que o socialismo cubano necessita.
Neste sentido, elogiou a maturidade alcançada pela universidade Jesús Montané Oropesa, com pessoal qualificado para administrar o conhecimento da ciência e da inovação, a fim de contribuir para o fortalecimento e a implementação da estratégia de desenvolvimento territorial.
Também destacou a participação necessária da universidade para resgatar alguns dos programas que durante anos identificaram o povo desta ilha, como frutas cítricas e cerâmicas. «Estas são aspirações das quais não podemos desistir», disse.
O presidente também dedicou tempo e argumentos para reforçar o conhecimento sobre as razões da aprovação do novo Código das Famílias, que ele chamou de Código de Afecções, por causa da justiça, inclusão, oportunidades e humanismo que contém em sua letra e espírito.
No entanto, apontou que ainda há pessoas que precisam entender melhor e em maior profundidade os benefícios desta norma, que não exclui ninguém, mas expande os direitos de todos os tipos de famílias no país.
Por outro lado, Félix Duarte Ortega, membro do secretariado do Comitê Central do Partido, ao apresentar o resumo da visita ao município especial, listou, entre as principais demandas da população desse território, o transporte, o abastecimento de alimentos, a situação crítica com o aqueduto e o sistema de esgoto, e as deficiências na gestão administrativa das empresas.
Relatou que a opinião de maior destaque é que o território está estagnado e que os líderes não estão sistematicamente ligados ao povo.
Sobre o funcionamento da organização do Partido, o relatório apontou deficiências na organização do trabalho no nível das bases e uma tendência para o declínio das fileiras do Partido.
O relatório também criticou a atenção dada à União dos Jovens Comunistas e às demais organizações políticas e de massa, bem como a insuficiente presença e participação na batalha ideológica nas redes sociais.
Díaz-Canel apelou para a aplicação de novas e criativas formas de motivar, incentivar, acrescentar, explicar..., ao mesmo tempo em que frisou que os militantes devem ser os mais preparados e integrais, não apenas para realizar tarefas, mas também para contribuir com ideias, projetos e soluções a partir da experiência coletiva em sua esfera de ação.
«Temos confiança em vocês», concluiu o chefe de Estado, no encerramento da visita do secretariado do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e sua estrutura auxiliar, que desde 12 de setembro visitou 94 centros, 17 comunidades, e falou com cerca de 3.700 pessoas nesta pequena ilha, onde grandes desafios estão sendo enfrentados.