ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: Jose M. Correa

Não se deixa de amar. Os parentes das vítimas o dizem. Com o passar dos anos, talvez a dor se torne menos penetrante, mais silenciosa, mas ainda está lá e cresce nas ausências: o casamento sem pai, o aniversário sem filha, as conversas que não foram, as alegrias que não serão.

Estas famílias, marcadas pela perda, sofrem uma carga adicional, a do crime sem justiça. Seus entes queridos compartilharam um voo com os assassinos, aqueles que viram seus rostos, escutaram as pequenas conversas daqueles que não sentem a tragédia, e talvez até receberam alguns de seus sorrisos, e mesmo assim conseguiram deixar uma bomba para matá-los. Então eles se gabaram. Eles tinham a poderosa tutela da CIA e nunca a perderam.

Na aeronave da Cubana de Aviación, em Barbados, que explodiu no ar em 6 de outubro de 1976 com 73 passageiros, nenhum dos quais sobreviveu, também havia — de certa forma — Cuba.

E não só porque, como disse Fidel no ato de despedida do luto, «a Revolução (...) nos fez todos irmãos e irmãs em que o sangue de um pertence a todo", mas também porque lá havia esporte, internacionalismo, a juventude formada em uma nova sociedade, raça mista, heroísmo trabalhista...»

Comoção diante da barbárie, isso é o que um país inteiro, e parte do mundo, sentiu diante de um dos exemplos mais retumbantes da medida em que o terrorismo de Estado, instigado a partir do solo norte-americano, é capaz de alcançar contra a Ilha. Choque diante da barbárie, é o que se sente mesmo que se reveja os acontecimentos com calma, sem o véu da rotina.

Assim como as famílias não curam suas feridas, a nação não pode esquecer essa dor ou aqueles que a causaram. A memória é uma arma. A história é uma das chaves para cumprir a previsão do Comandante-em-chefe em 15 de outubro daquele ano:

«Uma pátria cada vez mais revolucionária, mais digna, mais socialista e mais internacionalista será o grandioso monumento que nosso povo erguerá à sua memória e à de todos aqueles que caíram ou cairão na Revolução».

Nos dias daquele mês de outubro, como em tantos outros, foi necessária uma grande dose de coragem. Uma que ainda é acesa pelas palavras de Fidel no final daquele discurso, palavras que, mesmo que sejam lidas, são sempre ouvidas:

«Não podemos dizer que a dor é compartilhada. A dor é multiplicada. Milhões de cubanos choram hoje com os entes queridos das vítimas deste abominável crime, e quando um povo enérgico e viril chora, a injustiça treme».

Cuba não perde a coragem, nem a memória. A Pátria é nossa.