Canalizar e promover o conceito de resistência criativa em todas as atividades, para avançar na recuperação da economia e no desenvolvimento do país, instou Miguel Díaz-Canel Bermúdez, primeiro-secretário do Partido e presidente da República, ao discursar no domingo, 11 de dezembro, no debate da Comissão dos Assuntos Económicos da Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP).
«Nosso povo tem capacidade não só para resistir, mas também para inovar, criar e avançar com soluções de desenvolvimento», sublinhou o chefe de Estado, lembrando que o exemplo mais recente disso foi o controle da pandemia da Covid-19 no país, graças às vacinas anti-SARS-COV-2, criadas por nossos cientistas.
As projeções do ministério da Economia e Planejamento indicam que 2023 será um ano melhor. No entanto, Díaz-Canel enfatizou que «o plano é uma linha de desejo que requer esforços para ser cumprido».
Após uma análise crítica da situação do país, que enfrenta preços elevados e escassa oferta de moeda nacional, o primeiro-secretário do Partido afirmou que «com resistência criativa venceremos, mas é um caminho que exige sacrifícios».
Disse que algumas empresas certamente aumentaram os preços contra o poder de compra da população, depois de passar de uma cotação de 1x1 para 1x24, enquanto outras aumentaram as despesas sem aumentar os preços, devido a um compromisso político, que lhes causou baixa na força de trabalho por não ter o incentivo do lucro.
Afirmou ainda que há excesso de liquidez, mas concentrado em poucas mãos. Por exemplo, existem empresas estatais que, apenas por causa da mudança de 1x24, geraram altos níveis de lucro.
Ao aprofundar nos desequilíbrios monetários, o presidente resumiu que, embora as coisas sejam caras, há um grupo de pessoas que pode comprá-las porque certos setores acumulam dinheiro de forma assimétrica. E perguntou: «Como se resolve isso? Produzir mais para que haja mais oferta, mas é preciso moeda estrangeira para a compra dos insumos», afirmou.
Díaz-Canel destacou que as pessoas mais afetadas estão no setor orçamentário e entre os aposentados e pensionistas, e disse que uma das prioridades do Governo é atender os vulneráveis, mas diferenciando aqueles que compõem esse grupo.
Relativamente aos elementos a priorizar, de forma a resolver gradualmente a situação em que nos encontramos, o chefe de Estado se referiu, antes de mais, à defesa do plano de estabilização macroeconómica, que envolve várias vertentes como o equilíbrio monetário, mercado cambial, preços e o sistema tributário.
Também significou que é necessário compreender a grave crise que se vive, não só em Cuba, mas no mundo, embora a Ilha a sofra em maior medida devido ao impacto do bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelo governo dos Estados Unidos.
Na Comissão dos Assuntos Econômicos, Alejandro Gil Fernández, ministro da Economia e Planejamento, apresentou os números estimados para o fechamento do plano 2022 e a previsão para 2023, bem como o andamento das provisões aprovadas para enfrentar a crise, uma informação que será apresentada esta segunda-feira, 12, na reunião plenária da ANPP.
O NÃO PAGAMENTO AOS PRODUTORES CONTINUA PENDENTE
Com a presença de Díaz-Canel e de Salvador Valdés Mesa, membro do Bureau Político do Partido e vice-presidente da República, se reuniram conjuntamente as Comissões dos Assuntos Econômicos e Agroalimentar para avaliar o resultado da verificação do Sistema Empresarial de distribuição.
Esses grupos de trabalho permanentes da ANPP enfatizaram a importância de coletivos de trabalho trabalhando organicamente no setor açucareiro, com diretivos que possuam amplo conhecimento, o que beneficiaria diretamente a empresa estatal socialista.
No relatório apresentado, soube-se que, entre as principais causas de prejuízos, figuram o descumprimento da contratação que suporta o Plano da economia, as ineficiências na comercialização, os elevados gastos financeiros com juros, a gestão ineficiente das cobranças e os pagamentos, bem como a demora na aplicação do processo de disponibilização de mão de obra.
Um ponto nevrálgico refletido no relatório é a quebra de contratos por parte dos fornecedores, com perdas de mais de 38.000 toneladas de produtos agrícolas, que representam cerca de 32 milhões de pesos.
A isso se soma a cadeia de inadimplência, que ao final da verificação totalizava 604 milhões de pesos em contas a receber e a pagar.
Ydael Pérez Brito, ministro da Agricultura, destacou que a Cobrança não tem aproveitado suficientemente o Decreto-Lei 35, que tem como objetivo flexibilizar a comercialização dos produtos, e propôs que seja verificado não só o Sistema das Empresas de Cobrança, mas também a todos as instituições relacionadas com o processo.
Em outro momento do dia, o vice-presidente cubano destacou que a Lei de Fomento e Desenvolvimento do Projeto Pecuário – que será submetida a debate em plenário nos próximos dias – não recuperará o ramo por si só, mas sim com aquilo que as organizações e os trabalhadores envolvidos neste setor sejam capazes de implementar.
«A Lei vai nos ajudar a recuperar a disciplina no campo, a recuperar a genética, a inseminação e a ordem nutricional», asseverou.
EM QUE CENÁRIO ACONTECERÁ A PRÓXIMA COLHEITA DE AÇÚCAR?
Julio Andrés García Pérez, presidente do grupo açucareiro Azcuba, informou que foi organizada uma safra curta, que garante o consumo interno com menos usinas açucareiras, com o objetivo de resgatar gradualmente a produção de açúcar.
Destacou que o plano terá como foco um novo modelo de negócios, em que o planejamento é financeiro e não apenas a produção de açúcar será medida, e em que a economia circular será considerada prioritariamente, além da ciência e inovação.
«Trata-se de planejar a safra de forma objetiva, flexível e, ainda que pequena, com boas práticas, concentrando recursos em menos usinas, para obter maior eficiência», destacou.
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS E CONTROLE DE ILEGALIDADES NO COMÉRCIO A VAREJO
Os últimos três anos foram complexos para a atividade de transporte de passageiros, com resultados abaixos do necessário, reconhece o relatório do ministério dos Transportes, apresentado aos deputados da Comissão de Atenção aos Serviços.
Eduardo Rodríguez Dávila, responsável desse ministério, explicou que, dentro das prioridades para 2023, estão as medidas que atuam sobre os problemas objetivos com maior controlo e rigor; continuar trabalhando com o ministério da Economia e Planejamento para recuperar a disponibilidade de moeda livremente conversível e começar a recuperar gradativamente o transporte no país.
Destacou que outra das metas é, junto com o ministério das Finanças e Preços, avançar na ordenação de preços, tarefa que deve ser concluída antes do início de 2023, e a quarta ação é trabalhar melhor com recursos humanos e com os diretivos. Manuel Marrero Cruz, primeiro-ministro, sublinhou que esta questão não escapa à situação que o país atravessa, com a característica de ser transversal a todos os processos, «por isso é um setor muito complexo e sensível».
Referiu as dificuldades na aquisição de materiais como combustível, pneus e baterias e a necessidade de procurar alternativas nos locais onde a inovação o permitir, com o apoio de inovadores e racionalizadores.
COMBATE AO CRIME
Betsy Díaz Velázquez, ministra do Comércio Interior, destacou que entre as principais tendências que incidem sobre o comportamento atual desses fenômenos está a retirada de volumes de recursos em alta demanda nas cadeias de abastecimento atacadistas e varejistas; a falta de exigência na proteção e controle dos recursos materiais, humanos e financeiros, por parte das estruturas administrativas, e o descumprimento das normas de comercialização, em um cenário de diversificação de atores econômicos estatais e não estatais, que geram critérios negativos da população.
O governador de Havana, Reinaldo García Zapata, falou sobre o trabalho que se realiza na capital diante da corrupção e ilegalidades, entre elas, nas unidades de gastronomia e comércio; além das cobranças e pagamentos fora dos prazos estabelecidos em contrato.
O primeiro-ministro comentou que o confronto com a criminalidade e as ilegalidades é uma reivindicação da população, acrescentando que «o fato de existirem estas manifestações é intolerável».
«As medidas tomadas» — enfatizou — «vão contra o que foi feito de errado, não importa quem seja o ator que o está realizando, e é uma tarefa que requer a participação de todos para conseguir um controle sustentável ao longo do tempo e, consequentemente, que os recursos disponíveis cheguem ao seu destino final».
