
Basta permanecer por alguns momentos nos degraus da Universidade de Havana para sentir o poderoso legado daqueles que lançaram as bases para o destino desta Ilha antilhana. Espíritos elevados que fazem parte da linhagem de homens que não admitem a imobilidade diante da injustiça.
Olhando sobranceiro o Alma Mater jazem as cinzas de Julio Antonio Mella, um desses seres de ideais à prova de balas.
Não havia vaidade nele. Um jovem das raízes de José Marti, de beleza e oratória deslumbrantes, inimigo do capitalismo, do imperialismo e da tirania. O adulto emergente, mas comprovadamente comunista, concentrou parte de sua luta no posicionamento dos estudantes em seu devido lugar nas mudanças sociais. Buscou a unidade do continente, com a certeza de que «lutar pela Revolução Social na América não é uma utopia de loucos ou fanáticos, é lutar pelo próximo passo em frente na história». Foi ele quem, em 10 de janeiro de 1929, morreu pela Revolução.
Gerardo Machado cumpriu a ameaça que fez quando Villena o chamou de «burro com garras» depois de prender Mella: «Você tem razão, meu jovem. Eu não sei o que é comunismo ou anarquismo ou socialismo. Mas nem os estudantes, nem os trabalhadores, nem Mella vão brincar comigo! Eu o matarei, o matarei!».
Entretanto, o atroz tirano calculou mal o custo da morte daquele jovem incômodo. Pensou que desta forma iria ceifar o campeão do corpo estudantil universitário, o porta-estandarte do antiimperialismo.
Com essas balas traiçoeiras ele só conseguiu acrescentar, aos seus 25, mais um ano cada vez que aFederação de Estudantes Universitários (FEU), a revista Alma Mater ou o Partido Comunista (PCC) comemoram seus aniversários. Mella é tudo o que fundou. Sempre à esquerda, com coerência entre o que disse e o que fez como lança para o combate.
Mella vive entre aqueles que militam nas fileiras da Pátria, entre aqueles que não permitem que «o punho de ferro do imperialismo de Wall Street» entre em nossas terras da América, entre os jovens que superam os erros no caminho para construir uma Cuba que se parece cada vez mais com eles.