ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Díaz-Canel expressou a vontade de continuar avançando nas relações entre o Estado cubano e a Santa Sé. Photo: Estudios Revolución

«Queremos expressar a vocês toda a vontade que existe para continuar avançando nas relações do Estado cubano com a Santa Sé, e também com a Igreja Católica em Cuba». Foi assim que o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, se expressou na quarta-feira, 8 de feverreiro, ao receber Sua Eminência o cardeal Beniamino Stella no Palácio da Revolução.

Ao enviado do papa Francisco — que nestes dias viveu dias intensos em todo o país, e que chegou à Ilha no contexto do 25º aniversário da viagem apostólica do papa João Paulo II à República de Cuba — o presidente Díaz-Canel falou de «continuar construindo, com benefício mútuo, caminhos para a solução das expectativas de ambas as partes». E enfatizou que «esta visita também trará um momento muito especial a essa relação».

Referindo-se à visita de Sua Santidade João Paulo II, há 25 anos, o presidente cubano disse que «teve um grande impacto sobre o povo cubano».O presidente compartilhou sua avaliação de que aquele evento «levou a um momento diferente, na medida em que marcou um ponto nas relações entre a Santa Sé e o Estado cubano, entre aquela instituição religiosa e o povo».

O primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba disse ao cardeal Beniamino Stella que ele teve «uma experiência muito comovente da visita do Sumo Pontífice 25 anos atrás: na cidade de Santa Clara», lembrou, «os detalhes organizacionais que garantiam a missa presidida pelo papa João Paulo II eram constantemente monitorados: Foi uma bela missa com muita participação popular», disse.

João Paulo II — refletiu o líder anfitrião —«chegou à Ilha maior das Antilhas em um momento muito difícil, em um momento tão difícil como o que estamos vivendo agora; e, no entanto, pôde apreciar o talento do povo cubano, a generosidade do povo cubano, a solidariedade e os valores morais». Díaz-Canel destacou o espírito amigável e o calor que os cubanos mostraram ao chefe de Estado do Vaticano na época.

A reunião de quarta-feira, 8, no Palácio da Revolução foi precedida por uma cerimônia realizada na Aula Magna da Universidade de Havana, por ocasião do 25º aniversário da viagem apostólica do Sumo Pontífice, João Paulo II, ao país caribenho.

O presidente destacou os esforços feitos pelo atual Sumo Pontífice para «estabelecer um diálogo entre o governo dos Estados Unidos e Cuba, para que possamos resolver as diferenças que temos, de maneira civilizada». Photo: Estudios Revolución

Sobre a comemoração, o dignitário cubano — que esteve presente no evento — comentou durante o diálogo com o cardeal que a atividade foi bela, «num lugar emblemático por tudo o que implica em termos de símbolos e homenagens ao padre Félix Varela, e porque o papa João Paulo II esteve lá e falou durante sua visita a Cuba».

«Os cubanos», salientou o presidente Díaz-Canel, «têm um orgulho saudável pelo fato de que os três últimos chefes de Estado do Vaticano visitaram nosso país». Em sua opinião, cada um desses eventos «têm marcado momentos». Para argumentar seu argumento, lembrou João Paulo II e seu conhecido pedido para que Cuba se abrisse ao mundo, e para que o mundo se abrisse a Cuba; e não negligenciou as críticas do Papa às sanções externas.

Então, disse Díaz-Canel, «o papa Bento XVI nos visitou, e em vista de sua morte, com todo respeito, o país declarou luto oficial». A respeito deste chefe de Estado do Vaticano, o dignitário caribenho reconheceu «que era um papa que também criticou as medidas coercivas contra Cuba, que vêm do exterior».

Referindo-se à terceira visita de um Sumo Pontífice à Ilha, o presidente anfitrião mencionou o papa Francisco, «com quem tem havido uma relação de afeto».

O presidente enfatizou que existe «uma relação humana muito estreita e muito íntima de proximidade entre o papa Francisco e o general-de-exército Raúl Castro. O chefe de Estado do Vaticano», disse Díaz-Canel, «tornou isto público em várias de suas declarações».

«Nós, concordamos com o papa Francisco em muitas de suas ideias; sobre como eliminar as desigualdades, sobre como promover a justiça social; (suas ideias) contra a guerra, pela paz, pela preocupação com o meio ambiente. Estes são temas que também compartilhamos e que seguimos», enfatizou.

Sobre a importância dessa visita à Ilha, o presidente cubano disse a Sua Eminência o cardeal Beniamino Stella que sua chegada «tem um enorme significado neste contexto, pois dá continuidade às relações de mais de oito décadas entre a Santa Sé e Cuba. Creio que estas são relações que mantiveram um alto padrão ético», enfatizou o presidente, que também descreveu esta proximidade como relações respeitosas e próximas».

O líder anfitrião quis aproveitar o intercâmbio para transmitir uma saudação afetuosa e um reconhecimento ao papa Francisco, já que «no dia 13 de março completam-se dez anos desde o início de seu pontificado, e queremos desejar-lhe saúde e força para que possa continuar com seu trabalho, que tanto apreciamos». Etambém expressou sua gratidão pela «posição que a Santa Sé, e em particular o papa Francisco, tomou ao criticar o bloqueio que o governo dos Estados Unidos aplica a Cuba».

Na mesma linha de raciocínio, destacou os esforços feitos pelo atual Sumo Pontífice para «estabelecer um diálogo entre o governo dos Estados Unidos e Cuba, para que possamos resolver as diferenças que temos de forma civilizada».

«O senhor é bem-vindo em Cuba; estamos muito satisfeitos com os resultados de sua visita», declarou o líder anfitrião ao cardeal Beniamino Stella, que então falou de «muitas emoções», por tudo o que ele havia vivido durante esses dias. Destacou a proximidade entre o papa Francisco e Cuba — especialmente entre ele e o general-de-exército, Raúl Castro Ruz — e foi explícito ao reconhecer que «neste momento os bispos estão gratos ao presidente e ao governo cubano por muitos gestos que fizeram nos últimos anos, e no momento atual».

O ilustre visitante foi acompanhado pelo Ccardeal Juan de la Caridad García Rodríguez, arcebispo de Havana; monsenhor Giampiero Gloder, núncio apostólico; monsenhor Emilio Aranguren Echeverría, presidente da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba e bispo de Holguín; bem como o reverendo monsenhor Przemyslaw August Lewinski, secretário da nunciatura.

Do lado cubano estiveram presentes o membro do Bureau Político e ministro das Relações Exteriores (Minrex), Bruno Rodríguez Parrilla; o membro do secretariado e chefe do Departamento Ideológico do Comitê Central do Partido, Rogelio Polanco Fuentes; a chefa do Gabinete de Atenção aos Assuntos Religiosos, do Comitê Central do Partido Comunista, Caridad Diego Bello; o vice-ministro das Relações Exteriores, Elio Rodríguez Perdomo; bem como Angel Villa Hernández, diretor a.i. dos Assuntos Bilaterais do Minrex.

MEMÓRIAS DE UMA VISITA HISTÓRICA

O 25º aniversário da histórica visita apostólica do papa São João Paulo II a Cuba, a primeira de um sumo pontífice da Igreja Católica a nosso país, foi lembrado em 8 de fevereiro, na Aula Magna da Universidade de Havana (UH).

Miriam Nicado García, reitora, evocou a transcendência daquela viagem pastoral do então sumo pontífice, entre 21 e 25 de janeiro de 1998, e seu encontro com o Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, líder histórico da Revolução Cubana.

Nicado García citou as palavras de João Paulo II naqueles dias: «Em Cuba podemos falar de um diálogo cultural fecundo, que é garantia de um crescimento mais harmonioso e de um aumento das iniciativas e da criatividade da sociedade civil. Neste país, a maioria daqueles que criam cultura — católicos e não-católicos, crentes e não crentes — são homens de diálogo, capazes de propor e ouvir».

O cardeal Beniamino Stella, enviado do papa Francisco, falando na reunião, disse que foram dias intensos de visitas às dioceses da Ilha, onde testemunhou em primeira mão os esforços constantes das igrejas para realizar sua missão evangelizadora, especialmente nas dificuldades atuais.

Disse que desde a visita de João Paulo II, a missão evangelizadora da Igreja em nosso país recebeu um impulso, o trabalho pastoral com a família foi fortalecido e o caminho do ecumenismo foi aprofundado.

«É meu desejo», disse o cardeal Stella, que os cubanos possam realizar suas esperanças e desejos; que a Igreja possa continuar sua missão e que as palavras de João Paulo possam ser uma referência estimulante para traduzi-las na vida e no compromisso do povo cubano».

Para encerrar, com palavras comoventes, o prestigioso historiador cubano Eduardo Torres Cuevas, que foi um rigoroso estudioso da figura do padre Félix Varela, subiu ao pódio. Em uma belíssima dissertação, enfatizou que, entre outras lições, aprendemos deste grande pedagogo e patriota que o filósofo deve ser tolerante, mas acima de tudo deve ser um patriota; que ciência, consciência e virtude são máximas que nós cubanos herdamos deste eminente professor.

Varela, disse Torres Cuevas, «foi o pai fundador de um movimento extraordinário, porque foi o fundador de nossas ciências jurídicas; foi o fundador da física experimental moderna em Cuba; foi o fundador do pensamento político pró-independência, do patriotismo; foi o fundador do amor por Cuba, e foi o primeiro a escrever uma mensagem aos jovens cubanos, com suas Cartas para Elpidio».

«Esse foi nosso Varela», disse. E afirmou que «nosso José Martí herda todo aquele legado que envolve a fundação da ideia cubana, e sua definição amorosa da Pátria».

«Sua definição de Pátria», disse Torres Cuevas sobre José Martí, «é algo extraordinário: uma doce e consoladora fusão de amor e esperança. Cada conceito tem um valor. Fusão: todos nós nos unimos nesse doce processo que o amor implica, e esse processo mais doce é aquele que leva à esperança».

Uma nota muito especial e emocionante foi dada pelo maestro, compositor e músico cubano José María Vitier, que ofereceu uma apresentação de suas obras Bienaventuranzas — junto com a prestigiosa flautista Niurka González — e Ave María por Cuba, com o músico Abel Acosta e a soprano Bárbara Llanes.

Também marcaram presença Bruno Rodríguez Parrilla, membro do Bureau Político do Partido e ministro das Relações Exteriores; Rogelio Polanco Fuentes, membro do secretariado do Comitê Central do Partido e chefe de seu Departamento Ideológico; e Caridad Diego Bello, chefa do Gabinete de Atenção aos Assuntos Religiosos, do Comitê Central do Partido.

Também estiveram presentes monsenhor Emilio Aranguren Echeverría, presidente da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba; monsenhor Giampiero Gloder, núncio apostólico em Cuba, e o cardeal Juan de la Caridad García Rodríguez, arcebispo de Havana, entre outras personalidades do governo, do Partido e representantes eclesiásticos.