Discurso de Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez, primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, no encerramento do 1operíodo ordinário de sessões da 10a Legislatura da Assembleia Nacional do Poder Popular, no Palácio das Convenções, em 22 de julho de 2023, Ano 65o da Revolução
(Versões Estenográficas - Presidência da República)
Miguel Díaz-Canel Bermúdez | internet@granma.cu
Estimado colega general-de-exército Raúl Castro Ruz, líder histórico da Revolução Cubana;
Queridos deputados e deputadas; convidados;
Compatriotas:

Faz hoje 70 anos que uma representação do melhor da juventude cubana juntou sonhos, vasculhou em suas parcas poupanças ou vendeu o que possuía, para embarcar em uma viagem a Santiago de Cuba e Bayamo. Era carnaval no Leste do país, mas eles não iam comemorar. Como mártires ou como heróis, sem que eles mesmos o soubessem, iriam entrar para a história.
Dois desses meninos estão conosco nesta sessão da Assembleia Nacional: o general-de-exército Raúl Castro Ruz, líder da Revolução (Aplausos), e o Comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez (Aplausos). A eles, em primeiro lugar, quero dedicar minhas palavras.
Não é apenas um ato de justiça histórica. Trata-se de reconhecer dois homens que continuam assaltando fortalezas todos os dias, com o pé no estribo das dificuldades e o fuzil apontado aos erros.
Companheiros e companheiras:
Permitam-me dizer que sinto que tivemos uma boa Assembleia, incluindo os apelos de Lazo e outros deputados a dar nomes e apelidos, causas e possíveis soluções para nossos problemas, aqueles que nada têm a ver diretamente com o bloqueio ou que reforçam o onipresente bloqueio por inação, apatia, insensibilidade, incapacidade ou simples cansaço e falta de fé que será possível ultrapassar as dificuldades.
Estas sessões da Assembleia têm mérito. Não só temos enfrentado, com urgência e sem preconceitos, os problemas do nosso difícil cotidiano, como produção de alimentos, geração de energia elétrica, disponibilidade de água, criminalidade, aumento da inflação, preços abusivos, como o temos feito sem abandonar questões pendentes de caráter estratégico, como a Política de Atenção Integral à Criança, Adolescente e Jovem ou a Lei do Código Penal Militar.
Não vou citar intervenções para não me estender, mas a partir da discussão em comissões em que tive oportunidade de participar, senti que melhorou a ligação dos deputados e das deputadas com a população, ou seja, com os eleitores, a quem nos devemos. Estes meses de trocas com o povo nas ruas, nos bairros, nas aldeias rurais têm sido a prova do que é trabalhar com a orelha colada ao chão.
Uma Assembleia em sessão permanente, desligada do povo que a elegeu, jamais poderia ser chamada de Poder Popular.
Nunca podemos esquecer que os inimigos da nação cubana estão apostando em romper a unidade nacional, em separar o povo de seu governo, em nos cansar de insistir, em desistir, em acreditar que o caminho da rendição é preferível a resistir criativamente.
Mas a opção de rendição foi apagada do DNA dos cubanos. E não por capricho, porque gostamos do sacrifício ou criamos uma nação escolhida para isso. Basta olhar para aqueles que se renderam ou foram subjugados por um poder superior aparentemente invencível: aqueles que perderam a nação, o ideal e o destino de seus países.
Pessoalmente, não consigo imaginar Cuba sem a força moral do seu Partido e sem a organização, o planejamento, a preocupação permanente de um Governo cuja principal missão é garantir a saúde, a educação, a alimentação e os serviços públicos, uns gratuitos e outros ao menor custo possível, nas terríveis condições de um bloqueio reforçado e da inclusão do país numa lista infame, que procura boicotar qualquer possibilidade de recuperação econômica, fechando todo o acesso a possíveis oportunidades de rendimento e financiamento.
Esta política que não se limita ao espaço econômico e financeiro é muito perversa. Sabe-se que a maior força de Cuba está em seu povo e em sua resistência emblemática, por isso também nos atacam, semeando matrizes de ingovernabilidade, Estado falido e insegurança cidadã. O plano é desacreditar a tal ponto que imploda a unidade nacional.
Alguns das posições mais extremas contribuem para esse propósito: a partir da direita, pedindo a privatização de tudo e a mudança do sistema, e também de uma suposta esquerda, demonizando qualquer espaço para o mercado.Como sempre, os extremos se encontram e ambas as posições coincidem em um ponto: a crítica lapidar ao termo socialismo e qualquer tentativa de solução advinda da gestão governamental.
Alguns estão cansados de falar do bloqueio; outros inventam teorias à teoria, como se os clássicos negassem a dialética. Esquecem-se de que sua importante contribuição teórica não concebeu a construção socialista em uma pequena nação herdeira do subdesenvolvimento, bloqueada há mais de 60 anos e vizinha do maior império, que também é seu inimigo, e então exigem solução para tudo, ignorando displicentemente o maior obstáculo, que é o bloqueio.
Os longos anos desse gigantesco fator externo gravitando contra o desenvolvimento do país coincidem no tempo com uma forte tendência ao aprofundamento do capitalismo neoliberal, que empurrou a humanidade para os maiores patamares de desigualdade e exclusão social jamais conhecidos. Enquanto isso, Cuba foi e vai, contra a corrente, atrás de um projeto de justiça social.
O mais cômodo teria sido abrir mão da batalha, entrar na corrente global, desistir daquele projeto e «salve-se quem puder». Mas escolhemos o caminho mais difícil — o mais digno.
Ao mesmo tempo, a confusão deve ser evitada. Justiça social não significa nem pode ser reduzida a assistencialismo ou igualitarismo. É distribuir a riqueza gerada por todos, entre todos, mas de forma diferenciada, para que quem mais contribui ganhe mais e quem não pode contribuir seja basicamente assistido. Para isso, primeiro é necessário criar essa riqueza, e nessa tarefa ainda estamos longe de alcançar a aprovação.
Deputados e deputadas:
Como já dissemos, a guerra econômica, comercial e financeira dos Estados Unidos —particularmente sua extraterritorialidade— a crise econômica mundial e a lenta recuperação pós-pandemia, juntamente com os impactos dos conflitos armados, continuam sendo os principais obstáculos para a implementação da estratégia de reativação da economia em curto, médio e longo prazos.
Apesar destes obstáulos, o Relatório da Economia e Liquidação do Orçamento do primeiro semestre do ano nos diz que as medidas que estão sendo implementadas, sem ainda atingirem os resultados esperados, apontam para uma muito ligeira tendência de recuperação.
Cada medida tem riscos em sua aplicação, pelo que insistimos que sua implementação tenha sempre em conta o tratamento a dar às pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade para evitar impactos negativos sobre as mesmas.
Conforme explicou o ministro Vicente de la O, o Sistema Elétrico Nacional, embora ainda não funcione em condições ótimas, vem se recuperando como parte da estratégia traçada pelo país. A situação no atual mês de julho é bem mais favorável do que a vivida em 2022, isso, apesar do aumento da demanda.
Graças ao esforço e dedicação dos trabalhadores do setor elétrico, foram realizadas manutenções em várias usinas térmicas e motores de geração distribuída, com os quais conseguiram recuperar capacidades e assim chegar a um verão em melhores condições. A palavra prometida foi cumprida! (Aplausos.)
Mas a estratégia não olha apenas para o curto prazo. O trabalho continua para a recuperação energética do país. Desta tribuna saem nossos mais sinceros reconhecimentos e agradecimentos a todos os eletricitários de Cuba e a todas as organizações, incluindo as Forças Armadas Revolucionárias (FARs) e o ministério do Interior (Minint), que os apoiaram (Aplausos).
A recuperação da indústria do turismo, que continua impactada pela inclusão de Cuba na lista de «países patrocinadores do terrorismo» do Departamento de Estado dos Estados Unidos e outras relacionadas à logística, combustível e energia, não alcançará os 3,5 milhões de visitantes projetados para o ano, mas mostra uma taxa de crescimento que deve superar todos os indicadores para 2021-2022, graças à recuperação do destino Cuba, em países emissores estáveis, durante a fase pré-pandêmica.
Por outro lado, iniciou-se o resgate da intervenção e expansão do mercado cambial, o que permitiu canalizar para o sistema empresarial 110 milhões —vendidos à economia nacional 55,1 e outros de empréstimos— para a produção de bens e serviços em moeda nacional, entre os quais se destacam os programas de produção alimentar —arroz, feijão, ovos, carne de porco— indústria transformadora, energia e outros sectores. Isso ainda é insuficiente.
Quanto ao investimento estrangeiro, como resultado de visitas oficiais nos últimos meses, foram estabelecidas bases, projetos e programas mútuos de investimento em setores como energia, agricultura, incluindo cana-de-açúcar, e foram tomadas medidas governamentais e empresariais para sua concretização no segundo semestre, o que permite criar condições para a recuperação da capacidade industrial e de refino, com impactos favoráveis na conta de energia e na exportação de derivados de petróleo da região.

Reestruturaram-se os mecanismos e sistemas de trabalho para a recuperação de rendimentos de remessas e outros serviços associados à recolha de divisas, abrindo novos canais e diversificando os existentes, incluindo os que utilizam criptomoedas, em cumprimento da legislação em vigor. Essas ações devem continuar sendo consolidadas ao longo do segundo semestre.
São adotadas medidas e incentivos para estimular ainda mais o uso dos meios eletrônicos ao vincular os setores produtivos, com a criação de novos produtos e serviços, como forma segura e simples de realizar cobranças e pagamentos sem o uso de numerário, o que favorece a disciplina fiscal e a bancarização dos eventos econômicos, inclusive sua legitimidade.
No âmbito da implementação das medidas apresentadas à Assembleia Nacional do Poder Popular para relançar o desenvolvimento econômico, equipas multidisciplinares de especialistas do setor acadêmico, economistas, funcionários e gestores de organizações econômicas globais têm trabalhado para identificar distorções no modelo, definindo suas causas e condições estruturais, o que permitiu desenhar uma estratégia gradual para avançar na estabilização macroeconômica durante o segundo semestre deste ano e o primeiro semestre de 2024.
Este programa deverá permitir corrigir progressivamente os desequilíbrios macroeconômicos, a gestão e alocação das divisas com base nas prioridades de desenvolvimento do país, aumentar a produção agro-alimentar e de bens industriais, a transformação dos subsídios, o desenvolvimento do mercado cambial, a recuperação das receitas em divisas e dos setores exportáveis.
Estão em estudo propostas para continuar melhorando o mecanismo de atribuição de divisas através do reforço do mercado cambial e do papel que o sistema financeiro nacional deve desempenhar como autoridade central na implementação da Política Monetária e na proteção gradual e sustentada da moeda nacional.
Está também sendo desenvolvido um trabalho de atualização do regime jurídico dos atores econômicos não estatais, promovendo seu papel na estratégia de desenvolvimento econômico do país, a produção nacional, a substituição de importações, sua contribuição para o desenvolvimento territorial e a criação de emprego.
Ainda que incipiente, consegue-se maior participação direta do setor não estatal na produção nacional e articulação com as indústrias nacionais, gerando poupanças na aquisição de matérias-primas e produtos intermédios, em linha com a estratégia de desenvolvimento do país, ação que será incentivada e reforçada. Esta atividade temse desenvolvido com maior dinamismo no setor da produção alimentar.
Desta forma, mesmo no meio da incerteza que hoje se vive na economia mundial, a economia cubana terá de enfrentar um indispensável Programa de Transformação Estrutural, acompanhado de um Programa de Estabilização Macroeconómica nos próximos três anos, como garantia de alcançar um ambiente favorável ao financiamento do desenvolvimento em médio prazo
Depois de um debate tão intenso como o aqui travado sobre a produção e comercialização de alimentos ou sobre os preços abusivos ou especulativos e o impacto de ambos os problemas no nível de vida da população, insisto na importância de fazer uso das medidas e resoluções aprovadas e de aproveitar as opções oferecidas pela autonomia municipal e o necessário reforço da empresa estatal socialista. Algumas soluções locais podem nos levar ao caminho das soluções nacionais.
Isso não significa que considero todos os debates esgotados. Temos um reservatório extraordinário de possibilidades no povo. Uma discussão popular, com a participação de estudantes, técnicos, economistas e contadores que treinam as autoridades e o povo sobre como se formam os preços, nos ajudaria muito a enfrentar o problema pelas bases, com conhecimento.
Na medida em que os delegados (vereadores), os presidentes dos conselhos populares, as autoridades governamentais do município e da cidade tiverem as informações essenciais para enfrentar os especuladores, tenho certeza de que vamos empurrar os preços para baixo. Mas, acima de tudo, devemos nos dedicar à criação de riqueza, em primeiro lugar, produzindo alimentos.
A solução definitiva virá com o aumento da produção e essa é a outra luta que exige o envolvimento de todos nós. Tal como disse aqui um bom jovem representante, para lidar com a Covid-19, a ciência avançou por dois caminhos: medidas paliativas e de contenção de um lado, e a busca de uma vacina de outro. Na questão dos alimentos e preços, uma estratégia semelhante poderia ser aplicada levando em consideração a ciência e a inovação. Disse isso um jovem economista. Concordo com esse critério, entre outras razões, porque acredito nos jovens (Aplausos).
Uma discussão transparente, com toda a dureza que o momento e o nosso povo exigem, é expressão de conhecimento da realidade e é uma honesta preocupação e vontade de melhorar a sociedade, conscientes de que a prosperidade e maior justiça social pela qual lutamos seriam impossíveis em uma sociedade esvaziada de valores.
Vou repetir: as manifestações de criminalidade, indisciplina social e corrupção atentam contra o que há de mais sagrado no processo de construção do socialismo, ao mesmo tempo em que aprofundam as indesejáveis desigualdades sociais e minam a segurança cidadã, um dos pilares do socialismo.
O Estado e o Governo cubanos não podem viver de costas voltadas para o aumento das atividades ilegais, que se estabelecem como uma economia paralela, submersa, que penetra no tecido social como um câncer até destruí-lo.
Aqui discutimos amplamente o assunto e expressamos o mais forte repúdio às manifestações de indisciplina e crime. Agora resta o mais importante: agir com rigor, articulando todas as forças revolucionárias com a direção do Partido, o sistema institucional, as organizações de massas e da sociedade civil e nossas instituições armadas junto com o povo.
Concordo com Esteban Lazo que só assim podemos enfrentar adequadamente a evasão fiscal, o mercado ilegal de divisas, a especulação, a corrupção, a vadiagem, a malandragem, a burocracia, a mentira, a vulgaridade, a indecência, enfim, o aborrecimento causado pelo comportamento antissocial.
Tudo isso, sem abrir mão das ações para mitigar outras consequências que causam, desde a disfunção familiar, a ruptura do vínculo com o estudo e o trabalho de alguns cidadãos e a inadequada incorporação à sociedade daqueles que cumpriram sanções penais, entre outros.
Não podemos permitir que aqueles que não trabalham, não contribuem e se movem em um ambiente ilegal ganhem mais e tenham melhores condições de vida do que aqueles que trabalham honestamente, contribuem para a sociedade e são protagonistas do heroísmo cotidiano do povo cubano (Aplausos).
Para isso, será fundamental exigir um comportamento limpo e responsável dos representantes das instituições estatais, da sociedade e também das famílias cubanas.
Vamos enfrentá-lo com união, coragem, determinação, ordem, disciplina e eficácia! (Aplausos.)
Todos os atores da economia devem agir de acordo com a lei e os regulamentos estabelecidos local ou nacionalmente, sem estigmatizações ou generalizações absurdas que acabam sendo tão prejudiciais quanto os problemas que se pretende resolver.
Todos são necessários e devemos defender a participação de todos na economia do país, mas sem esquecer que essa defesa exige o respeito à lei.
Companheiros e companheiras:
Esta primeira sessão da atual legislatura deu continuidade ao intenso exercício legislativo aberto pela nova Constituição, com a aprovação da Lei do Código Penal Militar que, como aqui vimos, está de acordo com a nossa Carta Magna e se reveste de significativa importância para o reforço da ordem e da disciplina nas nossas instituições armadas, como elementos essenciais ao cumprimento das suas missões, de forma a proteger e manter a independência e soberania do Estado, sua integridade territorial, a segurança e a paz.
O texto incorpora princípios, concepções, quadros sancionatórios e alternativas punitivas do Código Penal ordinário aprovado na legislatura anterior.
Tempera-se com as condições sócioeconômicas do nosso país e com o desenvolvimento e características de nossas instituições armadas, define com precisão aquelas condutas que por sua lesividade social devem ser consideradas criminosas, confere poderes aos comandantes militares para alternativamente e em caso de determinados factos aplicarem medidas disciplinares, bem como reforça o comando único.
As sessões de trabalho das comissões permanentes neste período ordinário ratificaram o importante papel que desempenham enquanto órgão auxiliar da Assembleia para o cumprimento de suas competências.
Mas o que mais me interessa destacar é a forma como as questões mais atuais e impactantes nos bairros, nas ruas e no cotidiano foram apresentadas e debatidas desta vez.
A articulação dos deputados com a base nos diferentes territórios para a verificação e verificação das leis, políticas e programas selecionados para análise tem favorecido reflexões mais profundas e objetivas e a possibilidade de contribuir com sugestões e propostas enriquecidas pelo intercâmbio com a população.
Os acordos derivados dessas reuniões devem constituir premissas para o trabalho dos diferentes órgãos e organizações em prol da transformação e solução dos problemas discutidos.
Especialmente relevante nesta sessão é o debate e aprovação da Política de Atenção Integral à Criança, Adolescente e Juventude, no âmbito do desejo de fortalecer os direitos da população mais jovem, uma vez que apoia suas aspirações e sonhos. A sua implementação gradual em meio à atual conjuntura sócioeconômica exigirá a maior compreensão da população e, portanto, a mais ampla divulgação e debate.
Sua origem surge dos debates realizados com jovens e representantes do setor acadêmico, ouvindo suas preocupações e propostas. E responde também, de forma fundamental, às inquietações de nossos compatriotas face ao crescente êxodo dos jovens e à necessidade de garantir que possam desenvolver seus projetos de vida no país, com uma participação ativa nos destinos da nação dos seus pais e avós.
Esta Política reafirma a vontade de desenvolver a gestão governamental por meio de políticas públicas e que o processo de regulamentação seja cada vez mais participativo e democrático. Ao abordar os problemas de meninas, meninos, adolescentes e jovens em todos os âmbitos da vida, o texto dá continuidade ao trabalho revolucionário e também acrescenta novidades, em sintonia com as demandas do momento atual. Como programa de trabalho, combina direitos e deveres, pois oferece garantias e oportunidades, mas também exige deveres e responsabilidades das instituições envolvidas e a participação juvenil.
Compatriotas:
Gostaria de fazer uma pausa nas questões nacionais para explicar um pouco sobre os objetivos e resultados da intensa atividade internacional nos últimos meses, que também foi precedida pela brilhante apresentação sobre o assunto feita pelo nosso chanceler.
A presidência do Grupo dos 77 mais a China, que Cuba exerce desde janeiro deste ano, como resultado do amplo reconhecimento internacional de nossa política de princípios em defesa dos interesses dos países em desenvolvimento, está exigindo de nós um extraordinário esforço diplomático que nos honra como nação.
Desde a presidência cubana, desenvolveram-se com sucesso eventos nas áreas de educação, cultura, turismo e meio ambiente que conseguiram estimular o debate do Sul e contribuíram para a defesa dos interesses dos países em desenvolvimento.
Nos dias 15 e 16 de setembro sediaremos a Cúpula de chefes de Estado e de Governo em nossa capital sob o tema «Desafios Atuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação». Esta é uma reunião necessária no esforço de fortalecer a capacidade do Grupo dos 77 para aproveitar ferramentas tão importantes para o desenvolvimento.
Seguimos sustentando com fatos nossa firme posição em favor da paz na Colômbia. A celebração em Cuba do terceiro ciclo da Mesa de Diálogo de Paz entre o Governo da Colômbia e o ELN foi um marco histórico.
A cooperação internacional que Cuba oferece continua se desenvolvendo como uma característica emblemática da política externa. É uma atividade legítima e altruísta que mantemos apesar da campanha suja dos Estados Unidos para tentar denegrir esse esforço e privar centenas de milhares de pessoas de países de todo o mundo de serviços médicos de qualidade prestados por profissionais cubanos.
Todos os eventos dos quais participamos são mecanismos de consulta nos quais Cuba tem uma história de contribuição ativa e construtiva, como é norma de nossa política externa.
Além de cumprir compromissos intergovernamentais, tivemos a oportunidade de nos encontrar diretamente em cada local com cubanos residentes nesses países e com grupos de amigos de Cuba, em encontros caracterizados por expressões de amizade, solidariedade e apoio à Revolução.
Como nação, temos o privilégio de ter grupos de cubanos residentes em vários países que mantêm um comportamento ativo em prol da pátria, e também de ter grupos de pessoas de várias nacionalidades altamente comprometidas com a solidariedade com Cuba. É uma realidade que nos orgulha como cubanos e que se explica pelo prestígio da Revolução, sua obra de justiça e seu caminho de solidariedade e internacionalismo (Aplausos).
A participação em diversos eventos internacionais e o recebimento de inúmeras visitas de personalidades estrangeiras de todos os continentes demonstram a determinação de continuar ampliando os laços bilaterais e a cooperação com inúmeros países de todas as regiões, para abrir possibilidades comerciais e intercâmbios diversos e fomentar o entendimento mútuo.
Trata-se também de cumprir a tarefa estratégica de romper o cerco econômico a que o imperialismo quer nos condenar.
No entanto, a política agressiva dos Estados Unidos continua tendo um efeito altamente deletério sobre a economia, como o povo bem sabe. Devido ao domínio que alcançou sobre as estruturas e fluxos financeiros internacionais, o governo dos EUA tem o poder de prejudicar nossas relações econômicas externas em quase todos os países do mundo. E não é por acaso, mas por design.
Para justificar essa política, mantém a prática de fabricar calúnias e emitir pronunciamentos absolutamente mentirosos, que frequentemente atualiza com novas lendas cada vez mais desonestas.
Ele está confiante em seu controle sobre a mídia e está convencido de que tem a capacidade de enganar a opinião pública, especialmente em seu próprio país.
Nem sempre tem o sucesso desejado. Por exemplo, dezenas de legislaturas estaduais, conselhos municipais, conselhos municipais, conselhos escolares e organizações sindicais, além de outras organizações representativas da sociedade civil nos Estados Unidos, emitiram cerca de 93 resoluções contra a política de bloqueio econômico e, em particular, com a exigência de que Cuba seja excluída da lista arbitrária de Estados patrocinadores do terrorismo que o Departamento de Estado elabora unilateralmente.
Assim, juntam-se à reivindicação quase unânime da comunidade internacional, refletida todos os anos na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas e nos pronunciamentos de numerosas organizações regionais como a Celac, a Caricom, a União Africana e a União Europeia, só para citar algumas.
É o império que traz isolamento e descrédito à sua política criminal. É sustentado pelo poder desproporcional que concentra, pelo desprezo pela vontade da comunidade internacional e pela disposição inescrupulosa de usar ameaças e coerção contra muitos governos e contra seus próprios cidadãos.
Nosso dever é continuar denunciando essa política implacável e, ao mesmo tempo, avançar no esforço criativo para recuperar a economia e colocá-la em um caminho sustentável, apesar do bloqueio.
Nas breves mas intensas visitas de trabalho ao exterior, nos intercâmbios com outros líderes da região e do mundo em Cúpulas, conferências ou encontros bilaterais, encontramos respeito, reconhecimento, admiração e gratidão ao povo e à nossa história, pela defesa do multilateralismo, da cooperação e da solidariedade como princípio de relacionamento entre todas as nações.
Confirmamos o valor da coerência, dignidade, defesa de princípios e não ceder a pressões e chantagens. Em suma, confirmamos o valor da resistência criativa! (Aplausos.)
Confirmamos, sobretudo, o extraordinário legado de Fidel e de Raúl, cujas contribuições indiscutíveis para as relações internacionais, a partir do Governo e do Partido, nos permitiram chegar a este momento com uma sólida obra que se distingue por seus valores humanistas, internacionalistas e éticos. Uma obra inspirada no conceito martiano de que a pátria éhumanidade.
Deputados e deputadas:
Ainda há muito a aprender e avançar na utilização dessas sessões como fonte de propostas de soluções. A gravidade e a urgência dos tempos obrigam-nos a ser mais ágeis e precisos na missão que só nós podemos empreender: superar problemas, saltando por cima da política criminosa de assédio e perseguição financeira. Mas diante dos piores desafios, mais uma vez confirmamos que é possível!
Cuba não está sozinha nessa luta e nós comprovamos isso. Não somos os únicos punidos por defender a soberania, a independência e o multilateralismo.
Sinto que por muito tempo nos lembraremos desta 1asessão da 10a Legislatura da Assembleia Nacional: pela complexidade do momento que Cuba vive, pelos temas discutidos e pela forma como foram discutidos. Aqui nossos problemas foram mais visíveis e o esforço para alcançar o horizonte de soluções também foi mais visível.
Também o lembraremos pela quantidade de jovens deputados de diversas profissões e de todo o país que contribuíram com seus pontos de vista com inteligência e argumentos, defendendo com paixão o país em que vivem e trabalham. Neles vimos o horizonte, vimos o futuro que nossos adversários não podem ver.
Naqueles jovens também vimos aqueles jovens que há 70 anos foram lutar por um país livre de dependências e abusos, para lutar contra uma verdadeira e sangrenta ditadura nunca condenada ou bloqueada pelo império.
Esses jovens são aqueles jovens que salvaram o país, que formaram uma nação culta e solidária, admirada e respeitada no mundo inteiro.
Há, então, motivos para celebrar, além das carências e desafios, os 70 anos daquele heróico ataque a duas fortalezas militares para mudar a história. Obrigado à Geração do Centenário, a Fidel, a Raúl e a seus companheiros! Obrigado para sempre!
Os herdeiros mais jovens de seu legado estão na maior luta desta era! (Aplausos.)
Vemo-nos no dia 26 na heroica Santiago de Cuba!
E para finalizar, volto por convicção a duas frases bem conhecidas e queridas:
Saibam, senhores imperialistas, que absolutamente não temos medo de vocês! (Aplausos.)
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(Exclamações.)
(Ovação.)







