
Desde aquele nascimento glorioso na Rua Paula, em 1853, até os flashes de três tiros em Dos Ríos, em 1895, apenas 42 anos se passaram na vida de um homem que defendeu sua pátria para sempre. Ele não precisava de mais nada.
Nesse filho primogênito de uma família de oito filhos, Cuba encontrou uma âncora moral para defender a dignidade de um povo e de um continente, manchados pelo chicote opressivo de domínios estrangeiros.
Em sua pena magistral, feita de versos sinceros e prosa poderosa, a história encontrou o raio X de uma nação sangrenta, a verdade dos pobres, a maravilha da infância, as doutrinas indispensáveis para lutar pela soberania... e a beleza das palavras amor, unidade, liberdade e pátria.
Nesse gigante de alma e pensamento — cujas pupilas «queimaram» quando ele testemunhou os horrores da escravidão quando criança — a Ilha também encontrou um símbolo de sacrifício colossal que ainda surpreende.

Basta lembrar o jovem de 17 anos que sofreu a prisão com uma algema de ferro presa à sua perna, ou o mesmo revolucionário que mais tarde foi deportado de sua nação e, do exílio, conseguiu unir vontades, fundar um partido e organizar uma guerra necessária. Essa era a vitalidade da liderança do Apóstolo.
Profundamente marcado pelo destino dos povos indígenas e pelas dores de nossa América, esse embaixador da liberdade e das ideias latino-americanas talvez tenha sido o maior quando selou, com sua intensa atividade de patriota, uma de suas frases escritas que melhor o retrata: «o primeiro dever de um homem destes dias é ser um homem de seu tempo». Essa era a integridade do mais universal dos cubanos.
Pequeno de estatura e gigante de coração, com uma testa larga e olhos estreitos, uma voz limpa e um caráter categórico, era chamado de Delegado e até de Presidente, mas sempre com respeito e admiração. Não poderia ser diferente com alguém que colocou as dores de seu corpo à frente da causa da emancipação, deslumbrando com sua luta abnegada plantadores de tabaco e emigrantes, acadêmicos e ex-escravos, generais de guerra, mulheres e crianças e patriotas de outras nações.
É por isso que muitas vezes se diz — e com certeza — que Dos Rios não foi o fim de tudo. A partir daquele 19 de maio, o sangue generoso do Mestre fertilizou a terra amada e sua essência se irradiou mais tarde para outros combates e para outros homens que honraram, com a independência de Cuba, seu legado.
É a presença vital que continua nos acompanhando entre rios e montanhas... e nas batalhas diárias de um país em Revolução, que tem como ponto de referência a vida e a obra desse homem extraordinário que chamamos de José Martí.







