
A verdade dos revolucionários tem todas as chances de ser defendida com amor, com ternura e com grande beleza. Porque é a verdade que mais se assemelha ao ser humano em sua ânsia de se emancipar e de ser irmão de seus semelhantes.
Talvez essa certeza, que inspira aqueles de nós que vivem para quebrar lanças pelos outros, seja um dos traços que mais brilharam nessas horas do 3º Colóquio Internacional Pátria, que está sendo realizado em Havana desde a última segunda-feira, 18 de março.
Sempre que a sensibilidade e a inteligência se unem em grandes doses, há uma inevitável intensidade de emoção. Esse foi mais uma vez o caso na tarde de terça-feira, 19, no Palácio da Revolução, quando a liderança do país recebeu os protagonistas do Colóquio.
O presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, confessou, ao final de um dia em que foram ouvidas várias vozes, que eles, os comunicadores que vieram de várias partes do mundo para a Ilha maior das Antilhas, haviam provocado uma verdadeira «carga emocional» na reunião.
Em um intercâmbio que contou com a presença dos membros do Bureau Político Roberto Morales Ojeda, secretário de Organização do Comitê Central do Partido, e Bruno Rodríguez Parrilla, ministro das Relações Exteriores de Cuba, o chefe de Estado disse aos pensadores: «Obrigado a todos vocês por estarem em Cuba».
No dia – que contou com a presença do membro do secretariado do Comitê Central e chefe do Departamento Ideológico, Rogelio Polanco Fuentes, e do presidente da União dos Jornalistas Cubanos (UPEC), Ricardo Ronquillo Bello – Díaz-Canel disse aos intelectuais: «Precisamos vê-los, nos comunicar com vocês».
O primeiro-secretário do Comitê Central do Partido falou sobre o valor do fato de o 3º Colóquio ter refletido sobre o tema da nova ordem mundial da comunicação, porque «a ordem econômica deve ser mudada", e isso, segundo ele, é impossível enquanto houver capitalismo, neoliberalismo e todas as forças que respondem à lógica do capital.
Quanto aos trilhos sobre os quais as informações se movem no planeta, Díaz-Canel disse: «Não temos escolha a não ser assumir essas tecnologias de forma criativa». E essa ideia deu lugar à sua reflexão sobre os dois colóquios anteriores – também realizados em Cuba – e sobre este terceiro, que tem sido, enfatizou, «um evento de ternura, afeto, compromisso e dor, porque todas as ideias são transpostas com uma ânsia de justiça».
«Já chegamos à terceira edição e faremos a quarta», garantiu o presidente. E compartilhou reflexões sobre os desafios impostos pelo uso da Inteligência Artificial – uma faca de dois gumes que implica benefícios e também grandes riscos; e trouxe à tona o tema da comunicação comunitária como uma forma de trabalhar a partir do pensamento de esquerda.
«Concordo com vocês», disse ele aos comunicadores; «temos muitos desafios, desafios, mas já estamos nos comunicando». E enfatizou que a esquerda gera conteúdo com base nas respostas oferecidas pela história, e que o faz a partir do que é certo e da verdade.
«Nossa narrativa, por ser mais honesta, terá um impacto maior e chegará a mais pessoas», argumentou o presidente, que lembrou ideias nascidas em colóquios anteriores: entre elas, a de aprender a nos defender lutando, a de criar nossos próprios ecossistemas de mídia e a de saber que a verdade sempre será revolucionária.
«Crescemos como família, hoje somos mais», disse o chefe de Estado, que denunciou a terrível gravitação do imperialismo com sua plataforma de colonização cultural; e que fez referência a dois eventos que estão chocando a humanidade: o holocausto do povo palestino e a insegurança de vida que o Haiti está sofrendo.
«Chega de bombas explodindo, o povo tem que falar, todos nós temos que levantar nossas vozes», disse Díaz-Canel, referindo-se aos acontecimentos em Gaza e no Haiti, que «está pagando caro por ter sido pioneiro em fazer uma revolução».
«O que está acontecendo hoje em Gaza e no Haiti poderia acontecer com qualquer um de nossos povos, porque o imperialismo não faz distinção», disse o líder, que enfatizou que o imperialismo nos despreza, o que leva à necessidade de «continuarmos unidos».
Cuba e a guerra a que é submetida pelo império; um país virtual e um país real por causa da máquina midiática que oferece ao mundo a aparência de um país que arde por toda parte; a articulação de um inimigo que fabrica uma mentira atrás da outra. O chefe de Estado falou sobre essas ideias. «Para o povo cubano, temos que morrer trabalhando».
Díaz-Canel afirmou que o povo cubano merece imediatamente a prosperidade pela qual anseia e que lhe foi tirada por mais de 60 anos.
O prelúdio de um discurso que também abordou as prioridades do Partido para 2024 foi composto por pensamentos de intelectuais valiosos, em um dia moderado pela jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde.
Ouviram-se vozes da Nossa América, da África; e uma das mais belas notas foi a de Wafica Ibrahim, jornalista libanesa, assessora da Al Mayadeen e especialista em América Latina, que agradeceu sinceramente a Díaz-Canel por ser o único presidente do planeta que liderou uma marcha popular em apoio ao povo palestino.
O jovem ativista norte-americano, Manolo de los Santos, agradeceu a Cuba por tê-los acolhido em tempos difíceis e compartilhou sua convicção de que as pessoas são capazes de mudar a história e podem até mesmo se tornar verdadeiros arquitetos de novas tecnologias.