ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: Endrys Correa Vaillant

É difícil para alguém nascido no campo, com tantas raízes no sulco quanto uma plantação de mandioca ou de milho, não sentir a cada 17 de maio, por meio da memória e da gratidão, aquela sensação de terra úmida, recém revolvida pelo arado, ou aquele cheiro de esterco de vaca que saía do estábulo perto da casa da fazenda.

É impossível escapar, em um dia como o de hoje, de centenas de imagens, acumuladas durante décadas, de camponeses cortando pés de banana e arrumando-os em um carrinho para posterior transporte e venda, na comunidade ou no vilarejo.

Para aqueles que há 65 anos – desde a assinatura da Lei de Reforma Agrária – ou 63 – quando nasceu a Associação Nacional de Pequenos Agricultores (ANAP) – trouxeram para suas fazendas ou lotes o suco produtivo pelo qual milhares de famílias cubanas são tão gratas, que a reverência de um povo inteiro chegue até eles aqui mesmo.

Pensando exatamente nelas, na vergonha e na incondicionalidade que sempre as caracterizaram, olho para a pequena foto que minha lente fotográfica flagrou há alguns dias. Ela mostra uma senhora idosa ao lado de um desses carrinhos que vendem (revendem) batata-doce, mandioca, abóbora, cebola, abacaxi... enfim, alimentos agrícolas.

Nenhum desses produtos foi a inspiração para a imagem. Foi a silhueta da mulher idosa, contando e calculando o dinheiro para determinar, a partir daquela oferta variada, o que ela poderia de fato comprar.

Se as praças, os mercados agrícolas estaduais e outros espaços semelhantes não estivessem lotados, mas pelo menos bem abastecidos e com certa variedade, como diz o camponês, «outro galo cantaria».

É por isso que é preciso entender, de uma vez por todas, como é necessário e estratégico que tanto as estruturas estatais quanto os setores cooperativos e camponeses coloquem as botas no chão e promovam um aumento progressivo e sustentado dos níveis de produção, distribuição e consumo, que não podem ser adiados na situação atual da família e da sociedade cubana.

Há muitos camponeses e fazendeiros nobres que não recusam o facão e a enxada diante de todas as adversidades que surgem em seu caminho como um obstáculo.