ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
A realização doe inspeções ajuda a eliminar os vetores. Photo: Jose M. Correa

«A presença do vírus Oropouche foi confirmada em nove províncias e 23 municípios do país, com base em amostras estudadas no laboratório de referência nacional do Instituto Pedro Kourí de Medicina Tropical (IPK); portanto, os sistemas de saúde foram ativados na Ilha», informou o dr. Francisco Durán García, diretor nacional de Epidemiologia, do ministério da Saúde Pública (Minsap), em uma entrevista coletiva.

«Esses territórios são Matanzas, Mayabeque, Villa Clara, Sancti Spíritus, Ciego de Ávila, Holguín, Guantánamo, Santiago de Cuba e Cienfuegos, embora os especialistas não descartem a presença do vírus em outras províncias, dada sua fácil transmissão», disse.

O dr. Durán especificou que a maioria dos lugares onde o estudo foi realizado é porque houve surtos, identificados por meio de um aumento incomum da febre, uma situação que não se repetiu em algumas províncias, de modo que o estudo não foi necessário, no entanto, a presença do vírus não pode ser descartada.

QUADRO CLÍNICO DA DOENÇA

O dr. Durán García explicou que o quadro clínico que se manifesta como resultado da doença é leve, precedido por um período de incubação de cinco a sete dias, caracterizado por febre, dores de cabeça, dores musculares e articulares. Ocasionalmente, também são relatados vômitos e diarreia.

«Associado ao vírus, em um grupo de pacientes, um quadro semelhante ao inicial aparece no sexto dia», disse.

Observou que a doença não deixa sequelas e não está associada ao aparecimento de formas graves ou mortes. «Não é alarmante, mas não podemos estar confiantes», reafirmou.

No entanto, quanto ao fato de deixar ou não imunidade, o diretor nacional de Epidemiologia comentou que, como se trata de um vírus com um tipo específico, deve deixar imunidade, embora não tenha sido possível especificar isso, nem o tempo que duraria.

EXISTE UM TRATAMENTO PARA O VÍRUS OROPOUCHE?

O dr. Durán García ressaltou que não há tratamento específico, apenas medidas gerais para aliviar os sintomas, dependendo da sintomatologia. «Por exemplo, se tiver febre, se deve tomar duralgina (paracetamol); se tiver diarreia e vômito, tomar sais de reidratação, entre outros sintomas que podem ocorrer», disse.

Ao mesmo tempo, insistiu na importância de sempre ir ao médico, pois como se trata de um vírus com sintomas semelhantes aos da dengue, é necessário descartar que se trata de um ou de outro, pois o Oropouche é menos ofensivo, mas a dengue mata.

COMO O VÍRUS É DESCOBERTO EM CUBA?

O dr. Durán García disse que, em maio, como parte da vigilância de síndromes febris inespecíficas realizada em nosso país para detectar a presença de diferentes vírus, a presença do Oropouche foi detectada pela primeira vez em Cuba por meio de amostras coletadas de pacientes com esses sintomas.

Esse é um vírus que está presente no mundo desde anos anteriores, mas que nunca havia se manifestado no país.

Em relação ao modo de transmissão, o diretor nacional de Epidemiologia do Minsap especificou que o vírus poderia ter sido transportado por qualquer pessoa proveniente de países onde a doença está presente e que, mesmo no momento da chegada à Ilha, não poderia apresentar sintomas, dado o período de incubação.

SOBRE DENGUE E OUTRAS INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS

«Nas últimas semanas», disse o dr. Durán García, «foi registrado um aumento na taxa de incidência de casos suspeitos de dengue, com taxas mais altas no município especial de Isla de la Juventud e nas províncias de Santiago de Cuba, Guantánamo, Ciego de Ávila, Camagüey, Holguín e Cienfuegos».

«Ao contrário do Oropouche, o quadro clínico dessa doença pode evoluir para formas graves e causar a morte, e é por isso que insistimos na necessidade de consultar um médico em tempo hábil», enfatizou.

Durán lembrou que ambos os vírus são transmitidos por mosquitos, a dengue pelo aedes aegypti e a febre do Oropouche por mosquitos do gênero culex e dípteros do gênero culicidae (Jejen culicoide), características que complicam o cenário epidemiológico na Ilha e seu controle.

Isso, somado às condições ambientais inadequadas, ao acúmulo de lixo, ao transbordamento de fossas, além das altas temperaturas atuais e do aumento das chuvas no território nacional, favorecem a proliferação desses vetores.

Por esse motivo, o diretor nacional de Epidemiologia enfatizou a necessidade de realizar inspeções nas residências, para mantê-las limpas, pois o aedes aegypti vive dentro das casas; no entanto, o culex está do lado de fora, portanto, o saneamento deve ser feito dentro e fora da casa.

Sobre as infecções respiratórias agudas (IRAs), especificou que o país mantém a vigilância, mostrando uma diminuição de 8,4% no número de atendimentos médicos por essa causa, quando o corredor endêmico está na zona de segurança.

Especificou que nenhum caso da Covid-19 foi relatado, e a circulação do vírus influenza a e do coronavírus não pandêmico foi demonstrada.

Além dessa situação, informou que a vacinação antigripal, que é usada para prevenir os vírus da gripe, começará no próximo mês e será aplicada primeiro em crianças e depois em adultos.

Em geral, o dr. Durán García indicou ir ao médico imediatamente na presença de sintomas e cumprir as diretrizes de acordo com o quadro clínico e as comorbidades que cada paciente possa ter.

MEDIDAS DE CONTROLE DE VETORES

• Fortalecer a vigilância entomológica para a detecção de espécies com potencial de vetor.

• Mapeamento de áreas urbanas, periurbanas e rurais com condições para o desenvolvimento de possíveis vetores.

• Promoção de boas práticas agrícolas para evitar o acúmulo de resíduos como locais de reprodução e repouso.

• Enchimento ou drenagem de coleções de água, lagoas ou locais de alagamento temporário que possam servir como locais de oviposição para fêmeas e locais de reprodução para larvas de vetores.

• Remoção de ervas daninhas ao redor das instalações para reduzir os locais de descanso e abrigo dos vetores.