ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: Roberto Chile

Talvez muitos nos perguntamos alguma vez o que teria sido de Fidel se não tivesse deixado atrás as comodidades que no horizonte lhe estendia Birán, para se entregar por completo a cimentar as bases libertárias de Cuba, atacar o quartel Moncada, fundar o Movimento 26 de Julho, preparar a expedição do iate Granma, desembarcar, liderar a luta guerrilheira em plena serra, triunfar e continuar, até o final de sua vida, sem um minuto de calma.

Ninguém poderia responder isso, sobretudo porque ainda não conheci alguém que imagine Fidel Castro de outro jeito. É que Fidel nasceu para ser Ele.

Lina Ruz teve certeza disso desde que os olhos e os lábios mostrassem a sua alegria naquela madrugada de 13 de agosto de 1926, ao ver o belo homem que acabava de dar ao mundo.

E provavelmente o teria sabido, também, de alguma antecipada maneira, a própria história.

Tal vez muitas pessoas tenham feito uma outra pergunta não menos curiosa: O que teria sido de Cuba sem Fidel?

É fácil imaginar: o mesmo que havia sido este país desde que os Estados Unidos mexeram algo mais do que o nariz na guerra virtualmente ganha pelos nossos “mambises” contra a dominação espanhola.

Por outras palavras: sem Fidel, Cuba teria continuado afundando nas trevas do inferno que ainda nos reserva, prazerosa, a outra história: a moldurada a partir de Washington, quase sem história.

Por onde chegou a Fidel o antídoto contra vírus tão comuns até os anos 50, como a corrupção política, o servilismo perante o império, a venda da nação sem o mais mínimo escrúpulo?

Por que intravenoso «mistério» fluíram sempre em seu sangue a honradez, o espírito de sacrifício, apego aos humildes, perseverança, capacidade de não declinar armas nem princípios diante de nada nem de ninguém…?

A própria Lina, Ángel Castro, Ramón (seu irmão), montes de livros, José Martí, Carlos Manuel de Céspedes, Máximo Gómez, Antonio Maceo, Carlos Baliño, Julio Antonio Mella… todos tiveram balanceada cota de responsabilidade, sem excluir até aquela cotidiana e natural ligação com famílias de pele escura que plantaram em Birán raízes originárias da longínqua e sofrida África.

Quis o amor de uma noite, acaso de raio da lua atravessando a madeira ou de janela aberta ao céu aberto, que viesse ao mundo, um dos seres mais transcendentes da humanidade. Vai a gratidão cubana que incomoda os mal-agradecidos.

Por isso mais de 600 tentativas de eliminação física nada puderam contra a luz de aquele ser iluminado. Por isso, mais de uma centena de altas condecorações e distinções de honra em diversas latitudes. Por isso, sua presença humana sem fronteira na saúde de milhões de pessoas. E por isso, o que em uma data bem precoce, Lina escreveu:

«…tenho em vocês mais do que aos meus filhos, os heróis impossíveis de apagar de toda uma juventude e de todo um povo que tem depositadas suas esperanças e sua fé naqueles que saíram das minhas entranhas e aos quais vi crescer sob o olhar que apenas temos as mães…».